MANUAL DAS PALMEIRAS DO ACRE, BRASIL

MANUAL OF THE PALMS OF ACRE, BRAZIL

Evandro Linhares Ferreira

Instituto Nacional de Pesquisas/Universidade Federal do Acre

AIPHANES Willd.

PORTE: palmeira monóica, fortemente espinhosa, de pequeno a médio porte. ESTIPE: cespitoso ou solitário, aéreo e ereto ou curto e subterrâneo. FOLHAS: pinadas, reduplicadas, bainha, pecíolo e raque com espinhos; bainha aberta e não formando pseudo-caule; pecíolo curto a mediano; raque longa; pinas lanceoladas a obtriangular com o ápice mais largo, premorso; regular ou irregularmente dispostas, ocasionalmente folha inteira. INFLORESCÊNCIA: intrafoliar, espinhenta e alongada; flores masculinas e femininas na mesma inflorescência; pedúnculo originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque originando muitas raquilas simples, raramente ramificadas, ou ocasionalmente inflorescência espigada. FLORES: nascendo em tríades; flores estaminadas com 3 sépalas e 3 pétalas, 6 estames; pistilódio pequeno; flores pistiladas com 3 sépalas e 3 pétalas, estaminódios desenvolvidos, dentado; gineceu sincárpico, trilocular e triovulado. FRUTOS: forma globosa ou elipsóide; resíduo estigmático apical; epicarpo liso, vermelho quando maduro. SEMENTES: 1 por fruto; endosperma homogêneo; embrião lateral; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira, com o ápice levemente bífido.

Referência: Borchsenius & Bernal (in press).

Gênero de 22 espécies, com distribuição concentrada na região Andina da América do Sul, especialmente na Colombia (Borchsenius & Bernal, in press). Também pode ser encontrada em Trinidad (Antilhas) e Panamá. Na bacia Amazônica crescem 4 espécies (Henderson, in press), 2 das quais no Acre: A. aculeata e A. ulei.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE AIPHANES

1. Pinas com ápice enlarguecendo abruptamente, bilobado com um dos lobos filiforme; infrutescência pêndula; raquilas livres basalmente; frutos de 2.5cm de diâmetro......... 1. A. aculeata

1. Pinas com ápice enlarguecendo gradualmente, bilobado com lobos uniformes; infrutescência ereta; raquilas unidas basalmente na raque; frutos com 6mm de diâmetro................... 2. A. ulei

1. Aiphanes aculeata Willd.

Sinonímias: [Euterpe aculeata (Willd.) Spreng.; Martinezia aculeata (Willd.) Klotzsch; Martinezia aiphanes Mart.; Marara aculeata (Willd.) H. Karst.; Caryota horrida Jacq.; Aiphanes horrida (Jacq.) Burret]. [Martinezia caryotaefolia Kunth; Marara caryotifolia (Kunth) H. Wendl.; Aiphanes caryotifolia (Kunth) Wendl.]. [Martinezia ernesti Burret; Aiphanes ernesti (Burret) Burret; Martinezia ulei Dammer (1915)]. [Bactris praemorsa Poepp. ex Mart.; Aiphanes praemorsa (Poepp. ex Mart.) Burret]. [Aiphanes orinocensis Burret].

Nomes vulgares: "Pupunha brava", "Pupunha", "Pupuinha"

ESTIPE: solitário, ereto, 3.3-4m de comprimento e 4-10cm de diâmetro, fortemente armado com espinhos negros de até 7cm de comprimento nos entre-nós. FOLHAS: 9-10; bainha 12-26cm de comprimento; pecíolo 52-57cm de comprimento; bainha e pecíolo podem apresentar espinhos negros com até 19cm de comprimento apontados em várias direções; raque 1.5-2.3m de comprimento; 14-23 pinas, arranjadas em grupos de 3-4-5, obtriangulares, com o ápice abruptamente enlarguecido, premorso-bilobado, um dos lobos longo-filiforme, pequenos espinhos nas margens, pina apical mais larga que as demais, com 3-4 nervuras proeminentes abaxial e adaxialmente, as medianas com 23-43cm de comprimento e 3-5cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, ereta na antese e pêndula com frutos; pedúnculo alongado, com 1.87-2.3m de comprimento, usualmente com espinhos; profilo 60cm de comprimento, escasssamente marrom-tomentoso; bráctea peduncular 1.75cm de comprimento, marrom-tomentosa, com minúsculos espinhos negros e macios; raque 46-61cm de comprimento, usualmente glabra; raquilas numerosas, as basais com até 25cm de comprimento, as apicais com 12cm.

FLORES: em tríades, espaçadamente arranjadas na base das raquilas, com flores masculinas solitárias ou em pares apicalmente; flores estaminadas com 6mm de comprimento, 3 sépalas brevemente unidas basalmente, triangulares com ápice longo e estreito; 3 pétalas lanceoladas, valvadas; pistilódio curto; flores pistiladas com 3 sépalas obovadas, com ápice truncado, 3 pétalas deltadas, valvadas. FRUTOS: 2-2.5cm de diâmetro; forma globosa; epicarpo de cor avermelhado quando maduro.

Amplamente distribuída na bacia Amazônica, incluindo Colombia, Venezuela, Peru (Cusco, Huanuco, Madre de Dios), Bolívia (La Paz, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre e Amazonas). No Acre pode ser encontrada tanto no Vale do Juruá (Thaumaturgo e Mâncio Lima) como no Vale do Acre (Rio Branco e Xapurí).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce tanto em florestas virgens como secundárias. Acreditamos que no vale do Acre seja uma espécie relativamente rara, com padrão de distribuição lembrando muito o de Chamaedorea angustisecta.

Embora seja conhecida entre os habitantes do interior como "pupunha", é uma espécie bem distinta desta última, podendo facilmente ser distinguida pelo seu hábito solitário, o estipe com diâmetro visivelmente inferior, as folhas com pinas enlarguecendo em direção ao ápice premorso, e, principalmente, a infrutescência intrafoliar, espigada, longa, pêndula e com numerosos frutos avermelhados.

Listabarth (1992), estudou a estratégia de polinização da espécie no Peru, onde parece ser abundante em áreas pertubadas e em margens de rios. A inflorescência é protándrica e a polinização pelo vento parece ter um papel muito importante, junto com a provável polinização entomológica.

 

 

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Os frutos amadurecem entre dezembro e março. Costumam cair quando atingem o ponto ideal de consumo "in natura", momento em que sua cor é vermelho-vivo e a casca, fina e brilhante, pode ser facilmente separada da polpa. Os habitantes do interior também costumam consumir o endosperma depois de "torrá-lo", quando então adquirem um sabor "exótico", lembrando um pouco baunilha.

Em 1991 foram coletados cerca de 5kg de frutos maduros no plantio experimental do INPA, localizado na Fazenda Catuaba/UFAC (km 23 da BR-364) e realizada uma tentativa de extrair rápida e higienicamente polpa concentrada com a mesma máquina usada para processar "Açaí" (Euterpe sp.). O tamanho dos frutos, mais ou menos equivalentes, facilitou a adapatação ao equipamento, sendo mais fácil a obtenção do produto final pelo fato de que a polpa madura é seca, algo farinhenta, e macia, não necessitando de aquecimento prévio. Foram necessários menos de 3 minutos para processar os 5kg. A maior ou menor concentração da polpa pode ser controlada pela adição de água durante o processo. O maior problema que verificamos foi a rápida tendência à flutuação (ou sedimentação) da polpa quando foi adicionada água visando a elaboração de "refresco". Problemas à parte, o sabor é agradável e o aspecto amarelado-alaranjado que o mesmo adquire é bastante atraente.

Na mesma oportunidade foram extraídos endospermas das sementes visando testar a viabilidade da produção de "paçoca" caseira, similar à elaborada com "castanha de "Cajú" (Anarcadium ocidentalum). Depois de despolpadas e bem lavadas, as sementes foram colocadas em estufas elétricas a 100° C durante 1h; retiradas e imediatamente imersas em água fria por cerca de 5 minutos visando forçar a separação da amêndoa e casca, por choque térmico e expansão-turgidez-da casca, em processo análogo ao adotado para "Castanha do Brasil" (Bertholletia excelsa). Isto é necessário para garantir amêndoas intactas por ocasião da quebra da casca. A extração das amêndoas foi feita em máquinas manuais usadas na quebra de "Castanha do Brasil", instaladas na Unidade de Tecnologia de Alimentos-UTAL, da Universidade Federal do Acre.

De imediato verificou-se que o tamanho das sementes, a espessura da casca e a dificuldade de se fazer a amêndoa "soltar" da mesma, inviabilizam a adoção de processos manuais. Uma amêndoa seca pesa em média ...g. Para produção de um kg são necessários .... mil frutos, que quebrados, em cálculo otimista (obtivemos média de .... frutos quebrados/hora), à razão de ...../h, demandariam .... horas de trabalho. Muito mais que, por exemplo, o obtido com a "Castanha do Brasil" que varia entre 5-10kg/8h de trabalho. Como desconhecemos a existência de equipamentos que possam ser adaptados à quebra deste tipo de semente, aparentemente o aproveitamento econômico em larga escala desta espécie está, momentaneamente, comprometido até a realização de estudos mais detalhados ligados ao desenvolvimento de tecnologias de beneficiamento.

Outras regiões:

a) Frutos:

Balick & Gershoff (1990), afirmam que na Colombia os frutos são muito apreciados (mesocarpo e amêndoa), sendo vendidos em beiras de estradas por ambulantes. A análise da polpa encotrou que a mesma é muito rica em vitamina A (16.000 UI/ 100g, peso húmido), superior à "Cenoura" (2.000-12.000 UI). O endosperma contém 7.9g/100g (em peso seco) de proteína e 37% de gordura, rica em ácido láurico (gordura saturada, bastante similar ao óleo de côco).

Pitier (1926), Gonsalves (1955), Braun (1968), Duke (1968), Perez-Aberlaez (1978), Hoyos & Braun (1984), Pio Corrêa (1984), Balslev & Barfod (1987), Braun & Chitty (1987) e Galeano & Bernal (1987), comentam sobre o uso ornamental, cultivo e o aproveitamento na dieta alimentar do pericarpo e da amêndoa, tanto "in natura" quanto torrada, e na extração de óleo comestível, na Venezuela, Brasil, Colombia e Equador.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Entre 1983 e 1984, equipes do INPA-ACRE realizaram excursões de coleta de sementes de fruteiras nativas em todo o Estado e trouxeram sementes de A. aculeata da região de Xapurí-Brasiléia. O material foi introduzido na coleção que foi estabelecida na Fazenda Catuaba da Universidade Federal do Acre.

Agronomicamente o comportamento da espécie é muito bom, tendo iniciado a produção 3-4 anos depois de levadas ao campo. O espaçamento adotado inicialmente foi de 4 X 4m, porém eventuais plantios comerciais que utilizem adubação química, poderão usar o espaçamento de 3 X 3m, sem maiores problemas de super-adensamento tendo em vista que a copa não ocupa muito espaço horizontalmente. Os dados disponíveis, embora não conclusivos, parecem indicar que cada planta produz 2-3 cachos de frutos/safra. Neste caso, uma hectares com 1.111 plantas (3 X 3m), poderia produzir, no mínimo 2.000 cachos/ano, o que significaria cerca de ........ kg de amêndoas secas/ha (INPA-ACRE, 1993).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, ca. 5min abaixo da boca do rio Azul, 17 out 1989, A. Henderson et al 1145 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, 10 min. acima da boca do rio Azul, local "Meia Doze", 7° 25'S; 73° 15'W, 14 fev 1992 (fl), A. Henderson et al 1683 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta de terra firme com bambú, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992 (fr), E. Ferreira 121 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Brasil, floresta virgem, 13 out 1989, M. Pinard 847 (NY, UFAC).

2. Aiphanes ulei (Dammer) Burret

Sinonímias: [Martinezia ulei Dammer; Aiphanes Schultzeana Burret].

Nome vulgar: "Paxiubinha de espinho"

ESTIPE: solitário, subterrâneo ou aéreo com 30cm de comprimento. FOLHAS: 5-6; bainha com 20-30cm de comprimento; bainha, peciolo e raque com espinhos negros, achatados, de até 4cm de comprimento; pecíolo 21-40cm de comprimento; raque 0.9-1.2m de comprimento; 9-14 pinas por lado, arranjadas em grupos de 2, aparentemente dispostas em um plano, gradualmente enlarguecidas em direção ao ápice, com margen premorsa-bilobada, faixas marrom-tomentosas na face abaxial, especialmente nas margens; pinas medianas com 24-33cm de comprimento e 6-7cm de largura no meio. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, ereta na antese e com frutos; pedúnculo 75-100cm de comprimento; profilo com 15-35cm de comprimento; bráctea peduncular 50-87cm de comprimento; raque com 24-30cm de comprimento; 4-15 raquilas, unidas basalmente à raque, 4-12cm de comprimento. FLORES: nascendo em tríades congestas basalmente, com flores estaminadas em pares ou solitárias apicalmente; flores estaminadas não vistas; flores pistiladas não vistas. FRUTOS: (velhos) 6mm de diâmetro; forma globosa; resíduo estigmático apical saliente.

Encontrada na Colombia, Equador, Peru (Loreto, San Martin) e Brasil (Acre).

HABITAT E ECOLOGIA

No Acre foi encontrada no alto rio Môa, acima da Serra do Môa (muito próximo à fronteira com o Peru), em ambiente que não é bem representativo do que normalmente temos em todo o Estado, pois essa região mescla elementos tipicamente Andinos (Dictiocaryum ptariense p. ex.) com outros típicos da planície Amazônica.

é importante ressaltar que esta espécie, embora tenha sido encontrada no Acre com caule subterrâneo ou curtamente desenvolvido, em outros países da América do Sul pode alcançar até 4.5m de altura (porte similar ao de A. aculeata).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Não dispomos de qualquer informação relacionada com o uso desta espécie para o Acre. Infelizmente nenhum dos exemplares que examinamos em NY continham qualquer dado adicional, fazendo-nos crer que pouco proveito é obtido desta espécie.

Exemplar representativo: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao Igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fl, fr), A. Henderson et al 1133 (NY).

 

APHANDRA Barford

PORTE: palmeira dióica de médio a grande porte. ESTIPE: solitário, ereto, às vezes inclinando-se, com entre-nós curtos.

FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando crownshaft, às vezes persistente; pecíolo alongado; bainha e pecíolo com fibras nas margens; raque longa, fina; pinas lineares, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano. INFLORESCêNCIA: fortemente dimôrfa; inflorescência estaminada intrafoliar; pedúnculo originando um profilo, uma bráctea peduncular e poucas brácteas menores; raque alongada com numerosas raquilas curtas; inflorescência pistilada intrafoliar, com raque contraída, sem raquilas;

FLORES: estaminadas nascendo em grupos de aproximadamente 4; perianto muito reduzido, em forma de bráctea; receptáculo arredondado com 400-650 pequenos estames; 24-40 flores pistiladas sésseis; 7-9 tépalas; numerosos estaminódios; gineceu sincárpico, 7-8 lóculos e 7-8 óvulos; estilo e estigma alongados. FRUTOS: numerosos; forma irregularmente prismática; desenvolvendo-se densamente no ápice de uma axe curta, em forma de clava; epicarpo recoberto por projeções lenhosas de forma piramidal; endocarpo fibroso envolvendo todas sementes.

SEMENTES: numerosas; endosperma homogêneo; posição do embrião basal; germinação remota ligular. PRIMEIRA FOLHA: pinada.

Referência: A. Barfod (1991).

Gênero de uma espécie, A. natalia (Barford, 1991), distribuída no oriente do Equador (Morona-Santiago, Napo), Peru (Loreto) e Brasil (Acre). Embora ainda não tenha sido coletada, é possível que a espécie possa ocorrer no rio Inauiní (afluente do rio Purus), Estado do Amazonas. Denise Garrafiel (com. pess.), confirmou que é comum uma espécie de palmeira de terra firme conhecida vulgarmente como "Piassava" ou "Bacina", e pessoalmente tivemos a oportunidade de ver fibras oriundas do mesmo lugar (bastante similares às extraídas no vale do Juruá) sendo usadas na confecção de vassouras em Rio Branco-Acre.

1. Aphandra natalia (Balslev & Henderson) Barford

Sinonímia: Ammandra natalia Balslev & Henderson.

Nome vulgar: "Piassava"

ESTIPE: solitário, 3-11m de comprimento, 20-22cm de diâmetro, basalmente liso, ápice com novelo de fibras oriundas da margem das bainhas e pecíolo das folhas; às vezes com uma visível massa de raízes na base. FOLHAS: 10-20; bainha 0.7-1m de comprimento, fibrosa nas margens e com uma alongada aurícula que se desintegra em uma massa de fibras; pecíolo 2.3-2.5m de comprimento, com escamas marrons mais espalhadas na face adaxial e densas abaxialmente; raque 4-5.4m de comprimento; 90-120 pinas por lado, lineares, regularmente arranjadas em dispostas em um mesmo plano; as medianas com 1-1.2m de comprimento e 6-8cm de largura. INFLORESCêNCIA: fortemente dimôrfa; inflorescência estaminada intrafoliar, pedúnculo 70-90cm de comprimento, profilo 40-50cm de comprimento, bráctea peduncular 80-150cm de comprimento e poucas brácteas menores presentes; raque 1-1.7m de comprimento; 200-300 raquilas de 1.5cm de comprimento; inflorescência pistilada intrafoliar, pedúnculo 30-45cm de comprimento, profilo 40-60cm de comprimento, bráctea peduncular 35-45cm de comprimento, com pequenas brácteas presentes; raque 5-8cm de comprimento.

FLORES: estaminadas nascendo em receptáculo com perianto muito reduzido; 200-300 estames; 25-40 flores pistiladas densamente agrupadas na raque, tépalas compridas; 6-8 estigmas de cerca de 4cm de comprimento. FRUTOS: aproxiamadamente 30, desenvolvendo-se em grupos densos na raque, 7-12cm de comprimento; forma irregular, com proeminentes projeções lenhosas piramidais.

Encontrada no rio Juruá-Mirim, Môa e igarapé Visêu, no vale do rio Juruá, Municípios de Porto Valter e Mâncio Lima.

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas de terra firme, de médias altitudes (300-800m, Equador) até baixas elevações (160m, Acre). Desenvolve-se facilmente em áreas onde a floresta foi cortada para a implantação de pastagem, podendo apresentar densidade de até 19 indivíduos adultos em menos de 1ha (Pedersen & Balslev, 1990).

No Acre observamos dezenas de indivíduos crescendo sob florestas virgens de terra firme não sujeitas a inundações. Embora a ocorrência fosse restrita a dois pontos (Igarapé Visêu e rio Juruá-Mirim), a densidade das plantas era relativamente alta, quando se comparava (p.ex.) com a de A. murumuru.

Pedersen (1992), acredita que o homem e as fortes correntes dos rios encontrados nas proximidades da base das montanhas Andinas, onde esta espécie ocorre com mais frequencia, podem ser os mais importantes dispersores a longa distância, enquanto que roedores como "esquilos" (Sciurus sp.) e "Guatusas" (Dasyprocta sp.), são, provavelmente, os mais importantes dispersores a curta e média distância.

A polinização parece ser similar à de Phytelephas, tendo sido coletados, dentro das inflorescências durante a ântese, os seguintes insetos: Coleoptera-4 espécies de Staphylinidae, 1 Nitidulidade, 1 Chrysomelidae, 2 Cyclocephala; Diptera: 1 espécie de Drosophilidae e 1 Phoridae (Henderson, 1986; Pedersen & Balslev, 1990).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Fibras:

Esta é uma das espécies nativas potencialmente mais importantes e que permanece sub-explorada. As fibras extraídas da margem da bainha e do pecíolo de suas folhas são usadas para a confecção de "vassouras" artesanais no vale do Juruá, que resumimos a seguir:

i) A produção é totalmente manual. Usualmente cabe aos homens o papel de ir à floresta coletar uma quandidade considerável de fibra, que será trabalhada pelas mulheres, que são responsáveis pela confecção do produto;

ii) A fibra bruta é passada em uma espécie de "pente de pregos" até a sua limpeza e homogeinização em diâmetro mais ou menos semelhante, aparando-se as ponta para, finalmente, formar "molhos", que poderão ser usados imediatamente ou armazenados por várias semanas em lugar protegido da umidade e do sol;

iii) Para a confecção da "vassoura", a fibra é colocada na água durante algumas horas para perder a rigidez e não quebrar quando for dobrada; depois de seca, é montada em um receptáculo feito com variados tipos de cipós (Araceae). A venda é efetuada por dúzias, e alguns regatões afirmaram que costumavam "baixar" o rio com até 1.000dz. O preço que é pago pode variar entre US$ 0.18-0.27 a unidade, dependendo da qualidade da fibra usada e do acabamento final. Na verdade, segundo a declaração de algumas mulheres no rio Juruá-mirim, desde a paralização quase completa do mercado da borracha, elas não recebem dinheiro em espécie, efetuando a troca por alimentos (principalmente leite em pó, café, açúcar e sal), roupas e sapatos.

No mercado local de Cruzeiro do Sul predominam os artigos confeccionados com fibras de A. natalia e de cipó "Titica" (Araceae)(1), sendo muito difícil encontrar os importados, confeccionados com fibras artificiais. A explicação mais lógica para esta situação atípica parece ser o baixo preço com que o mesmo é oferecido para a venda. Em janeiro de 1992 o preço ao consumidor (vassoura sem o cabo) equivalia a US$ 0.45, tornando impraticável a importação de Manaus (1.500km, por rio) ou do sul do país (mais de 4.500km por via rodo-aérea) pelos grandes comerciantes atacadistas da cidade. Neste caso merece ser citado o fato de que o monopólio da compra de produtos acabados nas regiões produtoras (altos rios) está concentrado nas mãos de alguns poucos "regatões", comerciantes que normalmente não têm estabelecimentos importantes na cidade e revendem a terceiros, com estabelecimentos nos pontos comerciais tradicionais.

Em termos de durabilidade, uma comparação de vassouras confeccionadas com fibras de Attalea funifera (Bahia) e Leopoldinia piassaba (Amazonas), com aquelas confeccionadas com fibras de Aphandra natalia mostra que a última tem menor vida útil. O motivo é o diâmetro mais fino de suas fibras, que não proporcionam a rigidez característica das duas primeiras, sendo esta uma desvantagem insuperável sob a ótica mercadológica.

Entretanto, de acordo com a informação de um proprietário de fábrica de vassouras de "piassava" estabelecido no Distrito Industrial de Rio Branco, as fibras de A. natalia são ideais para serem combinadas com as de A. funifera (que o mesmo importa de distribuidores em São Paulo). No caso, na parte externa da "cabeça" onde são montadas as fibras se usa material de A. funifera, mais grosso e resistente para conferir firmeza e durabilidade, enquanto no centro são usadas fibras de A. natalia como "enchimento" e que funcionam de modo auxiliar na remoção o pó ou sujeira, sem maiores consequências para a qualidade e durabilidade do produto final.

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(1)- São vendidas por preços e em quantidades similares, porém a maior durabilidade e rusticidade dos produtos elaborados com Aracea me fazem pensar que estão em classes diferentes. Produtos de A. natalia são usados em pisos mais sensíveis e podem recolher pó mais fino. Por este motivo, não é raro muitos consumidores da cidade de Cruzeiro do Sul fazer a aquisição conjugada.

Outras regiões:

a) Fibras:

No Equador as fibras constituem a mais importante matéria-prima para a fabricação de "vassouras", sendo considerada a maior fonte de ingressos financeiros da Província de Morona-Santiago. Em janeiro de 1988, 1 kg de fibras processadas valia o equivalente a US$ 0.70-0.80 e era suficiente para fazer seis "vassouras", vendidas ao preço de US$ 0.60 cada (Barford, 1991; Pedersen & Balslev, 1990; Balslev & Barford, 1987; Balslev & Henderson, 1987). Pedersen (1992), afirma que as cordas obtidas com as fibras desta espécie no Equador são de baixa qualidade e estão, atualmente, sendo substituídas por produtos sintéticos.

b) Folhas, Frutos, Estipe e Palmito:

O "palmito", endosperma e mesocarpo imaturos são comestíveis. índios fazem "dardos" do estipe e alimentam-se de larvas que aí se desenvolvem; as fibras da base da folha são usadas para acender fogo, folhas são usadas fazer cestos e cobertura de habitações indígenas e o mesocarpo é comercializado em feiras por cerca de US$ 00.10 (Borgoft Pedersen & Balslev, 1990; Barford 1989; Balslev & Henderson, 1987).

ASPECTOS AGRONôMICOS

No Equador alguns plantios foram estabelecidos e aparentemente ainda não estão em produção. A maior parte das fibras é oriunda de plantas nativas.

Pedersen (1992), relaciona três tipos de manejo da espécie naquele país: manejo em florestas (o único que pode ser aplicado imediatamente no Acre), Manejo de regenerações e Manejo em pastagens. Nos dois primeiros casos a técnica consiste em clarear ou eliminar outras espécies e permitir que A. natalia possa aumentar gradativamente o seu "stand" natural, tornando economicamente viável a exploração das fibras. No último caso, plantas adultas são preservadas por ocasião da implantação de pastagens. Neste caso o aumento da densidade natural é limitado pela própria pastagen e pela impossibilidade de progresso das regenraçoes que são sistematicamente eliminadas pelo gado.

Em todos os casos citados acima se costuma realizar práticas culturais simples, como o corte das folhas (por ocasião da extração das fibras), inflorescências, infrutescências e limpeza do terreno em volta das plantas (com exceção das áreas de pastagens), visando proporcionar maior retenção de nutrientes e permitir o gradual adensamento. Uma planta nestas condições pode permitir a extração de 4.5kg de fibras por ano, porém a produção individual pode variar muito (B. Pederson & Balslev, 1990).

Um homem pode levar de 20-60 minutos para coletar as fibras de uma palmeira, dependendo da quantidade e da necessitade de ter que subir na planta, permitindo que durante um dia o total de plantas coletadas fique entre 10-15 (Pedersen, 1992).

Possibilidades de Introdução no Acre:

Baseando-nos no sucesso que a exploração desta espécie está alcancando no Equador, especialmente o manejo de populações em áreas de pastagens antigas, onde sua agressividade na concorrência com outras espécies e o aparente benefício que a mesma pode proporcionar às pastagens já implantadas são pontos destacados, acreditamos que, para as condições do Acre, esta é uma alternativa a ser implementada a curto prazo.

Existe demanda por fibra, atualmente importada de São Paulo a preços que não permitem a expansão do número de fábricas de "vassouras" no Estado e a concorrência, a nível de preço, com os produtos sintéticos e naturais importados de Manaus e Centro-Sul.

As populações naturais da espécie são relativamente pequenas e localizadas em pontos que dificultam o escoamento da produção, não parecendo representar ameaça aos investimento que porventura vierem a se feito em plantios.

Como primeiro passo, em 1993-1994 sementes deverão ser coletadas no vale do Juruá e introduzidas, juntamente com Attalea tessmannii e Phytelephas macrocarpa, em sistemas agroflorestais que estão sendo implantados no Seringal "Dois Irmãos", na Reserva Extrativista "Chico Mendes" (próximo à cidade de Xapurí).

No entanto é a combinação A. natalia X pastagem, a que parece ter maiores possibilidades. A introdução de uma espécie com valor comercial reconhecido poderá dar novo alento a esta atividade no Estado, inclusive ajudando os pequenos agricultores a manter em boas condições pastagens que normalmente são abandonadas por falta de manejo adequado e recursos financeiros (controle de pragas e ervas daninhas). Na prática as pastagens mais antigas e pouco manejadas do Estado estão sempre povoadas por incontáveis espécies de palmeiras, caracterizdas pela ausência ou baixo valor comercial de seus produtos, como é o caso de Astrocaryum murumu, A. aculeatum, Attalea butyracea e A. phalerata.

Embora reconheçamos que as informações relacionadas com a sua agronomia sejam virtualmente inexistentes, a experiência Equadoriana pode servir como exemplo de aproveitamento, a longo prazo e sustentável, de uma planta nativa que, igualmente, nunca foi alvo de estudos visando definir sistemas mínimos de produção.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao Igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fl _), A. Henderson et al 1126 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 8 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1657 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 21 mar 1992 (fr), E. Ferreira 175 (UFAC).

Exemplar adicional examinado: Equador, Morona-Santiago, km 18 da rodovia Mendez-Sucua, S de Logroņo, 2° 35'S; 78° 11'W, 14 jul 1985 (fl _), H. Balslev & A. Henderson 60.651 (Isótipo, NY).

 

ASTROCARYUM G. Meyer.

PORTE: palmeiras monóicas de pequeno a grande porte, espinhosas. ESTIPE: solitário ou cespitoso, curto ou alongado, algumas vezes acaulescente; delgado ou robusto; liso com visíveis anéis de cicatrizes foliares armados com espinhos fortes apontados em várias direções que podem cair com a idade ou às vezes obscurecido por bainhas de folhas armadas com espinhos. FOLHAS: poucas ou numerosas, reduplicadas, pinadas ou mais raramente folhas inteiras; bainha aberta e não formando crownshaft; pecíolo curto ou alongado; raque alongada; pinas regular ou irregularmente arranjadas, dispostas em um ou vários planos; branco-tomentosas abaxialmene. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo usualmente alongado originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque mais curta que o pecíolo originando numerosas raquilas simples, delgadas. FLORES: formando poucas tríades basalmente nas raquilas, flores estaminadas densamente arranjadas apicalmente; flores estaminadas com 3 sépalas triangulares, brevemente unidas basalmente, livres acima; 3 pétalas maiores que as sépalas, unidas abaixo, valvadas acima; usualmente 6 estames, podendo apresentar eventualmente 3-12; pistilódio pequeno, trífido ou ausente; flores pistiladas claramente maiores que as estaminadas, 3 sépalas unidas com cúpula tri-lobada; 3 pétalas unidas basalmente em cálice tubular tri-lobado; anel estaminoidal curto ou ausente; gineceu sincárpico, trilocular, triovulado. FRUTOS: forma globosa, prismática ou ovóide; resíduo estigmático apical; epicarpo liso ou espinhoso; mesocarpo carnoso ou seco e farinhento; endocarpo duro, com fibras irradiadas de 3 poros sub-terminais. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo; embrião aub-apical, oposto aos poros do endocarpo; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: Uhl & Dransfield (1987); Kahn & Millan (1992).

Embora a bibliografia indique a existência de 45-47 espé_ies no Gênero (Burret, 1934; Uhl & Dransfield, 1987), Kahn & Millan (1992), acreditam que somente cerca de 15 poderão ser assim consideradas.

Encontram-se distribuídas apartir do sul do México, América Central, Trinidad, norte da América do Sul até o sul da Bolívia. Dez espécies podem ser encontradas na bacia Amazônica, cinco das quais no Acre: A. aculeatum, A. chambira, A. gynacanthum, A. jauari e A. murumuru.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE ASTROCARYUM

1. Folhas com pinas regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano; raquilas usualmente com 1 flor feminina.

2. Infrutescência pêndula; estipe com 3-6cm de diâmetro, sem bainhas de folhas persistentes e com visíveis anéis de espinhos nos entre-nós curtos; frutos glabros, de cor laranja na madurez......................................................................................................... 3. A. gynacanthum

2. Infrutescência ereta; estipe com 12cm de diâmetro, bainhas de folhas persistentes fortemente armadas com espinhos irregularmente arranjados ou liso com entre-nós alongados; frutos com espínulos, de cor amarelada na madurez.......................................................... 5. A. murumuru

1. Folhas com pinas irregularmente arranjadas em grupos e dispostas em vários planos; raquilas usualmente com 2-8 flores femininas.

3. Estipe cespitoso; típica de ambientes alagados próximos a cursos de águas..... 4. A. jauari

3. Estipe solitário; típica de florestas primárias ou secundárias de terra firme, campinas ou pastagens cultivadas.

4. Frutos globosos, epicarpo glabro, corola persistente com margem apical multi-lobada; folhas com 104-118 pinas por lado................................................................... 1. A. aculeatum

4. Frutos obovados, epicarpo com espínulos, corola persistente com margem apical inteira; folha com 160 pinas por lado.............................................................................. 2. A. chambira

1. Astrocaryum aculeatum G. Meyer

Sinonímias: [Astrocaryum tucumã Martius]. [Astrocaryum princeps Barb. Rodr.]. [Astrocaryum caudescens Barb. Rodr.]. [Astrocaryum princeps var. sulphureum Barb. Rodr.]. [Astrocaryum princeps var. flavum Barb. Rodr.]. [Astrocaryum princeps var. vitellinum Barb. Rodr.] [Astrocaryum manoense Barb. Rodr.]. [Astrocaryum macrocarpum Huber].

Nome vulgar: "Tucumã"

ESTIPE: solitário, ereto, 4.10-12.56m de comprimento e 20cm de diâmetro, com espinhos negros nos entre-nós medindo 5-15cm de comprimento. FOLHAS: 8; bainha, pecíolo e raque cobertos por espinhos negros, achatados; bainha e pecíolo com 1.34-1.57m de comprimento; raque 2.34-2.66m de comprimento; 104-118 pinas por lado, lineares, irregularmente arranjadas e dispostas em vários planos. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, múltipla, ereta na antese e na frutificação; pedúnculo 28(194)cm de comprimento; profilo ?; bráctea peduncular 2.5m de comprimento, externamente com uma densa cobertura de espinhos de cor negra; raque e raquilas branco-tomentosas; raque 75cm de comprimento, originando ............raquilas de .....a....cm de comprimento; raquilas basais com flores flores femininas e apicais com flores masculinas. FLORES: estaminadas cerca 5mm de comprimento, creme-amareladas, em pares ou solitárias em depressões ao longo das raquilas; 3 sépalas triangulares, curtas; 3 pétalas brevemente unidas abaixo, com o dobro do comprimento das sépalas; 6 estames; pistilódio trífido; flores pistiladas com 1.5cm de comprimento, 2-4 por raquila; cálice e corola cupular; anel estaminoidal com 2mm de altura; estilo alongado. FRUTOS: 4.5-6cm de comprimento e 3.5-4.2cm de diâmetro; forma globosa; epicarpo de cor amarelo-laranjado ou laranja-esverdeado quando maduro, glabro, com resíduo estigmático sub-apical; cálice trilobado, corola multi-lobada; anel estaminoidal com ca. da metade do comprimento da corola.

Distribuída na Venezuela, Trinidad, Guianas, Bolívia (Beni, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em todo o Estado e pode ser encontrada com mais frequência em áreas secundárias (capoeiras), pastagens cultivadas e mais raramente em florestas primárias. Uma de suas maiores concetrações é observada nas pastagens às margens da BR-317 entre Rio Branco e Xapurí. Neste ambiente é comum apresentar um porte mediano e estipe desprovido de espinhos nos 2/3 iniciais (eliminados pelo fogo nas pastagens). Em floresta secundária ou primária costuma atingir grande altura (às vezes mais de 20m) e o estipe é fortemente armado com espinhos nos entre-nós.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

No Acre, repetindo-se o que parece ocorrer em todas regiões onde cresce a espécie, os frutos podem ser de diferentes tamanhos e coloração, polpa oleosa ou não, o que deve indicar que esta espécie é muito variável em características típicamente influenciáveis pela ação humana.

Pelas observações que fizemos durante nosso trabalho este foi o único recurso realmente utilizado desta espécie. Entre os frutos de palmeiras que podem ser consumidos in natura, é um dos mais apreciados, tanto pela sua polpa quanto pela amêndoa (frutos amarelados parecem não ser tão apreciados quanto os de cor vermelha). Infelizmente, a despeito de a maioria das pessoas conhecer o potencial oleífero da espécie, poucas realmente se dedicam a esta atividade.

Outras regiões:

a) Frutos:

A polpa pode apresentar textura fibrosa, seca a oleosa ou muito oleosa, de sabor repulsivo ou de excelente qualidade. Em Manaus é uma das frutas de mais alto valor no mercado e cerca de 8.000t de amêndoas (de diversas espécies de Astrocaryum) são coletadas na selva e transformadas em óleo comestível (Arkcoll, 1986). Os frutos podem ser usados para produzir fumaça na defumação de borracha. 

Na Bolívia, além dos frutos serem consumidos pelo homem e pelos animais da floresta, os índios usam as larvas que se desenvolvem nos frutos caidos no chão como isca de pesca (Balslev & Moraes, 1989; Boom, 1987).

b) Estipe e folhas:

Galeano (1992), afirma corretamente que esta é uma das espécies mais úteis para o homem amazônico. A madeira é usada para fazer arcos e pontas de flechas. Os espinhos podem ser usados como ponta de dardos. Cordão de excelente qualidade é obtido das folhas novas e são usados para fazer rede de pesca e redes de "embalo". Cerca de 100t de fibras de "Tucum" são processadas anualmente no Brasil (Arckcoll, 1986; Boom, 1987). Entretanto, concordamos com Perez-Arbelaez (1978) e acreditamos que a exploração da espécie como fornecedora de fibra se constitui em um processo irracional e, teoricamente, inviável economicamente.

Investimentos em pesquisas com a espécie devem priorizar o uso do fruto na alimentação e no fornecimento de óleo de qualidade industrial.

ASPECTOS AGRONôMICOS

As sementes desta espécie podem germinar depois de 2 meses (Braun & Chitty, 1987).

Exemplares representativos: Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Uruqueu, 10° 38'S; 68° 15'W, 07.11.91 (fr), E. Ferreira et al 81 (NY). Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Nova Fazendinha, 02.11.89 (fr), M. Pinard 850 (NY).

2. Astrocaryum chambira Burret

Sinonímias: [Astrocaryum vulgare de Wallace in Palm tree of Amazon. 1853].

Nome vulgar: "Tucumã"

ESTIPE: solitário, ereto, até 15m de comprimento e 30cm de diâmetro, com entre-nós densamente cobertos por espinhos negros. FOLHAS: 12; bainha e pecíolo densamente cobertos por espinhos achatados de coloração amarelada; bainha 1.1m de comprimento; pecíolo 2.6m de comprimento; raque 4.8m de comprimento; 160 pinas por lado, linear ou linear-lanceoladas, irregularmente arranjadas e dispostas em diferentes planos; com pequenos espinhos nas margens, nervuras das pinas medianas subterminais; pinas medianas com 1.51-1.63m de comprimento e 4-4.5cm de largura . INFLORESCêNCIA: intrafoliar e ereta; profilo 1.2m de comprimento, persistente; bráctea peduncular inserida próxima ao ápice do pedúnculo, decídua na frutificação; bráctea peduncular com 1.9m de comprimento, densamente recoberta por espinhos externamente; pedúnculo com 2.3m de comprimento; raque 1.2m de comprimento, originando 300 raquilas simples, medindo de 27-40cm de comprimento. FLORES: a métade inicial das raquilas apresenta-se com 2-3 tríades de 1 flor pistilada, grande e séssil, e 2 estaminadas pequenas e pediceladas; a porção apical engrossada, glabra ou marrom-tomentosa, está coberta unicamente por flores estaminadas densamente agrupadas; flores estaminadas com cerca 6mm de comprimento; 3 sépalas estreitamente triangulares, brevemente unidas abaixo, livres acima; 3 pétalas ovadas, unidas brevemente abaixo, valvadas acima; 6 estames; pistilódio trífido; flores pistiladas com 1.5cm de comprimento; cálice cupular; corola cupular recoberta por espínulos; estigma muito grande. FRUTOS: 6cm de comprimento e 3.5-4cm de diâmetro; forma obovada; corola inteira; epicarpo de cor amarelo-esverdeado quando maduro, coberto por espínulos negros; resíduo estigmático apical proeminente com 0.5-1cm de comprimento; mesocarpo fibroso; endocarpo duro, com menos de 0.5cm de espessura. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo.

Distribuída na Colombia, Venezuela, Equador, Peru (Amazonas, Loreto) e Brasil (Acre e Amazonas). No Acre parece ter a distribuição restrita ao vale do rio Juruá.

HABITA E ECOLOGIA

No Acre pode ser encontrada habitando florestas primárias (incluindo campinas) e secundárias. Na Venezuela cresce em florestas úmidas e abertas, em transição para savanas (Wessels Boer, 1988). Na Colombia cresce em florestas secundárias e é ocasionalmente cultivada (Glenboski, 1983).

Embora reconheça que a distribuição de muitas espécies do gênero foram fortemente influídas pela ação humana, Wessesl Boer (1988), acredita que A. chambira pode ser nativa no sudoeste do Estado do Amazonas, na Venezuela, ressaltando que caso tenha sido realmente introduzida correntemente está completamente naturalizada na área.

Kahn (1988), afirma que na Amazonia Peruana esta espécie raramente pode ser encontrada em florestas primárias de terras altas (terra firme), e solos bem drenados; densas populações ocorrem em vegetações secundárias e próximas a povoados, onde são propagadas pelo homem.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos e Palmito:

Na Colômbia, Venezuela e Peru os frutos são comestíveis. O endosperma imaturo líquido é bebido e quando maduro consumido da mesma forma que o de Cocos nucifera (Acero-Duarte, 1979, 1982; Kahn, 1988; Mejia, 1992; Piņedo-Vasquez et al, 1990; Wessels Boer, 1988).

Mejia (1988), afirma que o palmito, de qualidade inferior ao de Euterpe precatoria, é comestível.

b) Fibras das folhas novas:

As fibras obtidas das folhas imaturas (epiderme das folhas), são usadas, com mais frequência entre os indígenas, na fabricação de tecidos, artesanatos, redes, linhas e redes de pesca (Acero-Duarte, 1979, 1982; Glenboski, 1983; Jordan, 1970; Kahn, 1988; Piņedo-Vasquez et al, 1990; Wessels Boer, 1988).

Mejia (1988), explica o processo de preparo da fibra:

i) antes de serem tecidas, as fibras são deixadas de molho em água com sabão ou detergente por aproximadamente 10h até ficarem sem coloração alguma;

ii) São então secas ao sol, podendo ser tingidas com diferentes cores;

iii) Depois de tingidas e secas as fibras são entrelaçadas (tecidas), até formar cordões que podem, então, ser usados na confecção de sacolas de múltiplos propósitos ou redes. Três folhas são suficientes para confeccionar uma sacola de 35x25cm.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 15.10.89 (fl), A. Henderson et al 1136 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, logo acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 10'W, 13.02.92 (fr), A. Henderson et al 1681 (NY); Mâncio Lima, rio Azul, 10min. acima da boca, loc. "Meia Doze", 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92 (fr), A. Henderson et al 1685 (NY).

3. Astrocaryum gynacanthum Martius.

Sinonímias: [Astrocaryum mumbaca Martius; Astrocaryum gynacanthum var. mumbaca Trail]. [Astrocaryum minus Trail; Astrocaryum rodriguesii var. minus (Trail) Barb. Rodr.]. [Astrocaryum minus var. terrafirme Drude in Martius]. [Astrocaryum vulgare de Warburg]. [Astrocaryum gymnopus Burret]. [Astrocaryum gynacanthum var. dasychaetum Burret].

Nome vulgar: "Marajá", "côco preto"

ESTIPE: cespitoso ou ocasionalmente solitário, 2-6m de comprimento, 3-6cm de diâmetro, com anéis de espinhos achatados, negros, fortes, com até 12cm de comprimento nos entre-nós. FOLHAS: 6-13, dispostas horizontalmente; bainha parcialmente fechada, 15-80cm de comprimento, bainha, pecíolo e raque densa a moderadamente cobertas com espinhos similares aos do estipe, porém arranjados em grupos; pecíolo 20-60cm de comprimento; raque 1.2-2.5m de comprimento; 21-40 pinas por lado da folha, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano, as apicais muito mais largas que as demais, as medianas com 54-60cm de comprimento e 2.5-6cm de largura, de cor quase branca abaxialmente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, pêndula na antese e em frutos; pedúnculo alongado, 35-80cm de comprimento, espinhento; profilo 30-40cm de comprimento; bráctea peduncular com 60-80cm de comprimento, com muitos espinhos negros na superfície adaxial, inserida próxima da metade do comprimento do pedúnculo; profilo e bráctea peduncular persistentes; raque 10-25cm de comprimento; numerosas raquilas de ca. de 4cm de comprimento, a secção estaminadas decídua depois da antese. FLORES: estaminadas nascendo em depressões ao longo de toda a raquila, ca. de 3mm de comprimento; sépalas estreitamente triangulares; pétalas obovadas, unidas por ca. de 1/2 de seu comprimento e com ápice reflexo na antese, 3mm de comprimento; 6 estames; pistilódio proeminente, trífido; flores pistiladas solitárias, sésseis, uma por raquila, 1cm de comprimento; cálice cupular com a superfície externa coberta por espínulos achatados; corola cupular, ápice liso; anel estaminoidal adnato à corola, curto; ginecêu com estilo e estigma compridos e ovário pequeno. FRUTOS: densamente agrupados nas raquilas, 2.5-3.5cm de comprimento e 1.2-1.5cm de diâmetro; forma obovóide; epicarpo de cor laranja-vivo abre-se na madurez, expondo o mesocarpo também de cor laranja e o endocarpo negro.

Distribuída no norte da América do sul, extendendo-se até a Bolívia. No Brasil é encontrada no Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Rondônia e Acre.

HABITAT E ECOLOGIA

Típica de sub-bosque em terra firme ou áreas mais úmidas, onde pode formar concentrações consideráveis. Caracteriza-se pelo seu pequeno porte, pelos anéis de espinhos negros nos curtos entre-nós e quando com frutos, pela coloração larnaja-vivo que exibem.

No Acre encontramos a espécie no km 80 da estrada Rio Branco-Boca do Acre e na área de Vila Nova California (km 150 da BR-364).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos e folhas:

De acordo com Pio Corrêa (1984), os frutos são usados na extração de óleo. As folhas podem ser usadas para fazer esteiras, chapéus e cestos. A palmeira também é cultivada como ornamental. Na Colombia os índios usam o "cogollo" para extrair sal vegetal usado na mistura com tabaco (Galeano, 1992).

Em Tocantins os índios Apynayé usa esta espécie como fonte de alimento: frutos verdes podem ser totalmente comestíveis; quando maduros apenas as amêndoas podem ser aproveitadas (Balick, 1988).

ASPECTOS AGRONôMICOS

Jardim Botânico de Caracas, as sementes necessitaram de 578 dias para começar a germinar (Braun & Chitty, 1987).

Exemplares representativos:(coletar na Vila California-ramal Baixa Verde e na Estrada de Boca do Acre, km 84-falar com Geraldinho).

4. Astrocaryum jauari Martius

Sinonímia: [Astrocaryum guara Burret].

Nome vulgar: "Juarí", "Jauarí", "Joarí"

ESTIPE: cespitoso, mais raramente solitário, inclinado, 5-13m de comprimento, 9-30cm de diâmetro, entre-nós com espinhos achatados, negros, de 10-14cm de comprimento, ou glabrescentes com a idade. FOLHAS: 6-10, ascendentes; bainha 0.5-1.7m de comprimento, fechada na base; bainha, pecíolo e raque moderada a densamente cobertas por espinhos achatados, negros ou cinza; pecíolo 0.6-1.5cm de comprimento; raque 1.5-2.6m de comprimento; 56-148 pinas, irregularmente arranjadas e dispostas em vários planos, bífidas no ápice, as medianas com 0.6-1.1m de comprimento e 2-3cm de largura, cinza-branco abaxialmente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, ereta na antese e em frutos; pedúnculo 65-115cm de comprimento; profilo 40-75cm de largura, persistente; bráctea peduncular aproximadamente 1.1m de comprimento, inserida próximo ao ápice do pedúnculo, decídua na antese; raque 50-85cm de comprimento; 49-85 raquilas com 15-60cm de comprimento. FLORES: 3-6 tríades de duas flores masculinas e uma feminina basalmente, apicalmente numerosas flores masculinas; a secção estaminada densamente marrom-avermelhada-tomentosa; flores estaminadas 4.5mm de comprimento, em pares ou solitárias nas cavidades da secção estaminada da raquila; sépalas livres, estreitamente triangulares; pétalas brevemente unidas abaixo, valvadas acima, ápice reflexo na antese; 7-9 estames, com filamentos inflexados apicalmente; pistilódio trífido, curto; flores pistiladas ca. 2 vezes o tamanho das estaminadas; cálice cupular com margen apical ciliada, tri-lobado; corola cupular; anel estaminoidal livre da corola; pistilo globoso, ovário muito curto. FRUTOS: 2.5-3.5cm de comprimento e 1.7-2.5cm de diâmetro; forma globosa, globosa-elipsóide ou obovóide; epicarpo glabro, de cor amarelo-esverdeado ou laranja na madurez.

Amplamente distribuída na bacia Amazônica, podendo ser encontrada na Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru (Loreto) e Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

Tipica dos lugares alagados próximos aos cursos de água, ou áreas periodicamente alagadas. No Acre observamos que é muito comum ao longo do rio Antimarí e rio Môa.

No Peru também pode ser encontrada em zonas de inundações de ecossistemas de águas escuras (Kahn & Mejia, 1990).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos, folhas e estipe:

Os frutos são usados como iscas para peixes, mas não são consumidos pelo homem; as pinas podem ser usadas na confecção de chapéus. A epiderme do estipe é usada para fazer esteiras, coberturas e "tipitis" (cestos de prensar massa de mandioca); o mesocarpo do fruto contém óleo comestível e o endosperma possui 21% de gordura (Pio Corrêa, 1984). O endosperma imaturo do fruto é comestível (Mejia, 1992), a camada externa da raque da folha pode ser usada para a confecção de cestos e peneiras (Mejia, 1988), e as folhas imaturas são usadas para a extração de fibras para confecção de chapéus e abanos, sendo necessárias três folhas para a confecção de um chapéu (Mejia, 1988; Schultes, 1977).

Exemplares representativos: (coletar no rio Antimarí-falar com Magna na Funtac).

5. Astrocaryum murumuru Martius.

Sinonímias: [Astrocaryum chonta C. Martius in Orbigny]. [Astrocaryum paramaca var. javarense Trail; Astrocaryum javarense (Trail) Drude in C. Martius]. [Astrocaryum paramaca var. platyacantha Drude in C. Martius]. [Astrocaryum yauaperyense Barb. Rodr.]. [Astrocaryum horridum Barb. Rodr.]. [Astrocaryum huicungo Dammer ex Burret]. [Astrocaryum ulei Burret]. [Astrocaryum macrocalyx Burret]. [Astrocaryum urostachys Burret]. [Astrocaryum cuatrecasanum Dugand].

Nome vulgar: "Murmuru", "Murumuru"

ESTIPE: solitário ou cespitoso; quando curto usualmente está coberto em toda a extensão por bainhas de folhas persistentes, quando longo as bainhas persistem no 1/3 logo abaixo das folhas; 2-6m de comprimento e 12cm de diâmetro ou 20.1-30cm medidos sobre as bainhas. FOLHAS: 8-14 folhas; bainha, pecíolo e raque moderada a densamente cobertas por espinhos negros, achatados, com 4-23cm de comprimento; bainhas persistentes, 1m de comprimento; pecíolo 1.40-1.75cm de comprimento; raque 4-5m de comprimento; 88-115 pinas por lado, lineares, espinhentas nas margens, cor quase branca abaxialmente, as medianas com 86-96.5cm de comprimento e 3-4cm de largura; regularmente arranjadas e dispostas em um plano. INFLORESCêNCIA: intrafoliar e ereta na antese e na frutificação; pedúnculo com 1.59m de comprimento; profilo 32cm de comprimento, persistente, adnato ao pedúnculo; bráctea peduncular 1.06m de comprimento, inserida ca. da metade do comprimento do pedúnculo, densamente coberta por espinhos negros ou marrons, finos e macios, textura aveludada; raque 36-48cm de comprimento, originando numerosas raquilas simples, medindo de 9-14cm de comprimento. FLORES: as raquilas contém 1 flor pistilada na base, seguida de uma curta secção estéril, engrossando no ápice onde nascem somente flores estaminadas; flores estaminadas 2mm de comprimento; 3 sépalas triangulares; pétalas oblongas, livres e valvadas; 6 estames; pistilódio muito pequeno; flores pistiladas com 1cm de comprimento; cálice cupular; corola tubular recoberta por espínulos; ginecêu ovóide, excedendo a corola. FRUTOS: 3.4-4cm de comprimento e 2.5cm de diâmetro; forma obovada ou alongada-obovada; epicarpo de cor amarelada quando maduro, coberto por espínulos negros; resíduo estigmático apical proeminente; mesocarpo carnoso, macio; endocarpo duro. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo.

Com uma distribuição muito ampla, incluindo a Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru (Amazonas, Loreto, Madre de Dios, Pasco, San Martin), Bolívia (Beni, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Pará e Rondônia).

HABITAT E ECOLOGIA

Embora seja típica de áreas de florestas primárias, tanto de terra firme quanto aquelas periodicamente alagadas, no Acre é possível encontra-la também em áreas secundárias (capoeiras) e com mais frequência em pastagens cultivadas. Boom (1987), considera esta espécie (aqui classificamos A. huicungo como sinonímia de A. murumuru) é semi-cultivada e incomum nos campos agrícolas abandonados e ao longo de caminhos.

Quando cresce sob floresta apresenta-se com estipe alongado, eventualmente desprovido das bainhas persistentes, não atingindo, entretanto, o dossel superior da floresta. Aparentemente a disposição de suas folhas e pinas (quase horinzontais) constituem uma adaptação visando facilitar a captação de luz. Nas áreas abertas e muito iluminadas é uma planta que não costuma passar dos 5m de altura total.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Pouco usada como alimento pelos habitantes locais. A polpa têm um sabor adocicado, porém o alto teor de gordura que a mesma apresenta (40%, Balick, 1979), costuma causar frequêntes problemas estomacais. Para muitos Seringueiros, o consumo excessivo pode causar "febre". Na época da safra os frutos são muito procurados por animais tais como Veados (........), pacas (.........), Cutias ( ). Neste período os habitantes locais costumam usar estas plantas como locais de "espera" (caça).

Outras regiões:

a) Frutos, Folhas e Palmito:

Os frutos são comestíveis e a amêndoa é tão popular entre os índios Chácobos-Norte da Bolívia-quanto a "Manga" (Anacardium ocidentalum) (Boom, 1987). No Peru, entre ribeirinhos da Amazonia, embora em menor escala, os frutos são usados na alimentação (Piņedo-Vasquez et al, 1990), incluindo o endosperma imaturo líquido e o palmito (Mejia, 1988; 1992). Pittier (19260), também reporta o mesmo uso na Venezuela.

As folhas novas podem fornecer fibras (Schultes, 1977).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14.10.89 (fr), A. Henderson 1125 (NY); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Uruqueu, 10° 38'S; 68° 15'W, 07.11.91 (fr), E. Ferreira et al 78 (UFAC); Thaumaturgo, R. E. Alto Juruá, Tapaúna, m. direita do rio Juruá, 9° 12'S; 72° 14'W, 19.03.92 (fr), E. Ferreira 167 (UFAC); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Já Começa, 10° 38'S; 68° 16'W, 16.03.93 (fr), J. Bandeira 04 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Nova Fazendinha, 02.11.89 (fr), M. Pinard 850 (UFAC, NY).

 

ATTALEA Kunth

Sinonímias: [Scheelea Karsten]. [Orbignya C. Martius]. [Maximiliana C. Martius].

PORTE: palmeiras Monóicas de pequeno a grande porte. ESTIPE: solitário, raramente cespitoso, curto e subterrâneo ou alto e aéreo. FOLHAS:pinadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando crownshaft; pecíolo alongado, curto ou ausente; raque longa; pinas regular ou irregularmente arranjadas, dispostas em um ou vários planos, de forma linear, usualmente aristada apicalmente, exceto quando a nervura principal é sub- terminal, com uma fina linha distal de tomentos na margem abaxial, alargando-se em direção aos ápices, algumas vezes com aurícula na base. INFLORESCêNCIA: interfoliar, múltipla, singularmente ramificada, cada uma predominatemente estaminada, estaminada e pistilada ou predominantemente pistilada, todos os tipos podendo ocorrer em uma mesma planta; pedúnculo originando um prophyll e uma bráctea peduncular lenhosa; raque orginando numerosas raquilas simples ou raramente inflorescência pistilada espigada com raquilas muito curtas, tendendo a nascerem de um só lado da raque. FLORES: nascendo em tríades ou derived pattern, com tendência de nascer de um dos lados da raquilas; flores estaminadas com 3-4 sépalas, normalmente 3, porém podendo ocorrer 1-5; estames-6-75; pistilódios pequenos; flores pistiladas com 3 sépalas; 3 pétalas; anel de estaminódios presente, gineceu sincarpo, 3 ou mais lóculos, 3 ou mais óvulos. FRUTOS: globoso, ovóide, oblongo-elipsóide ou oblongo-ovóide; resíduo estigmático apical; endocarpo grosso e bony, com ou sem fibras. SEMENTES: 1 ou várias; endosperma homogêneo; posição do embrião basal; tipo de germinação remota tubular. PRIMEIRA FOLHA: inteira.

Referência: A. Henderson (in press).

Embora as palmeiras desse gênero sejam em sua maioria de grande porte, distintas, teoricamente mais fáceis de serem estudadas, este é um dos mais controvertidos sob o ponto de vista sistemática pois foi, desde a sua primeira descrição (Kunth, 1815), alvo de diversas revisões que levaram a uma confusa sub-divisão em gêneros (Maximiliana C. Martius-1824; Orbygnia C. Martius-1837 e Scheelea Karsten-1857), espécies (Barb. Rodr., Burret., Glassman; W. Boer) e híbridos que, com o passar dos anos, o tornaram extremamente complexo, dificultando sobremaneira a realização de trabalhos que envolvessem a correta definição de espécies, muito frequentes, por exemplo, em botânica econômica.

Henderson (in press), reconhece, como W. Boer (1988), apenas um gênero, Attalea, que passa a englobar os demais. Muitas espécies com descrições duvidosas, às vezes se baseando unicamente em características não relacionadas com a morfologia floral, ou levando em consideração diferenças insignificantes (tamanho de pétalas, forma de anteras) são agora sinonímias. Desta forma, temos aproximadamente 27 espécies distribuídas na América Central e sul do México, toda a América do Sul e Trinidad. Destas, 14 são encontradas na Amazônia, 6 das quais no Acre: A. butyracea, A. maripa, A. tessmanni, A. phalerata, A. speciosa e A. insignis.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE ATTALEA

1. Estipe normalmente curto e subterrâneo, quando aéreo raramente com mais de 2m de comprimento; folhas com 75-148 pinas em cada lado............................................... 2. A. insignis

1. Estipe normalmente grande e aéreo, com 2-20m de comprimento; folhas com 170-321 pinas em cada lado.

2. Bainhas das folhas com fibras grossas e distintas nas margens; pecíolo virtualmente inexistente............................................................................................................... 1. A. butyracea

2. Bainhas das folhas com fibras finas nas margens; pecíolo com até 3.3m de comprimento.

3. Folhas com pinas regularmente arranjadas e dispostas em um único plano; flores estaminadas com sépalas irregularmente oblongas e retorcidas, 19-28 estames com anteras espiraladas................................................................................................................. 5. A. speciosa

3. Folhas com pinas irregularmente arranjadas e dispostas em vários planos; flores estaminads com sépalas regularmente lineares ou lanceoladas, 6-14 estames.

4. Endocarpo do fruto com muitas fibras distintamente agrupadas; flores estaminadas arranjadas em um só lado da raquila ...................................................................... 4. A. phalerata

4. Endocarpo do fruto com poucas fibras, às vezes ausentes, espalhadas; flores estaminadas arranjadas em todos os lados da raquila

5. Frutos com 4-7cm de comprimento; flores estaminadas com 3 pétalas de 3.5mm de comprimento, com ápice rombudo.............................................................................. 3. A. maripa

5. Frutos com 12-13cm de comprimento; flores estaminadas com 3 pétalas de 1.5cm de comprimento, com ápice agudo................................................................................6. A. tessmanii

1. Attalea butyracea (Mutis ex L.f.) Wess. Boer

Sinonímias: [Sheelea butyracea (Mutis ex L.f.) H. Karsten ex H. Wendl.; Cocos butyracea Mutis ex L.f]. [Attalea humboldiana Spruce; Scheelea humboldiana (Spruce) Burret]. [Attalea wallisii Huber; Scheelea wallisii (Huber) Burret]. [Scheelea bassleriana Burret]. [Scheelea passargei Burret]. [Scheelea stenorhyncha Burret]. [Scheelea brachyclada Burret]. [Scheelea tessmannii Burret]. [Scheelea macrolepis Burret; Attalea macrolepis (Burret) Wess.Boer]. [Scheelea salazarii Glassman]. [Attalea pycnocarpa Wess.Boer].

Nome vulgar: "Jací", "Coco babão"

ESTIPE: solitário, 2-20m de comprimento, 30-32cm de diâmetro, às vezes com bainhas persistentes de folhas mortas no terço superior e uma massa de raízes na base com até 40cm de altura. FOLHAS: 15, ascendentes, com o ápice curvado; bainha 0.30-1.5m de comprimento, com fibras fortes, achatadas, visíveis na margem medindo 15cm de comprimento e 3mm de largura; pecíolo normalmente ausente; raque 6-7m de comprimento, arqueada e torcida fazendo com que as pinas aparentem estar na vertical; pinas 150-182 por lado da folha, regularmente arranjadas e dispostas em um plano, lineares, ápice agudo mas com a nervura central sub-terminal, as pinas mediana medindo ca. de 1m de comprimento e 6cm de largura, de cor cinza claro, quase branco, abaxialmente, com proeminente nervura central e aurícula na base. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, múltiplas, totalmente masculina ou totalmente feminina; inflorescência masculina com pedúnculo medindo entre 0.90-1.2m de comprimento; bráctea peduncular lenhosa e sulcada externamente, com 2m de comprimento e 23cm de largura, ápice agudo de 40cm de comprimento; raque 1m de comprimento, 135-230 raquilas com 30-35cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raque, cobertas por tomentos de cor cinza-claro; inflorescência feminina com pedúnculo medindo 1-1.4m de comprimento; bráctea peduncular lenhosa e sulcada externamente, com 1.6m de comprimento e 40cm de largura, ápice agudo de 40cm de comprimento; raque 0.96-1m de comprimento, 124-300 raquilas com até 20cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raque principal, com 1-10 flores pistiladas na secção estaminada; profilo não visto. FLORES: estaminadas 1.5cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raquila; 3 sépalas triangulares, 1mm de comprimento, 3 pétalas livres, lineares, 1.3-2cm de comprimento, 6 estames; pistilódio ausente. FRUTOS: numerosos, 7-8.5cm de comprimento e 3.5-4.5cm de diâmetro; forma oblonga-ovóide ou oblonga-elipsóide; epicarpo grosso, fibroso, quando maduro apresenta coloração marrom-amarelada, cor-de-rosa ou vermelha; mesocarpo carnoso, às vezes oleoso, de cor amarela ou quase branca quando maduro; endocarpo com fibras espalhadas, raramente agrupadas. SEMENTES: 1-3 por fruto; forma elipsóide.

A. butyracea está distribuída no sul do México, toda a América Central, Venezuela e Trinidad (Caribe) e no oeste da região Amazônica da Colombia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil (Acre e Amazonas). No Acre pode ser encontrada em todos os Municípios, especialmente em Sena Madureira (vale do Rio Purus).

HABITAT E ECOLOGIA

Em ambientes naturais é uma espécie típica de margens de rios, porém pode ser encontrada também em terra firme. No Acre, embora possa ser encontrada sob floresta, é mais comum em áreas pertubadas, especialmente nas pastagens cultivadas mais antigas, onde ocorre, frequentemente, associada com A. phalerata, Astrocaryum Murumuru e A. aculeatum.

O aparecimento de grandes quantidades de plantas de A. butyracea em pastagens pode ser explicada por alguns fatores. Um deles está relacionado com a sua estratégia de dispersão na qual

participam pequenos roedores (F. Chavez, com. pessoal), que, além de transportarem os frutos para lugares distantes, predam apenas o epicarpo e o mesocarpo, deixando "limpos" o endocarpo e, consequentemente, os poros por onde ocorrerá a germinação. Outro importante fator é o tipo de germinação que ocorre no Gênero Attalea-remota tubular, onde o meristema apical da planta está sob o solo e apenas as folhas ficam expostas; dessa forma, o fogo usado no preparo da pastagem não afeta a regeneração da espécie. Pinheiro (com. pess.), explicando o processo de germinação e dominação de A. speciosa em pastagens no Maranhão, afirma que o banco de sementes não germinadas e seedlings desempenham papel crucial pois enquanto estão sob floresta não têm as condições ideais de luz para crescer que adquirem após a derrubada e queima da mesma. Acreditamos que o mesmo processo deve ocorrer com A. butyracea e A. phalerata no Acre.

No campo pode ser distinguida pelas folhas com pecíolo ausente ou muito curto, com fibras grossas nas margens, pelas folhas eretas e com as pinas dispostas em um plano, pelos frutos mais frequentemente oblongo-elipsóides e, em alguns casos, pela cor avermelhada ou rosa dos frutos maduros e as múltiplas brácteas persistentes de inflorescências entre bainhas de folhas mortas, logo abaixo da copa.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Nunca observamos frutos sendo vendidos no mercado, como A. phalerata. Na região de Rio Branco é uma espécie menos utilizada, especialmente pelo fato de que nem todas as plantas apresentam a polpa comestível. Temos observado que a variação no tamanho dos frutos e na qualidade da polpa em A. butyracea é muito significativa. Enquanto em Sena Madureira é apreciada pelos Seringueiros e Colonos por apresentar frutos de grande tamanho, com abundante e saborosa polpa, tradicionalmente comida com farinha de "mandioca", fornecendo também óleo de comestível, nas proximidade de Rio Branco apresenta frutos menores e é praticamente ignorada como alimento, especialmente por apresentar polpa de cor quase branca, às vezes pastosa (por este motivo também apelidado de "coco babão"). A influência do padrão de qualidade dos frutos de A. phalerata no mercado pode estar determinando esta visível rejeição.

é comum, entre alguns habitantes do interior, o consumo das larvas de inseto que se alimentam das amêndoas e podem ser facilmente extraídas dos frutos mais velhos.

b) Folhas:

Onde a espécie ocorre com abundância é uma das preferidas para a extração das folhas para uso na cobertura de habitações e de outras construções rurais típicas.

Outras Regiões:

a) Folhas, estipe, fruto:

Perez-Arbelaez (1978), fornece uma lista de usos da espécie na Colombia: folhas para cobrir habitações e viveiros; palmito comestível; amêndoa fornece "manteiga de palma" usada na alimentação e iluminação; líquido que se obtém escavando o estipe próximo ao palmito, depois de fermentado, se constitui em vinho saboroso e medicinal e finalmente as folhas novas fornecem fibras de excelente qualidade.

Na Venezuela Pittier (1926), afirma que as amêndoas podem fornecer óleo. As folhas são usadas na cobertura de habitações e o estipe para construções e lennha (Braun & Chitty, 1987).

Exemplares representativos: Rodrigues Alves, rio Juruá, Ser. Boa Vista, terraço de rio, 8° S; 73° 15'W, 6 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1648 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, pastagem cultivada, 9° 12'S; 72° 14'W, 19 mar 1992 (fr), E. Ferreira 170 (UFAC); Cruzeiro do Sul, BR-364, km 10 em direção a Rio Branco, várzea do rio Juruá, 15 set 1985, J. Jangoux et al 85-042 (NY).

Exemplar adicional examinado: Brasil, Estado do Amazonas, Atalaia do Norte, rio Javarí, confluência com o rio Javarí-Mirim, terra firme, 4° 30'S; 71° 45'W, 10 jan 1989 (fl _), A. Henderson et al 864 (NY).

2. Attalea insignis (Mart.) Drude

Sinonímias: [Scheelea insignis (Mart.) H. Karsten; Maximiliana insignis Mart.; Eglerophoenix insignis (Mart.) Kuntze]. [Scheelea attaleoides H. Karsten]. [Attalea goeldiana Huber; Scheelea goeldiana (Huber)Burret].

Nome vulgar: (não conhecido)

ESTIPE: solitário, curto e subterrâneo, às vezes aéreo e com

até 2m de comprimento. FOLHAS: 9-11; bainha subterrânea, com até 48cm de comprimento; pecíolo 1.6-3.3m de comprimento; raque 3-9m de comprimento; pinas 114-148 por lado, irregularmente arranjadas em grupos distintos de 2-6 e dispostas em diferentes planos, lineares, agudas ou obtusas no ápice, pinas medianas com 75-88cm de comprimento, 3.5-4cm de largura; aurícula proeminente na base da primeira pina de cada grupo; as pinas apicais podem se apresentar fundidas distalmente formando janelas; nervura central bem proeminente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 1.3m de comprimento; raquilas estaminadas 12-30, com 15-25cm de comprimento, arranjadas em todo os lados da raque, com tomentos de coloração prateada; raque pistilada 16cm de comprimento com raquilas muito curtas arranjadas em todos os lados, aparentemente as flores e frutos são sésseis. FLORES: estaminadas com 13mm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raquila, 3 sépalas ligeiramente imbricadas na base, 3 pétalas lineares, livres, 6 estames, pistilóide ausente; flores pistiladas 3.5cm de comprimento, 3 sépalas, 3 pétalas; resíduo estaminoidal com 1cm de altura. FRUTOS: forma elipsóide-oblonga, 7-7.5cm de comprimento, 3-4cm de diâmetro; epicarpo fibroso, de cor marrom quando o fruto está maduro; mesocarpo fino; endocarpo com fibras não agrupadas. SEMENTES: 2-3 por fruto.

Distribuída na Colombia, Peru e Brasil (Amazonas e Acre). Sua ocorrência no Acre só foi registrada na região da boca do rio Macauã, tributário do rio Iaco, no Município de Sena Madureira.

HABITAT E ECOLOGIA

Encontrada em áreas de floresta virgen de terra firme ou várzeas. Pode ser identificada pelo seu hábito frequentemente acaule, com folhas "encrespadas", às vezes com até 9m de comprimento, e a inflorescência que se desenvolve ao nível do solo.

Exemplares representativos: Sena Madureira, próximo à boca do rio Macauã, terra firme, 9° 20'S; 69° W, 17 ago 1933 (fl _), B. Krukoff 5572 (NY); 22 ago 1933 (fl _), B. Krukoff 5618 (NY); 22 ago 1933 (fl _), B. Krukoff 5622 (NY).

Exemplar adicional examinado: Brasil, Estado do Amazonas, Barro Vermelho, margem direita do rio Juruá, várzea, 6° 28'S; 68° 46'W, 19 out 1991 (fl _, fr), R. Pardini 20 (NY).

3. Attalea maripa (Aubl.) Martius

Sinonímias: [Palma maripa Aubl.; Palma maripa Corrêa; Maximiliana maripa (Aubl.) Drude; Englerophoenix maripa (Corrêa) Kuntze]. [Maximiliana elegans Karsten]. [Maximiliana regia Mart.]. [Maximiliana martiana Karsten]. [Englerophoenix regia (Mart.) Kuntze; Attalea regia (Mart.) Wess. Boer.]. [Maximiliana tetrasticha Drude; Englerophoenix tetrasticha (Drude) Barb. Rodr.; Scheelea tetrasticha (Drude) Burret]. [Maximiliana longirostrata Barb. Rodr.; Englerophoenix longirostrata (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.]. [Maximiliana macrogyne Burret]. [Maximiliana stenocarpa Burret]. [Maximiliana macropetala Burret; Attalea macropetala (Burret) Wess. Boer]. [Attalea cryptanthera Wess. Boer].

Nomes vulgares: "Najá", "Inajá", "Anajá", "Catolé"

ESTIPE: solitário, 14.3m de comprimento, 229.5cm de diâmetro, ereto, às vezes com um cone de raízes na base alcançando até 70cm. FOLHAS: 20, eretas, arranjadas em espiral; pecíolo e bainha com 1.5-2.3m de comprimento fibrosos nas margens; pecíolo com até 20cm de largura na base, pecíolo e raque com os bordos cortantes; raque 6.23-6.58m de comprimento; 217-234 pinas por lado da folha, arranjadas em grupos de 2-10, dispostas em diferentes planos, lineares, aristadas, sem aurícula na base, pinas medianas com 1-1.15m de comprimento e 4-6.5cm de largura, com nervura central bem proeminente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, persistente, algumas vezes totalmente estaminada ou estaminada e pistilada; pedúnculo 45-100cm de comprimento; bráctea primária 0.5-1.6m de comprimento; bráctea peduncular persistente, 1.1-2.5m de comprimento incluido o ápice, longo e fino, que pode medir 35-50cm de comprimento; raque 40-100cm de comprimento; raquilas 254-1.000, 15-22cm de comprimento, dispostas em todos os lados da raque; FLORES: estaminadas com 3 sépalas triangulares, 3 pétalas unidas na base, lanceoladas, 3.5mm de comprimento, 6 estames com anteras medindo até 8mm de comprimento, pistilóide ausente; flores pistiladas 1.5cm de comprimento, 6-10 por raquila; 3 pétalas e 3 sépalas, ovário tomentoso. FRUTOS: 4.5-7.5cm de comprimento, 2.5-3cm de diâmetro, recoberto, às vezes, até a metade pelo perianto e com resíduo estaminoidal apicalmente franjado; forma oblongo-elipsóide; endocarpo sem fibras. SEMENTES: 2-3 por fruto.

A. maripa é encontrada em todo o norte da América do Sul, incluindo Colombia, Venezuela, Trinidad (caribe), Guianas, Equador, Peru, Bolívia e Brasil (Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Rondônia). Muito comum ao longo da BR-364 entre Rio Branco e Porto Velho, nos Municípios de Rio Branco, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Extrema-California.

HABITAT E ECOLOGIA

é uma espécie que pode crescer em diferentes ambientes, desde florestas de terra firme tipicamente amazônicas a margens de savanas (Cavalcante, in FAO, 1986). é tolerante a áreas com inundações prolongadas, porém cresce melhor em solos bem drenados (FAO, 1983). Entretanto, é mais abundamente em áreas pertubadas de capoeiras e pastagens, onde costuma ocorrer como indivíduo isolado.

Uma característica que a distingue das demais espécies do gênero é que às vezes apresenta, em uma mesma inflorescência, flores femininas (poucas, na base da raquila) e masculinas (muitas, no ápice). Vegetativamente se caracteriza pelas folhas com pecíolo alongado, pinas dispostas em mais de um plano e pelo ápice agudo, alongado, contrastando fortemente com a forma inflada da bráctea peduncular.

A dispersão das sementes é realizada por mamiferos (Zona & Henderson, 1989). Absy et al (1980), classificam a espécie como nectarífera, sendo visitada por Melipona spp.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre

é uma planta singular. Em praticamente todos os lugares que ocorre o seu aproveitamento é limitado. Verificamos uma única vez o uso de folhas em cobertura de habitação na região de Plácido de Castro, mesmo assim temporariamente, enquanto se providenciava folhas de "Jarina" (Phytelephas macrocarpa). Em outras oportunidades os habitantes comentavam que no passado seus parentes costumavam retirar um tipo de "sabão vegetal" da polpa dos frutos maduros, não sendo mais uma prática usual. Para muitos habitantes da floresta o único aproveitamento de maior importância dos frutos é feito por passaros, macacis e pequenos roedores, que abundam nas proximidades das plantas em frutificação.

De acordo com informações de Seringueiros e Agricultores, o fruto é conhecido como "côco babão", ou seja, quando maduro a polpa é pastosa, sem fibras, de coloração amarelo-pálida, de sabor insípido, não lembrando o aspecto agradável das outras espécies, como Uricurí (A. phalerata) e Murumuru (Astrocaryum murumuru). Além dessa aparente desvantagem, contribui para o pouco aproveitamento o fato de ocorrer em baixa densidade na floresta, onde estão os potenciais usuários (Seringueiros, ribeirinhos e pequenos agricultores). Ironicamente as maiores concentrações ocorrem nas pastagens cultivadas, onde os proprietários-fazendeiros-em melhores condições financeiras, não têm necessidade e interesse de usar os recursos potenciais que a espécie pode vir a oferecer.

Outras regiões

A. maripa é uma das espécies potencialmente mais importantes, sob o ponto de vista econômico, do Novo Mundo. FAO (1983), relaciona-a ao lado de Bactris gasipaes (Pupunha), Acrocomia sp. (Macaúba), Elais oleifera (Dendê), Euterpe oleracea (Açaí), Mauritia flexuosa (Burití), Oenocarpus sp. (Patauá-Bacaba) e Orbignya (Babaçu).

Wallace (1853) fez uma das primeiras descrições dos usos da espécie: frutos algumas vezes comestíveis pelos indígenas e muito apreciados por macacos e alguns pássaros; brácteas usadas para aquecer alimentos e como brinquedos de crianças.

a) Frutos, Folhas, Bráctea, Palmito e Estipe:

De uma maneira geral descrições de usos de frutos na alimentação, especialmente de indígenas, folhas e estipes na construção de habitações rurais, bráctea peduncular como brinquedo para crianças e utensílio para cozinha, fibras das folhas para artesanato, palmito comestível, frutos queimados para extrair sal vegetal e produzir fumaça na defumação de borracha são repetidamente citados em Pio Corrêa (1984), Moses (1962), Braun (1968), Schultes (1974), Anderson (1977), Cavalcante (1977), Acero-Duarte (1979; 1982), FAO (1983), Hoyos & Braun (1984), Balick (1980, 1988), Boom (1987, 1988, 1990), Braun & Chitty (1987); Mejia (1988) e Galeano (1991).

Balslev & Barford (1987), comentam sobre o uso da face adaxial da base da raque da folha como material para confecção de um tipo de faca por indígenas do Equador. Na Colombia (Galeano, 1991), em tempos antigos, antes do uso do metal. os bordos do pecíolo já eram utilizados como cuchillos. Acero Duarte (1979), afirma que a madeira do estipe é muito leve (peso seco ao ar equivalente a 0,16 g/cm3), sendo adequada para uso em paredes internas e como caixaria. Outro uso interessante é feito pelos índios no Peru que raspam o estipe para fazer enchimento de cartucho de espingarda (Jordan 1970).

b) Extração de óleo:

O processamento de frutos para extração de óleo de A. maripa foi descrito por Blaak (1993). Os equipamentos utilizados são os mesmos desenvolvidos para Oenocarpus bataua. O processo pode ser resumido da seguinte maneira:

I- Separação dos frutos: depois de coletados, os cachos maduros são aquecidos em vapor de água por cerca de 8h para os frutos poderem se separar dos racimos e inativar enzimas do mesocarpo.

II- Digestão: consiste na maceração dos frutos, ainda quentes, até a sua transformação em uma polpa uniforme.

III- Reaquecimento da polpa: deve ser efetuado com uso de vapor antes da prensagem, que exige a polpa a mais aquecida possível (94-98° C).

IV- Prensagem: a polpa é depositada em uma caixa com pequenas perfurações e prensada hidraulicamente. Inicialmente se observa a descarga do óleo, de cor amarelo-laranjado, e finalmente uma substância pastosa.

V- Clarificação do óleo: consiste na recuperação do óleo contido na massa pastosa que se obtem ao final do processo de prensagem, diluindo-se em água e retirando-se o óleo que flutuar.

Este é o maior problema de todo o processo por apresentar baixa eficiência. De frutos bem maduros se pode retirar até 23% de óleo.

Do óleo do mesocarpo pode-se fazer um sabão de excelente qualidade. O óleo tem sabor picante e cor atraente para a culinária. Entretanto não existem maiores informações sobre o mercado, tanto para uso culinário quanto industrial. FAO (1983), reconhece que o consumo do óleo desta espécie só é efetivo quando existe escassez de outros tipos e que os frutos maduros são excelente alimento para porcos domésticos.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Johson (1983) e Cavalcante (in FAO, 1986), classificam corretamente A. maripa como uma espécie semi-selvagem ou selvagem, não existindo informações sobre o seu cultivo em nível econômico. Dados confiáveis podem ser encontrados apenas para a germinação das sementes, realizados por Koebernik (1971), que indicam que são necessários dias para o seu início.

Blaack (1983), propõe um modêlo teórico de implantação de um cultivo de A. maripa para pequenos agricultores com o objetivo de extrair óleo.

Exemplares representativos: Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Já Começa, floresta primária de terra firme, 10° 38'S; 68° 15'W, 08 nov 91 (fr), E. Ferreira et al 89 (UFAC).

Exemplar adicional examinado: Peru, Loreto, Prov. Maynas, km 45 da estrada Iquitos-Nautas, floresta primária, 4° 10'S; 73° 20'W, 12 jun 1987 (fl _), R. Vásquez & N. Jaramillo 9185 (NY).

4. Attalea phalerata Mart. ex Sprengel

Sinonímias: [Scheelea phalerata (Mart. ex Spreg.) Burret]. [Attalea excelsa Mart. ex Spreng; Scheelea martiana Burret]. [Attalea princeps Mart; Scheelea princeps (Mart.) Karsten]. [Attalea cephalotes Poepp. ex Mart; Scheelea cephalotes (Poepp. ex Mart.) Karsten]. [Scheelea weberbauberi Burret]. [Scheelea huebneri Burret]. [Scheelea microspadix Burret]. [Scheelea moorei Glassman].

Nomes vulgares: "Uricuri", "Aricuri", "Oricuri", "Urucuri".

ESTIPE: solitário, 2-8m de comprimento, 20-35cm de diâmetro, às vezes estipe totalmente coberto por bainhas persistentes de folhas. FOLHAS: 12-20; bainha 0.5-1.7m de comprimento, com fibras finas nas margens; pecíolo 40-69cm de comprimento; raque 4.5-6.2m de comprimento; 106-199 pinas por lado, regular ou irregularmente arranjadas em grupos de 2-5, dispostas em um ou diferentes planos, lineares, aristadas no ápice, pinas medianas com 88.5cm de comprimento, 4cm de largura, com ou sem aurícula na base e proeminente nervura central. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 50-70cm de comprimento; bráctea peduncular 1.2m de comprimento, fortemente sulcada externamente; raque 40.5cm de comprimento, algumas vezes a raque pistilidade apresenta-se inchada; 348 raquilas estaminadas 8-11cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raque; raquilas pistiladas 4-8cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raque. FLORES: estaminadas 7mm de comprimento, arranjadas em apenas 3 lados da raquila, 3 sépalas deltadas, 3 pétalas livres, lineares, 6 estames, pistilóide ausente; flores pistiladas 2-6 por raquila, arranjadas em apenas um lado da raquila, 3 sépalas deltadas, 3 pétalas, anel estaminoidal presente. FRUTOS: densamente arranjados na inflorescência; 8-11cm de comprimento e 3.5-5cm de diâmetro; forma elipsóide-oblonga; epicarpo fibroso, fino, de cor marrom clara; mesocarpo carnoso, oleoso, de cor amarelado, às vezes quase laranja; endocarpo com fibras distintamente agrupadas. SEMENTES: 1-4 por fruto.

Distribuída na parte sudoeste da floresta Amazônica Peruana (Junin, Loreto, Madre de Dios e Ucayali) e Boliviana (La Paz, Beni, Pando e Santa Cruz), A. phalerata é uma espécie cujo centro de orígem provavelmente é o planalto central brasileiro, sendo encontrada no Acre, Mato Grosso, Pará e Tocantins.

HABITAT E ECOLOGIA

Pode crescer em altitudes de até 1.000m (Andes), em regiões secas de baixa elevação, em áreas abertas, florestas de galeria e florestas de terra firme da planície Amazônica. No Acre é mais facilmente encontrada em áreas pertubadas de terra firme, especialmente pastagens cultivadas onde, a exemplo de A. butyracea, se estabelece com muita facilidade. é uma das espécies mais comuns nas pastagens próximas de Rio Branco.

Uma característica que vale a pena ser citada é a ocorrência, especialmente sob a floresta, de indíviduos da espécie hospedando grande quantidade de Pteridofitas, Cactaceas, Bromeliaceas, Araceas e outras epífitas; em alguns casos são literalmente "estrangulados" por Ficus spp. Isto ocorre em razão da grande quantidade de bainhas de folhas mortas que persistem no caule e servem de substrato ou sustentação.

Na Bolívia (Moraes, 1989), comentando a interrrelacão das palmeiras com o ambiente, cita o uso da coroa foliar da espécie como ninho de "palomas", do tronco e frutos como substratos habitacionais para Arachnida e Coleoptera.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre

a) Frutos:

é um dos mais conhecidos pela população nativa do estado. é consumido in natura, sendo vendido nos principais mercados da cidade de Rio Branco em sacolas tipo "redinha", com cerca de 10 frutos, a um custo de US$ 0.25. Informações obtidas junto aos "vendedores" indicam que toda a produção é oriunda de populações naturais das cercanias da cidade. Os coletores são pequenos agricultores que costumam se deslocar para a cidade nos finais de semana, vendendo parte da produção diretamente para o consumidor final e outra para os "atravessadores".

é possível encontrar frutos em oferta o ano todo, o que indica que o período da safra anual da espécie é bastante alongado.

Uma característica interessante que merece ser citada é a clara variação observada entre frutos oferecidos para a venda. Existe variação na forma do fruto, na espessura, cor e quantidade de fibra na polpa. Apesar dessa variação, o sabor é na maioria das vezes agradável, permitindo sua fácil comercialização. Isso deve indicar que A. phalerata, assim como as demais espécies de Attalea, apresenta muitas variações em suas características morfológicas, o que deve ter contribuído para o excesso de sub-divisões em novas espécies, que provavelmente são simples diferenciações decorrentes de influências ambientais.

Os frutos preferidos são os de polpa com coloração amarela, sem fibras e de sabor adocicado quando maduros. Para se saber se os frutos estão no "ponto ideal" pode-se usar duas estratégias: verificar se o conjunto de sépalas-pétalas ("chapéu") na base do fruto podem ser retiradas com facilidade ou se a casca separa-se integralmente da polpa desde a base até o ápice do fruto.

Entre os Seringueiros A. phalerata é uma espécie apreciada não só como fonte de alimentação e materiais de construção (Kainer & Duryea, 1992), é usada também como "espera" para caça, especialmente pequenos roedores como paca (Agouti paca) e Cutia (............), que costumam se alimentar da polpa.

b) Folhas:

Usadas basicamente na cobertura de construções rurais típicas, como casas, paióis, casa de farinha, e, mais raramente, de "toldos" de barcos de pequeno porte dos habitantes das margens dos rios. Na área urbana, durante o período conhecido como de "festas juninas", é uma tradição da população construir e enfeitar os lugares onde são realizadas as festas com folhas de A. phalerata e A. butyracea.

Atualmente, na periferia das principais cidades do Estado, não é mais frequente, como há 20-30 anos, o uso de folhas de palmeiras na cobertura das residências; estas foram substituídas pelo alumínio e o amianto.

Mesmo entre os habitantes rurais existe uma seleção entre os tipos de folhas para confeccionar a cobertura, com maior preferência por "Ubim" (Geonoma deversa) e "Xila" (Lepidocaryum tenue). A. phalerata, A. butyracea ("Jací") e Phytelephas macrocarpa ("Jarina"), embora exijam menor quantidade de folhas por área coberta e menos trabalho no preparo, têm a desvantagem de "atrair" com mais frequência ratos domésticos ( ). Isto ocorre em razao da disposição e do espaço existente entre as pinas de suas folhas, que permitem aos roedores se movimentar com muita facilidade, ameaçando a saúde e a qualidade dos alimentos estocados pelos moradores.

Outras Regiões

a) Frutos, Folhas, Palmito e Estipe:

Os usos dos recursos oferecidos por A. phalerata são similares em quase todos os lugares onde ocorre. Pio Correa (1926-1975), no seu clássico trabalho sobre as plantas úteis do Brasil, cita o uso do epicarpo seco dos frutos na produção de fumaça durante a "defumação" da borracha; a amêndoa comestível é usada na para fazer um tipo de pão chamado "bró" e uma farinha grosseira para uso em tempo de escassez; as folhas servem de forragem para cavalos; o palmito é comestível; o estipe é usado como viga em construções rurais; os índios extraem amido do mesocarpo e óleo comestível do endosperma.

Na Bolívia (Balslev & Moraes, 1989), as folhas são usadas para confecção de cestos e leques de abano. Palmito e frutos são consumidos in natura, sendo que dos frutos também se retira óleo comestível. As cinzas da bráctea peduncular são mascada junto com folhas de coca. Cardenas (1989), cita o uso das folhas na cobertura de habitações e do estipe na construção de casase fabricação de arcos de flecha e dardos.

Na Colombia as amêndoas são usadas para extração de óleo (Galeano & Bernal, 1987).

Mejia (1988), estudando a utilização de palmeiras por comunidades do baixo rio Ucayali, na Amazônia Peruana, verificou que a maioria das habitações localizadas em lugares periodicamente inundados tinham o teto construído com folhas de A. pahlerata (Phytelephas microcarpa=P. macrocarpa, também era usada), e as larvas de Rynchophorus palmurum, que se desenvolvem nos frutos maduros caídos do cacho são usadas na alimentação dos habitantes locais. Piņedo-Vasquez et al (1990), embora não especifiquem, afirmam que habitantes da mesma região comercializam produtos derivados desta espécie.

b) Extração de óleo:

Pesce (1941), afirma que a amêndoa contém 66% de óleo amarelo, doce, em tudo semelhante ao de Babaçu (A. speciosa); oferece também um quadro com a análise completa do óleo. Já na época comentava a limitação que a quebra do endocarpo, em processo semelhante ao da quebra do Babaçu, representava para um melhor aproveitamento dos frutos. De fato, até hoje não foi desenvolvido um equipamento tecnologicamente adequado e a espécie permanece classificada pela Botânica Econômica clássica apenas com "grande potencial" de aproveitamento no futuro.

c) Medicinal:

O líquido do endosperma imaturo é recomendado para tratar oftalmia e o óleo retirado das amêndoas é usado para tratar calvície no interior do Brasil (Pio Corrêa, 1984). Na Bolívia, Boom (1988) cita o uso medicinal de uma bebida, elaborada apatir do cozimento das folhas, na cura de diarréia pelos índios Chácabo, no noroeste do país. Cardenas (1989), afirma que a amêndoa contém um óleo reputado como medicinal e usado na manutenção dos cabelos em excelentes condições "fisiológicas".

Exemplares representativos: Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta primária de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 8 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1659 (NY); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Açaizal, pastagem cultivada, 10° 38'S; 68° 15'W, 8 nov 1991 (fr), E. Ferreira et al 83 (UFAC); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, pastagem cultivada, 9° 12'S; 72° 14'W, 19 mar 1992 (fl _), E. Ferreira 169 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Altamira, área de transição capoeira-pastagem, 9 nov 1989 (fr), M. Pinard & M.C. Silva 858 (NY, UFAC).

Exemplar adicional examinado: Brasil, Estado do Mato Grosso, Pedro Gomes, rio Pequiri, ca. 150km ao S de Rondonópolis, mata de galeria, 1 set 1976 (fl _), S.F. Glassman 13092 (NY).

5. Attalea speciosa Mart. ex Spreng.

Sinonímias: [Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.; Orbignya barbosiana Burret]. [Attalea excelsa Mart. ex Spreng.; Scheelea martiana Burret]. [Orbignya phalerata Mart. Attalea pixuna Barb. Rodr.; Orbignya pixuna (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.]. [Attalea spectabilis var. polyandra Drude]. [Orbignya lydiae Drude; Attalea lydiae (Drude) Barb. Rodr.]. [Orbignya martiana Barb. Rodr.]. [Orbignya huebeneri Burret]. [Orbignya macropetala Burret].

Nome vulgar: "Babaçu", "Côco Jací"

ESTIPE: solitário, ereto, colunar, 3-15m de comprimento, 25-41 cm de diâmetro. FOLHAS: 7-22, distintamente eretas e arqueadas no ápice; bainha 80cm de comprimento, às vezes persistente logo abaixo da coroa de folhas; pecíolo 30-160cm de comprimento; raque 5-12m de comprimento; pinas 170-224 por lado, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano, lineares, aristadas apicalmente, aurícula pequena ou ausente, verde escuro adaxialmente e glaucous abaxialmente, pinas medianas com 100-112cm de comprimento, 4-5cm de largura e nervura central proeminente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, ereta na antese, depois pêndula quando com frutos; bráctea peduncular 1.4-1.9m de comprimento, persistente, estriada adaxialmente; inflorescência predominantemente estaminada com raque medindo 75-80cm de comprimento, raquilas com 20cm de comprimento, arranjadas em volta de toda a raquila. FLORES: estaminadas até 1cm de comprimento, em pares, 3 sépalas livres, triangular, 2-3 pétalas livres, irregularmente oblongas, curvadas, 19-28 estames com anteras irregularmente espiraladas, pistilódio pequeno; inflorescência predominantemente pistilada raque com até 75cm de comprimento; raquilas com 7cm de comprimento, 1-6 flores por raquila; flores pistiladas até 3cm de comprimento, anel estaminoidal com 6mm de comprimento, 3 estigmas. FRUTOS: 7.5-10.7cm de comprimento e 3.5-7cm de diâmetro; epicarpo fibroso, de cor marrom quando maduro; mesocarpo fino; endocarpo com muitas fibras, não agrupadas distintamente. SEMENTES: 3-6 por fruto, oleosa.

Distribuída principalmente no Brasil, especialmente no Estado do Maranhão, além de Tocantins, Goiás, Piauí, Pará, Ceará, Amazonas, Mato Grosso, Pernanbuco, Rondônia e Acre, pode ser encontrada na Bolívia, próximo à fronteira do Estado de Rondônia, nas Guianas. No Acre é encontrada facilmente ao longo da BR-364, apartir da Vila Nova California até o rio Abunã.

HABITAT E ECOLOGIA

é uma espécie que habita tanto regiões mais secas com sazonalidade bem evidente (Maranhão, Ceará e Piauí), quanto aquelas com alta umidade durante quase todo o ano (Rondônia e Acre). Entretanto é mais abundante em áreas pertubadas pela ação do homem. Na Bolívia (Balslev & Moraes, 1989; Moraes, 1989), pode ser encontrada em áreas eventualmente inundadas.

De acordo com FAO (1983), as grandes populações atuais parecem estar formadas por invasões de áreas agrícolas abandonadas. No Estado do Maranhão estimou-se que 102.970kmē são cobertos, com maior ou menor densidade, por A. speciosa.

O polinizador mais importante é Mystrops mexicanus (Coleoptera; Nitidulidae) (Anderson et al. 1988).

A disseminação dos frutos, que pode variar de 100-900g de peso (Anderson & Balick, 1988), discutida em Anderson (1983), provavelmente é realizada, a pequenas distâncias, por mamíferos roedores como Pacas (Agouti paca) e Cutia (Dasyprocta punctata), e a longas distâncias pelo homem e macaco; a água também pode representar uma das formas de dispersão.

A germinação das sementes, do tipo remota-tubular, foi descrita por Pinheiro & Araújo Neto (1987). A primeira folha emerge do solo entre 65 e 115 dias depois de se colocar as sementes para germinar.

Embora Anderson & Balick (1988), não mencionem a ocorrência de A. speciosa (=Orbignya phalerata) em Rondonia, acreditamos que a população de A. speciosa encontrada no Acre é uma extensão da que existe no referido Estado, por sua vez relacionada com a que existe no noroeste da Bolívia, onde foi coletado o material que Martius (1844) usou para descrever a espécie.

O padrão de distribuição de Attalea que temos observado nas pastagens cultivadas longo da BR-364, sentido Rio Branco-Porto Velho, parece indicar que A. speciosa vai gradualmente substituindo A. phalerata e A. butyracea na associação com A. maripa, Astrocaryum murumu e Astrocaryum aculeatum.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Não encontramos usos importantes desta espécie no Acre. Observamos na região de Vila Nova California o uso de suas folhas na cobertura de viveiros de produção de mudas frutíferas.

Outras Regiões:

Cobrindo aproximadamente 7 milhões de hectares com densidade economicamente aproveitável, A. speciosa é a palmeira com o maior aproveitamento extrativo da América (FAO, 1983). No Nordeste do Brasil é uma importante fonte de ingressos econômicos de aproximadamente 450.000 mil famílias (May, 1990). Na Bolívia (Cardenas, 1989; Moraes, 1989), a espécie forma os "palmares" mais extensos e compactos do país.

De uma maneira geral pode-se considerar que tem a mesma importância sócio-econômica na região norte-nordeste do Brasil que Mauritia flexuosa tem na região de Iquitos (Perú) e bacia do rio Orinoco (Venezuela), com o diferencial de ser uma espécie cujo principal produto (amêndoa) tem sido comercializado e garantido, além da subsistência, o ingresso efetivo de recursos financeiros para a população envolvida no processo.

a) Estipe, folhas, frutos:

Wallace (1853); Pio Corrêa (1926); Braga (1960); Cárdenas (1969); Anderson (1983); May et al. (1985); Arkcoll (1986); Uhl & Dransfield (1987); Balick (1988, s.d.); Balslev & Moraes (1989); Moraes (1989), May (1990) e Pittier, (1926) oferecem uma lista extensa de usos que resumimos a seguir:

1) Estipe: pode ser usado na construção de pontes, esteios de casas; depois de cortado é possível usar a seiva para fazer bebida fermentadada; os restos apodrecidos podem ser usados como adubo e quando queimados, é possível se obter sal vegetal de suas cinzas para fazer rapé; o palmito é comestível.

2) Folhas: as folhas novas são usadas para fazer diversos tipos de utensílios domésticos como cestos, bolsas, abanos, peneiras; folhas maduras para cobrir casas, viveiros, fazer paredes provisórias e cercas; no campo podem ser queimadas para incorporar nutrientes no solo e proteger mudas recém-plantadas do sol excessivo; o pedúnculo fornece um líquido açucarado bebido depois de fermentado pelos índios.

3) Frutos: a amêndoa comestível é usada para extrair óleo para cozinhar, usar na iluminação doméstica e fazer sabão; pode ser infestado por uma larva, que é comida depois de assada; a casca e o endocarpo lenhoso podem ser usados para fazer "xaxim" de cultivo de "samambaias" (pteridófitas), carvão e fumaça para repelir insetos; frutos imaturos são queimados para "defumar" borracha; mesocarpo imaturo é consumido como manteiga e serve de alimento para animais.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Embora venha sendo pesquisada há bastante tempo, alguns aspectos de sua agronomia permanecem obscuros. A maioria dos trabalhos abordaram a germinação de sementes, descreveram a coleta e retirada de amêndoase, extração de óleo, usos alternativos dos sub-produtos. Poucos informam sobre as características de crescimento, início de produção, produtividade, pragas, doenças e tratos culturais. A abundância natural da espécie, sua agressividade na colonização de áreas degradadas e, por último, a crise no mercado do seu principal produto podem ter contribuido para inibir iniciativas de largo prazo relacionadas com estas questões.

a) Propagação:

Pinheiro (1987) recomenda o uso de sementes. As mudas podem ser produzidas apartir de amêndoas selecionadas, sem ferimentos e de bom tamanho e forma, ou frutos inteiros, desde que se proceda a quebra de alguns deles antecipadamente para verificar o estado das amêndoas.

Antes de serem colocados para germinar é adequado se fazer uma pré-embebição de amêndoas e frutos por um período mínimo de 24 e 48h. No caso das amêndoas, para acelerar ainda mais o processo de germinação, pode-se escarificar com unha ou canivete a zona do embrião (parte basal da amêndoa), retirando-se uma espécie de "capa" que a recobre.

O substrato usado na germinação pode ser vermiculita/areia (1:1) para as amêndoas e solo comum/adubo orgânico (3:1) para plantio direto em sacos plásticos. Pode-se também fazer a pré-germinação dos frutos em caixas com vermiculita/areia. Tanto as amêndoas quanto os frutos devem ser colocados horizontalmente no substrato, enterradas até 2-3cm ou até a metade no caso dos frutos, com espaço de 5 e 10cm, respectivamente, para facilitar o manejo por ocasião da repicagem.

As mudas obtidas, tanto de amêndoas como de frutos inteiros, devem ser repicadas para sacos plásticos de 20 x 40cm com mistura de solo comum/esterco de curral (1:3), somente após a emissão da 2a. folha e início da degeneração do eixo embrionário. No viveiro as mudas deverão receber inicialmente 50% de luz; depois deve-se retirar a cobertura gradativamente até a adaptação completa das plantas a pleno sol.

b) Plantio:

Deverá ser feito quando as mudas tiverem 4-5 folhas, aproximadamente 1 a 1― ano após a semeadura. As covas devem ter a dimensão de 40 x 30cm. O espaçamento recomendado é de 8 x 8m, embora até o presente não tenha sido testado.

c) Desenvolvimento e início da produção:

Dados de Anderson (1983), obtidos para floresta primária indicam que uma plântula necessita de aproximadamente 7 anos para produzir a sua primeira folha dividida e 38 anos para iniciar o crescimento vertical do caule, atingindo a maturidade com 70 anos. May (1990), baseado em afirmações de agricultores do Maranhão, estimou que a céu aberto são necessários 10-20 anos. Pinheiro (com. pess.) acredita que o período para iniciar a produção deve estar situado entre os 8 e 12 anos.

d) Rendimento:

Em condições não cultivadas, May (1990), citando Anderson (1983) e MIC/STI (1982), conclui que a produção de cachos por árvore adulta a cada ano pode ser inferior a 1; um cacho pode ter 200-250 frutos e a produtividade estimada em diferentes populações e ambientes pode variar de menos de 1 até mais de 6 toneladas de cocos por hectare. Considerando-se que as amêndoas representam em média 7% do peso do fruto, temos uma produção anual máxima próxima a 420kg. Em termos de óleo, FAO (1983), estimou em 100 litros a produção por hectare em condições naturais, podendo se chegar a 500, 600 litros depois de um processo de melhoramento genético, seleção e cultivo.

c) Colheita dos frutos e extração das amêndoas:

Depois de amadurecerem e cairem no chão, os frutos são coletados e selecionados para a quebra pela maior quantidade de amêndoas que contém em seu interior. Não é recomendável deixa-los mais de 10 dias sem serem coletados sob o risco de ocorrer infestação das amendoas pelo "bicho do coco" (Pachymerus nucleorum) (Braga, 1960).

A extração das amêndoas é feita manualmente batendo-se o fruto com um pedaço de madeira até rachá-lo, permitindo retirá-las por inteiro. Uma pessoa muito habilidosa pode quebrar até 15kg por dia, porém a média é de 5-8kg (Anderson et al 1991). Este é seguramente o maior problema em todo o processo de produção pois enquanto tecnologias novas foram incorporadas ao processo de extração, refino, armazenamento e aproveitamento do óleo, a "quebra" rudimentar vem sendo usada desde os primórdios da exploração desta espécie, há mais de 100 anos.

Pinheiro & Frazão (in press), vêm trabalhando em um sistema mecanizado para o aproveitamento integral do fruto: amêndoa, endocarpo (carvão), mesocarpo (alimento animal) e epicarpo (fibra) que poderá revolucionar o sistema tradicional, melhorando a renda dos extratores através do aumento radical da produtividade na coleta e beneficiamento dos frutos.

d) Transporte:

As amêndoas podem ser embaladas e transportadas em sacos de 50-60kg. No Maranhão é muito popular o uso do "Cofo", uma espécie de "paneiro" feito com as próprias folhas do "Babaçu".

e) Armazenamento e venda das amêndoas:

O armazenamento das amêndoas selecionadas deve ser feito à sombra, em local fresco e seco.

Em razão da necessidade do processamento das mesmas a nível industrial, não é recomendável armazená-las por períodos superiores a ? dias, sob pena de ter a qualidade das mesmas comprometida (tendência à rancificação) (Pinheiro, com. pessoal?), e, consequentemente, preços menores na hora da venda.

Usualmente o produto é comercializado e contabilizado por kg, com os preços sendo estabelecidos por uma larga cadeia de comercialização que envolve o coletor/extrator da amêndoa, diversos intermediários que atuam no transporte da amêndoa para a indústria processadora, a industria produtora do óleo e, finalmente, as industrias compradoras do óleo já refinado. Em 1986, 83% do óleo produzido foi usado na fabricação de sabão e cosméticos (May, 1990).

Exemplares examinados: (coletar na Vila California, Ramal Cascalho, na Pastagem da D. Aldênia).

6. Attalea tessmanii Burret

Nome vulgar: "Cocão"

ESTIPE: solitário, ereto, 8.5-19m de comprimento, 31-40cm de diâmetro. FOLHAS: 12-25; bainha 62-200cm de comprimento, 65cm de largura na inserção do pecíolo; raque 6.5-8.5m de comprimento; pinas 190-295 por lado da folha, mais ou menos agrupadas, regular ou irregularmente dispostas em mais de um plano, linear, aristada, de cor cinza abaxialmente, com pequena aurícula na base, pinas medianas com 1.2-1.4m de comprimento e 5-6cm de diâmetro. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, múltipla; pedúnculo 0.8-2.24m; prophyll com até 1.23m de comprimento; bráctea peduncular persistente, com 1.8-4.24m de comprimento (inflor. femininas); raque 1-1.6m de comprimento. FLORES: estaminadas 3 sépalas, 3-5 pétalas livres, lineares, achatadas e com 1.2-1.5cm de comprimento, 10-14 estames. FRUTOS: com 12.5-13cm de comprimento e 6.5-7cm de diâmetro; forma elipsóide oblongo; epicarpo cor marrom; endocarpo grosso. SEMENTES: 1-4 por fruto.

A. tessmanii é uma espécie cuja distribuição, aparentemente,está restrita à fronteira do Brasil (Acre) e Peru (Loreto, Madre de Dios e Ucayali). No Acre ocorre nos Municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Thaumaturgo, Porto Valter, Feijó e Tarauacá.

HABITAT E ECOLOGIA

é possível que esta espécie seja típica de áreas de terra firme. Jangoux et al. 85-027 coletou A. tessmanii no Km 45 da BR-364, apartir de Cruzeiro do Sul, fora, portanto, da influência da várzea do rio Juruá. E. Ferreira 153 & Henderson et al. 1656, 1691 coletaram espécimens em florestas de terra firme do alto Juruá (Porto Valter e Taumaturgo) e rio Môa (foz do rio Azul). De fato, nas margens dos rios Juruá e Môa, entre a cidade de Cruzeiro do Sul e a foz do rio Tejo e do rio Azul, respectivamente, onde predominam as áreas de várzeas temporaria e permanentemente inundadas, A. tessmanii não é avistado como ocorre frequentemente com A. butyracea, A. phalerata, Astrocaryum murmuru, Euterpe precatoria, Socratea exorrhiza e Mauritia flexuosa. Por outro lado é facilmente encontrada na terra firme, especialmente em áreas de pastagens cultivadas, nas margens da BR-364 entre Cruzeiro do Sul e Feijó.

Machado (com. pess.), realizou em 1993 uma viagem ao Município de Tarauacá em missão oficial do Instituto de Meio Ambiente do Acre-IMAC com o objetivo de avaliar as possibilidades do estabelecimento de uma "área de preservação" específica para A. tessmanii, em razão de sua importância e potencial econômico para os habitantes da região.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

é uma espécie muito conhecida e apreciada na região do Vale do Rio Juruá. Muitos Seringueiros e pequenos agricultores empobrecidos têm nos frutos de A. tessmanii a fonte mais importante de obtenção de óleo comestível.

a) Extração de óleo:

A extração do óleo é feita apartir de amêndoas, que em um fruto podem variar de 1-4, sendo normal o cacho cair inteiro quando os frutos atingem a madurez, facilitando o trabalho de coleta. Os cachos podem medir mais de 3m de comprimento, incluindo o pedúnculo, e atingir um peso que impossibilita a um homem removê-lo por completo de uma só vez. A gênese do seu nome vulgar, "cocão", provavelmente deve estar associado a isto. Por este motivo é comum os habitantes, na época da produção (de janeiro a abril), coletarem poucos frutos a cada 3-4 dias.

Um aspecto que necessita ser rapidamente esclarecido é a sucetibilidade à rancificação rápida do óleo. No alto juruá obtivemos informações que indicavam que em cerca de 2-3 dias já não era mais possível o seu aproveitamento. Na altura de Porto Valter, no médio Juruá, habitantes comentavam que era possível armazenar o óleo por até 20 dias. Infelizmente não pudemos observar ambos os processos, mas no último caso dizia-se que o segredo para a conservação estava no armazenamento, feito em latas de alumínio de 20 litros ou garrafas de vidro de 5 litros, bem vedadas, em local protegido do sol.

Não conseguimos mensurar com segurança o rendimento em termos de litros de óleo/cacho. Entretanto estamos convencidos de que o processo de extração do óleo é mais fácil de executar do que o de "Patauá" (Oenocarpus bataua), pois embora no local a densidade de plantas das duas espécies fosse relativamente semelhante, "patauá" era mais usada para elaboração de "vinho". A explicação para este fato reside na possibilidade que as pessoas têm de poder usar os frutos de A. tessmanii várias semanas depois de caidos, o que não ocorre com "Patauá" que deve ser usado imediatamente após o amadurecimento, colhido na planta.

O processo, praticamente similar ao de Orbignya speciosa pode ser resumido da seguinte maneira:

1-Coleta dos frutos e extração da amêndoa por quebra manual do endocarpo, usando um terçado ou pedaço de madeira;

2-Moagem ou maceração das amêndoas em moinho ou "pilão", de maneira a transformá-las em uma massa, a mais fina e homogênea possível;

3-Aquecimento da massa em água quente para separação preliminar do óleo que tende a flutuar naturalmente e é retirado com uso de uma concha.

4-Filtragem e decantação dos sedimentos em suspensão, usando-se tecidos de algodão, deixando o óleo "descansar" de um dia para o outro (uma noite).

5-Armazenamento do óleo.

b) Frutos:

No Alto juruá, onde ainda é comum a defumação de borracha, os frutos velhos são usados para produzir fumaça necessária para a cura do latex. é comum o consumo de uma larva de Curculionidae, que habita as cavidades onde se desenvolveram as amêndoas dos frutos velhos.

Outras Regiões:

a) Alimento:

Piņedo-Vasquez et al (1990), afirmam, sem espicificar, que produtos derivados desta espécie são comercializados.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Henderson (in press), considera a espécie incomum ou raramente coletada para fins sistemáticos. é natural, portanto, que até o presente não existam maiores informações sobre as suas características agronômicas.

Em setembro de 1991 sementes foram oriundas do Igarapé Visêu, próximo à cidade de Porto Valter, foram colocadas para germinar na área experimental do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre-UFAC. Informações prliminares (Amaral, com. pessoal), indicam que o índice de germinação é alto, iniciando-se cerca de 30 dias após a semeadura, quando colocadas em germinador rústico, com substrato de areia lavada e protegidas do excesso de umidade (chuvas) e sol.

Na localidade de Tapaúna, próximo à foz do rio Tejo, na Reserva Extrativista do Alto Juruá, observamos plantas que foram transplantadas diretamente da floresta para área de pastagem por uma Seringueiro há mais de 7 anos e que se encontravam pobremente desenvolvidas.

Exemplares representativos: Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta primária de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 7 fev 1992 (fl _, fr), A. Henderson et al 1656 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à Junção com o rio Azul, Igarapé São Pedro, 3.30h caminhada ao N do rio Môa, 15 fev 1992 (fl _, fr), A. Henderson et al 1691 (NY); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, floresta primária de terra firme, 9° 12'S; 72° 14'W, 15 mar 1992 (fl _, fr), E. Ferreira 153 (UFAC); Cruzeiro do Sul, Proj. de Col. Santa Luzia, km 45 da BR-364 em direção a Tarauacá, 10-14 set 1985 (fl _), J. Jangoux et al 85-027 (NY).

 

BACTRIS Jacq. ex Scop.

PORTE: palmeira monóica, armada, de pequeno a grande porte.

ESTIPE: cespitoso ou solitário, usualmente ereto, ou curto e subterrâneo. FOLHAS: pinadas, ou inteiras com nervuras peninervadas, reduplicada, com vários tipos de espinhos; bainha aberta ou fechada, mas não formando crownshaft; pecíolo mediano a longo; raque curta a longa; pinas regularmente ou usualmente irregularmente arranjadas em um ou vários planos, ou comumente folha inteira. INFLORESCêNCIA: usualmente intrafoliar; pedúnculo originando um profilo e uma, raramente duas, brácteas pedunculares; raque originando poucas a numerosas raquilas simples, ou inflorescência espigada. FLORES: nascendo em tríades regularmente arranjadas, ou tríades espalhadas entre flores estaminadas solitárias ou em duplas; flores estaminadas com 3-4 sépalas, unidas em um cálice tri-lobado; 3-4 pétalas, unidas até a metade do seu comprimento, livres e valvadas acima; 3-12 estames, normalmente 6; pistilódio dimiminuto ou ausente; flores pistiladas com cálice anular, cupular ou tubular; corola tubular; estaminódios diminutos ou ausentes, ou formando um anel estaminoidal; gineceu sincárpico, trilocular, triovulado. FRUTOS: forma globosa, elipsóide, obovóide ou ovóide; resíduo estigmático apical; epicarpo fino; mesocarpo farinhento ou suculento; endocarpo com ou sem fibras, com 3 poros na altura ou acima da metade do fruto. SEMENTE: 1 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião oposta à dos poros; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: M. Burret (1933-1934); R. Sanders (1991).

Gênero com aproximadamente 60 espécies (Burret, 1933-1934; Sanders, 1991), distribuídos por todo o Neotrópico. Somente 35 são encontradas na região Amazônica, destas 14 crescem no Acre.

Infelizmente o atual status de um grande número de espécies não está muito bem definido, especialmente sob o ponto de vista conceitual. No passado foi muito comum a descrição de dezenas de espécies com base em caracteres como a forma e dimensão das folhas, forma, cor e indumentos dos frutos (Wessels Boer, 1965). Sabemos que variações nestes elementos podem ser influenciadas pelo ambiente e pelo estágio de desnvolvimento das plantas coletadas. Como resultado desta fragmentação ou superdescrição de espécies, o reconhecimento no campo de um grande número delas é virtualmente impossível, sendo muito mais fácil se dizer que pertencem ao grupo desta ou daquela outra espécie mais familiar. No Herbário a situação também não é das melhores, em parte por que as amostras são fragmentárias e de outra pela falta de representação de um considerável número de espécies que ainda são válidas, mas que, aparentemente, não conseguem ser identificadas com muita segurança. A revisão mais atualizada é extremamente complexa (Roger Sander, 1991), e foi, aparentemente, baseado principalmente em trabalho de herbário, repetindo, apesar das facilidades de nossa época, a metodologia clássica de escritório que Burret utilizou há quase 60 anos para tentar, sem sucesso, classificar o Gênero. Isto fica patente pela consideraçao de muitas espécies que são reconhecidamente sinonímias (são similares no campo e no Herbário), ou que estão pobremente representadas em Herbários como distintas. Uma revisão baseada em estudos de herbário, mas, principalmente, com um forte trabalho de campo que possa demonstrar que um grande número de espécies não podem ser assim classificadas é o primeiro passo para transformar a confusa situação taxonômica atual em algo prático, útil e compreensível.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE BACTRIS

1. Plantas com frutos maduros amarelados, avermelhados ou laranjados.

2. Estipe longo, com até 18m de comprimento e 8.1-12cm de diâmetro, massa de raízes visíveis na base com até 50cm de altura; folhas com 92-150 pares de pinas e pecíolo com três distintas fileiras de espinhos.

3. Plantas cultivadas; frutos maduros com até 5cm de comprimento e 3cm de diâmetro .................................................................................................................................... 6. B. gasipaes

3. Plantas expontâneas, raramente cultivadas; frutos maduros com até 2.3cm de comprimento e 1.8cm de diâmetro ................................................................................................... 7. B. macana

2. Estipes com até 5m de comprimento, 0.5-6.1cm de diâmetro ou acaulescentes; folhas com no máximo 58 pares de pinas ou lâmina inteira, sem espinhos no pecíolo ou com espinhos arranjados em grupos ou irregularmente espalhados.

4. Estipe delgado e flexível, 5mm de diâmetro; inflorescência infrafoliar, espigada ou bifurcada, com frutos globosos de 5mm de diâmetro ................................... 12. B. simplicifrons

4. Estipe robusto e forte, com até 6.1cm de diâmetro ou acaulescente; inflorescência intrafoliar, ramificada com 12-40 raquilas, frutos obovadoso ou depresso globosos com 1-2.5cm de comprimento e 1.3-2cm de diâmetro.

5. Frutos cobertos por espínulos macios; bráctea peduncular com até 32cm de comprimento.

6. Acaulescente ou com estipe curto de 0.12-1.5m de comprimento, entre-nós congestos, raramente com espinhos; raquilas com tricomas na antese .............................. 1. B. acanthocarpa

6. Estipe e entre-nós alongados, com 1.8-4.5m de comprimento, fortemente armados com espinhos; raquilas com espínulos .............................................................. 2. B. acanthocarpoides

5. Frutos glabros; bráctea peduncular com 37-43.5cm de comprimento.

7. Folha com 3-10 pinas por lado; bráctea peduncular coberta por espinhos de cor marrom; perianto do fruto tri-lobado ...................................................................... 5. B. corossilla

7. Folha com 58 pinas por lado; bráctea peduncular coberta por espinhos negros; perianto do fruto ondulado ...................................................................................................... 11. B. riparia

1. Plantas com frutos maduros de coloração negro-purpúreos.

8. Lâmina foliar inteira ou pinada apenas basalmente com 2-4 pinas por lado; bráctea peduncular com 9-16cm de comprimento cobertas por espínulos de até 5mm de comprimento.

9. Perianto do fruto com anel estaminoidal; forma do fruto predominantemente elipsoidal; folha com brilho metálico depois de seca ..................................................................... 3. B. bifida

9. Perianto do fruto sem anel estaminoidal; forma do fruto predominantemente obovado; folha sem brilho metálico depois de seca ...................................................... 13. B. sphaerocarpa

8. Lâmina foliar pinatisecta, com 13-48 pinas por lado; bráctea peduncular com 26-62cm de comprimento, inerme, tomentosa ou com espinhos de 1-2cm de comprimento.

10. Bainha, pecíolo e raque com espinhos cilíndricos de cor negra; margem da bainha muito fibrosa; folhas com brillho metálico depois de secas.

11. Inflorescência usualmente espigada ou bifurcada sem raque; frutos densamente arranjados na raque ou raquilas ............................................................................... 4. B. concinna

11. Inflorescência ramificada com raque de 4cm de comprimento e 3-17 raquilas; frutos frouxamente arranjados nas raquilas ............................................................................ 8. B. major

10. Bainha, pecíolo e raque com espinhos achatados de coloração amarelada; margem da bainha pouco fibrosa; folhas sem brilho metálico depois de secas.

12. Perianto do fruto irregularmente lobado e sem anel estaminoidal; pinas linear-lanceoladas ................................................................................................................. 9. B. maraja

12. Perianto do fruto profundamente tri-lobado e com anel estaminoidal; pinas sigmóides com ápice longo-filiforme ................................................................................... 10. B. monticola

1. Bactris acanthocarpa Martius

Sinonímias: [Astrocaryum humile Wallace. Bactris acanthocarpa var. exscapa Barb. Rodr.; Bactris exscapa (Barb. Rodr.) Barb. Rodr. Bactris interrupte-pinnata Barb. Rodr. Bactris humilis (Wallace) Burret]. [Bactris aculeifera Drude. Bactris tarumanensis Barb. Rodr. Bactris pinnatisecta Burret. Bactris macrocalyx Burret. Bactris microcalyx Burret. Bactris devia H. Moore. Bactris X moorei W. Boer].

Nome vulgar: "Pupunha de macaco", "Pupunha", "Pupuinha"

ESTIPE: solitário ou mais raramente cespitoso; usualmente acaulescente ou caule curto, às vezes ocultado pelas bainhas das folhas, 0.12-1.5m de comprimento e 3.5-6.1cm de diâmetro. FOLHAS: 6-13, pinadas, ascendentes; bainha, pecíolo e raque escassa a densamente cobertas por espinhos negros 0.5-7cm de comprimento; bainha 10cm de comprimento; pecíolo e raque com tomentos marron-avermelhados na face abaxial; pecíolo 58-80cm de comprimento; raque 1.02-1.66m de comprimento; 7-27 pinas por lado, irregularmente arranjadas em grupos de 2-4, dispostas em diferentes planos, linear-lanceoladas ou sigmóides, longamente acuminadas, margem com espínulos e abaxialmente com com faixa marrom-tomentosa, as medianas com 16-66cm de comprimento, 3.5-4cm de largura, usualmente com proeminente nervura central, as pinas do ápice usualmente mais largas e plicadas. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, múltiplas, muitas vezes nascendo entre bainhas persistentes; pedúnculo 13cm de comprimento; profilo 10cm de comprimento; bráctea peduncular 28cm de comprimento, moderada a densamente coberta por espinhos negros de até 1cm de comprimento, às vezes curvando-se sobre os frutos; raque 12cm de comprimento; 17-46 raquilas de 4-12cm de comprimento, com tricomas gladulares na antese. FLORES: nascendo em tríades, mais ou menos regularmente arranjadas, tendendo a nascer basalmente em apenas um lado da raquila; flores estaminadas com 3mm de comprimento; sépalas unidas em uma cúpula tri-lobada; pétalas oblongas; pistilódios ausentes; flores pistiladas com 2-3mm de comprimento; cálice tubular, glabro ou com pequenas escamas marrons; corola tubular glabrescente ou com pequenas escamas ou espínulos; ovário com espínulos flexuosos; estaminódios ausentes. FRUTOS: 2cm de comprimento e 1.8cm de diâmetro; forma largamente obovóide, curtamente rostrado; epicarpo laranja ou vermelho quando maduro, recoberto por espínulos flexuosos com 2.5mm de comprimento; resíduo estigmático apical proeminente e curto; mesocarpo amiláceo; endocarpo sem fibras; perianto do fruto com com cálice e corola tri-lobados, a corola 2-3 vezes mais longa que o cálice; anel estaminoidal ausente.

Distribuída por toda a região Amazônica da Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru (Junin, Loreto, Madre de Dios, Pasco), Bolívia (Beni, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Maranhão, Pará e Rondonia). Cresce também na costa atlântica do Brasil, entre a Paraíba e o Espírito Santo. No Acre é uma espécie comum, podendo ser encontrada tanto no vale do Juruá como no Vale do Acre.

HABITAT E ECOLOGIA

Típica do sub-bosque de florestas de terra firme. é uma espécie bem distinta, sendo facilmente reconhecida no campo pelo seu hábito usualmente acaule. Quando tem caule desenvolvido este possui pouco menos de 1.5m de comprimento e ca. 5cm de diâmetro, sem espinhos e com entre-nós congestos. As folhas são longas, delgadas, espalhadas, ascendentes, raque marrom-tomentosa, as pinas distanciadas uma das outras, as apicais usualmente largas. A inflorescência fica quase ao nível do solo, às vezes escondida pela bráctea curta e larga apicalmente, com espinhos negros, curtos, densos; os frutos, vermelhos na madurez, apresentam superfície coberta por espínulos negros e macios.

Em outras regiões da Amazônia é uma espécie muito variável em alguns dos seus caracteres morfológicos, especialmente a forma das folhas que podem ser inteiras, regularmente pinadas ou interrupta-pinadas.

Na Zona da Mata do Estado de Pernanbuco as flores podem ser observadas entre os meses de dezembro e fevereiro, com frutos maduros apartir de março (Medeiros-Costa, 1982).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Os frutos são comestíveis, porém não são tão apreciados como os de B. concinna. Um dos motivos é a sua polpa "farinhenta" e seca.

Outras regiões:

a) Folha:

Em Pernanbuco a raque foliar é usada na construção de armadilhas para peixes e camarões ("jiquis") e outros produtos artesanais (Medeiros-Costa, 1982).

b) Medicinal:

Os frutos são cozidos e a água do cozimento é bebida contra dor de estômago (Boom, 1987).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, ca. 5km a oeste da cidade, "Campina", 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92 (fr), A. Henderson et al 1704 (NY); Xapuri, Ser. Cachoeria, Col. Santa Cruz, 12.10.89 (fr), M Pinard 843 (UFAC, NY); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Uruqueu, 10° 38'S; 68° 15'W, 07.11.91, E. Ferreira et al 77 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Monte Verde, 10° 38'S; 68° 15'W, 08.11.91, E. Ferreira et al 84 (UFAC); Mâncio Lima, estrada do Izaque, km 7, 25.03.92, E. Ferreira et al 183 (UFAC); Mâncio Lima, Ramal do Goiaba, 5km depois da ponte do Igarapé preto, 26.03.92, E. Ferreira 192 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Santa Maria, 10° 38'S; 68° 15'W, 08.11.91, J. Bandeira (UFAC).

2. Bactris acanthocarpoides Barb. Rodr.

Sinonímia: [Bactris acanthocarpa var. crispata Drude].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, 1.8-4m de comprimento, 4-4.5cm de diâmetro, com anéis de espinhos, ou muitas vezes o estipe parcialmente recoberto por bainhas persistentes. FOLHAS: 6-8, pinadas; bainha, pecíolo e raque moderada a densamente cobertas por espinhos negros, meio achatados, de até 10cm de comprimento; bainha 30-34cm de comprimento; pecíolo 76-84cm de comprimento; raque 1.6-2.4m de comprimento; 30-42 pinas por lado, lineares, linear-lanceoladas ou quase sigmóides, irregularmente arranjadas em grupos de 2-10, dispostas em vários planos, as medianas com 51.5-53.5cm de comprimento e 3.5cm de largura, nervura central saliente, subterminal, ápice curto-filiforme com espinhos finos e curtos nas margens. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 16cm de comprimento, densamente coberto por espinhos; profilo ca. 10cm de comprimento; bráctea peduncular 32cm de comprimento, persistente, coberta por espinhos negros ou marrons com 1cm, diminutos na base; raque 5cm de comprimento, densamente espinulosa; mais de 25 raquilas, flexuosas, 6-12cm de comprimento, com espínulos na parte basal. FLORES: arranjadas em tríades, em apenas um lado na parte proximal da raquila, com flores estaminadas solitárias ou em pares na porção distal; flores estaminadas pediceladas com 2-3mm de comprimento; sépalas com lóbulos deltados; pétalas oblongas, estaminódios ausentes; flores pistiladas 4-7mm de comprimento, cálice curto, cupular, glabro; corola tubular coberta por espínulos, estaminóides ausentes. FRUTOS: 1.5cm de comprimento e 1.3cm de diâmetro; forma largamente obovado, curto rostrado; epicarpo de cor laranja, amarelado ou vermelho quando maduro, coberto por espínulos macios; resíduos estigmático apical saliente, curto; mesocarpo amiláceo; endocarpo sem fibras; perianto do fruto com cálice e corola lobados, a primeira visivelmente mais curta; anel estigmático ausente.

Distribuída nas Guianas e na região Amazônica do Peru (Amazonas, Loreto) e do Brasil (Acre, Amazonas, Pará). No Acre pode ser encontrada no vale do Juruá.

HABITAT E ECOLOGIA

Crescendo em florestas de baixa elevação, em terra firme, ocasionalmente pode ser encontrada nas proximidades de pequenos cursos de água, em lugares sujeitos a inundações temporárias.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, ca. 10min. acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92, A. Henderson et al 1686 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, ca. 10min. acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92 (fr), A. Henderson et al 1689 (NY).

3. Bactris bifida Martius.

Sinonímias: [Pyrenoglyphis bifida (Martius) Burret]. [Bactris bifida var humaitense Trail; Pyrenoglyphis bifida var. humaitense (Trail) Burret. Bactris bifida var. puruensis Trail; Pyrenoglyphis bifida var. puruensis (Trail) Burret].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, muitas vezes inclinado, 0.4-1m de comprimento, 1-1.8cm de diâmetro, formando pequenas ou grandes colonias. FOLHAS: 5-7, inteiras; bainha 7.5-10cm de comprimento, fibrosa na margem; bainha, pecíolo e raque com poucos, isolados, espinhos de cor marrom-escuro, arredondados a escassamente achatados, 2-7cm de comprimento; pecíolo com 6-32cm de comprimento; raque 17-56cm de comprimento; lâmina inteira longamente cuneada na base, profundamente bífida no ápice, 12-14cm de largura no ápice da raque, plicada, espínulos na margem e brilho metálico quando seca. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 6.5-10cm de comprimento; profilo 9cm de comprimento; bráctea peduncular 9-16cm de comprimento, frágil, escassamente recoberta por espinhos de até 5mm de comprimento; raque espigada ou mais raramente bifurcada, com de cerca de 4cm de comprimento. FLORES: nascendo em tríades regularmente arranjadas, intercaladas com flores estaminadas solitárias ou em duplas; flores estaminadas imaturas com 4.5mm de comprimento, decíduas; sépalas com lóbulo estreitamente triangular; pétalas 4mm de comprimento; flores pistiladas 3-4mm de comprimento; cálice e corola tubulares. FRUTOS: 1.5-2cm de comprimento, 1.1cm de diâmetro (frutos secos); forma elipsóides; epicarpo glabro, negro-púrpura quando maduro; resíduo estigmático apical curto; mesocarpo suculento; endocarpo com numerosas fibras livres; perianto do fruto com cálice irregularmente lobado, curto e corola longa, irregularmente lobada; anel estaminoidal presente, porém pouco evidente.

Encontrada na Colômbia, Peru (Loreto, San Martin e Ucayali), e Brasil (Acre, Amazonas, Mato Grosso). No Acre parece ser comum tanto no vale do Juruá como no vale do Acre e Purus.

HABITAT E ECOLOGIA

Nos diversos lugares do Estado onde encontramos B. bifida (Vale do Juruá, Acre, Purus), temos observado que se caracteriza pelo estipe muito curto (raramente com mais de 1m), inflorescência espigada (raramente bifurcada), folhas bífidas de coloração verde escura na face adaxial, e, principalmente, poucos, porém longos, finos e negros espinhos na face abaxial da raque. Muito embora possa ocorrer em terra firme, é típico de B. bifida habitar florestas virgens e eventualmente secundárias sujeitas a inundações temporárias, não sendo difícil encontrá-la nas margens de pequenos igarapés que transbordam no período invernoso ou lugares naturalmente muito úmidos, onde, aparentemente, pode formar grandes colonias.

No campo poderá, eventualmente, ser confundida com B. sphaerocarpa, de quem se distingue pela forma dos frutos (elipsoidais X obovados), pelos espinhos longos na raque da face inferior da folha e pela presença de anel estaminoidal no perianto dos frutos.

No Amazonas algumas plantas se apresentam com folhas pinadas basalmente. No Peru é possível encontrar indivíduos com lâminas foliares execpcionalmente alongada.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, próximo ao Barão, 7° 25'S; 73° 55'W, 09.10.89 (fr), A. Henderson et al 1103 (NY); Porto Valter, rio Juruá, Igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 08.02.92 (fr), A. Henderson et al 1665 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Col. "10 praias", 8° 58'S; 72° 41'W, 10.03.92 (fr), E. Ferreira 115 (UFAC).

4. Bactris concinna Martius.

Sinonímias: [Pyrenoglyphis concinna (Mart.) Burret].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, às vezes formando extensas colonias com centenas de estipes, com 0.7-2.5m de comprimento, 1.4-2cm de diâmetro, ereto ou muitas vezes inclinado, com espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 3-8, pinadas; bainha, pecíolo e raque densa a moderadamente cobertos por espinhos negros de ca. 2cm de comprimento, entremeados por alguns espinhos negros ou amarelados mais longos (até 10cm de comprimento); bainha 12-46cm de comprimento, com margens muito fibrosas; pecíolo 44-70cm de comprimento, com menos espinhos que a bainha; raque 0.7-1.6m de comprimento, às vezes com espinhos de até 6cm de comprimento; 17-47 pinas por lado, regularmente arranjadas e dispostas em um plano, ou irregularmente arranjadas em grupos e dispostas em vários planos; lineares, linear-lanceoladas ou sigmóides, as medianas com 23-43.5cm de comprimento, 1.5-2.5cm de largura, com pequenos espinhos nas margens; depois de secas exibem um brilho metálico na face abaxial. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, usualmente espigada ou menos frequenemente bifurcada; pedúnculo 14.5cm de comprimento, glabro; profilo 16cm de comprimento; bráctea peduncular 33cm de comprimento, moderadamente coberta por espinhos negros de até 1.5cm de comprimento; raque 4.5-8.4cm de comprimento ou raque ausente, com duas raquilas. FLORES: nascendo em tríades, regularmente arranjadas nas raquilas; flores estaminadas 7-10mm de comprimento; sépalas com lóbulos triangulares, pétalas de forma espatulada; 6-10 estames; flores pistiladas com 6mm de comprimento; cálice cupular e corola tubular; anel estaminoidal livre da corola, com 3.5mm de comprimentonão vistas. FRUTOS: densamente arranjados na raque ou raquilas; 2.5cm de comprimento, 2cm de diâmetro; forma estreita e irregularmente obovóide; epicarpo negro-purpúreo na madurez; mesocarpo carnoso; endocarpo com numerosas fibras livres; perianto do fruto com cálice lobado, muito curto, corola escassamente lobada, muito longa; anel estaminoidal proeminente.

Distribuída no oeste da região Amazônica, incluindo a Colombia, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios, San Martin, Ucayali), Bolívia (Beni, La Paz, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Mato Grosso do Norte, Pará e Rondônia).

Henderson (in press), reconhece três variedades para esta espécie: B. concinna var. concinna, B. concinna var. inundata e B. concinna var. sigmoidea. As duas últimas podem ser enocntradas no Acre.

CHAVE PARA AS VARIEDADES DE BACTRIS CONCINNA

1. Pinas linear-lanceoladas ou sigmóides, irregularmente arranjadas em grupos e dispostas em vários planos; pina apical usualmente mais larga que as outras...........1. B. concinna var..sigmoidea

1. Pinas lineares, regularmente arranjadas e dispostas em um plano; pina apical da mesma largura que as demais .....................

....................................2. B. concinna var. inundata

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas de baixas elevações, especialmente em lugares próximos a rios e igarapés sujeitos a inundações temporárias onde costuma formar grandes colonias. Pode crescer em terra firme, onde aparenta ser menos gregária. Também temos encontrado a espécie habitando lugares bem iluminados como florestas secundárias (capoeiras), colonizando espaços anteriormente ocupados por "Bambú" (Guadua sp.) e, mais raramente, formando densas touceiras de porte baixo em pastagens cultivadas mais antigas.

Embora possam ocorrer variações na forma das pinas, acreditamos que é uma espécie mais ou menos constante em alguns de seus principais caracteres morfológicos como hábito (formando colônias), porte (2-3m) e forma do cacho (espigado), o que facilita o seu rápido reconhecimento no campo.

Observamos que na região do vale do Acre (Rio Branco, Xapurí, Brasiléia), predominam plantas com pinas lineares e dispostas em um mesmo plano. No vale do Juruá podem ser encontradas plantas com pinas lineares ou sigmóides. Estas últimas foram coletadas no rio Juruá-Mirim e Igarapé Visêu, ambos de águas escuras, o que nos permite pensar que B. concinna var. sigmóidea pode estar associado a este tipo de ecossistema. No Peru, Kahn & Mejia (1990) também afirmam que a espécie pode ser encontrada habitando ecossistemas de águas escuras.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Embora os frutos sejam comestíveis, de sabor adocicado, muito apreciado pelos Seringueiros, nunca tivemos a oportunidade de vê-los à venda em mercados.

b) Estipe:

Embora seja mais fácil adquirir os materiais em lojas especializadas nas cidades ou de "regatões" nas margens dos rios, observamos Seringueiros usando raspas da casca do estipe como "bucha" de cartucho para espingardas de caça em Brasiléia e Xapurí. Não podemos garantir que esta é uma prática usual, porém como a atual condição econômica vivida por muitos deles é crítica, possivelmente, ainda que provisóriamente, se constitua em uma alternativa adotada por muitos, especialmente os que vivem nos "centros" (Colocações muito distantes das margens de rios e estradas).

Outras regiões:

a) Frutos:

Os frutos são comestíveis e vendidos em mercados locais e como alimento para animais domésticos (Vasquez & Gentry, 1989; Henderson, in press). Mejia (1988; 1992), afirma que o período de frutificação desta espécie na Amazônia Peruana vai de abril a junho.

b) Estipe:

A casca é raspada e usada para carregar armas de fogo (Brasil e Equador). O estipe é usado para fazer arcos e outros pequenos objetos (Peru).

Exemplares representativos:

B. concinna var. inundata: Porto Valter, Igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 07.02.92 (fr), A. Henderson et al 1654 (NY); Xapuri, Ser. Cachoeria, Col. Limoeira, 12.10.89 (fr, fl), M Pinard 841 (UFAC, NY). B. concinna var. sigmoidea: Porto Valter, Igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 08.02.92 (fr), A. Henderson et al 1658 (NY); Porto Valter, rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 09.02.92 (fr), A.

Henderson et al 1672 (NY).

5. Bactris corossilla H. Karst.

Sinonímias: [Bactris duidae Steyerm]. [Bactris venezuelensis Steyerm]. [Bactris duplex H. E. Moore].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, podendo formar densas colônias ou ocasionalmente solitário, 2-2.5m de altura, 3cm de diâmetro, com espinhos nos entre-nós, coberto por bainhas persistentes. FOLHAS: 6-8, eretas, inteiras e bífidas, ou com a parte basal pinada e pina apical muito larga; bainha e pecíolo com poucos espinhos, quase cilíndricos, de até 6.5cm de comprimento, mais ou menos arranjados em grupos; bainha com 45cm de comprimento; pecíolo 60-180cm de comprimento; raque 100-106cm de comprimento; 3-10 pinas por lado, arranjadas em grupos e dispostas em vários planos, as medianas com forma linear a sigmóide, 33-42cm de comprimento, 4-5cm de largura, ápice aristado, nervuras proeminentes, a nervura central subterminal, pequenos espinhos nas margens. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, pedúnculo 22.5-26.5cm de comprimento; profilo não visto; bráctea peduncular 43.5cm de comprimento, sulcada, densamente coberta por espinhos de cor marrom, flexuosos e macios; raque 3-4cm de comprimento; 12-14 raquilas com 6-7cm de comprimento, engrossadas depois da queda das flores estaminadas. FLORES: arranjadas em tríades, espalhadas entre flores estaminadas solitárias ou em dupla; flores estaminadas 5-6mm de comprimento; pistilódio muito pequeno; flores pistiladas 5-6mm de comprimento; cálice tubular glabro; corola tubular, glabra ou ocasionalmente com pequenos espinhos; estamiódio ausente. FRUTOS: 2-2.5cm de comprimento, 1.5-2cm de diâmetro; forma depresso-obovada; epicarpo de cor amarelada na madurez; resíduo estigmático apical alongado; mesocarpo farinhento; endocarpo com fibras livres, numerosas; perianto do fruto com cálice e corola tri-lobados, a corola com o dobro do comprimento do cálice; anel estaminoidal ausente.

Encontrada na Venezuela, Colômbia, Equador, Peru (Amazonas, Loreto, San Martin, Ucayali) e Brasil (Acre).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em solos bem drenados de encosta de florestas até 1.400m. No Acre foi encontrada na região do alto rio Môa.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

Braun & Chitty (1987), afirma que os frutos são comestíveis e as brácteas são usadas pelos índios Yekuanas como "depósito" para flechas.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fr), A. Henderson et al 1109 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à junção com o rio Azul, Igarapé São Pedro, 7° 18'S; 73° 10'W, 15.02.92 (fl, fr), A. Henderson et al 1692 (NY).

6. Bactris gasipaes Kunth

Sinonímia: [Guilielma gasipaes (Kunth) L.H. Bailey]. [Guilielma speciosa Mart.]. [Guilielma insignis Mart.; Bactris insignis (Mart.) Baillon]. [Guilielma speciosa var. flava Barb. Rodr.]. [Guilielma speciosa var. ochracea Barb. Rodr.]. [Guilielma speciosa var. mitis Drude].

Nome vulgar: "Pupunha"

ESTIPE: cespitoso ou solitário, 4-18m de comprimento, 10-25cm de diâmetro, com ou sem espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 9-20; bainha sem ocrea; bainha e pecíolo 1-1.1m de comprimento, pecíolo com os espinhos dispostos em três fileiras distintas; bainha, pecíolo e raque moderada a densamente cobertos por espinhos negros ou marrons de até 1cm de comprimento, às vezes sem espinhos; raque 1.9-2.6m de comprimento; 92-123 pinas por lado, arranjadas em grupos obscuros de 3-5, dispostas em vários planos, lineares, curtamente bífidas no ápice, as medianas com 52-75cm de comprimento e 2-3cm de largura. INFLORESCêNCIA: míltiplas, a primeira intrafoliar; pedúnculo 20-28cm de comprimento; profilo 20-21cm de comprimento; bráctea peduncular 47-70cm de comprimento, moderada a densamente coberta por espinhos negros ou marrons de até 1cm de comprimento; raque 15-23cm de comprimento; 46-57 raquilas de 17-28cm de comprimento, densamente cobertas na antese com tricomas gladulares, ou glabrescente. FLORES: nascendo em tríades, irregularmente arranjadas entre flores estaminadas solitárias ou em pares; flores estaminadas com 4mm de comprimento, decíduas; sépalas com lóbulos triangulares, pétalas obovadas; flores pistiladas com 6mm de comprimento, cálice cupular, corola tubular; sem estaminódio. FRUTOS: com 5cm de comprimento e 3cm de diâmetro; forma largamente ovóide; epicarpo amarelo, laranja ou vermelho quando maduro; mesocarpo amiláceo; endocarpo com fibras achatadas, anastomosadas, adnatas ao endocarpo; perianto do fruto com pequeno cálice de margens onduladas e uma longa corola escassamente lobada; anel estaminoidal ausente.

Amplamente distribuída e cultivada em todas as áreas tropicais da América Central (principalmente Costa Rica) e norte da América do Sul (principalmente Peru e Brasil), até a Bolívia, frequente associada a lugares habitados pelo homem.

Embora muitos autores venham adotando o nome B. gasipaes H.B.K., interpretamos aqui que Humbold e Bonpland, embora tendo coletado os espécimens, não participaram junto com Kunth na ánalise e descrição desta espécie, não merecendo portanto o crédito que muitos vêm lhe dando (ver Nov. et Gen. Sp. 1: 302. 1815).

HABITAT E ECOLOGIA

Atualmente B. gasipaes é uma espécie domesticada (Clement, 1988), não sendo mais possível encontrá-la sob condições naturais, contrariando o que propõe Johnson (1983). Acreditamos que passados 10 anos dessa primeira tentativa de se fazer uma classificação preliminar de palmeiras de múltiplos-usos com potencial agroflorestal, B. gasipaes possui agora outro status, estando amplamente cultivada com fins comerciais no Brasil, Peru, Costa Rica e Bolívia.

Seu centro de orígem, embora não totalmente conhecido, parece ter sido o oeste da bacia Amazônica, entre o Peru, Brasil e Bolívia (Clement, 1989). Mora-Urpí & Clement (1985), propõem uma divisão da espécie em três grupos "raçiais" (Microcarpa, Mesocarpa e Macrocarpa), baseados no tamanho dos frutos, corretamente interpretado como o mais afetado pelo processo de seleção a que foi submetida a espécie.

Na região de Cruzeiro do Sul pode ser encontrada a raça "microcarpa", a mais primitiva, caracterizada pelos frutos pequenos e oleosos. No vale do Acre-Purus predomina a raça "mesocarpa", cuja distribuição natural agora parece difícil de ser estabelecida em razão da intensiva introdução de sementes provenientes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA (Manaus) nos útlimos 15 anos.

Em condições cultivadas é exigente em luminosidade, preferindo solos bem drenados, aparentando ser indiferente quanto à sua fertilidade. No Acre tem apresentado um desenvolvimento excepcional em áreas que anteriormente estavam ocupadas por florestas secundárias (capoeiras), frutificando em pouco mais de 2 1/2 anos como pode-se observar nos plantios do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado-RECA, na região de Vila Nova California.

Do ponto de vista ecológico é uma excelente opção para o aproveitamento das extensas áreas degradas do Estado, considerando-se o seu alto valor alimentício, tanto para o homem como para os animais, a sua perenidade e, sob certas condições, o seu valor economico, sendo por isso um componente fundamental em todos os modêlos de sistemas agroflorestais que vierem a ser desenhados e implantados.

A inflorescência é protogênica, ou seja, primeiro ocorre a antese das flores femininas que se inicia imediatamente após a abertura da bráctea (16:00-17:20h) e dura 24h. No outro dia, depois de encerrada a antese feminina, tem início a masculina (após as 17:00h), que dura poucos minutos e culmina com a queda das flores. Além da possibilidade de ocorrer polinização por gravidade e vento (formas secundárias), "brocas" (curculionídeos-Derelomus palmarum Champion e Phyllotrox sp.) e "besouro escaravelho" (Cyclocephalas sp.) parecem ser os mais importantes polinizadores da espécie, visitando a inflorescência logo que a bráctea se abre, deixando-a 24h depois, durante ou logo que finaliza a antese masculina (Mora-Urpí & Solís 1980; Mora-Urpí 1983; Henderson, 1988). Plantas que eventualmente venham a produzir frutos sem sementes o fazem em razão de auto-incompatibilidade genética .........

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Nos últimos 10 anos, impulsionada pelo trabalho do INPA, B. gasipaes foi uma das espécie que mais se expandiu em área plantada e importância sócio-econômica. Enquanto cultivos tradicionais como Café, Seringueira e Cacau regrediram ou foram totalmente abandonados, a expansão dos plantios desta espécie para a produção de frutos ou palmito continua acelerada, principalmente entre os pequenos agricultores.

a) Frutos:

Embora possam ser usados para fazer farinha, doces, compotas, purês, sucos, e manteiga, tradicionalmente são consumidos depois de cozidos em água e sal. As duas maiores cidades do Estado têm características de mercado bastante distintas.

Em Cruzeiro do Sul o mercado é dominado por frutos da raça "microcarpa", cujas plantas podem ser encontradas naturalmente nos campos e margens de florestas ou cultivadas timidamente por pequenos agricultores. Não por acaso, Clement (1988), considera que nas cercanias desta cidade se encontra o centro de orígem da raça microcarpa que ele batizou de "juruá". O comércio de B. gasipaes é tão tradicional que, além da venda dos frutos "in natura" por kg ou cachos inteiros, é comum a oferta de frutos já cozidos-em sacos contendo 10 ou 20 unidades-por ambulantes nos mercados e ruas da cidade, fato que ainda não se vê. p. ex., em Rio Branco. Em março de 1992 um saco com 10 frutos valia US$ .00. Frutos maiores são raros e rejeitados pelos consumidores.

Em Rio Branco somente nos últimos dois anos é que os frutos começaram a ser oferecidos com mais abundância, refletindo a entrada em produção de plantios efetuados nos últimos cinco anos.

Basicamente se vende frutos da raça "mesocarpa" introduzidos pelo INPA, que, embora tenham excelente aparência, parecem não ser muito apreciados em razão de sua consistência mais "farinhenta" (secos) e variabilidade no teor de de fibras. Além disso, observamos que em tanto em Rio Branco quanto Cruzeiro do Sul os frutos mais procurados são aqueles com casca de cor vermelha. Em março de 1993 o kg de frutos eram vendidos no mercado central da cidade por US$ .00.

Até o presente existem ....ha de plantios de B. gasipaes na região de Rio Branco, dos quais .... ha se encontram em produção e ..... ha previstas para os próximos ..... anos. Os plantios mais antigos, resultados de um Projeto conjunto INPA/BANACRE (iniciado em 1979), foram responsáveis pelo fornecimento de quase todo o material usado nos plantios posteriores.

b) Sementes:

Em razão da grande demanda por sementes que se verifica em toda a Amazônia por parte dos agricultores regionais interessados na produção de frutos e os de outras regiões do país interessados em palmito, a sua comercialização se tornou um negócio rentável. Em março de 1993, agricultores do Projeto RECA estavam vendendo sementes não selecionadas ao preço de US$ a unidade, contra US$ para sementes selecionadas para o carater "sem espinhos". Em Manaus, sementes "sem espinhos" estavam cotadas a US$ .

c) Palmito:

Sendo uma espécie normalmente cespitosa, de crescimento rápido e é na produção de palmito que B. gasipaes expressa a sua maior potencialidade em termos econômicos e de sustentabilidade de produção (com adição de fertilizantes). Uma empresa, Bonal S.A., possui cerca de 170ha(?) de plantios que se encontram em produção desde 1989 (?). Toda a sua produção, até o final do ano passado, era inteiramente exportada para o Estado de São Paulo. No início deste ano começaram a ser vendidos em alguns supermercados de Rio Branco. No RECA, um projeto apoiado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais-PESACRE, está procurando desenvolver tecnologia alternativa para viabilizar a produção de palmito por pequenos agricultores, tendo em vista que os altos custos de mão-de-obra e aquisição de sementes envolvidos neste cultivo têm impedido a entrada desta classe neste mercado altamente promissor para quem pode oferecer quantidade e qualidade.

Outras regiões:

Os usos potenciais de B. gasipaes foram listados por Clement (1988) e incluem: a) palmito comestível; b) fruto para consumo humano direto; c) fruto para ração animal; d) fruto para farinha e e) fruto para extração de óleo. Destes o primeiro e o segundo são amplamente conhecidos e difundidos. Os demais, embora pouco ou totalmente inexplorados, são altamente promissores em razão da grande diversidade genética que a espécie apresenta.

Entre as regiões onde alcançou importância econômica equivalente à de outras culturas tradicionais como o café e banana, destaca-se a Costa Rica. Clement (1988), afirma que mais de 2.000ha de plantios para produção de palmito estão estabelecidos neste país e que os frutos in natura são vendidos a preços que, dependendo da qualidade, variam entre US$ 0.50-US$ 1.50 por kg.

A descrição de usos correntes como consumo dos frutos, bebida fermentada feita de sua polpa, corantes extraídos de sua casca ou das folhas, óleo com poder anti-reumático extraído das sementes ; palmito; larvas comestíveis extraídas de estipes apodrecidos; arco e flecha feitos de sua madeira, que também pode ser usado em construção de habitações rurais, entre outros, podem ser encontrado

em dezenas de publicações, das quais referenciamos Acero-Duarte (1979, 1982), Arkcoll (1986), Balick (1984), Balslev & Barford (1987), Balslev & Moraes (1989), Barfod & Balslev (1988), Boom (1986, 1987, 1988), Braga (1960), Braun (1968), Braun & Chitty (1987), Cardenas (1989), Cavalcante (1991), Dugand (1961), Galeano (1991), Galeano & Bernal (1987); Gonsalves (1955), Glenbosvki (1983), Jordan (1970), Pittier (1926); Leon (1968), Mejia (1988; 1992), Perez-Arbelaez (1982), Pio Corrêa (1926), Van den Berg (1984), Vasquez & Gentry (1989), Wallace (1853).

ASPECTOS AGRONôMICOS

completar no Acre............

7. Bactris macana (Mart.) Pittier OK!!

Sinonímia: [Guilielma macana Mart.]. [Guilielma microcarpa Huber; Bactris dahlgreniana Glassman].

Nome vulgar: "Pupunha", "Pupunha brava"

ESTIPE: cespitoso ou solitário, 7-11.6m de comprimento, 8.1-17cm de diâmetro, espinhos negros nos entre-nós e visível massa de raízes na base atingindo até 40-50cm de altura. FOLHAS: 7-16; bainha, pecíolo e raque abaxialmente com tomentos esbranquiçados e moderada a densamentes recobertos por espinhos negros ou marrons com até 1cm de comprimento; no pecíolo os espinhos se dispõem em 3 filas bem características; bainha até 0.6-1m de comprimento, sem ocrea; pecíolo com até 40-80cm de comprimento; raque 2.5-3.5m de comprimento; pinas 128-150 por lado, arranjadas em grupos obscuros de 3-5, dispostas em vários planos, lineares, curtamente bífidas e pêndulas no ápice, as medianas com 68-80cm de comprimento e 2-3cm de largura. INFLORESCêNCIA: múltiplas, usualmente infra-foliar, podendo se apresentar mais raramente intrafoliar; pedúnculo 31-32cm de comprimento, 1.8cm de diâmetro, às vezes densamente coberto por espínulos negros ou marrons, finos e macios; profilo 14cm de comprimento; bráctea peduncular 42-60cm de comprimento, moderada a densamente recoberta por espinhos negros ou marrons de até 1cm de comprimento; raque 14-24.5cm de comprimento; 68 raquilas de 13-27.5cm de comprimento, densamente recobertas por tricomas gladulares durante a antese, ou glabrescente. FLORES: nascendo em tríade, irregularmente arranjadas entre flores estaminadas solitárias ou em pares; flores estaminadas e flores pistiladas não vistas. FRUTOS: 1.2-2.3cm de comprimento e 1.1-1.8cm de diâmetro; forma subglobosa a obovóide; epicarpo de cor laranja quando maduro; resíduo estigmático apical alongado; mesocarpo fibroso; endocarpo com fibras achatadas, coladas no endocarpo; perianto do fruto com cálice muito curto, margem ondulada, corola ca. 4 vezes mais longa, trilobada; anel estaminoidal ausente.

Distribuída na Colombia, Venezuela e no Oeste da região Amazônica do Peru (Madre de Dios), Bolívia (Santa Cruz) e Brasil (Acre e Rondônia).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce nas florestas de encostas Andinas e florestas adjacentes de baixas elevações em terra firme (Henderson, in press).

No Acre é uma espécie que pode ocorrer com mais frequência em áreas bem iluminadas, como capoeiras, margens de estradas, bordos de florestas e campos cultivados. Em florestas virgens, até onde pudemos observar, parece ser muito rara.

Pelo seu hábito e morfo-fisionomia, é semelhante a B. gasipaes, sendo praticamente impossível a sua distinção caso não se disponha de flores ou frutos (A. Henderson, com. pessoal). A inflorescência e os frutos visivelmente menos desenvolvidas, talvez sejam as mais acessíveis formas de se observar a diferença. Huber (1904), Burret (1934), Macbride (1960), Wessesl Boer (1988) e Mora Urpi (1979, 1984), discutiram varias possibilidades ligando B. macana a B. gasipaes, a primeira como progenitora ou ancestral da segunda. De fato, do ponto de vista agronômico a mais singular das observações levará a esta conclusão. Clement et al (1989), buscando esclarecer a questão levantou a hipótese, bem fundamentada, de que realmente é bem provável que esta espécie seja a progenitora de B. gasipaes. Na prática esta proposição deve ser considerada pois B. macana demonstra ter um comportamento vegetativo muito semelhante ao de B. gasipaes quando nas mesmas condições edafoclimáticas, ou seja, rápido crescimento, tolerabilidade a solos pobres e ácidos, baixa mortalidade e precocidade na produção (Deus, in press).

Entretanto se considerarmos o processo seletivo de melhoramento levado a cabo pelos povos indígenas em B. gasipaes, que deve ter envolvido o abandono sucessivo de "clareiras" com plantios de material previamente selecionado (basicamente sementes) em razão do caráter nômade da maioria destes povos, se considerarmos ainda que as áreas abandonadas, depois de 100-200 anos voltaram à sua condição plena de floresta primária seria lógico encontrar aí, no mínimo, um ancestral selvagem, que, em princípio deveria ser B. macana, se excluirmos B. ciliata pela sua grande afinidade com B. gasipaes e por não possuir descrição específica completa (Wessels Boer, 1988; Clement et al, 1989). A prática indica que isto não ocorre e B. macana correntemente ocupa habitats aparentemente artificiais.

Diante destas considerações restam ser respondidas algumas perguntas fundamentais:

a) se é o provável ancestral de B. gasipaes (como tudo indica), sendo a face "selvagem" desta, porque então é praticamente impossível encontrá-la em áreas de floresta virgem, somente em áreas pertubadas ou onde houve presença humana?

b) seria B. macana uma espécie natural? ou apenas um intermediário entre um "ancestral desconhecido" e B. gasipaes?

c) ao contrário do que ocorreu com B. gasipaes (seleção artificial), em B. macana teria ocorrido uma "regressão natural" por hibridização com outros Bactris, resultando uma espécie incapaz de retornar ao seu ambiente original?

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

Na Venezuela os estipes, depois de eliminados os espinhos, são usado como vigas e soleiras nas construções de habitações rurais (Braun & Chitty, 1987).

Espécies representativos: Porto Valter, Igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 08.02.92 (fr), A. Henderson et al 1663 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Tejo, Ser. Iracema, Col. Lago do Forno, 12.03.92 (fr), E. Ferreira 133 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Uruqueu, 10° 38'S; 68° 15'W, 07.11.91, E. Ferreira et al 80 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, 10° 38'S; 68° 15'W, 17.03.93, J. Bandeira 11 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Santa Cruz, 13.10.89, M. Pinard 845 (UFAC, NY).

08. Bactris major Jacq.

Sinonímias: [Augustinea major (Jacq.) Oert.; Pyrenoglyphis major (Jacq.) H. Karst].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, usualmente formando grandes colonias, 3.5m de comprimento, 2-6cm de diâmetro, com espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 3-10; bainha, pecíolo e raque com numerosos espinhos curtos entremeados por alguns espinhos marrons ou negros com até 11cm de comprimento; bainha 22-30cm de comprimento, com muitas fibras nas margens; pecíolo 0.1-1.5m de comprimento; raque 0.7-1.8cm de comprimento; lamina pinatisecta, com 24-48 pinas por lado, lineares, aristadas, regular ou irregularmente arranjadas e dispostas em um plano, as medianas com 25-62cm de comprimento, 1-3cm de largura, com espinhos nas margens e um brilho metálico quando secas. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, ramificada; pedúnculo 15-40cm de comprimento; profilo 13-30cm de comprimento; bráctea peduncular 28-60cm de comprimento, escassa ou moderadamente coberta com espinhos negros ou marron-amarelados de 1-2cm de comprimento; raque até 4cm de comprimento; 3-17 raquilas com 9-23cm de comprimento. FLORES: nascendo em tríades, espalhadas entre flores estaminadas solitárias ou em pares; flores estaminadas 3-8mm de comprimento, sépalas com lóbulos triangulares; estaminódio obscuro ou ausente; flores pistiladas com 4-8mm de comprimento, cálice e corola tubulares; anel estaminoidal com 3mm de comprimento. FRUTOS: 2.5-4.5cm de comprimento, 1.3-3.5cm de diâmetro; forma variando entre elipsóide, obovóide ou oblongo; epicarpo negro-purpúreo quando maduro, glabro; mesocarpo suculento; perianto do fruto com cálice curto profundamente lobado, corola regularmente lobada; anel estaminoidal visível.

Distribuída no sul do México, toda a América Central, norte da América do Sul na Colombia, Trinidad, Guianas, Venezuela, até a Bolívia e Brasil.

Wessels Boer (1965), afirma que muitas amostras fragmentárias de B. major, obtidas de plantas coletadas em diferentes ambientes e estágios de desenvolvimento foram usadas para descrever novas espécies, principalmente por Bailey que as separava pelo tamanho das pinas e a forma dos frutos. Forneceu uma extensa lista de sinonímias e separou B. gaviona sem muita convicção, afirmando que poderia ser igual a de B. nemorosa.

Aparentemente o aumento do número de coleções destas espécies em Herbário colocou por terra a sutentabilidade e racionalidade de mante-las distintas baseando-se unicamente em características classicas de variedades (forma e tamanho dos frutos, folhas e indumentos), ou de distribuição geográfica rígidamente ligada às regiões onde foram coletados os tipos.

Henderson (1993), além de aumentar a lista de sinonímias para a espécie, dividiu-a em três variedades, baseando-se em B. infesta, B. socialis e B. cruegeriana. Destas somente a primeira pode ser encontrada no Acre, especialmente no vale do Acre.

Bactris major var. infesta (Mart.) Drude

Sinonímias: [Bactris infesta Mart.; Pyrenoglyphis infesta (Mart.) Burret]. [Bactris socialis subesp. gaviona Trail; Bactris gaviona (Trail) Trail ex Drude; Pyrenoglyphis gaviona (Trail) Burret]. [Bactris cuspidata Spruce; Pyrenoglyphis cuspidata (Spruce) Burret]. [Bactris exaltata Barb. Rodr.; Pyrenoglyphis exaltata (Barb. Rodr.) Burret]. [Bactris nemorosa Barb. Rodr.; Pyrenoglyphis nemorosa (Barb. Rodr.) Burret]. [Bactris socialis subesp. curuena Trail; Bactris curuena (Trail) Trail ex Drude; Pyrenoglyphis curuena (Trail) Burret]. [Pyrenoglyphis hoppii Burret; Bactris pyrenoglypoides A. D. Hawkes]. [Bactris mattogrossensis Barb. Rodr.; Bactris chapadensis Barb. Rodr].

ESTIPE: cespitoso, formando colonias, 2-3m de comprimento, até 3cm de diâmetro, com espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 3-7; bainha, pecíolo e raque moderada a densamente cobertos por espinhos curtos, negros, entremeados por outros mais longos, de até 7cm de comprimento; bainha 22-30cm de comprimento, muito fibrosa no ápice; pecíolo 0.4-1.2m de comprimento; raque 0.7-1.6m de comprimento; 24-42 pinas por lado, mais ou menos regularmente arranjadas, dispostas em um mesmo plano, lineares, aristadas, as medianas com 32-57cm de comprimento e 1.5-2.5cm de largura, com espinhos nas margens. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 15-22cm de comprimento; profilo até 20cm de comprimento; bráctea peduncular 30-40cm de comprimento, escassamente coberta por espinhos negros de até 1cm de comprimento; raque muito curta; 2-5 raquilas com 9-15cm de comprimento. FRUTOS: 2.5-3cm de comprimento e 1.3-2cm de diâmetro; forma levemente obovóide ou elipsóide, rostrado; resíduo estigmático apical proeminente; mesocarpo suculento; epicarpo negro-purpúreo quando maduro, diminutamente espinulado; anel estaminoidal presente.

Encontrada na Venezuela, Guianas, Bolívia (Pando) e Brasil (Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso e Rondônia).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em área de terra firme ou ocasionalmente em lugares sujeitos a inundações temporárias. Normalmente forma extensas populações, às vezes impenetráveis, no sub-bosque de florestas virgens ou secundárias. Uma das caracterísiticas marcantes na espécie são as bainhas das folhas muito fibrosas.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

Na Colombia os frutos são comestíveis (Galeano & Bernal, 1987). Os estipes são usados para fazer bengalas (Braun & Chitty, 1987).

Hoyos & Braun (1984), afirmam que é uma planta muito apropriada para ser cultivada com ornamental em Parques e Jardins.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Hoyos & Braun (1984) e Braun & Chitty (1987), afirmam que as sementes desta espécie necessitam de 5 meses para germinar.

Exemplares representativos: Xapuri, Ser. Cachoeria, Col. Santa Cruz, 13.10.89 (fr), M Pinard 846 (UFAC, NY).

09. Bactris maraja Mart.

Sinonímias: [Bactris brongniartii Martius]. [Pyrenoglyphis brongniartii (Mart. in A.D.Orb.) Burret]. [Bactris pallidispina Mart. in A.D.Orb.; Pyrenoglyphis pallidispina (Mart. in Orbigny) Burret]. [Bactris rivularis Barb. Rodr.; Pyrenoglyphis rivulares (Barb. Rodr.) Burret]. [Pyrenoglyphis microcarpa Burret; Bactris burretii Glassman].

Nomes vulgares: "Marajá", "Marajá de cacho"

ESTIPE: cespitoso, muitas vezes formando grandes colonias por rizomas, 2.4m de comprimento, 3.5cm de diâmetro, espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 5-6, pinadas; bainha 41cm de comprimento; bainha, pecíolo e raque moderadas a densamentes cobertas por espinhos achatados, de cor branca ou amarelada no centro e negra no ápice e na base; pecíolo 71cm de comprimento; raque 2m de comprimento; pinas 26 por lado, irregularmente arranjadas em grupos de 2-3 e dispostas em vários planos, linear-lanceoladas, plicadas, nervura central sub-terminal, assimétrica e curtamente bífidas no ápice, as medianas com 65cm de comprimento, 4.5cm de largura, com pequenos espinhos nas margens. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 25-50cm de comprimento, com escassos espinhos; profilo 15-30cm de comprimento; bráctea peduncular 25-62cm de comprimento, escassa a moderadamente recoberta por espinhos achatados de cor amarelada com até 2cm de comprimento; raque 8.5cm de comprimento; 17 raquilas com 19-22cm de comprimento, densamente coberta por tricomas glandulares de cor marrom durante a antese. FLORES: nascendo em tríades, irregularmente arranjadas entre flores estaminadas solitárias ou em duplas; flores estaminadas com 3.5-4.5mm de comprimento, decíduas; sépalas com lóbulos estreitamente triangulares; petalas 3.5-4mm de comprimento; flores pistiladas na antese com cálice "subequal", tubular; anel estaminoidal adnatos basalmente na corola. FRUTOS: 1.3-1.5cm de diâmetro; forma depresso-globosa; epicarpo pú_puro-negro, glabro; resíduo estigmático apical saliente porém curto; mesocarpo suculento; endocarpo com numerosas fibras livres; perianto do fruto com cálice medindo a metade do comprimento da corola; o cálice e corola com margem apical irregularmente lobado; anel estaminoidal presente.

Distribuida na região Amazônica, incluindo a Colombia, Venezuela, Guianas, Peru (Loreto, Madre de Dios, Ucayali), Bolívia (Beni) e Brasil (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rondonia e Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce nas proximidades de margens de rios ou em áreas periodicamente inundadas, em florestas de baixa elevação.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos, estipe:

Os frutos são comestíveis, de sabor adocicado quando bem maduros. O estipe é muito forte e depois de eliminados os espinhos pode ser usado (muito raramente) para compor armação de construções rurais próprias para a criação de pequenos animais domésticos.

Outras regiões:

a) Frutos:

Os frutos são comestíveis e refrescantes, podendo-se extrair óleo de suas amêndoas para condimento e iluminação (Braga, 1960).

Mejia (1992), afirma que na Amazônia Peruana os frutos aparecem para venda nos mercados de Iquitos entre março e junho.

b) Folhas:

As folhas produzem fibras pardo-escuras, resistentes e duráveis, aproveitadas em linhas e rêdes de pescas, tecidos grosseiros e confecção de macias e frescas maqueiras (?). Para dar mais durabilidade às linhas, os pescadores costumam, a exemplo do que já faziam os índios, tratá-las com resina de certas plantas, que as envernizam contra os efeitos da água (Braga, 1960).

c) Estipe:

O estipe dá boas bengalas e os índios com eles fabricam armas (Braga, 1960). Podem ainda ser usados para fazer paredes de habitações (Henderson, in press) .

Exemplares representativos: Porto Valter, rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 09.02.92 (fr), A. Henderson et al 1671 (NY).

10. Bactris monticola Barb. Rodr.

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso ou solitário, normalmente em touceiras abertos de 2-15 estipes, 2-3.5m de comprimento, 2-2.3cm de diâmetro, com espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 8-9, pinadas, dispostas horizontalmente; bainha, pecíolo e raque moderadas a densamente cobertas por espinhos achatados de cor amarelada, às vezes com o ápice e a base negro com até 7.5cm de comprimento, ocasionalmente também marrom-tomentosa; bainha 34cm de comprimento; pecíolo 76cm de comprimento; raque 1.1m de comprimento; 13-18 pinas por lado, irregularmente arranjadas em grupos de 2-5 e dispostas em vários planos, ou regularmente arranjadas e dispostas em um plano, sigmóides, com ápice longo-filiforme, ocasionalmente pilosa abaxialmente, as medianas com 26-38cm de comprimento, 3-7.5cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 18cm de comprimento, glabra ou tomentosa; profilo 8-26cm de comprimento; bráctea peduncular 44cm de comprimento, normalmente com tomentos marrons aveludados, glabra ou ou ocasionalmente com espinhos achatados muito curtos (8mm) especialmente no ápice; raque 2-5cm de comprimento, glabra; 8-20 raquilas com 11-17cm de comprimento, densamente recoberta de tomentos marrons na antese. FLORES: nascendo em tríades, irregularmente arranjadas entre flores estaminadas solitárias ou em pares; flores estaminadas com 3.5mm de comprimento, decíduas; sépalas com lóbulos estreitamente triangulares; pétalas obovadas; flores pistiladas 3-4mm de comprimento; cálice tubular e corola tubulares, o primeiro excedendo a segunda, que usualmente e espinhenta; estaminódio ausente. FRUTOS: 1-1.7cm de diâmetro; forma depresso-obovóide; epicarpo de cor negro-purpúrea quando maduro, raramente com diminutos espinhos; resíduo estigmático apical alongado; mesocarpo suculento; endocarpo com fibras livres, numerosas; perianto do fruto com cálice e corola tri-lobados, o primeiro com a metade do comprimento da segunda; anel estaminoidal ausente.

é uma espécie muito comum, ocorrendo na América Central (Panamá e Costa Rica), Venezuela, Colombia, Guianas, Equador, Peru (Amazonas, Loreto, Madre de Dios, Ucayali), Bolívia (Beni, La Paz) e Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

Sua distribuição é o reflexo de sua capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos de ambientes. Embora pareça não ir além dos 1.000m acima do nível do mar, abaixo disto pode crescer em florestas virgens, campinas e florestas secundárias, em terra firme ou ocasionalmente áreas inundadas.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos:

Frutos comestíveis (Boom, 1987).

Exemplares representativos: Porto Valter, Igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 07.02.92 (fr), A. Henderson et al 1655 (NY); Mâncio Lima, ca. 5k W da cidade, "Campina", 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92, A. Henderson et al 1709 (NY); Xapuri, Ser. Cachoeria, Col. Jambuzal, 07.10.89 (fr), M Pinard 840 (UFAC, NY).

11. Bactris riparia Martius.

Sinonímias: [Bactris longifrons Martius]. [Bactris inundata Martius]. [Bactris littoralis Barb. Rodr.]. [Guilielma mattogrossensis Barb. Rodr.; Bactris coccinea Barb. Rodr.].

Nome vulgar: "Marajá"

ESTIPE: cespitoso, normalmente formado grandes colonias, 4-5m de comprimento, 5-6cm de diâm., com espinhos nos entre-nós. FOLHAS: 5-6, pinadas; rigorosamente dispostas em posição horizontal; bainha, pecíolo e raque densamente cobertos por espinhos negros de até 7cm de comprimento, ligeiramente arranjados em grupos; bainha parcialmente fechada; pecíolo 37cm de comprimento; raque 1.25-1.6m de comprimento; 58 pinas por lado, irregularmente arranjadas e dispostas em vários planos, lineares, nervura central sub-terminal, ligeiramente bífidas e assimétricas apicalmente, as medianas com 53.5-56cm de comprimento, 2.3cm de largura, com pequenos espinhos nas margens e na face abaxial. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 14cm de comprimento, com espínulos negros de 0.5cm; profilo 14cm de comprimento; bráctea peduncular 37cm de comprimento, com tomentos brancos, densa a moderadamente recoberta por espinhos negros; raque 8.5cm de comprimento; 40 raquilas, com 9-14cm de comprimento; raque e raquilas densamente coberta por tricomas gladulares marrons, mais visíveis na antese. FLORES: nascendo em tríades, irregularmente arranjados entre flores estaminadas solitárias ou em pares; flores estaminadas 6mm de comprimento, decíduas; flores pistiladas 4.5-6mm de comprimento; _alice e corola tubulares; estaminódios ausentes. FRUTOS: 1cm de comprimento e 1.5cm de diâmetro; forma depressa-globosa; epicarpo de cor laranja-avermelhado ou verde quando maduro, glabro; resíduo estigmático apical e curto; mesocarpo farinhento; endocarpo com numerosas fibras livres; perianto do fruto com cálice muito curto, ondulado e corola muito longa, ondulada; anel estaminoidal ausente.

Encontrada na Colombia, Equador, Peru (Peru, Loreto, Madre de Dios, Ucayali), Bolívia (Beni, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre,

Amazonas, Mato Grosso e Pará). Até o presente sua ocorrência no Acre só foi registrada ao longo da várzea do rio Môa.

HABITAT E ECOLOGIA

é uma espécie que parece crescer em baixas elevações, próxima a cursos de água, onde pode ter o estipe parcialmete submergido uma boa parte do ano. Galeano (1991), afirma que na Colômbia é uma espécie aparentemente exclusiva de habitats próximos a rios, lagos e pequenos córregos, não tendo sido encontrada em terra firme ou no interior da floresta longe de cursos de água.

Pode ser facilmente distinguida porque suas folhas arqueadas e encrespadas lembram muito "Pupunha" (B. gasipaes) e costuma formar grandes colônias, às vezes impenetráveis, em lugares baixos e alagadiços onde pode alcançar até 10m de altura.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos:

O mesocarpo suculento dos frutos são comestíveis; em Iquitos os frutos podem ser encontrados nas feiras entre os meses de abril e maio (Mejia, 1992).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, entre o Ser. Belo Monte e Santa Bárbara, 7° 30'S; 73° W, 12.02.92, A Henderson et al 1676 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, entre o Ser. Belo Monte e Santa Bárbara, 7° 30'S; 73° W, 12.02.92 (fr), A Henderson et al 1677 (NY).

12. Bactris simplicifrons Martius

Sinonímias: (ver Wessels Boer, 1965 & A. Henderson, 1993).

Nome vulgar: "Marajá", "Marajazinho", "Ubim"

ETIPE: cespitoso, 0.5-1.5m de comprimento, 0.5cm de diâmetro, ereto ou inclinado. FOLHAS: 5-7; bainha e pecíolo sem espinhos ou ocasionalmente com espinhos achatados negros de 1.5cm de comprimento; bainha 5.5-7.5cm de comprimento, fechada mas não formando crownshaft; pecíolo 5-14.5cm de comprimento; raque 3.5-15cm de comprimento; lâmina foliar normalmente inteira, cuneada ou não na base, profundamente ou levemente bífida no ápice, glabras, exceto por poucos espinhos pequenos na margem apical. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, múltiplas, usualmente espigada; pedúnculo 3-4cm de comprimento; profilo 3-5cm de comprimento; bráctea peduncular normalmente glabra, papirácea, frágil, 5.5-6.5cm de comprimento, ereta na antese; raque 2-2.5cm de comprimento, pêndula e de cor creme-amarelada na antese. FLORES: nascendo em tríades, regularmente arranjadas em quase toda a raquila; flores estaminadas decíduas, 4mm de comprimento, cálice trilobado muito pequeno, quase translúcido, corola parcialmente unida, ca. 4 vezes mais longa qua o cálice; flores pistiladas 2mm de comprimento; ambas com cálice e corola tubulares; estaminódios ausentes. FRUTOS: 5mm de diâmetro; forma predominantemente globosa, às vezes depresso no ápice; epicarpo glabro, vermelho ou laranja quando maduro; resíduo estigmático apical saliente, porém curto; mesocarpo amiláceo; endocarpo sem fibras; perianto do fruto com cálice e corola profundamente tri-lobados; anel estaminoidal ausente.

Espécie muito comum e amplamente distribuída por toda a região Amazônica e áreas adjacentes, tendo sido registrada na Colombia, Venezuela, Trinidade, Guianas, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios e Ucayali), Bolívia (Beni) e Brasil (Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas de terra firme, áreas abertas e arenosas (campinas), até 1.800m acima do nível do mar.

Pode ser distinguida pelo seu hábito gregário, formando colônias, os estipes muito finos, sem espinhos e com as folhas distribuidas a diferentes alturas no seu terço final. As folhas são usualmente inteiras, mais ou menos profundamente bífidas, com espinhos apenas no ápice dos lobos. Uma das características mais importantes para sua identificação é a raque da inflorescência pêndula, espigada, com os frutos densamente arranjados. A b_áctea peduncular é ereta, glabra, papirácea e frágil.

Embora no Acre seja uma espécie muito constante na maioria dos seus caracteres morfológicos e hábito, em outras regiões da Amazônia é muito variável. As folhas podem apresentar até 11 pinas sigmóides por lado, com ou sem espinhos negros de 1.5cm de comprimento na bainha e pecíolo. A raque pode ser simples ou bifurcada.

De acordo com Wessels Boer (1965), estas variações naturais foram motivo para a descrição de dezenas de espécies e variedades. Este autor apresenta um extensa lista de sinonímias para a espécie, incrementada mais recentemente por Henderson (1993). Este procedimento, embora criticado, nos parece ser o mais correto pois no passado foi muito comum a descrição de novas espécies baseadas em pequenas diferenças na cor dos frutos, forma de folhas e presença de espinhos, detalhes que podem variar com o grau de maturaçao e estágio de desenvolvimento das plantas e o meio onde as mesmas se desenvolvem. Como resultado disso a separaçao da maioria destas espécies afins é impraticável no campo e quase impossível em Herbário, mesmo para os especialistas.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Serra do Môa, ca. 350m, 12.10.89, A. Henderson et al 1120 (NY); Porto Valter, rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 09.02.92 (fr), A. Henderson et al 1667 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à junção com o rio Azul, Igarapé São Pedro, 7° 18'S; 73° 10'W, 15.02.92, A. Henderson et al 1695 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km a oeste da cidade, "Campina", 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92 (fl), A. Henderson et al 1697 (NY); Mâncio Lima, Serra do Môa, ca. 350m, 19.04.71 (fr), G.T. Prance et al 12109 (NY).

13. Bactris sphaerocarpa Trail.

Sinonímias: [Bactris sphaerocarpa var. minor Trail. Bactris sphaerocarpa var. ensifolia Trail. Bactris sphaerocarpa var. platyphylla Trail]. [Bactris eumorpha Trail; Bactris eumorpha var. eumorpha Trail. Bactris eumorpha subesp. arundinacea (Trail) Drude; Bactris arundinaceae (Trail) Drude]. [Bactris sphaerocarpa subesp. pinnatisecta Trail; Bactris sphaerocarpa var. pinnatisecta (Trail) A. D. Hawkes. Bactris sphaerocarpa var. schizophylla Drude]. [Bactris krichana Barb. Rodr.]

Nome vulgar: "Marajá", "Marajazinho"

ESTIPE: cespitoso, 1-2m de comprimento, 0.8cm de diâmetro, com espinhos finos, levemente achatados nos entre-nós. FOLHAS: 9-10, inteiras ou pinadas; bainha, pecíolo e raque escassamente cobertos com espinhos negros, levemente achatados, com até 3.5cm de comprimento; bainha com 10.5-12cm de comprimento; pecíolo 11-15cm de comprimento; raque 22-27cm de comprimento; quando pinada, a lâmina pode apresentar 2-4 pinas por lado, irregularmente arranjadas e levemente dispostas em mais de um plano, as apicais mais largas, profundamente bífidas, as basais mais estreitas, falcadas ou levemente sigmóides, com ápice longo-filiforme visivelmente espinulento, as pinas basais com 1-3cm de largura e 34cm de comprimento, incluindo o ápice filiforme com ca. de 7cm; quando inteiras, as lâminas foliares são levemente cuneadas na base e profundamente bífidas no ápice, com 25cm de comprimento e 10cm de largura no ápice da raque. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 6cm de comprimento; profilo 8cm de comprimento; bráctea peduncular 10-13cm de comprimento, papirácea, frágil, glabrescente ou escassamente coberta por pequenos espínulos negros com menos de 0.5cm de comprimento, usualmente concentrados no ápice; raque espigada, 2.5-3cm de comprimento, engrossada na porção mediana; FLORES: em tríades, regularmente arranjadas; flores estaminadas com 6mm de comprimento, pistilódio ausente; flores pistiladas com 4mm de comprimento, cálice e corola tubulares. FRUTOS: 1.5cm de comprimento e 1.5cm de diâmetro; forma largamente obovoide; resíduo estigmático apical fino, alongado, retorcido; epicarpo negro-purpureo na madurez, liso; mesocarpo suculento; perianto do fruto com cálice e corola lobados, esta com o dobro do comprimento do cálice; anel estaminoidal ausente.

Distribuída por todo o oeste da região Amazônica, incluindo a Colombia, Peru (Loreto, Madre de Dios) e Brasil (Acre, Amazonas).

HABITAT E ECOLOGIA

Pode ser encontrada no rio Môa, próximo à sua confluência com o rio Azul, no rio Juruá-Mirim e nas proximidades da cidade de Cruzeiro do Sul, sempre em floresta de terra firme.

Esta espécie varia muito o seu porte e a forma da lâmina foliar. Este pode ter sido o motivo de tantas descrições de sub-espécies e variedades, a maioria pelo próprio Trail.

Caracteriza-se pelos seus frutos largamente obovados, fortemente rostrados, densamente arranjados na raquila e de coloração negra na madurez. A bráctea peduncular possui poucos espinhos é frágil e membranácea. Quando as folhas são pinadas, as pinas basais apresentam ápice longo-filiforme com pequenos espinhos nas margens.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 09.02.92 (fr), A. Henderson et al 1666 (NY); Mâncio Lima, logo acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 10'W, 13.02.92 (fl,fr), A. Henderson et al 1678; Cruzeiro do Sul, estrada da Alemanha, 15.04.71 (fr), G.T. Prance et al 11.932 (NY).

 

CHAMAEDOREA Willd.

PORTE: palmeiras dióicas de pequeno porte, raramente de médio porte. ESTIPE: solitário, raramente cespitoso, delgado, ereto ou procumbente, raramente trepador, usualmente verdes e com nós bem proeminentes. FOLHAS: reduplicadas, glabras; bainha parcialmente fechada, eventualmente formando cronwshaft; pecíolo e raque de comprimento curto ou mediano; lâmina com forma muito variável; pinatisectas com pinas lineares a sigmóides, regulares ou irregularmente arranjadas, ou folha inteira, nesse caso podendo apresentar-se com margem truncada. INFLORESCêNCIA: intra ou infrafoliar, solitária ou numerosa; espigada ou com ramificação simples; pedúnculo originando 1 bráctea primária e 2 ou muitas brácteas pedunculares; raque curta, originando poucas ou muitas raquilas, ou inflorescência espigada. FLORES: estaminadas singulares ou arranjadas em fileiras curtas, ocasionalmente contíguas; 3 sépalas e 3 pétalas livres e valvadas; 6 estames; pistilódios pequenos ou grandes, sobresaindo-se; flores pistiladas singulares; 3 sépalas e 3 pétalas valvadas; estaminódio pequeno ou ausente; gineceu trilocular, triovulado. FRUTO: pequeno; forma mais frequentemente elipsoidal, às vezes globoso; resíduo estigmático basal; epicarpo liso; endocarpo fino. SEMENTE: normalmente 1 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião basal ou lateral; tipo de germinação adjacente ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida ou pinada.

Referência: D. Hodel (1992), Uhl & Dransfield (1987).

Chamaedorea ocorre desde o México até a Bolívia, com uma concentração maior de espécies nas regiões elevadas da América Central (Wessels Boer, 1988; Hodel, 1992).

De acordo com Hodel (1992) e Uhl & Dransfield (1987), o gênero está composto por aproximadamente 100 espécies, das quais 19 são encontradas na América do Sul, mais frequentemente em áreas montanhosas (Henderson, in press). Somente 4 espécies crescem em florestas de menor altitude da Amazônia Peruana, Boliviana e Brasileira (Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Pará): C. fragans (Ruiz Lopez & Pavón) C. Martius, C. angustisecta Burret, C. pauciflora C. Martius e C. pinnatifrons (Jacq.) Oersted. C. fragans até agora só foi encontrada em florestas de terra firme, entre 400 e 800m de altitude, no Peru. As outras espécies têm uma distribuição relativamente ampla (C. angustisecta é a exceção), e podem ser encontradas no Acre.

Todas as três espécies encontradas no Acre são muito distintas entre sí não havendo maiores problemas para sua identificação no campo como ocorre com Bactris e Geonoma.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE CHAMAEDOREA

1. Inflorescência espigada; lâmina da folha habitualmente inteira, raramente pinatisecta ................................................................................................................................ 2. C. pauciflora

1. Inflorescência ramificada; lâmina da folha habitualmente pinatisecta, com pinas de forma sigmóide ou linear-lanceolada.

2. Folhas com 21-39 pinas de forma linear-lanceolada em cada lado; raque da folha medindo 1.1-1.5m de comprimento .................................................................................. 1. C. angustisecta 2. Folhas com 4-6 pinas de forma sigmóide em cada lado; raque da folha medindo 0.16-0.70m de comprimento ................................................................................................. 3. C. pinnatifrons

1. Chamaedorea angustisecta Burret

Sinonímia: [Chamaedorea leonis H. E. Moore].

Nome vulgar: "Palmeirinha", "Palmeirinha cheirosa"

ESTIPE: solitário, ereto, 1.4-4.9m de comprimento, 2.8-4cm de diâmetro. FOLHAS: 4-5; bainha parcialmente fechada, 20-37cm de comprimento; pecíolo 30-88cm de comprimento; raque 1.2-1.5m de comprimento; pinas 32-40 por lado da folha, regularmente arranjadas e dispostas em um plano, linear-lanceoladas, as medianas medindo 33-52cm de comprimento e 1.5-2.5cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, singularmente ramificadasa, a estaminada múltipla, 2-7 por nó, a pistilada solitária ou até 4, uma por nó; pedúnculo 40-55cm de comprimento; bráctea primária 1.5-4.5cm de comprimento; brácteas pedunculares 4-6 com 5-7cm de comprimento, embainhando o pedúnculo; raque 3-3.5cm de comprimento; raquilas com 23-32cm de comprimento. FLORES: nascendo singularmente; flores estaminadas 4mm de comprimento na antesis; 3 sépalas imbricadas na base e cúpula tri-lobada; 3 pétalas de forma ovada; 1 pistilódio proeminente e mais longo que os 6 estames; flores pistiladas com 3 sépalas imbricadas formando um cálice cupular; 3 pétalas de forma ovada; estaminódios não aparentes.

FRUTOS: 1-2cm de comprimento e 0.3-0.5cm de diâmetro; forma eslipsóide, falcados quando verdes; resíduo estigmático não aparente; epicarpo de coloração negra quando maduro.

Distribuída na Bolívia (Beni, La Paz), Peru (Cuzco, Ucayali, Madre de Dios, Junin, Ayacucho) e Brasil (Acre). No Acre C. angustisecta é encontrada nas proximidades de Xapurí, dentro das Reservas Extrativistas Cachoeira e Chico Mendes, e nas margens do rio Tejo, no Município de Thaumaturgo, vale do rio Juruá, próximo à fronteira do Peru.

HABITAT E ECOLOGIA

Habitualmente crescendo em florestas de terra firme sobre em solos bem drenados. Moraes (1989), afirma que na Bolívia pode ser encontrada entre 700-1.500m associada com Aiphanes caryotifolia (Kunth) Wendl. (=A. aculeata Willd. Ao contrário de muitas pequenas palmeiras do sub-bosque, como Geonoma deversa (Point.) Kunth e Lepidocaryum tenue Martius, C. angustisecta não costuma formar grandes concentrações de indivíduos, e, de acordo com as informações de Seringueiros de Xapurí e Cruzeiro do Sul é uma planta rara. Para muitos deles é mais fácil encontrá-la pelo odor forte e distinto que exala de suas flores, que pela observação visual direta.

é a espécie de maior porte e seu estipe pode atingir cerca de 5m de comprimento. A forma e a disposição das pinas na raque foliar lembram um pouco as folhas de plantas juvenis de "Açaí" (Euterpe precatoria Martius).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Inflorescência:

Muitos Seringueiros chamam C. angustisecta de "Palmeirinha cheirosa" em razão do odor forte e agradável que exala de suas flores. Alguns costumam coletar os cachos e deixam pendurados em um canto da casa ou, quando realizam uma viagem, costumam colocar as flores envolvidas em um pano dentro da mala para manter as roupas perfumadas.

Outras regiões:

Hodel (1992) afirma que é uma espécie raramente cultivada como ornamental.

Exemplares representativos: Xapurí, Ser. Palmarí, Coloc. Açaizal, floresta primária de terra firme, 10° 33'S; 68° 15'W, 8 nov 1991 (fr), E. Ferreira et al 82 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. do Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta primária de terra firme, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992 (fr), E. Ferreira 123 (UFAC); Xapurí, Seringal Palmarí, Coloc. Minas, floresta primária de terra firme, 10° 33'S; 68° 15'W, 15 mar 1993, J. Bandeira & P. Mitoso 01 (UFAC); Mâncio Lima, rio Azul, Ser. Bom Sossego, mata de terra firme, 7° 45'S; 73° 20'W, 21-30 set 1985, J. Jangoux et al 85-048 (NY); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Brazil, floresta próximo a igarapé, 13 out 1989 (fr), M. Pinard 848 (NY).

Exemplar adicional examinado: Bolívia, Beni, Yacuma, Est. Biológica Beni entrada 07, 6 nov 1987 (fl _, fr), M. Moraes 610 (NY).

2. Chamaedorea pauciflora Mart

Sinonímias: [Morenia pauciflora (Mart.) Drude; Nunnezharia pauciflora (Mart.) Kuntze]. [Morenia integrifolia Trail; Nunnezharia integrifolia (Trail) Kuntze; Chamaedorea integrifolia (Trail) Dammer. Morenia integrifolia var. nigricans Trail]. [Chamaedorea lechleriana H. Wendl. ex Dammer]. [Chamaedorea amazonica Dammer].

Nome vulgar: "Ubim", "Palmeirinha".

ESTIPE: habitualmete solitário, menos frequentemente cespitoso, com 0.2-4m de comprimento, 1-2.8cm de diâmetro, verde, com raízes adventícias na base. FOLHAS: 4-7; bainha aberta, 10-23cm de comprimento; pecíolo 23-43cm de comprimento; raque 33-58cm de comprimento; lâmina habitualmente inteira, bífida em cerca de 1/3 de seu comprimento podendo, raramente, se apresentar com 4-7 pinas sigmóides ou lineares por lado da folha. INFLORESCêNCIA:intrafoliar, normalmente ereta na antesis, podendo exibir uma coloração vermelha-laranjada; inflorescência estaminada espigada, múltipla com até 10 por nó; inflorescência pistilada espigada, solitária ou até 2 por nó; pedúnculo 18-30cm de comprimento; bráctea primária 3cm de comprimento; brácteas pedunculares 3-4, com 5-15cm de comprimento, de forma tubular embainhando o pedúnculo; raque 14-20cm de comprimento. FLORES: estaminadas 2mm de comprimento, nascendo singularmente; 3 sépalas unidas com cúpula 3-lobada, 3 pétalas, 6 estames e pistilóide com formato de guarda-chuva; flores pistiladas singulares, 3 sépalas unidas com cúpula 3-lobada e 3 pétalas; ovário globoso. FRUTOS: 1.5cm de comprimento e 0.25mm de diâmetro; forma elipsóide; epicarpo fino, normalmente de cor negra quando o fruto está maduro; endocarpo fino, podendo apresentar coloração laranja quando maduro.

Pode ser encontrada no Equador, Colombia, Peru (Huánuco, Loreto, Madre de Dios, San Martin, Ucayaly) e Brasil (Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia). No Acre ocorre na região entre o rio Abunã e Rio Branco, ao longo da BR-364. Recentemente encontramos algumas plantas crescendo na área do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre. Foi encontrada também em Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Taumaturgo.

HABITAT E ECOLOGIA

Espécie de sub-bosque que cresce tanto sob floresta virgem quanto pertubada, em terra firme ou várzea. é muito comum nas florestas de terra firme das margens dos rios Tejo e Juruá, dentro da Reserva Extrativista Alto Juruá.

Na bacia Amazônica pode ser encontrada em elevações inferiores a 1000m (Henderson, in press). No Peru (Khan & Mejia, 1991), entre 34 espécies de palmeiras estudadas em um inventário ecológico em floresta de "terra firme" (160m acima do nível do mar), C. paucilfora foi a quinta espécie mais abundante e a terceira entre as do sub-bosque (depois de Hyopathe elegans Martius e Lepidocaryum tenue Martius).

Embora seja uma espécie caracterizada pela presença de folhas inteiras, e no Acre só tenhamos encontrados plantas com esta característica, na Colombia (Galeano, 1992) e no Brasil (B. Krukoff 1.685 (NY), Mato Grosso) foram coletados espécimens com folhas pinadas.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Embora tenha possibilidade de ser cultivada como planta ornamental, especialmente pelo seu pequeno porte, C. pauciflora parece ser uma espécie "esquecida", sendo muito rara sua citação em bibliografias relacionadas com os usos econômicos, sociais e religiosos de palmeiras. Mesmo entre os habitantes da floresta a espécie parece não ter uma identidade própria, sendo comum a sua identificacão como apenas mais um tipo de "Ubim" (Geonoma sp.).

Outras regiões:

a) Inflorescência:

Balslev & Barford (1987), afirmam que no Equador os indígenas chamam as inflorescências masculinas de "deodorante de indígenas", coletando-as e usando-as no corpo ou em suas casas pelo seu odor agradável; alguns consideram que o odor das flores tem o poder de atrair pessoa desejada do sexo oposto.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao Igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1129 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 8 fev 1992 (_), A. Henderson et al 1660 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 8 fev 1992 (_), A. Henderson et al 1662 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, ca. de 5km da Serra do Môa, Col. Blumenau, floresta de terra firme, , 28 jan 1992, E. Ferreira & J. Bosco 95 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. do Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta primária de terra firme, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992, E. Ferreira 126 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Tejo, Ser. Iracema, Col. Lago do Forno, mata de terra firme, 12 mar 1992, E. Ferreira 129 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Ser. Fortaleza, Col. Terra Firme, floresta sujeita a inundação, 8° 58'S; 72° 43'W, 13 mar 1992, E. Ferreira 141 (UFAC); Senador Guiomard (?), vizinhanças de Campina, km 242-246 entre Abunã e Rio Branco, floresta pertubada de terra firme, 19 jul 1968 (fr), E. Forero et al 6387 (NY); Sena Madureira, BR-364 km-7 em direção a Rio Branco, floresta de terra firme, 30 set 1968 (fr), G.T. Prance et al 7684 (NY); Sena Madureira, trilha W do rio Iaco para São Caetano, 18km acima da cidade, 8 out 1968 (fr), G.T. Prance et al 7936 (NY); Cruzeiro do Sul, Proj. de Col. Santa Luzia, BR-364 km 45 em direção a Rio Branco, mata de terra firme, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14 set 1985 (fr), J. Jangoux 85-031 (NY).

Exemplar adicional examinado: Peru, Ucayali, Prov. Coronel Portillo, km4 da estrada para Puerto Bermudez, 24 jun 1981 (fl_), Ken Young & B. Grandez P. 1044 (NY).

3. Chamaedorea pinnatifrons (Jacq.) Oerst.

Sinonímias: [Borassus pinnatifrons Jacq.; Nunnezharia pinnatifrons (Jacq.) Kuntze]. [Martinezia lanceolata Ruiz & Pav.; Chamaedorea lanceolata (Ruiz & Pav.) Kuntze; Nunnezharia lanceolata (Ruiz Lopez & Pavon) Kuntze]. [Chamaedorea boliviensis Dammer]. [Chamaedorea depauperata Dammer].

Nome vulgar: "Palmeirinha" ESTIPE: solitário, .50-2m de comprimento, 1-1.6cm de diâmetro, verde, com nós bem proeminentes, entre-nós com 8.5-13.5cm de comprimento. FOLHAS: 3-9; bainha com 9-25.5cm de comprimento, parcialmente fechada e formando um alongado pseudo-caule; pecíolo 13-88cm de comprimento; raque 33.5-65.5cm de comprimento; 2-8 pinas por lado, alternadas, mais ou menos regularmente arranjadas, de forma sigmóide, as medianas com 23-32cm de comprimento e 5-10cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar na antese, solitária em cada nó, às vezes mais de uma em cada planta; pedúnculo 15-46cm de comprimento; profilo 2-4cm de comprimento; brácteas pedunculares 4-5, 5-15cm de comprimento, embainhando o pedúnculo; raque 2.5-5cm de comprimento; raquila 6-9, 11-17cm de comprimento. FLORES: estaminadas nascendo singularmente; sépalas unidas, formando uma cúpula com ápice tri-lobado, pétalas livres, valvadas, unidas no ápice e com pequena abertura na porção mediana, 6 estames, pistilóide colunar; flores pistiladas com 3 sépalas imbricadas e 3 pétalas valvadas, ovário piramidal. FRUTOS: 1cm de comprimento, 6-8mm de diâmetro; forma globosa a elipsóide; epicarpo de coloração laranja ou negra quando maduro.

Embora Hodel (1992) considere C. pinnatifrons como a mais amplamente distribuída e variável espécie do Gênero, podendo ser melhor referida como um complexo, Henderson (com. pess.) acredita que na Amazônia de uma maneira geral a mesma apresenta um padrão morfo-fisionômico familiar, tanto em Herbário como no campo, podendo por isso ser facilmente reconhecida.

é encontrada desde o México até a Bolívia. No Brasil cresce no Acre, Amazonas, Rondônia e no Pará, onde tem uma exepcional concentração nas proximidades da Serra do Cachimbo (Henderson, com. pess.). Até o presente esta espécie só é conhecida no Acre de coleções realizadas no Vale do Juruá (rios Môa, Tejo, Bajé e Juruá).

HABITAT E ECOLOGIA

Habita uma varidedade muito grande de ambientes. Desde florestas de 2.000-2.700m no México, América Central e nos Andes, até florestas da Amazônia central e oriental Brasileira, já quase ao nível do mar.

No Acre parece ocorrer apenas em áreas de terra firme, sob florestas primárias. Nas proximidades da foz do rio Tejo é uma espécie relativamente comum, porém mais infrequente que C. pauciflora. Se caracteriza pelas pinas foliares sigmóides e um porte intermediário entre as outras espécies que encontramos no Estado.

Balslev & Barford (1987) citam que esta é uma das espécies mais comuns no sub-bosque das florestas de terras baixas do oriente do Equador. Na Bolívia e Colombia (Moraes, 1989; Galeano, 1992), encontraram a espécie habitando desde planícies periodicamente inundadas a áreas montanhosas (até 1.500m na Bolívia).

Em razão dessa adaptação e dispersão, é uma espécie que pode apresentar variações em tamanho, forma e número de partes de vários órgãos como estipes, folhas, pinas, inflorescências, flores e frutos (Hodel, 1992). Wessesl Boer (1988), afirma que muitas espécies novas em Chamaedorea foram descritas com base em uma ou duas amostras, sem levar em conta a variação intraespecífica comum a muitas delas. Esta pode ser a explicação mais razoável para a grande quantidade de sinonímias admitidas por Hodel e Henderson para C. pinnatifrons.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Ornamental:

Como as demais espécies de Chamaedorea, o principal interresse que desperta é o ornamental. Hodel (1992) afirma que a espécie é cultivada com este objetivo no Havaí, California, Flórida e Austrália. Hoyos & Braun (1984), acreditam que a mesma é ideal para interior de patios e jardins.

Embora sejam originárias da América tropical, algumas espécies de Chamaedorea se tornaram extremamente populares como plantas ornamentais em todo o mundo, constituindo-se em uma realidade como fonte de ingresso de recursos financeiros para Horticultores dos países desenvolvidos, especialmente nos E.U.A., onde o nível tecnológico envolvido no seu cultivo está muito avançado e atualmente já são obtidos híbridos entre espécies cujas características são as mais desejadas pelo mercado.

No México e em alguns países da América Central foram estabelecidos plantios cuja produção de sementes é destinada exclusivamente ao mercado Americano e Europeu (Hodel, 1992).

Infelizmente, como reconhece Hodel, um número considerável de espécies pouco conhecidas e exploradas estão ameaçadas de extinção pelo avanço da destruição das florestas, especialmente na América Central. Ocorre que para os habitantes destes países estas espécies não representam qualquer alternativa de ingresso econômico, como é o caso dos Horticultores Americanos e Europeus que tradicionalmente dependeram de sementes e mudas importadas livrementes desde o final do século passado.

Sabemos que em Rio Branco nos últimos anos aumentou muito a frequência de vendedores de plantas ornamentais do centro-sul do país, bem como o estabelecimento de pontos comerciais dedicados a este tipo de comércio. Diante dessa perspectiva favorável acreditamos que as possibilidades de introdução a nível comercial das espécies de Chamaedorea encontradas no Acre pode ser perfeitamente factível.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1113 (NY); Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao Igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1127 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 16 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1142 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 7 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1653 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, ca. de 5km da Serra do Môa, Col. Blumenau, floresta de terra firme, , 28 jan 1992, E. Ferreira & J. Bosco 94 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. do Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta primária de terra firme, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992, E. Ferreira 123 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Tejo, Ser. Iracema, Col. Lago do Forno, mata de terra firme, 12 mar 1992, E. Ferreira 130 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Ser. Fortaleza, Col. Terra Firme, área encharcada, 8° 58'S; 72° 43'W, 13 mar 1992, E. Ferreira 138 (UFAC); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, floresta primária de terra firme, 9° 12'S; 72° 14'W, 17 mar 1992, E. Ferreira 162 (UFAC); Porto Valter, Igarapé Visêu, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 21 mar 1992, E. Ferreira 172 (NY).

Exemplar adicional examinado: Bolívia, Santa Cruz, Ichilo, 3km SW da Estância San Rafael de Amboro, 17° 36'S; 63° 37'W, 29 jul 1987 (fl), M. Nee et al 35422 (NY).

 

CHELYOCARPUS Dammer

PORTE: palmeira hermafrodita de pequeno a médio porte. ESTIPE: solitário ou múltiplo, liso, ereto ou levemente inclinado com raízes visíveis na base. FOLHAS: palmadas e induplicadas; bainha aberta na base, não formando pseudo-caule, densamente recoberta por pêlos com aspectos de lã, podendo apresentar fibras abundantes; pecíolo longo, de secção semi-ovalada na porção mediana; hástula presente adaxial e abaxialmente na inserção da lâmina foliar; raque ausente; lâmina dividida em duas partes iguais, que por sua vez são segmentadas, os segmentos apresentam ápices divididos e com forma simetricamente acuminada, de coloração verde ou com cera de cor cinza impregnada abaxialmente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; singular ou duplamente ramificada; bráctea penducular 1-4; raquilas numerosas. FLORES: hermafroditas, com coloração creme-amarelada, 2-4 sépalas e pétalas semelhantes, 4-9 estames e 1-6 carpelos separados. FRUTOS: medianos, numerosos; forma globosa ou sub-globosa; resíduo estigmático apical ou sub-apical, às vezes não visível; epicarpo liso ou fendilhado com coloração marrom escuro ou amarelo intenso quando maduro; mesocarpo fino e de consistência seca; endocarpo fino. SEMENTE: 1-2 por fruto; forma globosa; endosperma homogêneo; embrião lateral; germinação remota tubular. PRIMEIRA FOLHA: bífida, verde ou esbranquiçada na face inferior.

Referência: Uhl & Dransfield (1987).

Chelyocarpus pode ser considerado, juntamente com Trithrinax, como o gênero mais primitivo na ordem de evolução da família das palmeiras (Uhl & Dransfield, 1987). Só é econtrado na America do Sul, distribuindo-se pelo Brasil, Peru, Bolívia, Equador e Colombia. Até o presente quatro espécies são reconhecidas para o gênero: C. chuco (Martius) H. Moore, C. dianeurus (Burret) H. Moore, C. repens Kahn & Mejia e C. ulei Dammer. Destas, somente C. dianeurus ocorre fora da bacia Amazônica sendo encontrada no oeste da Colômbia (Departamentos de Chocó e Valle), nas proximidades de sua costa Pacífica. C. repens foi descrita recentemente por Kahn & Mejia (1988), e até o presente só foi encontrada nas proximidades de Iquitos, na Amazônia Peruana. C. chuco e C. ulei, embora com distribuição limitada ao oeste da bacia Amazônica, podem ser encontradas no Acre.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE CHELYOCARPUS

1. Folhas com coloração verde na superfície inferior e nervuras bem proeminentes quando secas; inflorescência duplamente ramificada; epicarpo do fruto liso; flores com 3 sépalas e 3 pétalas imbricadas basalmente, 6 estames e três carpelos livres ...........................1. C. chuco

1. Folhas com coloração cinza-prateada na superfície abaxial e sem nervuras proeminentes quando secas; inflorescência singularmente ramificada, raramente dupla; epicarpo do fruto fendilhado quando maduro; flores com 2 sépalas e 2 pétalas livres, 4-8 estames ...........2. C. ulei

1. Chelyocarpus chuco (C. Martius) H. Moore

Sinonímias: [Thrinax chuco C. Martius]. [Trithrinax chuco (C. Martius) Walp.]. [Acanthorriza chuco (C. Martius) Drude]. [Tessmanniophoenix chuco (C. Martius) Burret; Tessmanniodoxa chuco (C. Martius) Burret].

Nomes vulgares: "Carnaubinha", "Caranaí", "Palha redonda"

ESTIPE: cespitoso (2) ou solitário, 5-12m de comprimento, 8-12cm de diâmetro. FOLHAS: 15, palmadas; bainha aberta, 13-50cm de comprimento, densamente recoberta por pêlos de coloração marrom claro, quase dourada, com aspecto de lã e com fibras visíveis junto ao estipe; pecíolo com 0.8-2m de comprimento; hástula pequena, presente adaxial e abaxialmente; lâmina dividida em 39-42 segmentos com formato de cunha, apicalmente sub-divididos, com coloração verde abaxialmente e nervuras mais proeminentes adaxialmente. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; duplamente ramificada; pedúnculo com cerca de 30cm de comprimento; bráctea peduncular 2, persistentes, densamente recobertas por pêlos semelhantes aos da bainha; raque com 30-45cm de comprimento e brácteas persistentes; raquilas numerosas, 1-8cm de comprimento. FLORES: nascendo singularmente, de cor creme, 4mm de comprimento durante a antese, 3 sépalas e 3 pétalas com 2.5mm de comprimento imbricadas na base, 6 estames e 3 carpelos livres. FRUTOS: numerosos, 1.5-2cm de diâmetro; forma globosa; resíduo estigmático não aparente; epicarpo liso e de coloração marrom quando maduro. SEMENTE: 1 por fruto; forma sub-globosa. PRIMEIRA FOLHA: bífida, com coloração verde na face inferior.

Até o presente C. chuco só foi encontrado em uma área relativamente restrita entre o Brasil (Acre e Rondônia) e a Bolívia (Pando, Beni e Madre de Dios). Aparentemente é uma espécie cuja distribuição é influenciada pela bacia do rio Madeira.

HABITAT E ECOLOGIA

Ocorre em áreas de várzeas próximas aos rios ou em florestas de terra firme adjacentes, abaixo de 200m sobre o nível do mar. No Acre sua distribuição foi observada nas várzeas ou em áreas adjacentes de terra firme dos rios Abunã e Xipamanu, desde as proximidades do Município de Xapurí até a desembocadura do Abunã no rio Madeira, numa distância de aproximadamente 300km. Na Bolívia ocorre associada com Attalea Butyracea e A. princeps nas áreas pantanosas (Moraes, 1989).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre

a) Folhas:

Nas áreas onde ocorre com abundância é comum os habitantes usarem suas folhas para a construção de tetos de moradias, algumas vezes movidos pela possibilidade de conferir um belo e diferenciado aspecto às mesmas, especialmente quando comparada com coberturas feitas com folhas de outras espécies de folhas pinadas como o "Jací" (Attalea butiracea), "Uricurí" (A. phalerata) e "Jarina" (Phytelephas macrocarpa).

b) Ornamental:

é uma das mais belas e desconhecidas palmeiras nativas do Acre tendo grande potencial para ser usada como planta ornamental por apresentar as seguintes características:

i) sem espinhos;

ii) quando plantada a pleno sol não costuma crescer em demasia, como ocorre com outras espécies usadas na ornamentação de Parques e Jardins, especialmente "Palmeira imperial" (Roystonea sp.) e Livistonia.

Consideramos que C. chuco e C. ulei são alternativas regionais à espécie Chrysalidocarpus lutescens (importada de Madagascar) e conhecida popularmente como "Arenca" ou "Arenca bambu", muito usada como ornamental em jardins particulares da cidade de Rio Branco. A difusão da mesma com esta finalidade pode ser facilitada com o trabalho do Parque Zoobotânico da UFAC que anualmente tem coletado sementes de diversas espécies de palmeiras, entre elas C. chuco, e produzido mudas para venda ao público.

Outras Regiões:

a) Folhas:

Na Bolívia (Madre de Dios), além de ser usada na cobertura de habitações, também é aproveitada para a confecção de chapeus (M. Nee 34.754).

Exemplares representativos: Xapurí, Ser. Cachoeira, 30 km SE da cidade, Col. Caco de Cuia, 20 set 1989, M. Pinard 836 (NY, UFAC).

Exemplar adicional examinado: Rondônia, rio Madeira, entre Abunã e Penha Colorada, 20 nov 1968 (fl), G.T. Prance et al 8717 (NY).

2. Chelyocarpus ulei Dammer

Sinonímia: [Tessmanniophoenix longibractea Burret].

Nomes vulgares: "Xila", "Caranaí"

ESTIPE: solitário, ereto, com nós mais ou menos salientes, 2.7-7m de comprimento, 7cm de diâmetro. FOLHAS: 10-15; bainha com 10cm de comprimento, cobertas por pêlos de coloração marrom com aspecto de lã; fibras finas, de cor marrom, visíveis no ápice da bainha; pecíolo com 1.56m de comprimento; hástula presente adaxial e abaxialmente, com até 2cm de comprimento; lâmina com cera de coloração cinza-prateada impregnada na face abaxial, dividida praticamente desde a base em 12 segmentos, apicalmente sub-divididos, cada um com 78.5cm de comprimento e 14cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; singularmente ramificada, raramente com dupla ramificação, recoberta por pelos semelhantes aos da bainha; pedúnculo 40cm de comprimento; prophyl alongado, 37cm de comprimento; raque 37cm de comprimento; raquilas numerosas, ca. 9cm de comprimento. FLORES: nascendo singularmente, com 3mm de comprimento, cor creme ou amarelo; 2 sépalas e 2 pétalas livres; 5-8 estames e 2 carpelos livres. FRUTOS: numerosos, com 2-2.3cm de diâmetro; forma globosa; resíduo estigmático não aparente; epicarpo fendilhado e de coloração marrom ou amarelo quando o fruto está maduro, porém liso e verde quando em desenvolvimento; mesocarpo fino e seco; endocarpo fino. SEMENTES: 1 por fruto; forma sub-globosa. PRIMEIRA FOLHA: bífida, com coloração esbranquiçada na face abaxial.

C. ulei tem uma distribuição mais ampla que C. chuco, já tendo sido registrada no Brasil (Acre), Colombia, Equador e Peru (Loreto, Pasco, San Martin e Ucayali).

O material com que Dammer descreveu esta espécie foi coletado no Acre, ao longo do rio Juruá-Mirim, em algum lugar que Ulei (1901), denominou como Belém. Pode ser encontrada também no alto rio Môa.

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em áreas de floresta virgem inundável ou de terra firme, tendo sido coletado em altitudes de até 900m sobre o nível do mar. Foi pouco coletada no Acre, não tendo sido registrada ainda na região central do Estado.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre.

Na região próxima a Cruzeiro do Sul é usada na cobertura de habitações.

Outras regiões.

Galeano (1992), observou que os indígenas da tribo Miraņa usam estipes de C. ulei para extrair sal vegetal. O processo é similar ao adotado para outras espécies de palmeiras, consistindo na queima, cozimento e filtragem das cinzas. Neste caso o sal é usado como mistura de "ambil" (rapé) de tabaco. Bodley & Benson (1979) citam o uso das folhas na confecção de cestos e esteiras pelos índios Shipibo no Peru.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 73° 38'S; 7° 25'W, 17 out 1989, A. Henderson et al 1144 (NY); Porto Valter, rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 9 fev 1992 (fl), A. Henderson et al 1669 (NY).

DESMONCUS Martius

PORTE: palmeira monóica de pequeno a grande porte. ESTIPE: solitário ou cespitoso, usualmente delgado e arundináceo, trepador, espinhoso. FOLHAS: pinadas, reduplicadas, arranjadas na parte superior do estame; bainha tubular, alongada, muitas vezes tomentosa e armada com espinhos; prolongando-se acima da inserção do pecíolo em uma ocrea fibrosa, armada ou não; pecíolo curto ou alongado, usualmente com espinhos; raque alongada, com espinhos, apicalmente prolongando-se em um "cirro", armado com espinhos e pares de pequenos a robustos acantófilos reflexos; pinas regular ou irregularmente arranjadas, dispostas em um plano. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, solitária ou raramente múltipla; pedúnculo alongado, originando um profilo e uma bráctea peduncular armada ou não; raque originando poucas ou muitas raquilas simples. FLORES: nascendo em tríades basalmente, com flores estaminadas em pares ou solitárias apicalmente; flores estaminadas com cálice cupular tri-lobado, 3 pétalas, 6-11 estames; pistilódio pequeno ou ausente; flores pistiladas com cálice cupular ou tubular, corola mais longa que o cálice, tri-dentada; 6 estaminódios; gineceu trilocular, trífido no ápice. FRUTOS: forma ovóide ou esférico; resíduo estigmático apical; epicarpo liso; mesocarpo carnoso; endocarpo duro com três poros na porção mediana. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo; posição do embrião lateral; tipo de germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida ou pinada.

Referência: Uhl & Dransfield (1987), Henderson (in press)

Distribuído desde o sul do México até o Brasil (incluindo a costa atlântica do Sudeste e Nordeste) e a Bolívia, é um gênero que necessita de uma revisão taxonômica em razão da controvérsia sobre o número real de espécies, que pode ir de 41 (Burret) a 61 (Uhl & Dransfield). Wessels Boer (1965), mesmo sem fazer uma abordagem mais profunda, admitia que das 80 espécies citadas na literatura da época, talvez 10 pudessem ser assim consideradas, tendência que parece se confirmar na atualidade.

Henderson (in press), reconhece 5 espécies para a região Amazônica: D. giganteus, D. macroacanthos, D. mitis, D. ortacanthos e D. polyacanthos. Com execção da segunda, as demais podem ser encontradas no Acre.

 

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE DESMONCUS

1. Peciolo e raque da folha com espinhos retos, longos, até 5cm de comprimento; inflorescência com 24 a 31 raquilas.

2. Frutos de até 4cm de comprimento e 2.5cm de diâmetro, com receptáculo cobrindo cerca de 1/3 de seu comprimento; folha com 5-10 pinas por lado; ocrea muito fibrosa; cirrus com 80- 150cm de comprimento ......................................................................................... 1. D.giganteus

2. Frutos com até 2.2cm de comprimento e 1.8cm de diâmetro, receptáculo muito pequeno; folha 20-28 pinas por lado; ocrea pouco fibrosa; cirrus com 35-70cm de comprimento ......................................................................................................................... 3. D. orthacanthos

1. Pecíolo e raque da folha com espinhos curvos, curtos, até 2cm de comprimento; inflorescência com 3-17 raquilas.

3. Bráctea peduncular usualmente sem espinhos, marrom tomentosa, membranácea e frágil; lamina foliar curta, 17-27cm de comprimento ............................................................. 2. D. mitis

3. Bráctea peduncular usualmente com espinhos recurvados, forte e lenhosa; lamina foliar com 40-100cm de comprimento ............................................................................ 4. D. polyacanthos

1. Desmoncus giganteus A. Henderson

Nome vulgar: "Jacitara"

ESTIPE: solitário ou cespitoso, 10-25m de comprimento, 1.5-2cm de diâmetro, 4-8cm de diâmetro com bainhas, coberto com bainhas persistentes de folhas. FOLHAS: até 50, disticamente arranjadas; bainha com 60cm de comprimento, com muitos espinhos negros de até 3cm de comprimento; ocrea fibrosa e espinhenta; pecíolo 20-30cm de comprimento; raque 1.1-2m de comprimento; cirrus com 80-150cm de comprimento; 5-10 pinas por lado, elíptica, as medianas com 30-48cm de comprimento, 7-10cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; bráctea peduncular ca. 40cm de comprimento, densamente coberta com espinhos negros ou marrons de até 2cm de comprimento. FLORES: não vistas. FRUTOS: 3.5-4cm de comprimento, 1.5-2.5cm de diâmetro; forma elipsóide; epicarpo de cor vermelha quando maduro, com receptáculo cobrindo ca. de 1/3 de seu comprimento.

Encontrada no oeste da região Amazônica: Colombia, Equador, Peru (Huanuco, Loreto) e Brasil (Acre).

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas de "terra firme" abaixo de 800m de altitude. No Acre já foi encontrada no alto Juruá, Môa, nas proximidades de Tarauacá e Rio Branco, usualmente no interior de florestas virgens.

Seguramente é a mais distintas das espécies de Desmoncus que ocorrem no Estado. Mesmo os indivíduos mais juvenis (regenerações), já apresentam-se com o estipe coberto por bainhas de folhas fortemente armadas com espinhos negros, retos, longos e ocrea muito fibrosa, dando um aspecto robusto aos mesmos (nas plantas adultas usualmente só o ápice está coberto por bainhas de folhas). Entretanto, o caráter mais particular da espécie é a sua infrutescência, cujo tamanho e forma lembram mais as de algumas espécies de "Marajá" (Bactris sp.), que as de suas cogêneres.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

O único registro de uso que temos para esta espécie é na Colombia, ao longo do rio Vaupés, onde os indígenas costumam comer a amêndoa depois de tostá-la (Zaruchi e Balick 1715).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, próximo à boca do rio Azul, loc. "Meia doze", 7° 25'S; 73° 15'W, 16 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1669 (NY).

2. Desmoncus mitis Martius

Sinonímias: [Atitara mitis (Martius) Kuntze]. [Desmoncus setosus var. mitescens Drude]. [Desmoncus lepdospadix C. Martius in Orbigny; Atitara leptospadix (Martius in Orbigny) Kuntze]. [Desmoncus pumilis Trail; Atitara pumilla (Trail) Kuntze]. [Desmoncus vacivus Bailey]. [Desmoncus tenerrimus (C. Martius in Drude) C. Martius ex Burret; Bactris tenerrima C. Martius in Drude].

Nome vulgar: "Jacitara"

ESTIPE: cespitoso ou solitário, 1-10m de comprimento, 0.5-1cm de diâmetro, escandente ou trepador, completamente coberto por bainhas de folhas. FOLHAS: 6-30; bainha 15-30cm de comprimento, com ocrea proeminente, sem espinhos ou com espinhos escassos a numerosos, recurvados ou retos, bulbosos na base; pecíolo 1-15cm de comprimento; raque 17-27cm de comprimento, com escassos espinhos recurvados; cirrus com até 36cm de comprimento ou muitas vezes não desenvolvido; 2-24 pinas por lado, elíptica, linear ou lanceolada, 6-25cm de comprimento, 0.5-6cm de largura, com proeminente nervura central. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, delgada e alongada, solitária ou raramente múltipla em cada nó; pedúnculo 12-30cm de comprimento; profilo 8-15cm de comprimento, inserido no meio do pedúnculo; bráctea peduncular 12-28cm de comprimento, inserida próxima ao ápice do pedúnculo, sem espinhos, estreita, marrom-tomentosa; raque 7-15cm de comprimento; 3-7 raquilas com 3-9cm de comprimento, muito delgadas. FLORES: arranjadas em tríades na parte proximal da raquila, estaminadas na parte apical; flores estaminadas 7mm de comprimento, pétalas lanceoladas; 6 estames; flores pistiladas 2mm de comprimento; cálice cupular, corola tubular, tri-lobada; estaminódios não aparentes. FRUTOS: 1-2.2cm de comprimento e 0.5-1.5cm de diâmetro; forma elipsóide a obovóide; epicarpo vermelho quando maduro.

Encontrada na Venezuela, Colombia, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios), Bolívia (Beni) e Brasil (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

No Acre já foi coletada em floresta virgem de terra firme e várzea, nos bordos e dentro de áreas pertubadas (capoeiras), onde parece ser mais comum.

Dentre as espécies de Desmoncus encontradas no Acre esta é muito distinta e facilmente identificável em razão de seu porte diminuto, estipe coberto por bainhas de folhas usualmente desprovidas de espinhos, inflorescência com raquilas muito finas e, principalmente, bráctea peduncular sem espinhos, aparentando fragilidade, muitas vezes caindo antes do amadurecimento dos frutos.

Na Amazônia brasileira pode ser encontrada em áreas de campinas e em florestas próximas a rios, formando grandes colônias.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, próximo a Redenção, 7° 10'S; 72° 45'W, 8 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1101 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à boca do rio Azul, Igarapé São Pedro, 3― caminhada ao N do rio Môa, 7° 18'S; 73° 10'W, 15 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1693 (NY); Estrada do Abunã-Rio Branco, km 242-246, próximo a Campina, floresta disturbada, 19 jul 1968 (fr), E. Forero et al 6384 (NY); Mâncio Lima, cercanias da Serra do Môa, floresta de terra firme, 23 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 12310 (NY); Mâncio Lima, cercanias da Serra do Môa, floresta de várzea, 26 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 12490 (NY); Cruzeiro do Sul (?), rio Juruá, entre Mundurucus e Tatajuba, floresta de várzea, 13 mai 1971 (fr), P. Maas et al P12879 (NY); Porto Valter, rio Juruá Mirim, Aldeota, entre Porongaba e Papagaio, floresta de terra firme, 18 mai 1971 (fr), P. Maas et al P13130 (NY).

3. Desmoncus orthacanthos Mart.

Sinonímias: [Atitara orthacantha (Mart.) Barb. Rodr.].

[Desmoncus horridus Splitg ex Mart in Orbigny; Atitara horrida (Splitg. ex Mart.) Kuntze]. [Desmoncus ataxacanthus Barb. Rodr.; Atitara ataxacantha (Barb. Rodr.) Kuntze]. [Desmoncus palustris Trail; Atitara palustris (Trail) Kuntze]. [Desmoncus melanacanthos Drude]. [Desmoncus orthacanthos var. trailianus Drude]. [Desmoncus macrocarpus Barb. Rodr.; Atitara macrocarpa (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.]. [Desmoncus angustisectus Burret]. [Desmoncus lutzelburgii Burret]. [Desmoncus huebneri Burret]. [Desmoncus demeraranus L.H. Bailey & H.E. Moore]. [Desmoncus multijugus Steyerm].

Nome vulgar: "Jacitara", "Esperaí"

ESTIPE: 2-12m de comprimento, 1.5-2cm de diâmetro, cespitoso, coberto por bainha de folhas. FOLHAS: até 10; bainha 40-55cm de comprimento, marrom ou branco-tomentosas, moderada a densamente cobertas por espinhos curtos, finos, negros, até 1.5cm de comprimento; ocrea 13-23cm de comprimento; pecíolo e raque com espinhos retos, negros, espaçados, até 5.5cm de comprimento; pecíolo 3-7cm de comprimento; raque 0.9-1.9cm de comprimento; cirrus 35-70cm de comprimento; 20-28 pinas por lado, regular ou irregularmente arranjadas, elípticas a lineares, as medianas com 16-35cm de comprimento e 2.5-6.5cm de largura, às vezes como espinhos ao longo da nervura na face abaxial. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, pedúnculo alongado 54-60cm de comprimento, inserido na bráctea peduncular; profilo 21-40cm de comprimento; bráctea peduncular 22-37cm de comprimento, moderada a densamente coberta por espinhos negros ou marrons, retos, até 1cm de comprimento, algumas vezes com a base bulbosa branca; raque 11-12cm de comprimento; 24-31 raquilas de 5-12cm de comprimento. FLORES: arranjadas em tríades basalmente na raquila, flores estaminadas no porção apical; flores estaminadas com até 11mm de comprimento; pétalas elipsóides; flores pistiladas até 3mm de comprimento; cálice cupular, corola tubular; 6 estaminódios digitados. FRUTOS: 1.5-2cm de comprimento, 1-1.5cm de diâmetro; forma elipsóide a globosa; epicarpo de cor laranja ou avermelhado quando maduro.

Distribúida desde o México, atravessando toda a América Central, Antilhas (Trinidad), Venezuela, Guianas, Suriname, Colômbia, Equador, Peru (Loreto), Bolívia (Santa Cruz) e Brasil (toda a região Norte e a costa Atlântica da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro).

HABITAT E ECOLOGIA

Mais comum em regiões costeiras, margens de rios, especialmente em áreas pertubadas, abertas, com boa iluminação, sendo muito raro encontrá-la em interior de florestas virgens. No Acre temos encontrado esta espécie mais frequentemente em bordos de florestas virgens ou de "capoeiras", sempre em locais com alta incidência de luz solar. Nas margens de "roçados", é comum ocorrer associada com uma espécie de ..............., vulgarmente conhecida por "esperaí" (...........), de onde herdou o nome vulgar, decorrente da faculdade que têm de se fixar facilmente em outras plantas ou na pele e roupas das pessoas.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos, Folhas e Estipe:

Os frutos, embora ácidos, são comestíveis (Braun & Chitty, 1989), e, de acordo com Pio Corrêa (1984), contém óleo.

Do estipe se extraem fibras para fazer cordas e tecer cestas (Medeiros-Costa, 1982; Galeano & Bernal, 1987; Pittier, 1926). Pio Corrêa (1984), afirma também que esta espécie pode substituir o Calamus rotang ("ratan"), na confecção de assentos de cadeiras e as folhas podem produzir cera.

b) Medicinal:

As raízes são consideradas como bom depurativo, conhecida como "salsa de caboclo", empregada na medicina folclórica rural (Pio Correa, 1984).

ASPECTOS AGRONôMICOS

Braun & Chitty (1987), afirmam que esta espécie germina depois de 40 dias, entretanto, em outra oportunidade a germinação iniciou no 10o. mês e finalizou no 29o.

Exemplares representativos: Mâncio Lima (?), rio Môa, ca. de 2h acima de Cruzeiro do Sul, 16 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1696 (NY).

4. Desmoncus polyacanthos Mart.

Sinonímias: [Atitara polyacantha (Mart.) Kuntze]. [Desmoncus riparius Spruce; Atitara riparia (Spruce)Kuntze]. [Desmoncus oligacanthus Barb. Rodr.; Atitara oligacantha (Barb. Rodr.) Kuntze]. [Desmonscus aereus Drude; Atitara aerea (Drude in C. Martius) Barb. Rodr.]. [Desmoncus phengophyllus Drude; Atitara phengophylla (Drude in C. Martius)Kuntze]. [Desmoncus nemorosus Barb. Rodr.; Atitara nemorosa (Barb. Rodr.) Barb. Rodr. Desmoncus macrodon Barb. Rodr.; Atitara macrodon (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.]. [Desmoncus philippianus Barb. Rodr.; Atitara philippiana (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.]. [Atitara paraensis Barb. Rodr.; Desmoncus paraensis (Barb. Rodr.) Barb. Rodr.; Desmoncus ulei Dammer]. [Desmoncus brevisectus Burret]. [Desmoncus maguirei Bailey]. [Desmoncus duidensis Steyerm].

Nome vulgar: "Jacitara"

ESTIPE: solitário ou cespitoso, 2-15m de comprimento, 0.5-2cm de diâmetro. FOLHAS: 17-26, usualmente dísticas; bainha 18-48cm de comprimento, lisa ou espinhenta; ocrea lisa ou espinhenta; espinhos da bainha e da ocrea retos ou recurvados, com a base bulbosa branca; pecíolo 2-7cm de comprimento; raque 40-100cm de comprimento; cirrus 30-40cm de comprimento, com 4-6 pares de ganchos delgados; pecíolo, raque e cirrus com espinhos recurvados, especialmente na face abaxial; 17-26 pinas de cada lado, lanceoladas com ápice acuminado, opostas ou sub-opostas, as medianas com 12-35cm de comprimento e até 6cm de largura, às vezes com espinhos curtos na face abaxial da nervura central; INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 40-60cm de comprimento, inserido, em quase toda a extensão, na base da bráctea peduncular; profilo 16-20cm de comprimento, liso; bráctea peduncular 18-25cm de comprimento, escassa a moderadamente coberta por espinhos recurvados, curtos (< 1cm), de cor marrom, com a base bulbosa mais clara; raque até 15cm de comprimento; 5-17 raquilas, 3-12cm de comprimento, dispostas alternadamente ao longo da raque. FLORES: nascendo em tríades na base da raquila, distalmente estaminadas; flores estaminadas 4.5mm de comprimento; sépalas deltadas, pétalas irregularmente obovadas, apiculadas; 6 estames; flores pistiladas 4mm de comprimento, cálice e corola cupular; estaminódio obscuro. FRUTOS: 1-2.2cm de comprimento, 0.8-1.8cm de diâmetro; forma elipsóide a obovóide; epicarpo de cor vermelha quando maduro.

Amplamente distribuída na América do Sul, incluindo a costa atlântica do Brasil e na ilha de Trinidad (Antilhas).

HABITAT E ECOLOGIA

Pode crescer em solos arenosos encharcados em áreas pedregosas áreas abertas, margens de rios, florestas primárias ou secundárias, inclusives em áreas muito úmidas, quase pantanosas; nos bordos bem iluminados ou sob a sombra de florestas.

No Acre..........................

Wessels Boer (1965), já afirmava que esta era uma espécie extremamente variável (ver figs. 4, 5 e 6, Palms of Suriname), não admitindo, entretanto, que isto poderia ser resultado das diferentes condições de habitat onde a mesma podia ser encontrada. Corretamente previa que no futuro a lista de sinonímias para a espécie deveria ser muito mais extensa do que a que ofereceu.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Estipe:

Após a retirada das folhas é usado para tecer cestos (Medeiros-Costa, 1992).

b) Medicinal:

Os frutos podem ser usados contra dor de estômago (Balick, 1988).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, 7° 35'S; 72° 40'W, 11 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1675 (NY).

 

DICTYOCARYUM H. Wendl.

PORTE: palmeira monóica de grande porte. ESTIPE: normalmente solitário, ereto, colunar ou ventricoso, podendo eventualmente se apresentar cespitoso; com numerosas raízes adventícias na base. FOLHAS: poucas, pinadas, reduplicadas; bainha fechada e formando um compacto crownshaft; pecíolo curto; raque longa; pinas numerosas, com ápice truncado e de forma irregular, cor branco-pálido na face abaxial, dispostas em vários planos. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, ereta ou pêndula em botão e na antese, singular ou duplamente ramificada; pedúnculo originando 1 profilo e 7-10 brácteas pedunculares; raque originando numerosas raquilas. FLORES: nascendo em tríades; flores estaminadas com 3 sépalas, 3 pétalas, 6 estames e um pequeno pistilódio; flores pistiladas com 3 sépalas, 3 pétalas e 6 estaminódios, gineceu tricarpelar, triovulado. FRUTOS: nemerosos; forma globosa para elipsoidal; resíduo estigmático sub-basal a lateral; epicarpo liso, de cor amarelo quando o fruto amadurece; mesocarpo fino, com fibras; endocarpo muito fino. SEMENTE: normalmente 1 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embriao basal; tipo de germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: A. Henderson (1990).

Gênero de três espécies D. fuscum (Karsten) Wendl., endêmica de montanhas na costa Venezuelana, D. lamarckianum Burret, encontrada desde o Panamá até o Peru, sempre ao longo da cordilheira Andina e D. ptariensis (Steyerm.) H. Moore, no planalto Guianense-Venezuelano ("Tepuis"), e Amazônia ocidental Colombiana, Peruana e Brasileira (Henderson, 1990).

1. Dictyocaryum ptariense (Steyerm.) H. E. Moore

Sinonímia: [Dahlgrenia ptariana Steyerm.].

Nome vulgar: "Pifaia", "Paxiubarana"

ESTIPE: solitário ou cespitoso, liso, colunar, ereto ou inclinado, 15m de comprimento, 14cm de diâmetro; raízes adventícias pobremente desenvolvidas, de cor marrom e espinhos com pontas rombudas. FOLHAS: 4, bem espalhadas; bainha formando um compacto pseudo-caule de cor cinza-esverdeado, 90cm de comprimento; pecíolo 50cm de comprimento; raque 3m de comprimento; pinas cuneadas, com as margens inteiras e ápice truncado de forma irregular, abertas na base em 2-3 segmentos rígidos, dispostos em diferentes planos, os medianos com 77.5cm de comprimento e de cor cinza pálido na face abaxial. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, pêndula e em forma de foice quando em botão; pedúnculo curvado, 30.5cm de comprimento, durante a antese com profilo e 8 cicatrizes de brácteas pedunculares; profilo 9-12cm de comprimento; 8 brácteas pedunculares lenhosas de até 90cm de comprimento; raque 27.5cm de comprimento; ca. 56 raquilas, algumas ramificadas distalmente. FLORES: basalmente arranjadas nas raquilas em tríades, as estaminadas estão arranjadas apicalmente em pares ou solitárias; flores estaminadas com 4mm de comprimento, sépalas ovadas-deltoides imbricadas; pétalas ovadas, valvadas, com o dobro do tamanho das sépalas; 6 estames, pistilódio muito pequeno; flores pistiladas com 2mm de comprimento, sépalas ovadas imbricadas, pétalas ovadas imbricadas abaixo, valvadas acima, 6 estaminódios dentiformes. FRUTOS: 3-3.5cm de comprimento e 2-3cm de diâmetro; forma mais ou menos globosa; epicarpo liso, de cor amarelo-marrom quando maduro, rachando-se irregularmente.

Mais frequentes em florestas montanhosas, entre 450-1.700m acima do nível do mar; três populações em florestas de baixa altitude (abaixo de 360m), são conhecidas na Amazônia ocidental da Colombia, Peru (Loreto) e Brasil (Acre) (Henderson, 1990).

HABITAT E ECOLOGIA

No Acre, o único registro de sua ocorrência foi obtido na Serra do Môa (350m de altitude).

Muito similar a Iriartea deltoidea, de quem pode ser distinguida vegetativamente pela coloração cinza-branco na face abaxial das pinas (verde em I. deltoidea) e e pela posição basal do embrião (sub-apical ou lateral em I. deltoidea).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Não conseguimos registrar dados relativos ao uso desta espécie no Estado.

Outras regiões:

a) Folhas, estipe, palmito:

As folhas são usadas para cobertura, o estipe pode ser cortado e aberto para ser usado como parede, porta e especialmente pisos de habitações (Henderson, 1990). Mejia (1988), afirma que na região de Iquitos (Peru), é uma das espécies preferidas na confecção de pisos de habitações rurais.

L. P. Kvist 246 (NY) informa que o palmito é comestível.

Exemplar representativo: Mâncio Lima, Serra do Môa, ca. 350m de altitude, 12 out 1989 (fl), A. Henderson et al 1119 (NY).

 

ELAEIS N. J. Jacquin

PORTE: palmeira monóica de médio a grande porte. ESTIPE: solitário, ereto ou procumbente, curto ou alongado. FOLHAS:

pinadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando crownshaft; pecíolo com espinhos nas margens; raque longa, reta ou flexionada; pinas regular ou irregularmente arranjadas, dispostas em um ou vários planos. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, solitária, curta, unisexual, masculinas e femininas na mesma planta; pedúnculo curto, originando um profilo curto e inflado, e duas brácteas pedunculares, uma delas muito pequena; raque curta, tomentosa, originando numerosas brácteas, cada uma suportanto uma raquila simples. FLORES: nascendo singularmente ou em pares; flores estaminadas pequenas; 3 sépalas e 3 pétalas livres, 6 estames exsertos das corola; pistilódio presente; flores pistiladas muito maiores que as estaminadas, 3 sépalas e 3 pétalas imbricadas; gineceu sincárpico, trilocular, triovulado; anel estamonoidal curto. FRUTOS: numerosos; forma ovóide; epicarpo liso; mesocarpo carnosos, oleoso; endocarpo fino, duro, com 3 poros apicais; resíduo estigmático apical; SEMENTE: endosperma homogêneo, com ou sem cavidade central; embrião apical, oposto aos poros; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira, lanceolada.

Gênero de duas espécies. E. guineensis, nativa da da áfrica tropical, amplamente distribuída por todos os trópicos húmidos (América e ásia), como planta cultivada e E. oleifera, nativa das Américas tropicais, eventualmente cultivada como ornamental.

1. Elaeis oleifera (Kunth) Cortés

Sinonímias: [Alfonsia oleifera Kunth]. [Corozo oleifera (Kunth) Bailey]. [Elaeis melanococa Mart.].

Nome vulgar: "Caiaué"

ESTIPE: solitário, ereto ou mais frequentemente rasteiro basalmente e ereto apicalmente, 1-6m de comprimento, 40cm de diâmetro, coberto por bainhas persistentes de folhas mortas. FOLHAS: 20-40 (50); bainha 40cm de comprimento ou obscura, fibrosa nas margens; pecíolo 1.7-3m de comprimento, com espinhos recurvados nas margens; raque 4.8-5.4m de comprimento; 75-90 pinas por lado, lineares com ápice longo-agudo, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, persistentes entre as bainhas de folhas; pedúnculo cerca de 80cm de comprimento; profilo apicalmente desintegrado em massa de fibras; bráctea peduncular não vista; raque 25cm de comprimento; 49-100 raquilas, arranjadas em volta de toda a raquila, 20cm de comprimento na base e 6-7cm no ápice. FLORES: arranjadas em volta de toda a raquila; flores estaminadas basalmente ausentes, densamente arranjadas em depressões nas raquilas; flores pistiladas com 5mm de comprimento; sépalas oblongas-lanceoladas; pétalas oblongo-lanceoladas; pétalas e sépalas do mesmo tamanho; 6 estames com filamento unidos formando um tubo; pistilódio longo; flores pistiladas não vistas. FRUTOS: 2.5-3cm de comprimento; forma oblonga; epicarpo de cor laranja-amarelado quando maduro.

Distribuida na América Central e no norte da América do Sul, incluindo Colombia, Venezuela, Equador, Peru, Suriname e Brasil.

HABITAT E ECOLOGIA

Espécie com tronco parcialmente torcido e rasteiro, pode ser encontrada em lugares alagadiços e sombreados no litoral do Caribe e costa ocidental da América Central (Pittier, 1926). é também frequente em solos com drenagem pobre, solos arenosos e em savanas (Uhl & Dransfield, 1987).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

No Brasil a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias-EMBRAPA, vem trabalhando há mais de 15 anos com o gênero Elaeis em seu Centro de Pesquisa localizado na cidade de Manaus-Am. Uma grande coleção de E. oleifera, com material proveniente de praticamente toda a Amazonia brasileira foi estabelecida e correntemente está sendo avaliada. Uma das maiores potencialidades desta espécie é servir como fonte de germoplasma para hibridização com E. guineensis, tendo em vista a sua maior resistência contra pragas e doenças.

Outras regiões:

a) Frutos:

Dos frutos se pode extrair dois tipos de óleos muito finos: um do exocarpo por simples maceração e outra da amêndoa (Pittier, 1926).

b) Fibras:

Extraídas das folhas, são usadas para confeccionar cordas e cabos (Pittier, 1926; Perez-Arbelaez, 1978).

c) Medicinal:

Plotkin & Balick (1984), citando Duke (1968) e Usher (1974), afirmam que curandeiros Colombianos usam o óleo com medicamento para inflamação de estômago e tônico capilar para tratamento de caspa.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Suas sementes necessitam de 3-4 meses para germinar (Braun & Chitty, 1987).

EUTERPE Martius

PORTE: palmeiras monóicas de médio a grande porte, sem espinhos. ESTIPE: solitário ou cespitoso, ereto ou levemente inclinado, liso ou com visível anelamento, usualmente com um cone de raízes adventícias na base. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha, pecíolo, raque e pinas com ou sem escamas; bainha fechada, formando um crownshaft alongado, com ou sem lígula no ápice; pecíolo curto e delgado ou ausente; raque longa e delgada; pinas estreitas, regularmente arranjadas e dispostas em um plano, usualmente pêndulas. INFLORESCêNCIA: infrafoliar na ântese, ereta em botão; pedúnculo curto, originando um profilo e uma bráctea peduncular papiráceos, decíduos na ântese; raque curta, originando numerosas raquilas simples. FLORES: nascendo em depressões ao longo das raquilas; basalmente em tríades, com uma feminina central e duas masculinas lateralmente; apicalmente flores estaminadas em pares ou solitárias; flores estaminadas com 3 sépalas livres e imbricadas; 3 pétalas livres e valvadas; 6 estames; pistilódio colunar trílobado; flores pistiladas com 3 sépalas e 3 pétalas livres e imbricadas; estaminódios ausentes; ginecêu sincárpico, unilocular, uniovulado; 3 estígmas recurvados. FRUTOS: forma globosa ou elipsóide; epicarpo liso; resíduo estigmático sub-apical ou lateral; mesocarpo fino, seco; endocarpo fino e duro. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo ou ruminado; posição do embrião basal ou sub-basal; germinação tipo adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida ou pinada.

Referência: A. Henderson & G. Galeano (Flora Neotropica, in prep.).

Burret (1929), propôs 7 espécies para o gênero, com distribuição na América Central, Antilhas e o norte da América do Sul. Uma espécie, E. precatoria, é encontrada no Acre.

(melhor comentário sobre o excessivo n. de espécies)

1. Euterpe precatoria Martius

Sinonímias: [Euterpe longevaginata Mart.]. [Coco vanatorum Poeppig ex C. Martius; Maximiliana venatorum (Poeppig ex C. Martius) H. A. Wendl.]. [Euterpe stenophylla Trail ex Im Thurn]. [Euterpe jatapuensis Barb. Rodr.]. [Euterpe petiolata Burret]. [Euterpe langloisii Burret]. [Euterpe subruminata Burret].

Nome vulgar: "Acaí", "Açaí chumbinho"

ESTIPE: solitário ou menos frequentemente cespitoso, com 2 estipes perfilhando basalmente, ereto, 10-20m de comprimento, 10-23cm de diâmetro. FOLHAS: 10-20; bainha fechada e formando crownshaft de cor verde ou verde-amarelada, 0.5-1.6m de comprimento; pecíolo 12-57cm de comprimento, pecíolo e raque cobertos com pequenas escamas negras ou marrom-avermelhadas na face adaxial e nas margens abaxiais; raque 1.6-3.6m de comprimento; 43-91 pinas por lado, regularmente espaçadas e dispostas em um plano, lineares, pêndulas ou menos frequentemente horizontais, as medianas com 57-105cm de comprimento, 1-3.5cm de largura, nervura central proeminente. INFLORESCêNCIA: infrafoliar na antese, ereta em botão; até 4 inflorescências simultâneas na mesma planta, em diferentes estágios de desenvolvimento; pedúnculo 4-20cm de comprimento; profilo com 70-85cm de comprimento; bráctea peduncular 55-70cm de comprimento; raque 20-94cm de comprimento, basalmente densamente coberta por tricomas longos de cor branco ou marrom e visíveis cicatrizes das brácteas pedunculares; 70-200 raquilas com 16-80cm de comprimento, mais finas na antese, engrossando com frutos, distribuídas na face abaxial. FLORES: nascendo em tríades basalmente, apicalmente somente flores estaminadas; flores estaminadas com 5mm de comprimento, sépalas ovadas, pétalas ovadas-lanceoladas; pistilódio curto; flores pistiladas com 4mm de comprimento; sépalas e pétalas ovadas. FRUTOS: 0.9-1.3cm de diâmetro; forma globosa; resíduo estigmático lateral; epicarpo de cor violácea na madurez, com superfície levemente irregular; mesocarpo fino, cor púrpura-avermelhada, firme. SEMENTE: endosperma homogêneo. PRIMEIRA FOLHA: pinada.

Distribuída em todo o Novo Mundo, sendo muito comum na América Central, Antilhas (Trinidad), Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru (Amazonas, Cusco, Loreto, Madre de Dios, Pasco, Puno, San Martin), Bolívia (Beni, La Paz, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Pará e Rondônia). No Acre é encontrada em todos os Municípios, sendo provavelmente a espécie mais comum e conhecida pelos seus habitantes.

HABITAT E ECOLOGIA

Na América do Sul pode crescer em florestas de encostas em altitudes de até 2.000m nas proximidades dos Andes onde pode se apresentar com o estipe cespitoso (Henderson, in press). De acordo com Boom (1987), pode crescer em florestas secundárias avançadas ou mais recentes. Esta é uma informação importante pois usualmente é mais comum encontrar nestes tipos de vegetação espécies "resistentes" à ação do fogo, especialmente as do gênero Attalea e Astrocaryum.

No Acre observamos que a espécie crescer em terra firme e em áreas encharcadas próximas a cursos de água. No primeiro ambiente costuma atingir grande altura, em alguns casos é possível observar plantas velhas com mais de 20m. No segundo ambiente é uma planta mais diminuta, mesmo porque neste caso a vegetação concorrente é também de baixo porte, e costuma formar grandes concentrações.

Henderson & Galeano (in prep.), propõem a divisão da espécie em duas variedades: E. precatoria var. longevaginata e E. precatoria var. precatoria. O argumento é que a espécie pode variar muito alguns de seus caracteres, especialmente o porte e o hábito, de acordo com o ambiente onde cresce. A primeira pode ser encontrada na América Central e Andes, a segunda é mais restrita à bacia Amazônica.

Em nosso Estado, da mesma forma, é quase certo que futuramente seja possível classificar a espécie conforme propoem os autores acima mencionados. Infelizmente não existem coleções suficientes para permitir uma distinção segura, especialmente na região do vale do Acre-Purus. Nesta área pode-se observar plantas em duas categorias diferentes: uma de grande porte, amplamente distribuída em diferentes ambientes (especialmente "terra firme"), com frutos grandes e muito apreciados para a elaboração de "vinhos"; a outra aparenta ser de porte menor, com frutos muito pequenos (por isso conhecida vulgarmente como "Açaí chumbinho"), sendo por isso pouco apreciados, geralmente encontradas em lugares muito úmidos, com solos arenosos. O problema é que no campo às vezes é muito difícil fazer a separação das mesmas pois a variedade de maior porte quando cresce em ambientes muito úmidos tende a ser, também, pouco desenvolvida, podendo ser distinguida apenas pelos frutos.

Infelizmente esta é a espécie de palmeira típica das florestas Acreanas mais ameaçada de extinção em razão da ação nefasta dos exploradores de palmito ("palmiteiros") que estão devastando populações inteiras da espécie em diversas regiões do Estado.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Dois produtos são correntemente obtidos em larga escala desta espécie: "palmito" e "vinho". O "vinho do açaí" é tradicionalmente consumido por toda a população do norte do país e no Acre está se popularizando mais rapidamente em razão da recente mecanização do processo de elaboração da bebida que oferece mais "segurança" para os consumidores. A exploração do "palmito" não decorre de uma necessida local, mas de uma forte demanda a nível nacional.

a) Vinho do Açai:

No passado a elaboração de bebidas derivadas de algumas espécies como E. precatoria, O. bataua, M. flexuosa e O. mapora era totalmente manual, com alto índice de contaminação durante o preparo e uma cadeia de comercialização que exigia longo tempo entre a elaboração e o consumidor final, fazendo com que o produto fosse consumido quase sempre próximo do seu limite de conservação natural (ca. de 24h depois de elaborada), frequentemente causando problemas intestinais. Estes foram motivos para que muitas pessoas pensassem duas vezes antes de adquirir estes produtos e quando o faziam sempre encomendavam de produtor conhecido e confiável. No caso de O. mapora e O. batua, cujo teor de óleo na polpa é muito mais elevado, o problema se agravava ainda mais e gradualmente foram desaparecendo do mercado. Atualmente este método é utilizado quase exclusivamente para a produção a nível familiar nas regiões interioranas.

O advento da mecanização e o estabelecimento de uma cadeia mais ágil entre a colheita dos frutos e a venda do produto final aos consumidores deu novo alento ao mercado não só de E. precatória, mas das outras espécies citadas acima.

i) Coleta dos frutos:

Caso pretenda-se vender os frutos para os donos de "máquinas de açaí" na cidade, o ponto ideal de coleta ocorre logo que os frutos adquirem uma coloração violácea escura, quase negra, antes de comecarem a cair do cacho. Isto é necessário porque neste ponto os frutos, desde que não expostos a altas temperaturas e não separados do cacho, podem suportar até 3 dias, quando então separam-se naturalmente das raquilas e começam a a fermentar. Saber o ponto ideal de coleta é um "feeling" que poucas pessoas dominam. Caso a coleta aconteça antes do ponto ideal (frutos de cor violácea, porém ainda não totalmente maturados), ao chegar ao comprador este com uma rápida examinada (despolpar alguns frutos com a "unha"), consegue saber se é viável a extração ou não de vinho de boa qualidade, recusando a compra ou oferecendo preço muito inferior.

Para consumo doméstico pode-se escolher os cachos mais maduros, tendo em vista que entre a coleta e elaboração o vinho decorrem poucas horas.

Observamos, na maioria das vezes, que o método utilizado para a coleta consiste em subir nas plantas e coletar manualmente os cachos. Raramente as pessoas derrubam as árvores. Neste caso, somente aquelas muito altas (mais velhas) e que não permitem a subida. Esta prática preservacionista decorre da utilidade que esta espécie tem na alimentação familiar e dos animais da floresta, a principal fonte de proteína destes habitantes.

ii) Transporte e comercialização dos frutos:

Não existem compradores autônomos de frutos dedicados exclusivamente a esta atividade. Alguns proprietários de veículos de "frete" (camionetes), que costumam percorrer as áreas rurais próximas a Rio Branco efetuam a aquisição (por encomenda), e posteriormente oferecem aos donos de máquinas na cidade. Também é comum o próprio coletor trazer o produto diretamente à cidade para venda direta, especialmente nos finais de semana.

A medida padronizada localmente é a "lata" de querozene de 20 litros, que pode comportar ca. de 15kg de frutos. Dependendo da distância, os frutos são transportados ainda no cacho, sendo separados apenas no momento da venda. O mais importante durante o transporte dos frutos é a proteção contra altas temperaturas, sendo necessários protege-los contra a incidência direta do sol.

O volume comercializado por três donos de máquinas estabelecidos nos principais mercados da cidade de Rio Branco (com maior volume de comercialização de "vinho") durante o mês de outubro de 1993 correspondeu a .....kg, pagos à base de US$ ..../lata. Considerando que este é um mês típico de entre-safra, podemos estimar que entre junho e novembro são adquiridos ca. de .....kg de frutos/mês, o que equivaleu a US$...... no período. No período da safra, entre dezembro e maio, são adquiridos ca. de ......kg de frutos/mês, pagando-se US$...../lata, perfazendo um total de US$...... movimentados no período. Em Rio Branco conseguimos identificar um total de ...... máquinas de beneficiamento de frutos. Não é possível fazer uma estimativa aproximada do volume adquirido por todos os proprietários em razão da sazonalidade de muitos deles neste mercado.

iii) Beneficiamento dos frutos:

Dois métodos podem ser adotados: manual ou mecanizado. Em ambos os casos, os frutos são inicialmente lavados e colocados em água morna por 15-20 minutos para o amolecimento da polpa visando facilitar o despolpamento.

- Manual: existem várias formas de se despolpar manualmente os frutos. Alguns usam "pilão", em processo mais ou menos similar ao adotado para descascar arroz. Outros despolpam com as mãos em um processo lento e extremamente cansativo que invariavelmente é concluído com o uso dos pés. Em todos os casos, costuma-se adicionar um pouco de água para facilitar a separação da semente.

A maior ou menor espessura do vinho é determinada pela adição de água.

Tivemos a oportunidade de contabilizar o tempo gasto no preparo, de 4 litros, obtidos de um único cacho, e concluímos que o tempo gasto foi de aproximadamente 1―h. Embora se pudesse fazer em menos tempo, o aproveitamento completo da polpa não seria o ideal, diminuindo inversamente o rendimento do trabalho.

- Mecânico: os frutos são colocados em máquinas, construídas de aço inoxidável, que consistem de um cilindro com um eixo central dotado de diversas espátulas que giram lentamente, separando a polpa rápida e higienicamente, sem contato manual.

De acordo com Calzavarra (1972), cada máquina pode pode beneficiar em média 15 latas por dia, que corresponde a 90-120 litros de vinho.

iv) Comercialização: a venda é padronizada em litros. O produto é embalado em sacos de polietileno transparente e oferecido à venda diretamente nas lojas beneficiadoras ou nas ruas da cidade por dezenas de ambulantes que ganham comissão dos donos das máquinas. Em outubro de 1993 ..... pessoas estavam envolvidas com esse sistema no final do mês de setembro de 1993, a maioria deles menores de idade.

b) Palmito:

Uma indústria instalada no Município de Senador Guimard, .................................., vem enlatando palmito de E. precatoria desde o ano de 198.., já tendo vendido cerca de ......kg, o que deve equivaler a aproximadamente 000.000 plantas. A matéria prima vem sendo adquirida de agricultores instalados nas proximidades, especialmente ao longo da BR-364 em direção a Porto Velho, da estrada Rio Branco-Boca do Acre e Rio Branco-Plácido de Castro. Entretanto, como esta espécie apresenta hábito solitário, os estoques nativos estão sendo esgotados rapidamente, fazendo com que as fontes de matéria-prima sejam cada vez mais inacessíveis e economicamente inviáveis caso a beneficiadora não transfira os seus equipamentos para a proximidades destas fontes. De fato, é tradição neste tipo de negócio o caráter "nômade" das beneficiadoras, que se explica, de acordo com CEAG-ACRE (1988), pelo alto custo de aquisição da matéria-prima, especialmente os gastos com o transporte, que em nossa região é crítico em razão da falta de vias trafegáveis todo o ano. Em Tarauacá, ao longo dos rios Muru e Tarauacá e em Sena Madureira, nos rios Purus e Yaco, obtivemos informações de moradores que afirmaram a presença eventual de "palmiteiros" provenientes de Manaus (ca. de 25 dias de viagem ou 1.500km), cujos barcos vêm com equipamentos apropriados para o beneficiamento.

A aquisição do palmito junto aos agricultores pode ser feita de duas modalidades. Na primeira o palmiteiro paga um preço menor e se responsabiliza pelo corte e retirada da produção. Na segunda o agricultor recebe um preço um pouco maior e assume estas responsabilidades. Em setembro de 1993 os preços pagos ao agricultor equivaliam a US$....., no primeiro caso e US$..... no segundo.

Na estrada de Boca do Acre, na altura do km 85, um agricultor informou que os palmiteiros, quando se responsabilizam pela extração, costumam cortar plantas de todos os diâmetros e alturas. Na prática, essa é uma ação condenável da parte dos palmiteiros e depreciativa para os vendedores, normalmente pequenos agricultores migrantes que, em sua maioria, fizeram o mesmo no Sudeste do país e em Rondônia, onde a industria do palmito praticamente se extinguiu com o fim dos estoques nativos mais acessíveis (E. Ricardo, Banco do Estado de Rondônia, com. pessoal).

A continuar o rítmo atual de exploração em poucos anos só restarão estoques em áreas de Reservas Extrativistas, cujos habitantes têm uma conciência preservacionistas mais avançada que a maioria das outras categorias de produtores do Estado.

Outras regiões:

a) Frutos e Palmito:

No Peru e na Bolívia os frutos, da mesma forma que no Brasil, são usados para fazer "vinho" ou um outro tipo de bebida fermentada, "Chicha", muito apreciado pelos indígenas. Tem valor de mercado pela possibilidade de se vender os frutos e o "palmito" (Jordan, 1970; Boom 1987; Mejia, 1988, 1992; Piņedo-Vasquez et al, 1990).

óleo extraído dos frutos são usados pelas mulheres Shipibo (Peru), no embelezamento dos cabêlos (Bodley & Benson, 1979).

Kahn (1988), afirma que a exploração para a obtenção de palmito está destruindo uma grande população existente nas cercanias de Iquitos.

b) Folhas e Estipe:

Lopez-Parodi (1988), afirma que o estipe é ideal para construções de pisos e paredes de habitações de baixo custo na Amazônia Peruana. Acero-Duarte (1979), apresenta o peso seco ao ar do mesmo como equivalente a 0.47g/cmn , concluindo que é ideal para construções leves.

As folhas podem ser usadas na confecção de vassouras e na cobertura de habitações indígenas (Boom, 1987).

b) Uso medicinal:

As folhas são cortadas em pequenos pedaços e cozidas, o líquido obtido do cozimento das mesmas é bebido como o objetivo de reduzir dor no peito (Boom, 1987).

Mejia (1992), afirma que as raízes têm propriedades medicinais para as afecções hepáticas e renais.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Esta é uma espécie cujas pesquisas relacionadas com o seu desempenho agronômico são praticamente inexistentes. Parcialmente porque os maiores esforços foram concentrados em E. oleracea, potencialmente muito mais interessante pois é cespitosa, uma vantagem insuperável para E. precatoria, que tem hábito solitário.

O INPA-ACRE juntamente com o BANACRE, tentou introduzir junto a pequenos agricultores, no início da década de 80, a espécie como alternativa no cultivo de fruteiras nativas. Embora os resultados do trabalho sejam inconclusivos, ficou patente que a lentidão no crescimento (ca. de 6 anos para atingir o ponto ideal de corte para palmito) e dificuldades de adaptação a áreas mais secas são os maiores desafios a serem superados para introduzir esta espécie em nível comercial. Pessoalmente não acreditamos que isto venha a acontecer algum dia pois, além das dificuldades já citadas, outras espécies como E. oleracea e Bactris gasipaes superam-na sob o ponto de vista agronômico tanto no manejo para a produção de frutos como de palmito.

Os investimentos em pesquisas com esta espécie devem ser priorizados na definição do manejo sustentado para a extração de "palmito" em populações nativas que ainda são abundantes nas áreas de Reservas Extrativistas.

Para o Estado esta seria a forma mais segura de se definir, com racionalidade, uma política para o setor. Se poderia normatizar a exploração, beneficiamento e fiscalização, estabelecendo parâmetros básicos, tais como diâmetro mínimo de corte e replantio, capazes de garantir, aparentemente, a estabilidade e incremento populacional da espécie.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, área inundada próximo a igarapé, 7° 25'S; 73° 33'W, 15.10.89, A. Henderson et al 1135 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, margem do rio cortando a serra, 16 out 1989, A. Henderson et al 1137 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, margem do rio cortando a serra, 16 out 1989, A. Henderson et al 1138 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km a W da cidade, "Campina" sobre solo arenoso, 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92, A. Henderson et al 1703 (NY); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, 10° 38'S; 68° 15'W, 06.11.91, E. Ferreira et al 75 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, 9° 12'S; 72° 14'W, 16.03.92, E. Ferreira 155 (UFAC); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, 10° 38'S; 68° 15'W, 17.03.93, J. Bandeira e P. Mitoso 09 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Santa Cruz, floresta primária de terra firme, 13.10.89, M. Pinard & V. Barros 849 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Serra do Môa, floresta de terra firme, 29 abr 1971 (fr), P.J.M. Maas et al P12651 (NY).

 

 

GEONOMA Willd.

PORTE: palmeiras monóicas de pequeno a médio porte.

ESTIPE: cespitoso ou solitário, curto e subterrâneo ou longo e aéreo, esbelto, forte e inerme.

FOLHAS: reduplicadas, pinadas ou inteiras, nesse caso com nervuras muito proeminentes em ambas as faces; bainha aberta e não formando pseudo-caule; pecíolo curto a mediano; raque mediana; lâmina foliar inteira ou pinaticescta com pinas regular ou irregularmente arranjadas, dispostas em um mesmo plano.

INFLORESCêNCIA: intra ou infrafoliar; pedúnculo originado 1 profilo e 1-2 brácteas pedunculares; raque espigada ou ramificada.

FLORES: nascendo em tríades, uma feminina e duas masculinas, ou apenas masculinas ou femininas, inseridas até a metade de seu comprimento em alvéolos ao longo da raquila; os alvéolos estão arranjados em espiral, verticilos ou decusadas, com bractéola na porção basal e apical, às vezes ausente na apical; flores estaminadas com 3 sépalas livres, imbricadas, 3 pétalas unidas desde a base até a metade de seu comprimento, livres e valvadas acima; normalmente 6 estames, podendo ocorrer casos de 3 ou mais de 6 (raro), com filamentos parcialmente unidos na base, o conectivo muitas vezes bífido e tecas livres; pistilóide presente; flores pistiladas com 3 sépalas livres, imbricadas, 3 pétalas unidas desde a base até 2/3 de seu comprimento, livres e valvadas acima; tubo estaminoidal truncado, dentado ou digitadamente lobado no ápice; gineceu sincarpo, unilocular, uniovulado, estilo basifixo.

FRUTOS: forma globosa a elipsóide, resíduo estigmático apical; epicarpo fino, liso; mesocarpo fino, com fibras dispostas longitudinalmente; endocarpo fino, às vezes menbranoso. SEMENTE: 1 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião sub-basal; tipo de germinação adjacente-ligular.

PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: J. G. Wessels Boer (1968), N. Uhl & J. Dransfield (1987), A. Henderson (1993).

Geonoma é um dos gêneros de palmeiras de sub-bosque mais amplamente distribuído nos trópicos do novo mundo. Pode ser encontrado desde o sul do México, pequenas e grandes antilhas, até a Bolívia, cruzando todo o Brasil até a Mata Atlântica, abaixo de 20° de latitude sul, do nível do mar até cerca de 3.000m de altitude nos Andes Boliviano e Peruano.

Muito embora existam milhares de coleções do mesmo em Herbários, especialmente pelo fato da maioria de suas espécies ser de pequeno porte, e a despeito de uma recente revisão (Wessels Boer, 1968), ainda existem muitos problemas de ordem nomeclatural e sistemática que podem transformar o trabalho de pessoas que não sejam especialistas em um desafio quase impossível de ser vencido.

São naturalmente plantas extremamente variáveis em suas principais características morfológicas, o que levou à descrição de dezenas de espécies muito semelhantes entre sí e cuja distinção é, em alguns casos, virtualmente impossível. Burret e Bailey, por suas concepções estreitas de gênero e espécie, e secundariamente Spruce, Barbosa Rodrigues, Trail, Glassman, Moore e Steyermark são alguns dos autores que contribuiram para esta situação. O caso de Burret foi mais grave pois muitos dos Holotipos das espécies que descreveu e que se encontravam depositados no Herbário de Berlim foram destruídos durante a II Guerra Mundial.

Wessels Boer (1968), produziu o mais esclarecedor trabalho sobre o gênero e, pioneiramente (desde seu Palmeiras Indígenas do Suriname, 1965), colocou dezenas de espécies mal descritas, tanto sob a ótica da sistematica quanto sob o ponto de vista conceitual, como sinonímias. Embora muito criticado, ainda se constitui no mais valioso instrumento de consulta atualmente disponível.

Henderson (1993) admite cerca de 80 espécies em toda América tropical e comenta que as flores pistiladas e estaminadas são extremamente variáveis, podendo servir para dividir o gênero em várias seções. Contudo, em razão do seu tamanho e inacessibilidade (nos alvéolos), o valor prático das mesmas na identificação das espécies fica muitas vezes comprometido.

Acreditamos que 8 espécies podem ser encontradas no Acre. A elaboração da chave de identificação das mesmas foi feita baseando-se unicamente nos exemplares coletados no Acre e disponíveis em Herbários (UFAC, NY e INPA), que não expressam, em alguns casos, toda a gama de variabilidade que algumas delas apresentam em outras regiões da Amamzônia. Nos referimos a G. macrostachys, G. maxima e G. stricta que são espécies muito variáveis em algumas das suas principais características morfológicas (forma e dimensão da folha e dimensão da inflorescência), o que certamente exigirá uma atualização da chave na medida em que aumentarem o número de coleções para as mesmas.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE GEONOMA

1. Inflorescência espigada; profilo e bráctea peduncular alongados frequentemente persistindo aderidos ao pedúnculo.

2. Estipe cespitoso; pedúnculo da inflorescência curto, com ca. da metade ou menos do comprimento da raque, usualmente completamente envolvido pelo profilo e bráctea peduncular

............................................................................................................................. 8. G. stricta

2. Estipe solitário; pedúnculo da inflorescência alongado, com até 5 vezes o comprimento da raque; profilo e bráctea peduncular usualmente envolvendo 2/3 ou menos do comprimento total do pedúnculo.

3. Alvéolos florais arranjados em espirais bem espaçadas; inflorescência usualmente de cor vinho na antese ............................................................................................... 2. G. brongniartii 3. Alvéolos florais arranjados em espirais adensadas; inflorescência usualmente de cor vermelha ou esbranquiçada na antese.

4. Acaulescente; ápice da inflorescência aristado, estéril, às vezes retorcido

.................................................................................................................... 7. G. macrostachys

4. Estipe usualmente aéreo com até 1.8m de comprimento e 5.1cm de diâmetro; ápice da inflorescência agudo e fertil ................................................................................. 3. G. camana

1. Inflorescência ramificada; profilo e bráctea peduncular curtos e inflados, frequentemente decíduos.

5. Lâmina foliar inteira, bífida e longamente cuneada na base.

6. Inflorescência com pedúnculo alongado, até 13.5cm de comprimento; alvéolos florais dispostos em espiral espaçada, com bractéola basal proeminente ..................... 6. G. leptospadix

6. Inflorescência com pedúnculo curto, até 3.5cm de comprimento; alvéolos florais dispostos em fileiras ou trísticos, bractéola basal pouco proeminente...................................... 5. G. laxiflora

5. Lâmina foliar usualmente pinatisecta, ou mais raramente inteiras, largas e plicadas;

7. Frutos elípticos; alvéolo floral bilabiado, com brácteola basal bífida, a apical levemente emarginada ................................................................................................................ 8. G. maxima

7. Frutos globosos; alvéolo floral com bractéola basal inteira, a apical obscura.

8. Pinas fortemente sigmóides, usualmente estreitas

profilo e bráctea peduncular alongados, com ca. 18cm .............................. 1. G. acreana

8. Pinas falcadas ou menos frequentemente inteiras, largas e plicadas; profilo e bráctea peduncular curtos, com ca. de 10cm de comprimento ............................................. 4. G. deversa

1. Geonoma acreana A. Henderson (esp. nov.)

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: cespitoso, 2-5m de comprimento, 2.5-3cm de diâmetro. FOLHAS: 9-14; bainha 20-23cm de comprimento; pecíolo 31-60cm de comprimento; raque 70-95cm de comprimento; pinas 10-19 por lado da folha, sigmóides, firmementes dispostas em 1 plano; as medianas com 26-33cm de comprimento e 3-4cm de largura, as nervuras formando um ângulo de 40-70° com a raque. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, ramificada; pedúnculo 6cm de comprimento; profilo e bráctea peduncular similares, com até 18cm de comprimento; raque 14-16cm de comprimento; pelo menos 30 raquilas, 28-30cm de comprimento, 2-3 vezes ramificadas; álveolos florais dispostos em tristicos ou espiral apenas na base da raquila, com a bractéola basal visível e a apical obscura.

FLORES: estaminadas (em botão) com 2.5mm de comprimento, sépalas e pétalas lanceoladas, 6 estames, com filamentos brevemente inflexados apicalmente e tecas longas e livres; flores pistiladas (em botão) com 2mm de comprimento, 3 sépalas ovadas e 3 pétalas; tubo estaminoidal dentado apicalmente. FRUTOS: 6mm de comprimento, 5.5mm de diâmetro; forma globosos a elipsóides; epicarpo de coloração negra quando maduro.

Até agora só conhecida do vale do rio Juruá, recém-descrita com espécimens oriundos do rio Azul e rio Môa.

HABITAT E ECOLOGIA

Típica de floresta de terra firme.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 73° 38'W; 7° 25'S, 16.10.89 (fl), A. Henderson et al 1143 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, logo acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 10'W, 13.02.92 (fr), A. Henderson et al 1679 (NY); Mâncio Lima, 10min. acima da boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92 (fl, fr), A. Henderson et al 1684 (Isotipo, NY); Mâncio Lima, rio Azul, Ser. "Bom Sossêgo", 7° 45'S; 73° 20'W, 21-30.09.85 (fl), J. Jangoux et al 85-070 (NY); Cruzeiro do Sul, Proj. Ass. Sta. Luzia, km 40 BR-364, 7° 08'S; 72° 33'W, 15.10.87 (fl imat.), J. Pruski et al 3484 (NY).

2. Geonoma brongniartii Mart.

Sinonímias: [Geonoma werdermannii Burret]. [Geonoma cuneifolia Burret].

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: usualmente solitário, curto e subterrâneo ou mais raramente aéreo com 2m de comprimento e 3.5cm de diâmetro. FOLHAS: 7-13; pinatisectas ou mais raramente inteiras; bainha 16.3cm de comprimento; pecíolo 62.5-101.3cm de comprimento; raque 41-71.5cm de comprimento; 2-8 pinas por lado, às vezes irregularmente espaçadas, com larguras variadas, as apicais frequentemente mais largas que as demais e as medianas com 25-28cm de comprimento e 4-11cm de largura; as nervuras formando um ângulo de 40-60° com a raque.

INFLORESCêNCIA: intrafoliar, espigada, usualmente com coloração vinho; pedúnculo 23.7-76.5cm de comprimento; profilo 21-32.5cm de comprimento; bráctea peduncular 31cm de comprimento inserida cerca de 6cm acima da base do pedúnculo; raque 23 (valor aproximado) até 42.8cm de comprimento, o ápice com 2cm de comprimento é estéril, marcadamente acuminado; os alvéolos florais estão arranjados em espiral aberta, raramente fechada; bractéola basal proeminente, bífida, a apical levemente emarginada. FLORES: estaminadas (imaturas) com 2.5mm de comprimento, sépalas linear-ovadas, pétalas ovadas, 6 estames, filamentos muito brevemente inflexado apicalmente, com 2 tecas longas, livres; pistilódio muito pequeno; flores pistiladas com 4.5mm de comprimento na antesis, incluindo os estigmas projetados fora do perianto, sépalas e pétalas lanceoladas-ovadas; tubo estaminoidal dentado no ápice. FRUTOS: 5-7mm de diâmetro; forma globoso-elipsóide; epicarpo de coloração negra ou azul escuro quando o fruto está maduro.

Encontrada no oeste da região Amazônica: Peru, Bolívia, Colombia e Brasil (Acre e Amazonas). No Acre foi coletada nos Municípios de Cruzeiro do Sul, Thaumaturgo, Porto Valter e Tarauacá.

HABITAT E ECOLOGIA

As observações das informações existentes em rótulos de exemplares em Herbário indicam que esta espécie pode crescer sem maiores problemas em lugares sujeitos a inundações temporárias, em altitudes inferiores aos 500-600m. De fato, tivemos a oportunidade de observar, em uma floresta de terra firme adjacente às margens do igarapé Visêu (tributário do rio Juruá), que G. brongniartii podia formar concentrações importantes em áreas úmidas próximas a pequenos igarapés que frequentemente transbordam no período chuvoso.

Pode ser distinguida por sua inflorescência (usualmente espigada) de coloração vinho-escuro, contrastando fortemente com as flores de coloração creme distribuídas em espiriais espaçadas e pelo seu estipe curto ou subterrâneo.

Exemplares representativos: Cruzeiro do Sul, rio Juruá, acima da cidade, Boa Vista, 8° S; 73° 15'W, 06.02.92 (fl), A. Henderson et al 1649 (NY); Porto Valter, igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 07.02.92 (fl), A. Henderson et al 1652 (NY); Tarauacá, km 18 da BR-364 em direção a Feijó, 17.09.68 (fl), G. T. Prance et al 7319 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, entre os igarapés Ipiranga e Aquidabã, 18.04.71 (fr), G. T. Prance et al 12038 (NY).

 

3. Geonoma camana Trail

Sinonímias: [Taenianthera camana (Trail) Burret]. [Geonoma lagesiana Dammer; Taenianthera lagesiana (Dammer) Burret].

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: solitário, curto com 25-180cm de comprimento, inclinado, ou menos frequentemente subterrâneo, 3.4-5.1cm de diâmetro, cicatrizes foliares proeminentes, entre nós curtos e congestos, usualmente com um cone de raízes na base até 20cm de altura. FOLHAS: 5-15; bainha 6-24.5cm de comprimento; pecíolo 33-180cm de comprimento; lâmina foliar alongada com 1-1.23m de comprimento e 16-27 pares de pinas com 1.5-3cm de largura na porção mediana, as do ápice ainda mais largas; ou lâmina foliar mais curta com 77-97cm de comprimento e 2-4 pares de pinas com 20-22cm de largura, às vezes intercaladas com poucas pinas estreitas de 2.2cm de largura; em ambos os casos as pinas, de forma sigmóide, estão regularmente arranjadas e dispostas em 1 plano; pinas com coloração verde claro na superfície abaxial e verde escuro na adaxial; as pinas mais estreitas apresentam 1 nervura central e 2 laterais, sub-marginais, bem proeminentes, formando um ângulo de 40-70° com a raque. INFLORESCêNCIA: intrafoliar ou infrafoliar, espigada; pedúnculo 20-45cm de comprimento; profilo menor que a bráctea peduncular; bráctea peduncular 35cm de comprimento; raque com 14-37.5cm de comprimento; alvéolos florais arranjados em espirais adensadas, com proeminente e bífida bractéola basal; a apical levemente emarginada. FLORES: estaminadas com 3mm de comprimento (imaturas), sépalas oblanceoladas e pétalas obovadas, 6 estames, filamentos com 2 tecas longas e livres; flores pistiladas com 2.5mm de comprimento (imaturas), sépalas oblanceoladas e pétalas obovadas, com tubo estaminoidal digitadamente lobado no ápice. FRUTOS: 1.3cm de comprimento; forma elipsóide; epicarpo negro ou negro-arroxeado.

Encontrada no oeste da bacia Amazônica, incluindo a Colombia, Equador, Peru (Loreto) e Brasil (Acre e Amazonas). No Acre foi encontrada no vale do Juruá.

HABITAT E ECOLOGIA

No igarapé Humaitá, nas proximidades de Porto Valter, encontramos plantas muito vigorosas crescendo sobre solos arenosos e sujeitos a inundações temporárias nos bordos de uma campina.

Na Amazônia de uma maneira geral tem sido observada em altitudes inferiores a 400m (Henderson, 1993), o que parece indicar que sua distribuição está restrita às florestas das planícies sedimentares das imediaçoes andinas na Colômbia, Equador, Peru e Brasil.

Quando bem desenvolvida pode ser facilmente distinguida pelas suas folhas com longo pecíolo, usualmente maiores que a raque, cujas pinas são marcadamente sigmóides. A inflorescência é espigada, o pedúnculo fino, a raque engrossada com as flores em alvéolos bem adensados. Em alguns casos, especialmente quando é acaule e as folhas apresentam poucas pinas, pode ser confundida com Geonoma macrostachys var. acaule, de quem pode ser facilmente separada pela inflorescência com ápice estéril, agudo, às vezes retorcido.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

Na Colombia é usada para a extração de sal depois de queimada, cozida e filtrada (Galeano, 1992). Pio Corrêa (1984), afirma que os frutos, quando fermentados, produz uma bebida ácida consumida pelos indígenas e o estipe é usado para acender fogo.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Proj. Col. São Pedro,

04.02.92 (fl), E. Ferreira 111 (UFAC); Porto Valter, Igarapé Humaitá (tributário do rio Juruá), 2 1/2 horas acima da boca,

8° 17'S; 72° 47'W, 22.03.92 (fl, fr), E. Ferreira 178 (UFAC); Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fl), A. Henderson et al 1106 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, acima da Serra do Môa, próximo ao igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14.10.89 (fl), A. Henderson et al 1128 (NY); Porto Valter, igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 08.02.92 (fr), A. Henderson et al 1661 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92 (fl), A. Henderson et al 1690 (NY); Mâncio Lima, rio Azul, Ser. Bom Sossêgo, 7° 45'S; 73° 20'W, 01-02.10.85 (fl), J. Jangoux et al 85-076 (NY).

4. Geonoma deversa (Point.) Kunth

Sinonímias: [Gynestum deversum Point.]. [Geonoma desmarestii C. Martius]. [Geonoma microspatha Spruce; Geonoma paniculigera var. microspatha (Spruce) Trail]. [Geonoma microspatha var. pacimoensis Spruce]. [Geonoma paniculigera var. papyracea Trail. Geonoma paniculigera var. cosmiophylla Trail. Geonoma paniculigera var gramineifolia Trail]. [Geonoma trijugata Barb. Rodr.]. [Geonoma yauaperyensis Barb. Rodr.]. [Geonoma myriantha Dammer]. [Geonoma leptostachys Burret]. [Geonoma macropoda Burret]. [Geonoma major Burret]. [Geonoma Killipii Burret].

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: cespitoso (3-10) ou às vezes aparentando solitário, 1.4-4m de comprimento e 1-2.2cm de diâmetro. FOLHAS: 6-11; bainha 10-16.5cm de comprimento, membranácea-fibrosa nas margens; pecíolo 10-82cm de comprimento; raque 32-80cm de comprimento; pinas de formas muito variáveis, tipicamente com 3 por lado, largas ou estreitas, falcadas com ápice filiforme, as medianas com 24.5-49cm de comprimento e 0.7-5.5cm de largura; as nervuras formam um ângulo de 35° com a raque; faixas de tomentos marrons em nervuras alternadas na face abaxial. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, ramificada; pedúnculo 3.5-12cm de comprimento; profilo 4cm de comprimento; bráctea peduncular 3.5-4cm de comprimento; profilo e bráctea peduncular curtos, inflados e decíduos, com ca. de 10cm de comprimento; raque 6-12cm de comprimento; raquilas 10-16, 7.5-17cm de comprimento, simples ou ramificada, raramente com ramificação de 3a. ordem, sustentadas por pequenas bractéolas basais; os alvéolos florais estão arranjados em verticilos bem distintos, ou ocasionalmente espiralados na base e decussados no ápice das raquilas. FLORES: nascendo em alvéolos florais com brácteola basal bifida, evidente, a apical evidente ou obscura (A. Henderson et al 1673); flores estaminadas com 2.5mm de comprimento, sépalas e pétalas ovadas, 6 estames, filamentos inflexados apicalmente com 2 conectivos e 2 tecas livres; pistilóide na base do tubo; flores pistiladas com 4mm de comprimento na antesis, incluindo os estigmas projetados para fora do perianto; sépalas e pétalas ovadas, tubo estaminoidal dentado. FRUTOS: 5mm de diâmetro; epicarpo negro-arroxeado na madurez.

Pode ser encontrada desde a América Central até o sul da Bolívia, incluindo toda a Amazônia brasileira até o Mato Grosso. No Acre está presente, com maior ou menor frequência, em todos os Municípios.

HABITAT E ECOLOGIA

Provavelmente a mais amplamente dispersa e comum das espécies do gênero. Cresce em floresta de terra firme ou, menos frequentemente, em áreas de várzeas. No vale do rio Acre pode formar concentrações exepcionais no sub-bosque de florestas de terra firme, como pudemos observar nos Seringais "Porongaba" (Brasiléia) e "Dois Irmãos" (Xapurí). Estas concentrações podem ser contínuas e estender-se por alguns kilômetros. São tão importantes na fisionomia da floresta local que os habitantes costumam chamá-las de "mata de ubim". Os Seringueiros afirma que a presença desta espécie dominando o sub-bosque da floresta indica solos "fracos" para a agricultura. Foster Brow (comunicação pessoal), mediu o pH de solos sob esta vegetação no Seringal "Dois Irmãos" e obteve valores próximos a ........, que indica alta acidez.

 

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Folhas:

O único uso que pudemos observar para esta espécie foi o aproveitamento das folhas na cobertura de habitações. Kainer & Duryea (1992), reportam o mesmo aproveitamento no Seringal Cachoeira, nas proximidades de Xapurí. é, juntamente com Lepidocarium tenue ("Canaraí"), a mais durável entre todas as folhas de palmeiras usadas para este fim.

O preparo de coberturas com o uso das folhas desta espécie pode ser resumido da seguinte maneira:

i) As folhas são selecionadas dando-se preferência àquelas que não estejam danificadas e apresentam 3 pares de pinas. Em seguida são colhidas cortando-se o pecíolo logo acima da bainha.

ii) Para preparar os "panos" (1), utiliza-se a raque de folha de "Jarina" (Phytelephas macrocarpa), onde o pecíolo das folhas de "ubim" são dobrados a cada .....cm., formando uma lâmina uniforme.

iii) Em seguida é feita a montagem dos "panos" na cobertura utilizando-se pregos ou simplesmente amarrando-os com "enviras" (casca de Anonaceas). Quanto maior a quantidade de "panos" mais durável e impermeável será a cobertura.

Como são necessárias muitas folhas para preparar uma cobertura, só é viável a coleta em lugares onde haja uma densidade grande de plantas. Em alguns casos, os coletores costumam cortar os estipes para depois colher as folhas. Embora possa parecer uma prática irracional, normalmente prevalece o bom senso dos habitantes locais que sabem que as plantas são multicaules e sempre existe um rebento menor pronto para substituir o que foi eliminado.

Outras regiões:

As folhas são usadas na cobertura de habitações (Braun & Chitty, 1987; Balslev & Moraes, 1989). Galeano (1992), afirma que podem durar de 1 a 4 anos desde que sejam previamente "defumadas". Toda a planta é usada para extrair sal, depois de queimada, cozida e filtrada.

Exemplares examinados: Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Já Começa", 10° 38'S; 68° 15'W, 05.11.91 (fr), E. Ferreira et al 71 (UFAC); Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Já Começa", transecto, 10° 38'S; 68° 15'W, 05.11.91 (fl), J. Bandeira 03 (UFAC); Mâncio Lima, Proj. Col. São Pedro, 04.02.92 (fl), E. Ferreira 110 (UFAC);

Mâncio Lima, Estrada do Izaque, ca. 7km da cidade, 25.03.92 (fr), E. Ferreira 181 (UFAC); Rodrigues Alves, Igarapé Valparaiso, 8° 3'S; 72° 12'W, 10.02.92 (fl), A. Henderson et al 1673 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km a oeste da cidade, "Campina", 7° 40; 72° 55'W, 17.02.92 (fl), A. Henderson et al 1705 (NY); Xapuri, Ser. "Cachoeira", Col. "Altamira", 09.09.89 (fl), M. Pinard 808 (UFAC, NY); Brasiléia, km 13 em direção a Assis Brasil, 02.11.80 (fr), S. R. Lowrie et al 690 (NY).

5. Geonoma laxiflora Mart.

Sinonímias: [Geonoma laxiflora var. depauperata Trail].[Geonoma beccariana Barb. Rodr.].

Nome vulgar: "Ubim da várzea"

ESTIPE: cespitoso, com aspecto de bambu, algumas vezes formando grandes colonias, ereto ou inclinado, até 4m de comprimento, 0.8-1cm de diâmetro. FOLHAS: 6, concentradas no ápice do estipe; bainha 5-6cm de comprimento, enlarguecidas em margens fibrosas-membranáceas; pecíolo 2.2-4cm de comprimento; lâmina foliar inteira, profundamente bífida, cuneada na base, com 14-21cm de comprimento; as nervuras formam um ângulo de 25° com a raque. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, usualmente múltipla, ramificada; pedúnculo 3-3.5cm de comprimento; profilo 3-3.5cm de comprimento (em botão); bráctea peduncular ligeiramente mais curta que o profilo; ambas com forma ligeiramente inflada e prematuramente decíduos; raque 2-3.5cm de comprimento; raquilas 3-7, ca. 15-23cm de comprimento, simples ou ocasionalmente bifurcada na base, enroladas e dobradas na bráctea; alvéolos florais em verticilos ou menos frequentemente em espiral espaçada, com bractéola basal e apical proeminentes e inteiras.

FLORES: estaminadas com 3.5mm de comprimento na antesis, incluindo os estames projetados para fora do perianto; sépalas obovada, pétalas obovadas, 6 estames; os filamentos inflexados apicalmente, com 2 conetivos e 2 tecas livres; flores pistiladas com 3mm de comprimento, sépalas e pétalas semelhantes às das flores estaminadas; tubo estaminoidal dentado no ápice. FRUTOS: 8mm de comprimento, 7mm de diâmetro;

forma globosa-elipsóide; epicarpo de cor azulada-enegrecida

quando maduro.

Distribuída no Oeste da bacia Amazônica, incluindo a Colombia, Equador, Peru (Loreto), Bolívia (Pando) e Brasil (Acre e Amazonas).

HABITAT E ECOLOGIA

No Acre tem sido encontrada com mais frequência em áreas de várzeas ou margens de cursos de água sujeitas a inundações.

Pode ser distinguida facilmente pelo seu estipe muito delgado, inclinado, com aspecto de bambú, as folhas bífidas concentradas no ápice, e o hábito gregário, chegando a formar grandes colônias.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Rio Môa, próximo a Redenção, 7° 10_; 72° 45, 08.10.89 (fr), A. Henderson et al 1100 (NY); Mâncio Lima, Rio Môa, próximo ao Barão, 7° 25'S; 73° 55'W, 09.10.89 (fl), A. Henderson et al 1102 (NY); Cruzeiro do Sul, 2-4km a oeste da cidade, 24.10.66 (fr), G.T. Prance et al 2766 (NY).

 

6. Geonoma lepdospadix Trail

Sinonímias: Geonoma saramaccana Bailey

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: solitário, com 52cm de comprimento e 1.3cm de diâmetro, entre-nós curtos, com ca. de 1.5cm de comprimento; FOLHAS: 16, inteiras, concentradas no ápice do estipe; bainha com 10cm de comprimento; pecíolo 7cm de comprimento e raque com 40cm de comprimento. INFLORESCêNCIA: intrafoliar (3), ramificada; pedúnculo com 13.5cm de comprimento; profilo 7cm de comprimento; bráctea peduncular 5cm de comprimento; raque 2cm de comprimento; raquilas 3, com até 13.5cm de comprimento, de coloração avermelhada na frutificação; alvéolos florais arranjados em espiral bem espaçada, 0.5-0.7mm de distância um do outro; bractéola basal muito proeminente, formando uma estrutura similar a um 1/2 cálice que inclui a bractéola apical. FLORES: estaminadas não vistas; flores pistiladas não vistas. FRUTOS: 0.6mm de diâmetro; forma globosa; epicarpo negro quando o fruto está maduro.

Amplamente distribuída na bacia Amazônica e áreas adjacentes (Henderson, in press), sendo encontrada na Colômbia, Guianas, Venezuela, Peru (Junín, Loreto, Pasco, Ucayali), Bolívia (Beni) e Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima).

HABITAT E ECOLOGIA

Encontrada nas proximidades de Mâncio Lima em floresta de terra firme. Henderson (in press), afirma que esta é uma espécie rara em elevações superiores a 1.200m.

é uma espécie distinta pela suas múltiplas inflorescências, mais ou menos eretas, com poucas raquilas delgadas e os alvéolos florais dispostos muito espaçadamente.

Embora tenha sido encontrada com estipe solitário, em outras regiões da Amazônia pode se apresentar cespitosa (Galeano, 1992), e com lâmina foliar dividida em poucos segmentos largos (Wessels Boer, 1967).

Exemplar representativo: Mun. Mâncio Lima, estrada do Izaque, ca. 7km da cidade. Floresta primária, terra firme, 25.03.92 (fr), E. Ferreira 186 (UFAC, NY).

7. Geonoma macrostachys Martius

Sinonímias: [Taenianthera macrostachys (Mart.) Burret; Geonoma woronowii Burret]. [Geonoma acaulis Martius; Taenianthera acaulis (Martius) Burret. Geonoma acaulis subesp. tapajotensis Trail; Geonoma tapajotensis (Trail) Drude; Taenianthera tapajotensis (Trail) Burret. Taenianthera gracilis Burret. Taenianthera oligosticha Burret. Taenianthera minor Burret].

Nome vulgar: "Ubim", "Ubim de pendão"

ESTIPE: solitário, curto e subterrâneo, com altura total, incluindo as folhas, de ca. 1.2m. FOLHAS: 4-14; bainha 13-25cm de comprimento; pecíolo 62-100cm de comprimento; raque 25-105cm de comprimento; folha inteira, muitas vezes longa, cuneada na base e profundamente bífida no ápice, ou folha pinada com 2-12 pinas por lado, linear a sigmóides, as medianas com 15-54cm de comprimento, 2.5-7cm de largura, as nervuras formando um ângulo de 10-60° com a raque. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, espigada; pedúnculo com 35-115cm de comprimento; profilo 5-16cm de comprimento; bráctea peduncular 15-35cm de comprimento; raque 6-28cm de comprimento, alongando-se entre a antesis e a frutificação; alvéolos florais arranjados em espiral bem fechada, às vezes tocando uma na outra, ou aberta; bractéola basal bífida e apical pequena. FLORES: estaminadas com 3.5-6mm de comprimento, sépalas e pétalas ovadas, 6 estames, filamentos inflexados apicalmente com o conectivo não aberto e 2 tecas livres; pistilóide muito pequeno; flores pistiladas com 3-6mm de comprimento, sépalas lanceoladas; anel estaminoidal digitadamente lobado no ápice. FRUTOS: 8-12mm de comprimento e 7-8mm de diâmetro; forma globosa a elipsóide; epicarpo negro quando o fruto está maduro.

Encontrada no oeste da bacia Amazônica, incluindo a Colômbia, Venezuela, Equador, Peru (Huanuco, Junin, Loreto, Madre de Dios, Pasco, San Martin, Ucayali), Bolívia (Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas e Pará).

HABITAT E ECOLOGIA

Distribuida em todo o Estado, podendo ser encontrada em florestas primárias e secundárias, em terra firme ou áreas de várzea, inclusive na serra do Môa (ca. 350m).

G. macrostachys, G. acaulis e G. pointeauana são muito similares entre sí, diferindo na forma da lâmina foliar (inteira ou pinadas), dimensão da raque floral e arranjo dos alvéolos onde nascem as flores (em espirais mais ou menos adensados). Estas diferenças não são significativas para a separação de espécies e Henderson (1993), considerou-as uma só espécie, G. macrostachys, com três variedades: G. macrostachys var. acaulis, G. macrostachys var. macrostachys e G. macrostachys var. pointeauana.

Somente a G. macrostachys var. acaulis foi encontrada no Acre. Caracteriza-se pela sua inflorescência espigada com um longo pedúnculo que pode ter mais que o triplo do comprimento da raque, que por sua vez pode apresentar cor avermelhada contrastando com os frutos negros durante a frutificação. O hábito é predominantemente acaule e as folhas são marcadamente eretas, divididas em poucas pinas largas e quase sigmóides.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões

As folhas, embora de boa qualidade, só ocasionalmente são usadas na cobertura de habitações (Galeano, 1992). Em outros Estados do Brasil são cultivadas como ornamentais e as folhas são usadas na cobertura de casas (Pio Corrêa, 1984).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fl), A. Henderson et al 1110 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fl), A. Henderson et al 1115 (NY); Mâncio Lima, Serra do Môa, 350m, 12.10.89 (fl), A. Henderson et al 1121 (NY); Porto Valter, igarapé Visêu, 8° 20'S; 72° 15'W, 07.02.92 (fl), A. Henderson et al 1651 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, logo acima da boca do rio Azul, 7° 25_; 73° 10'W, 13.02.92 (fl), A. Henderson et al 1680 (NY); Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Já Começa", 10° 38'S; 68° 15'W, 08.11.91 (fr), E. Ferreira et al 87 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Col. "10 praias", 8° 58'S; 72° 41'W, 10.03.92, E. Ferreira 112 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Col. "10 praias", 8° 58'S; 72° 41'W, 10.03.92, E. Ferreira 113 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, 8° 55'S; 72° 43'W, 11.03.92, E. Ferreira 125 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, 8° 58'S; 72° 43'W, 13.03.92, E. Ferreira 136 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, 9° 12'S; 72° 14'W, 17.03.92, E. Ferreira 163 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, 9° 12'S; 72° 14'W, 18.03.92, E. Ferreira 165 (UFAC); Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Dois Irmãos", 10° 38'S; 68° 15'W, 23.04.93 (fr), E. Ferreira 193 (UFAC); Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Morada Nova", 10° 38'S; 68° 15'W, 16.03.93, J. Bandeira 05 (UFAC); Xapurí, Ser. "Dois Irmãos", Col. "Morada Nova", 10° 38'S; 68° 15'W, 17.03.93, J. Bandeira 08 (UFAC); Cruzeiro do Sul, rio Môa, Estação de Agricultura do Governo, 15km da cidade, 25.10.66 (fl), G.T. Prance et al 2801 (NY); Cruzeiro do Sul, Est. da Alemanha, 14.04.71 (fl), G.T. Prance et al 11835 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, entre República e Serra do Môa, 19.04.71, G.T. Prance et al 12092 (NY); Cruzeiro do Sul, Proj. Col. Sta. Luzia, km 45 da BR-364, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14.09.85 (fr), J. Jangoux et al 85-029 (NY); Mâncio Lima, rio Azul, Ser. Bom Sossêgo, 7° 45'S; 73° 20'W, 01-02.10.85 (fr), J. Jangoux et al 85-075 (NY); Sena Madureira, próximo à boca do rio Macauã, 9° 20'S; 69° 00'W, 08.08.33 (fl), B.A. Krukoff 5361 (NY); Xapuri, Ser. "Cachoeira", Col. "Altamira", 09.09.89 (fr), M. Pinard 807 (UFAC, NY); Porto Valter, rio Juruá-Mirim, Porongaba, 16.05.71 (fl), P. Maas et al P13024 (NY); Porto Valter, rio Juruá-Mirim, Aldeota, 23.05.71 (fl), P. Maas et al P13268 (NY);

7. Geonoma maxima (Point.) Kunth

Sinonímias: [Gynestum maximum Point. Geonoma ambigua Spruce. Geonoma discolor Spruce. Geonoma hexasticha Spruce. Geonoma negrensis Spruce. Geonoma shomburgkiana Spruce. Geonoma bijugata Barb. Rodr. Geonoma brachyfoliata Barb. Rodr. Geonoma capanemae Barb. Rodr. Geonoma falcata Barb. Rodr. Geonoma speciosa Barb. Rodr. Geonoma spruceana Trail. Geonoma huebneri Burret. Geonoma latisecta Burret. Geonoma robusta Burret. Geonoma camptoneura Burret. Geonoma insignis Burret]. [Geonoma juruana Dammer. Geonoma longisecta Burret].

Nome vulgar: "Ubim", "Ubim no céu", "Ubim cavalo", Ubim-açú"

ESTIPE: cespitoso (10); 2.13-5.63m de comprimento e 1.5-2.5cm de diâmetro, entre-nós com 7-12cm de comprimento. FOLHAS: 6-12; bainha 5-25cm de comprimento; pecíolo 30-64cm de comprimento; raque 27.5-89.5cm de comprimento; lâmina foliar com 2 pinas por lado ou inteira, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano; fortemente plicadas, falcadas ou quase sigmóides; às vezes pinas estreitas intercaladas com outras mais largas; a apical usualmente mais larga; com 42.5-58cm de comprimento e 6-11cm de largura; as nervuras formam um ângulo de 5-60° com a raque. INFLORESCêNCIA: geralmente infrafoliar, menos frequentemente intrafoliar ou ambas as formas na mesma planta; ramificações de 1a. e 2a. ordem, neste último caso com as raquilas 1as. estéreis, podendo se apresentar de cor laranja-avermelhada na antese; pedúnculo 5-15cm de comprimento; profilo 12.5-13.5cm de comprimento; bráctea peduncular ca. 12cm de comprimento; profilo e bráctea peduncular decíduos, mais ou menos iguais no ápice; raque 6-8.5cm de comprimento; 9-39 raquilas com 7-17cm de comprimento; alvéolos florais arranjados em espirais espaçadas, a bractéola basal proeminente e bífida, a apical levemente elevada. FLORES: estaminadas com 4.5mm de comprimento na antesis, incluindo os estames projetados para fora do perianto; sépalas e pétalas ovadas ou linear-lanceoladas, 6 estames; filamentos muito brevemente inflexados apicalmente com 2 tecas longas e livres; pistilóide no topo do tubo dos filamentos; flores pistiladas com 5mm de comprimento na antesis, incluindo os estigmas projetados para fora do perianto; sépalas ovadas-lanceoladas e pétalas ovadas; tubo estaminoidal digitadamente lobado no ápice, com os dígitos visivelmente espalhados na antesis. FRUTOS: 1-1.8cm de comprimento, 0.8-1.5cm de diâmetro; forma globosa a elipsóide; espicarpo amarelo-esverdeado ou laranja-esverdeado, ficando negro quando o fruto está maduro.

Amplamente distribuída na bacia Amazônica, incluindo as Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios), Bolívia (Beni, Pando) e Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia).

HABITAT E ECOLOGIA

Embora não seja tão comum como G. deversa, parece estar bem distribuída em todo o Estado, já tendo sido encontrada no vale do Juruá e do Acre. Cresce no sub-bosque de florestas densas de terra firme sobre solos bem drenados, inclusive em "Campinas" onde os solos são extremamente arenosos. Em outras regiões da Amazônia já foi coletada em altitudes de até 1.000m. Na Bolívia Boom (1987), encontrou a espécie crescendo em floresta secundária avancada.

Henderson (1993), ao contrário de W. Boer (1968), optou por considerar G. maxima uma superespécie, com quatro variedades: chelidonura, maxima, juruana e spixiana, amplamente distribuída e extremamente variável na morfologia das folhas e, em menor grau, da inflorescência, o que parece ser a decisão mais sensata, pois as variações que outras espécies afins apresentam em relação a G. maxima (porte, forma das folhas e arranjo dos alvéolos florais), nos parecem mais típicas de variedades ecologicamente adaptadas a diferentes ambientes que de espécies distintas.

No Acre só foi encontrada a variedade juruana, proposta com base em G. juruana que Dammer (1907) descreveu apartir de amostras coletadas por Ulei (1901) no rio Juruá-Mirim. Se caracteriza por seu estipe usualmente cespitoso, alongado, e por suas folhas com dois pares de pinas largas, de cor verde-escuro brilhoso na face adaxial, às vezes com umas poucas pinas estreitas intercaladas com as mais largas (ou lâmina inteira), porém nunca folha tipicamente pinada como ocorre na variedade maxima.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões

a) Folhas e estipe:

Entre indígenas da Colômbia as folhas podem ser usadas na cobertura de habitações e os rebrotes, depois de queimados, cozidos e filtrados são usados para a extração de sal vegetal que é misturado com pasta de tabaco (Gaelano, 1992). Na Bolívia (Boom, 1988; Balslev & Moraes, 1989), o estipe é usado na confecção de flechas e as folhas na cobertura de habitações, especialmente entre indígenas. No Peru (Denevan & Treacy, 1987), também se extrai sal vegetal das folhas.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Serra do Môa, 350m, 12.10.89 (fl, fr), A. Henderson et al 1122 (NY); Mâncio Lima, estrada para Cruzeiro do Sul, 19.10.89 (fl), A. Henderson et al 1149 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, próximo à boca do rio Azul, 7° 25'S; 73° 15'W, 14.02.92 (fl, fr), A. Henderson et al 1687 (NY);

Mâncio Lima, ca. 5km a oeste da cidade, Campina, 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92 (fr), A. Henderson et al 1712 (NY); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, 9° 12'S; 72° 14'W, 14.03.92, E. Ferreira 148 (UFAC); Taumathurgo, R.E. Alto Juruá, m.e. do rio Juruá, Ser. São João, Col. Tapaúna, 9° 12'S; 72° 14'W, 18.03.92, E. Ferreira 164 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Caco de Cuia, 20.09.89 (fl), M. Pinard 837 (NY, UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Nova Fazendinha, 10.11.89 (fl, fr), M. Pinard 859 (NY, UFAC).

8. Geonoma stricta (Pointeau) Kunth

Sinonímias: [Gynestum strictum Pointeau. Geonoma maguirei Bailey]. [Geonoma eleganas var. amazonica Trail; Geonoma trailii Burret]. [Geonoma piscicauda Dammer. Geonoma trauniana Dammer. Geonoma witiana Dammer. Geonoma raimondii Burret. Geonoma lanceolata Burret. Geonoma bella Burret. Geonoma hertae Burret]. [Geonoma pycnostachys Martius].

Nome vulgar: "Ubim"

ESTIPE: cespitoso, 0.1-2m de comprimento, 0.5-1cm de diâmetro, entre-nós com 2-6cm de comprimento, cupulares; ocasionalmente procumbente e enraizado, algumas vezes formando grandes agrupamentos. FOLHAS: 5-8; esparsamente distribuídas na porção superior do estipe; bainha 6-19cm de comprimento; pecíolo 14-32cm de comprimento; bainha, pecíolo e raque usualmente tomentosas a glabrescente; raque 16.5-54cm de comprimento; lâmina foliar inteira ou pinada; quando inteira com 14-75cm de comprimento, 8-16cm de largura no ápice da raque, profunda ou fracamente bífida; as nervuras formando um ângulo de 20-30° com a raque; quando pinadas com 3-4 pinas por lado, mais ou menos sigmóides, uniformemente espaçadas; as medianas com 15-43cm de comprimento, 3-11cm de largura; as nervuras formando um ângulo de 40-60° com a raque. INFLORESCêNCIA: intra ou infrafoliar,

espigada; pedúnculo 4-18cm de comprimento; profilo 4-11.5cm de comprimento; bráctea peduncular, inserida ca. 1cm acima do profilo, reduzida; raque 6-17.5cm de comprimento, com tomentos de cor marrom na antese; os alvéolos florais arranjados fileiras verticais apertadas ou quase decusados, o lábio basal proeminente, o apical levemente elevado; flores estaminadas com 2.5-6mm de comprimento; sépalas ovadas-lanceoladas, pétalas ovadas e 6 estames; filamentos muito brevemente inflexado apicalmente, com 2 tecas longas e livres; pistilóide próximo do topo do tubo de filamentos; flores pistiladas com 4-5mm de comprimento na antesis, incluindo os estigmas projetados fora do perianto; sépalas e pétalas ovadas; tubo estaminoidal dentado no ápice. FRUTOS: 7-11mm de comprimento, 5-7mm de diâmetro; forma ovoide ou elipsóide; epicarpo de cor negra ou azul-escuro na madurez.

Amplamente distribuída nas Guianas, Venezuela, Colombia, Equador, Peru (Huanuco, Loreto, Madre de Dios, Pasco, San Martin, Ucayali), Bolívia (Cochabamba, Pando) e Brasil (Acre, Amazonas e Pará).

 

HABITAT E ECOLOGIA

Outra superespécie com grande variação na dimensão e formato da folha e dimensão da inflorescência. Henderson (1993), acredita que no Noroeste da Amazônia ela se apresenta pequena e com folhas inteiras, passando a ser de maior porte e com folhas pinadas no Sudoeste, com vários intermediários entre estes dois extremos.

No Acre encontramos plantas com variações extremas nas formas foliares e comprimento da inflorescência. A separação destas variações em espécies distintas demonstrou ser um trabalho inútil pois a descrição das espécies que mais se assemelham às mesmas não são flexíveis o suficiente para acomodar convincentemente todas as variáveis observadas nos exemplares atualmente disponíveis nos Herbários. Este é um problema decorrente da descrição de espécies novas com base em poucos exemplares coletados, muito comum até os dias de hoje.

Por este motivo a espécie foi dividida artificialmente em três variedades com base nas características das seguintes espécies: G. trailii, G. stricta e G. piscicauda.

CHAVE PARA AS VARIEDADES DE G. STRICTA:

1. Folhas pinadas, as pinas com largura similar, bem espaçadas; pinas com nervuras tipicamente sigmóides ................................................................................ 1. G. stricta var. trailii

1. Folhas inteiras, ou raramente com 2 pares de pinas de larguras diferentes, a apical mais larga; pinas com nervuras tipicamente lineares.

2. Lâmina foliar com margens paralelas, o ápice igual ou mais estreito que a base; apicalmente levemente bifida ....................................................................................... 2. G. stricta var. stricta

2. Lâmina foliar com margens desiguais, o ápice mais largo que a base; apicalmente profundamente bífida ........................................................................ 3. G. stricta var. piscicauda

Exemplares representativos

Geonoma stricta var. trailii:

Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fl), A. Henderson et al 1108 (NY); Cruzeiro do Sul, Proj. Col. Sta. Luzia, km 45 da BR-364, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14.09.85 (fl), J. Jangoux et al 85-001 (NY); Cruzeiro do Sul, Proj. Col. Sta. Luzia, km 45 da BR-364, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14.09.85 (fl), J. Jangoux et al 85-030 (NY); Mâncio Lima, rio Azul, Ser. Bom Sossêgo, 7° 45'S; 73° 20'W, 21-30.09.85 (fl), J. Jangoux et al 85-050 (NY).

Geonoma stricta var. stricta:

Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fl), A. Henderson et al 1105 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, acima da Serra do Môa, próximo ao igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14.10.89 (fl), A. Henderson et al 1132 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, logo acima da boca do rio Azul, 7° 25_; 73° 10'W, 13.02.92 (fl), A. Henderson et al 1682 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, entre República e Serra do Môa, 19.04.71 (fr), G.T. Prance et al 12093 (NY).

Geonoma stricta var. piscicauda:

Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11.10.89 (fr), A. Henderson et al 1112 (NY); Porto Valter, Rio Juruá-Mirim, 8° 7'S; 72° 40'W, 02.02.92 (fl), A. Henderson et al 1668 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km a oeste da cidade, Campina, 7° 40'S; 72° 55'W, 17.02.92 (fl), A. Henderson et al 1700 (NY); Mâncio Lima, Serra do Môa, próximo à escola, 01.05.71 (fl), P. Maas et al P12704 (NY).

 

HYOSPATHE Mart.

PORTE: palmeira monóica de pequeno porte. ESTIPE: solitário ou cespitoso com brotos basais, inerme, com entre-nós alongados, ereto ou rasteiro e enraizando nos nós. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha fechada e formando crownshaft; pecíolo e raque medianos; pinas regularmente ou irregularmente arranjadas, dispostas em um mesmo plano, ocasionalmente folha inteira. INFLORESCêNCIA: infrafoliar; pedúnculo originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque originando numerosas raquilas simples. FLORES: nascendo em tríades ou com derivação paterna; flores estaminadas pediceladas, sépalas unidas em um cálice tubular tri-lobado; 3 pétalas valvadas e livres, 6 estames em 2 verticilos de 3, o verticilo basal com os filamentos ligados com a base dos pistilódio e o superior na porção mediana; pistilódio presente; flores pistiladas pediceladas ou sésseis; 3 sépalas unidas em cálice cupular; 3 pétalas livres, imbricadas abaixo, brevemente valvadas no ápice; 6 estaminódios; gineceu sincárpico, unilocular, uniovulado. FRUTOS: numerosos; forma elipsóide a ovado; resíduo estigmático basal. SEMENTE: com 1 semente; endosperma homogêneo e posição do embrião basal; germinação adjacente-ligular.

PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: Skaov & Balslev (1989)

Skov & Balselv (1989), afirmam que o gênero está constituido de apenas duas espécies: H. elegans, distribuída na América Central (Costa Rica e Panamá), Bolívia, Peru, Colombia, Venezuela, Equador, Guianas e Brasil (Acre, Amapá, Amazonas e Pará), e H. macrorhachis, endêmica de duas áreas montanhosas (1.000-1.850m acima do nível do mar) no oriente do Equador.

1. Hyospathe elegans Mart.

Sinonímias: [Hyospathe filiformis H. Wendl.]. [Hyospathe gracilis H. Wendl.]. [Hyosphate brevipendunculata Dammer]. [Hyospathe tessmannii Burret]. [Hyospathe micropetala Burret]. [Hyospathe pallida H. E. Moore].

Nome vulgar: não conhecido

ESTIPE: cespitoso ou aparentemente solitário, ereto ou rasteiro, neste caso podendo apresentar visível enraizamento apartir dos nós que ficam em contato com o solo.

FOLHAS: 5-11; bainha 20-50cm de comprimento formando um crownshaft; pecíolo 15-28cm de comprimento; raque 60-100cm de comprimento; 3-27 pinas por lado, 30-41cm de comprimento e larguras diferentes, dispostas em um plano ou ocasionalmente folha inteira. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, singularmente ramificada; pedúnculo 3-10cm de comprimento; profilo 8-22cm de comprimento; bráctea peduncular 30-41cm de comprimento; profilo e bráctea peduncular decíduos; raque 5-10cm de comprimento; 3-31 raquilas de 10-33cm de comprimento. FLORES: basalmente nascendo em tríades, com flores femininas ausentes no ápice da raquila; flores estaminadas com 6mm de comprimento, sépalas e pétalas lanceoladas; pistilódio pequeno; flores pistiladas com 2.5mm de comprimento, 3 sépalas e 3 petalas, 6 estaminódios digitados. FRUTOS: 1-1.3cm de comprimento e 0.5-1.2cm de diâmetro; forma elipsóide a ovóide, com os frutos imaturos apresentando forma alongada; epicarpo de cor negra quando maduros.

No Acre é muito comum no Vale do Juruá (rios Môa, Juruá-mirim e Juruá).

HABITAT E ECOLOGIA

Encontrada em quase todos os ambientes típicos amazônicos, incluindo as florestas de galeria, desde o nível do mar até 2.000m (Skov & Balslev, 1989). Na Bolívia (Moraes, 1989), pode ser encontrada em floresta sub-montana até 600m.

Burret descreveu H. micropetala (=H. elegans), de um tipo coletado em bosque inundado no Peru (Tessmann 4935) (MacBride, 1960). Kahn & Mejia (1991), estudando comunidades de palmeiras em florestas de terra firme (160m de altitude) na Amazônia Peruana constataram que H. elegans era a espécie de sub-bosque mais importante, com um total de 636 colmos em 0.5ha estudados.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA:

Estado do Acre:

Não tivemos a oportunidade de observar qualquer tipo de uso desta espécie pelos habitantes das florestas, especialmente os Seringueiros da Reserva Extrativista do Alto Juruá, onde, em algumas localidades é, juntamente com Chamaedorea paucilfora e Geonoma acaulis, a espécie mais frequentemente vista no sub-bosque das florestas de terra firme. Um Seringueiro explicou que embora as folhas às vezes apresentem "forma" similar às de Geonoma deversa, não têm a mesma resistência e tendem a se rachar e tornam-se muito quebradiças (as pinas) durante a secagem que precede a feitura dos "panos" que irão formar a cobertura.

Admitimos neste caso que pode ter havido uma falha de nossa parte e usos mais limitados, como os medicinais, podem perfeitamente ser possíveis, especialmente entre os indígenas, com os quais não tivemos a oportunidade de trabalhar.

Embora a princípio se tenha a impressão de que H. elegans é apenas mais uma das pequenas palmeiras do sub-bosque, cujo potencial de uso é mais restrito às comunidades locais, classificamos aqui que H. elegans, juntamente com Chamaedorea, são as espécies de palmeiras nativas do Acre que têm possibilidades reais de ser usada em larga escala como planta ornamental. Martius, quando descreveu a espécie em 1823, propôs o nome elegans justamente homenageando a elegância que a planta apresenta e que por todos estes anos foi relegada: estipe não muito alongado, fino, anelado, colmos lisos e retos, poucas folhas bem distribuídas no ápice do estipe e, principalmente, uma inflorescência cujas raquilas estão perfeitamente distribuídas em tamanhos decrescentes em direção ao ápice da raque dando à mesma um aspecto harmonioso e atraente, especialmente quando os frutos amadurecem e adquirem coloração negra e o restante da inflorescência uma cor vermelho-púrpura que se pode ver à distância.

Outras regiões:

No Equador índios mastigam o palmito para proteger os dentes contra as cáries (Balslev & Barford, 1987). No Brasil é usada como ornamental (Pio Corrêa, 1975). No Peru (Mejia, 1988) encontrou folhas sendo usadas na cobertura de habitações.

ASPECTOS AGRONôMICOS

Na Venezuela sementes de H. pittieri (=H. elegans, segundo Skov & Balslev, 1987), germinaram depois de quatro meses e apresentaram crescimento muito lento. Ainde de acordo com os mesmos, as espécies desse gênero requerem semi-sombra, umidade constante, porém nunca água estancada.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11 out 1989 (fl), A. Henderson et al 1114 (NY); Mâncio Lima, Serra do Môa, ca. 300m, 12 out 1989 (fl), A. Henderson et al 1124 (NY); Porto Valter, Igarapé Visêu, tributário do rio Juruá, floresta de terra firme, 8° 20'S; 72° 15'W, 7 fev 1992 (fr), A. Henderson et al 1650 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta de terra firme, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992, E. Ferreira 119 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. do Alto Juruá, m.d. do rio Tejo, Ser. Fortaleza, Col. Terra Firme, floresta de terra firme, 8° 58'S; 72° 43'W, 13 mar 1992, E. Ferreira 139 (UFAC); Porto Valter, Igarapé Visêu, tributário do rio Juruá, floresta de terra firme, 8° 18'S; 72° 44'W, 21 mar 1992, E. Ferreira 174 (UFAC); Cruzeiro do Sul, estrada da Alemanha, floresta de terra firme, 13 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 11810 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Serra do Môa, próximo à Escola, vegetação pantanosa, 1 mai 1971 (fr), P.J.M. Maas et al P12706 (NY).

 

IRIARTEA Ruiz & Pav.

PORTE: palmeira monóica de grande porte. ESTIPE: solitário, ereto, colunar ou ventricoso; raízes adventícias numerosas, estreitamente desenvolvidas. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha formando um crownshaft curto; pecíolo curto; raque longa; numerosas pinas com ápice truncado e irregular, dividas em numerosos segmentos. INFLORESCêNCIA: infrafoliar e péndula quando em botão e durante a antese; pedúnculo orignando um profilo e até 15 brácteas pedunculares; raque originando numerosas raquilas. FLORES: nascendo em tríades; flores estaminadas com 3 sépalas, 3 pétalas e 12-15 estames; flores pistiladas com 3 sépalas, 3 pétalas e 10-13 estaminódios; gineceu sincárpico, tricarpelado, triovulado.

FRUTOS: numerosos; forma globosa; resíduo estigmático apical a sub-apical. SEMENTES: 1-2 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião sub-apical a lateral; tipo de germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteiro.

Referência: A. Henderson (1990).

Gênero de uma espécie distribuída da Nicarágua ao sul da Bolívia e o oriente da região Amazônica Brasileira e Venezuelana (Henderson, 1990).

1. Iriartea deltoidea Ruiz & Pav.

Sinonímias: [Iriartea ventricosa Mart; Deckeria ventricosa (Mart.) H. Karsten].

Nome vulgar: "Paxiuba barriguda", "Paxiubão", "Paxiuba"

ESTIPE: solitário, colunar, mais frequentemente ventricoso, até 25m de comprimento, 10-30cm de diâmetro na base, 12-70cm de diâmetro na porção ventricosa; raízes adventícias de cor negra formando um denso cone de até 2m de comprimento.

FOLHAS: 4-7; bainha formando um crownshaft de 60-150cm de comprimento; pecíolo 2-13cm de comprimento; raque 2-3m de comprimento; 15-27 pinas por lado, de forma deltada e margem truncada irregularmente, abertas na base em até 18 segmentos; os segmentos basais largos e péndulos, os apicais menores e ascendentes dando à folha dois arranjos diferentes.

INFLORESCêNCIA: infrafoliar, pêndula na antese; bráctea da inflorescência desenvolvendo-se abaixo do crownshaft, ereta a princípio para logo recurvar-se tomando, eventualmente, a forma de foice; pedúnculo 20-44cm de comprimento; profilo 8cm de comprimento; 15 brácteas pedunculares, até 120cm de comprimento e caducas por ocasião do alongamento do botão floral; raque 14-46cm de comprimento; 23-37 raquilas, a maioria simples, porém algumas basais podem se apresentar bifurcadas, 80-140cm de comprimento. FLORES: as basais em tríades, as estaminadas em pares ou solitárias no ápice; flores estaminadas com até 7mm de comprimento; sépalas imbricadas, muito brevemente imbricadas abaixo, depresso-ovadas, recobertas por pêlos longos, retos e caducos; pétalas valvadas, ovadas-oblongas; 12-15 estames e pistilódio diminuto ou ausente; flores pistiladas com 4mm de comprimento; sépalas imbricadas, largas, ovadas; pétalas imbricadas abaixo, valvadas acima, largas, ovadas; 10-13 estaminódios, ovário 5mm de comprimento com estigmas sésseis.

FRUTOS: 2-2.8cm de diâmetro; forma globosa; epicarpo de cor verde-amarelada, rachando-se irregularmente no ápice quando maduros.

Amplamente distribuída na América tropical, sua ocorrência já foi registrada nos seguintes países: Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colombia, Venezuela, Equador, Peru (Cusco, Junin, Loreto, Huanuco, Madre de Dios, San Martin, Ucayali), Bolívia (Beni, La Paz, Pando) e Brasil (Acre, Amazonas, Mato Grosso) (Henderson, 1990). Além dos espécimes que coletamos em Cruzeiro do Sul, Rio Branco e Xapurí, I. deltoidea pode ser observada em todo os outros Municípios do Estado.

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas tropicias de baixa altitude, quase ao nível do mar (Acre, Amazonas) e pré-montanas de até 1.400m de altitude (Bolívia), em variados tipos de solos: desde os bem drenados nos Andes, até os inundados da Amazônia. é típica de florestas localizadas em regiões com alto índice de precipitação pluviométrica (2.000-3.000) (Henderson, 1990).

Como foi descrito acima, é uma espécie que pode ou não apresentar o estipe ventricoso, sendo este mais comum nos indivíduos que crescem em maiores altitudes, indicando ser um aspecto mais importante do ponto de vista fisiológico que taxonômico (Henderson, 1990).

A abertura das flores estaminadas (antese) ocorre antes das pistiladas (protandria). Dura aproximadamente 10 dias, e dois dias após o seu final tem lugar a antese das flores pistiladas, que dura aproximadamente 5 dias (Bullock 1981; Henderson, 1990). "Tucanos" (Ramphastos swainsonii) e "Macacos" (Cebus capucinus) foram observados predando os frutos no cacho; "porcos-do-mato" (Tayassu peccari) se alimentam dos frutos que caem no solo (Kiltie, 1981; Henderson, 1990).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Estipe:

Sendo abundante, normalmente com estipe longo e diâmetro avantajado, I. deltoidea é seguramente uma das espécie mais utilizada na construção de pisos (mais raramente paredes) de habitações do interior do estado.

O processo de extração dos "panos de paxiuba", sua denominação popular, está resumido a seguir:

i) Inicialmente é feita a seleção da planta a ser cortada. Leva-se em consideração o comprimento da parte útil do estipe abaixo da "barriga" (se for o caso), o diâmetro, estágio de desenvolvimento (preferem-se plantas que já produziram frutos) e facilidade de acesso. A quantidade de estipes necessários para uma habitação está diretamente relacionada com estas características.

ii) A segunda etapa consiste na retirada do "miolo", mediante a abertura longitudinal da casca, raspagem de sua parte interna e corte das extremidades no tamanho aproximado àquele que será usado no acabamento final.

iii) Por fim, a montagem é feita com uso de pregos e os mais caprichosos chegam a raspar uma fina camada de epiderme que fica aderida à face exterior da casca visando torná-la lisa e de aspecto mais uniforme.

As principais vantagens que a espécie apresenta quando é usada com este objetivo são:

i) A casca, depois de fixada, não costuma se esfarrapar (soltar "farpas") e tornar-se perigosa para as pessoas;

ii) A sua durabilidade pode passar facilmente dos 10 anos, dependendo da habilidade de quem selecionou a planta, tirou o "pano", montou o piso e considerando-se que depois de instalado o mesmo não ficará exposto à chuva e sol excessivos. Temos visto que a substituição de pisos e paredes de "paxiúba" por tábuas de madeira beneficiada não é uma prática que visa unicamente a melhoria do bem estar familiar, mas também é uma forma daqueles habitantes que adquirem uma melhor condição econômica externarem o seu novo "status".

Outras regiões:

a) Estipe, Folhas, Frutos e Palmito:

Vários autores, desde Wallace (1853), fazem citações relacionadas com o aproveitamento de I. deltoidea. Uso da madeira muito dura, pesada e negra, na feitura de arpões, lanças, zarabatanas para caça, esteios, instrumento musical; casca na confecção de piso e paredes de habitações rústicas, cercas, barcos e ataúdes da porção "barriguda"; palmito comestível, embora de qualidade inferior ao de Euterpe precatoria; folhas na composição do tetos, com fins ornamentais, frutos comestíveis e usados na alimentação de animais domésticos (Jordan, 1970; Pio Corrêa, 1974; Perez-Arbelaez, 1978; Glenboski 1983; Balslev & Barfod, 1987; Braun & Chitty, 1987; Galeano & Bernal, 1987; López-Parodi, 1988; Mejia, 1988; Balslev & Moraes, 1989; Galeano, 1991; Piņedo-Vasquez et al, 1990).

Mejia (1988), além de explicar detalhadamente o processo de uso do estipe desta espécie na confecção de pisos e paredes (menos preferido que o de Euterpe precatoria) no Peru, também observou que gradualmente o uso de produtos obtidos de palmeiras na construção de pisos e paredes estão sendo substituídos por outros oriundos de madeira serrada.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina" com solo branco-arenoso e úmido, 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992, A. Henderson et al 1710 (NY); Sena Madureira, próximo à boca do rio Macauã, terra firme, 9° 20'S; 69° W, 2 set 1933 (fl), B.A. Krukoff 5739 (NY); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, floresta primária de terra firme, 9° 12'S; 72° 14'W, 17 mar 1992, E. Ferreira 162 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, baixada próximo a igarapé, 10° 38'S; 68° 15'W, 08 nov 1991, E. Ferreira et al 72 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, floresta sujeita a inundação, solo arenoso, 10° 38'S; 68° 15'W, 17 mar 1993, J. Bandeira e P. Mitoso 8 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Santa Cruz, floresta aberta próxima a capoeira e igarapé, 10 out 1989 (fr), M. Pinard 842 (UFAC, NY); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. Altamira, próximo a igarapé, 25 ago 1989, M. Pinard 806 (UFAC, NY).

 

IRIARTELLA H. Wendl.

PORTE: palmeira monóica de pequeno a médio porte. ESTIPE: cespitoso, raramente solitário, cilíndrico, delgado, ereto ou inclinado, formando colonias por rizomas; raízes adventícias pouco visíveis. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha formando um alongado crownshaft, coberta por tricomas (pelos) irritantes; pecíolo e raque curtos; poucas pinas, com ápice truncado e irregular. INFLORESCêNCIA: intrafoliar e ereta quando em botão e na antese, tornando-se infrafoliar e pêndula quando com frutos; singularmente ramificada; pedúnculo originando um profilo e 2-4 brácteas pedunculares; raque originando poucas raquilas. FLORES: nascendo em tríades; flores estaminadas com 3 sépalas, 3 pétalas e 6 estames; flores pistiladas com 3 sépalas, 3 pétalas e 6 pequenos estaminódios, ou estaminódios ausentes; gineceu sincárpico, triovulado, tricarpelado. FRUTOS: forma elipsóide; resíduo estigmático basal; epicarpo liso, de cor vermelha-alaranjada quando maduro; endocarpo fino. SEMENTES: 1-2 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião apical; tipo de germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira

Referência: A. Henderson (1990).

Formado por duas espécies, I. setigera e I. stenocarpa, encontradas no Brasil (Acre, Amamzonas, Pará, Roraima), Peru, Guiana e Colombia. I. stenocarpa tem distribuição mais restrita e seu registro para o território brasileiro está, até o presente, limitado ao Estado do Acre (Henderson, 1990).

1. Iriartella stenocarpa Burret

Sinonímias: Iriartea stenocarpa (Burret) MacBride. Iriartella

ferreyrae H. E. Moore.

Nome vulgar: "Paxiubinha"

ESTIPE: cespitoso, raramente solitário, ereto ou inclinado, formando um denso ou fraco agrupamento de 10 ou mais estipes; 2-4m de comprimento e 1.5cm de diâmetro; raízes adventícias podendo atingir até 20cm de comprimento. FOLHAS: pinadas, raramente inteiras; bainha com 13-32cm de comprimento, recoberta ou não com tomentos de cor marrom-avermelhado e algumas vezes com pelos irritantes de cor marrons escuros espalhados ou adensados, medindo até 2mm de comprimento; pecíolo 10-23cm de comprimento; raque 28-48cm de comprimento; 5-6 pinas por lado, inteiras, de forma rómbica-cuneada, com ápice truncado, as medianas com 14-25cm de comprimento, 3-10cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, tornando-se infrafoliar com frutos; pedúnculo com até 20-30cm de comprimento; profilo inserido próximo à base do pedúnculo, 4-11cm de comprimento; 2-3 brácteas pedunculares; raque 2-12cm de comprimento; 5-12 raquilas simples de 8-14cm de comprimento.

FLORES: nascendo em tríades, as estaminadas em pares ou solitárias apicalmente; flores estaminadas com 3.5mm de comprimento; sépalas muito brevemente unidos na base, imbricados e livres acima, largamente ovados; pétalas

largamente ovadas, imbricadas; 6 estames, sem pistilódio; flores pistiladas até 1.7mm de comprimento; sépalas livres ou muito brevemente imbricadas, largamente ovadas; pétalas imbricadas; 6 estaminódios, pequenos e dentiformes; ovário com estigmas sésseis. FRUTOS: até 1.5cm de comprimento e 0.7cm de diâmetro; forma elipsóide a ovóide; epicarpo glabro, de cor laranja quando maduro, rachando-se irregularmente; mesocarpo branco

Distribuída no Brasil (Acre), Peru (Junin, Loreto, Madre de Dios, Pasco, Ucayali) e Colombia. Pode ser encontrada habitando o sub-bosque de florestas que margeam a estrada que liga Cruzeiro do Sul a Mâncio Lima.

HABITAT E ECOLOGIA

Crescendo em floresta tropical úmida, inclusive em locais inundados. Nas proximidades de Cruzeiro do Sul parece ocorrer como indivíduos mais isolados, sem formar as grandes concentrações que são comuns a Lepidocaryum tenue.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Dugand (1961), reporta que na Colombia os índios usam o estipe para fazer zarabatanas.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, estrada para Cruzeiro do Sul, área de Campina, úmida, 19 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1150 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina" com solo branco-arenoso e úmido, 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992 (fl), A. Henderson et al 1698 (NY); Mâncio Lima, ramal do Goiaba, após a ponte do igarapé Preto, floresta de terra firme, 3 mar 1992, E. Ferreira 108 (UFAC); Mâncio Lima, estrada do Izaque, ca. 7km da cidade, 25 mar 1992, E. Ferreira 187 (UFAC); Cruzeiro do Sul, estrada da Alemanha, floresta de terra firme, 13 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 11802 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Serra do Môa, floresta de encosta, 19 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 12108 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, vizinhanças da Serra do Môa, floresta de terra firme, 23 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 12322 (NY).

 

LEPIDOCARYUM Martius

PORTE: palmeira dióica de pequeno porte. ESTIPE: cespitoso, delgado, formando colônias por rizomas. FOLHAS: palmadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando cronwshaft; pecíolo longo, de secção canaliculada no terço inicial, semi-tubular no restante; raque muito curta; lâmina dividida ao meio praticamente desde a base, cada lado sub-dividido em poucos ou muitos segmentos, frequentemente com espinhos nos bordos e ao longo da porção adaxial da nervura central de cada segmento. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, duplamente ramificada; estaminadas e pistiladas eretas quando com botão floral, pistiladas pêndulas com frutos formados; pedúnculo alongado, com prophyll e muitas brácteas embainhando-o; raque curta; ramificação primária e raquilas arranjadas dística e alternadamente; raquilas curtas. FLORES: densamente agrupadas nas raquilas; flores estaminadas solitárias ou em pares, 3 sépalas, 3 pétalas, 6 estames, pistilóide diminuto ou ausente; flores pistiladas 3 sépalas, 3 pétalas e 6 estaminódios; ovário incompleto, trilocular, triovulado. FRUTOS: forma globoso a elipsoidal; epicarpo recoberto por pequenas escamas, de cor marrom-avermelhado ou amarelada; resíduo estigmático apical. SEMENTE: normalmente 1 por fruto; endosperma homogêneo; posição do embrião lateral; tipo de germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: Uhl & Dransfield (1987).

Gênero distribuído nas Guianas, Venezuela, Colombia, Peru e Brasil (Amazonas, Pará, Rondonia e Acre).

Embora Uhl & Dransfield (1987) admitam a existência de aproximadamente nove espécies e Wessels Boer (1988) tenha considerado o gênero como apenas mais uma espécie de Mauritia (M. tenuis), admitindo, entretanto, uma ampla variação em número de segmentos de folhas, tamanho de frutos, porte e número de raquilas-a base que muitos Botânicos usaram para descrever novas espécies de Lepidocaryum, Henderson (in press), considera que o gênero é válido, composto por uma única espécie: L. tenue, porém com três variedades: var. casiquiariense, var. gracile e var. tenue. Destas, somente a última é encontrada no Acre.

1. Lepidocaryum tenue Martius

Sinonímias: [Mauritia quadripartita Spruce; Lepidocaryum quadripartitum (Spruce) Drude]. [Lepidocaryum sexpartitum var. macrocarpum Drude; Lepidocaryum macrocarpum (Drude in Mart.) Becc.]. [Lepidocaryum gujanense Becc]. [Lepidocaryum tessmannii Burret]. [Lepidocaryum allenii Dugand].

Nome vulgar: "Caranaí"

ESTIPE: cespitoso, raramente solitário, ereto, formando colonias por rizomas, 0.8-4m de comprimento e 1.5-3cm de diâmetro. FOLHAS: 8-20; bainha aberta e não formando cronwshaft, 20-80cm de comprimento; pecíolo 32-130cm de comprimento; raque muito curta, com até 4cm de comprimento; lâmina normalmente com 4 segmentos, podendo apresentar até 22, os medianos medindo 48-75cm de comprimento e 5-8cm de largura e nervura central da folha proeminente na face adaxial. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 30-47cm de comprimento; prophyll 4-8cm de comprimento; brácteas pedunculares 8, tubulares e embainhando o pedúnculo; raque 10-20cm de comprimento, recoberta por brácteas tubulares; ramificaçoes primárias 12-15, com 3-10cm de comprimento; raquilas muito curta curtas, numerosas, envolvidas por brácteas. FLORES: flores estaminadas 6-9mm de comprimento, densamente arranjadas em volta da raquila; sépalas imbricadas, com cálice cupular tri-lobado de 2-4mm de comprimento; pétalas livres, valvares, lanceoladas; estames 6; pistilódio diminuto ou ausente; flores pistiladas 6-7mm de comprimento, densamente arranjadas em torno da raquila; sépalas imbricadas formando um cálice cupuliforme tri-lobado; pétalas imbricadas na base, lanceoladas; estaminódios 6, com forma de estames; ovário recoberto por escamas; estigma alongado. FRUTOS: 1.5-3cm de comprimento e 1-2cm de diâmetro; forma elipsoidal, raramente globoso; epicarpo de cor laranja-marrom ou vermelho quando maduro, com cílios negros nas margens das escamas.

Lepidocaryum tenue var. tenue

FOLHAS 9-20; bainha 15-80cm de comprimento; pecíolo 60-130cm de comprimento; raque 2-5cm de comprimento; lâmina normalmente dividida em 4 segmentos, os medianos medindo 5-8cm de largura. INFLORESCêNCIA: com 4-12 ramos primários.

No Acre L. tenue var. tenue só foi encontrada nos Municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. Muito abundante ao longo da estrada que liga as duas cidades.

HABITAT E ECOLOGIA

Palmeira típica do sub-bosque ou extrato arbóreo inferior da floresta. Habita preferencialmente as florestas de terra firme, podendo também ser encontrada em areas inundadas (Galeano, 1991; Khan & Mejia, 1987; Wallace, 1853).

No Acre ocorre tanto sob floresta de grande porte, em terra firme, como em "campinas", um tipo de floresta caracterizada pelo baixo porte das árvores e solos muito arenosos. Na região de Cruzeiro do Sul-Mâncio Lima pode ser encontrada em associação com Mauritiella martiana e Mauritia flexuosa. Em alguns casos L. tenue var. tenue forma um "stand" relativamente compacto no sub-bosque, dominando esse extrato. Kanh & Mejia (1987), abordando situação similar que ocorre no Peru, afirmam que a espécie pode desenvolver rizomas no sistema radicular e, encontrando as condições ambientais adequadas, rapidamente "colonizar" as áreas adjacentes.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Folhas:

Nas regiões onde é abundante é uma das espécies mais usadas para cobrir habitações principalmente pela sua maior durabilidade, quando comparada com Attalea phalerata, A. butyracea, Geonoma deversa e Chelyocarpus ulei. A mensuração da durabilidade com exatidão não foi possível. As opiniões dos usuários variam muito, com alguns afirmando que é possível uma durabilidade de até 10 anos (!) para L. tenue e Geonoma deversa.

Outras regiões:

a) Folhas, estipe e frutos:

No Brasil Pio Corrêa (1984), afirma que o estipe é usado para fazer ripas finas, pontas de lanças e bengalas. Schultes (1974), afirma que as folhas são as melhores para cobrir malocas indígenas no Rio Negro (Amazonas).

Na Colombia é usado para cobrir casas por sua beleza, facilidade de "tecer" com os próprios pecíolos e durabilidade (Acero-Duarte 1979, 1982; Galeano 1991).

Ao longo do rio Ucayali e nas proximidades de Iquitos, Peru (Mejia, 1992), em razão da abundância (Kahn & Mejia, 1987) e durabilidade, as folhas de L. tenue são comumemente usadas na cobertura de habitações, sendo inclusive comercializadas na forma de "crisnejas". Estas são facilmente elaboradas usando-se um eixo com cerca de 3.2m de comprimento, obtido do tronco de Wettinia augusta ou Socratea salazarii, onde podem ser tecidas entre 100-130 folhas de L. tenue ou Geonoma, ou 150 folhas de Hyospathe elegans, que são menos usadas; dependendo do número e espaçamento das folhas, coberturas feitas com L. tenue podem durar de 4-6 anos, enquanto que as de Geonoma podem passar dos oito anos (Mejia, 1988).

Khan & Mejia (1986) e Mejia (1992), calcularam que para cobrir uma casa com 35m2 seriam necessários 160 "crisnejas" ou 20.800 folhas de L. tessmannii (=L. tenue), ou o equivalente à exploração de 1-1.5ha de floresta com forte ocorrência da espécie. Com excecão do fato de que não é comercializada, no Acre a confecção de coberturas com folhas de Geonoma deversa segue processo similar.

Bodley (1978), baseando-se em Macbride (1936-1967), afirma que os frutos são comestíveis (?).

ASPECTOS AGRONôMICOS

Sementes de L. casiquiarense (=L. gracile var. casiquiarensis A. Henderson), foram colocadas para germinar várias vezes no Jardim Botânico de Caracas e nunca deram resultados (Braun & Chitty, 1987).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11 out 1989 (fl _), A. Henderson et al 1111 (NY); Mâncio Lima, estrada Cruzeiro do Sul-Mâncio Lima, 19 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1148 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina" com solo branco-arenoso e úmido, 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992, A. Henderson et al 1699 (NY); Mâncio Lima, Ramal do Goiaba, ca. 10km da cidade, 3 fev 1992, E. Ferreira et al 109 (UFAC); Mâncio Lima, estrada do Izaque, ca. 7km da cidade, 25 mar 1992, E. Ferreira 170 (UFAC); Cruzeiro do Sul, km 18 da estrada para Japiim, floresta de terra firme, 26 out 1966 (fr), G.T. Prance et al 2835 (NY); Cruzeiro do Sul, Estrada da Alemanha, floresta de terra firme, 4 nov 1966 (fr), G.T. Prance et al 3012 (NY); Cruzeiro do Sul, Estrada da Alemanha, floresta de terra firme, 13 abr 1971 (fr), G.T. Prance et al 11821 (NY).

 

MAURITIA L. f.

PORTE: palmeiras dióicas de grande porte. ESTIPE: cilíndrico, solitário, raramente cespitoso, ereto, liso, com uma visível massa de raízes na base. FOLHAS: costapalmadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando pseudo-caule, com poucas ou muitas fibras nas margens; pecíolo longo e tubular; raque curta; lâmina dividida ao meio, cada lado subdividido em numerosos segmentos, as vezes com espinhos nas margens. INFLORESCêNCIA: duplamente ramificada, unisexual, intrafoliar na antese, após a formação dos frutos permanece em posição horizontal entre o pecíolo das folhas; brácteas pedunculares numerosas, embainhando o pedúnculo; raque com ramos primários dísticos, pêndulos; raquilas curtas, pêndulas. FLORES: densamente agrupadas; flores estaminadas de cor laranja brilhante, 3 sépalas, 3 pétalas, 6 estames, pistilóides diminutos ou ausentes; flores pistiladas com 3 sépalas, 3 pétalas, 6 estaminódios, ovário trilocular, triovulado. FRUTOS: grandes, numerosos, forma globosa a elipsóide e residuo estigmático apical; epicarpo com escamas sobrepostas e imbricadas, de cor vermelho-laranjado, às vezes marrom; mesocarpo delgado, carnoso, de cor laranja intenso; endocarpo fino. SEMENTE: normalmente 1 por fruto, podendo ocorrer casos de 2; forma geralmente sub-globosa; endosperma homogêneo; embrião basal; germinação adjacente ligular. PRIMEIRA FOLHA: palmada.

Referência: O. Beccari (1918); Uhl & Dransfield (1987).

Mauritia é um gênero composto por duas espécies (A. Henderson, 1993): Mauritia carana Wallace, cuja distribuição é mais restrita à região central da Amazônia e Mauritia flexuosa L.f., largamente distribuída por todo o Norte e centro da América do Sul e Ilha de Trinidad (Caribe). Somente M. flexuosa é encontrada no Acre.

1. Mauritia flexuosa L. f.

Sinonímias: [Mauritia vinifera Martius]. [Mauritia sphaeocarpa Burret]. [Mauritia minor Burret]. [Mauritia flexuosa var. venezoelana Steyerm].

Nome vulgar: "Burití"

ESTIPE: solitário, ereto, liso, de cor cinza, quase branco, com 10-18.04m de comprimento, 25cm de diâmetro, com uma grande massa de raízes na base e pneumatóforos visíveis. FOLHAS: 9-12, pêndulas e persistentes quando mortas, especialmente em plantas jóvens; bainha aberta, com poucas e grossas fibras circundando as folhas jóvens; pecíolo tubular, longo, bainha e pecíolo com 1.80-2.91m de comprimento; raque curta, recurvada, com 94-106cm de comprimento; lâmina dividida praticamente desde a raque em 66-98 segmentos, ocasionalmente com pequenos espinhos na margem e fibras com aspecto de espinho, de coloração marrom, ao longo da nervura principal da face abaxial. INFLORESCêNCIA: múltiplas, com ramificações de segunda ordem; pedúnculo 96cm de comprimento; raque, ramificações primárias e raquilas com brácteas embainhando-as; raque com 1.49cm de comprimento; ramos primários da inflorescência pêndulos, em número de 18-36 e medindo 70-119cm de comprimento; raquilas numerosas, disticamente arrajandas, medindo até 5cm de comprimento. FLORES: estaminadas medindo até 11mm de comprimento; de cor laranja brilhante na antesis; densamente arranjadas nas raquilas; 3 sépalas e 3 pétalas; 6 estames, 3 curtos e 3 longos; pistilóide ausente; flores pistiladas com 8mm de comprimento; 3 sépalas e 3 pétalas; 6 estaminódios com forma e estames. FRUTOS: 3.7-5.3cm de comprimento e 3-5.2cm de diâmetro; forma elipsóide-oblongo e ocasionalmente globoso- oblongo; epicarpo fino, com coloração marrom ou marrom- avermelhada quando maduros; mesocarpo carnoso com aspecto marcadamente oleoso; endocarpo fino, com aspecto fibroso depois de seco. SEMENTES: 1-2 por fruto.

Mauritia flexuosa é uma espécie de distribuição ampla, tendo sido registrada a sua ocorrência na Bolívia (Beni, Santa Cruz), Colombia, Equador, Guiana, Peru (Loreto, Madre de Dios), Suriname, Trinidad (Caribe), Venezuela e Brasil (Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Piauí e Maranhão).

No Acre é encontrado em quase todos os Municípios, tendo sua principal concentração nas cercanias da cidade de Cruzeiro do Sul (vale do rio Juruá) e secundariamente em Rio Branco.

HABITAT E ECOLOGIA

Normalmente sua ocorrência está associada às áreas periódica ou permanentemente inundadas ou com drenagem deficiente, às vezes próximas a rios, ao longo de florestas de galerias e savanas (Brasil central e Venezuela). Pode ser encontrada também em elevações de até 900m nas cercanias dos Andes (Henderson, in press). Aparentemente apresenta um comportamento gregário quando encontra o habitat ideal, formando grandes populações, os "Buritizais", onde é o elemento dominante no estrato arbóreo. Padoch (1988), cita um estudo (ONERN, 1976) que estima em 1.900.000ha de áreas pantanosas nas cercanias de Iquitos no Peru com 80% das árvores sendo representada por M. flexuosa e Euterpe precatoria.

Sua ocorrência no Acre parece estar associada aos escossistemas de águas escuras, especialmente das proximidades da cidade de Cruzeiro do Sul. Nesta região é comum encontrá-la associada aos solo arenosos das áreas mais baixas e característicos da margem direita do rio Juruá. Em algumas áreas pantanosas que ocorrem nas cercanias de Rio Branco podem ser encontradas milhares de plantas desta espécie que, infelizmente, estão sendo rapidamente destruídas pelo avanço da ocupação urbana que se acelerou nos últimos anos e ameaça seriamente a sua sobreviência a longo prazo.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre

a) Frutos:

O uso mais difundido entre a população do Estado é na forma de "vinho", uma bebida refrescante, obtida da maceração e adição de água à polpa do fruto previamente aquecido; invariavelmente é tomado com "farinha de mandioca" e açúcar. A cidade de Cruzeiro do sul é o maior centro produtor e consumidor de produtos derivados do "Burití", especialmente os frutos. No mercado central da cidade são comercializados, diretamente para o público, aproximadamente 600 litros de "vinho" por dia em apenas oito "bancas"; inúmeros vendedores ambulantes realizam suas vendas pelas ruas da cidade, normalmente utilizando uma haste de madeira com vários sacos de polietileno de 1 litro expostos. As quatro fábricas de sorvete (todas de pequeno porte) da cidade também geram uma forte demanda pelos frutos, pois tanto o "sorvete" como o "picolé" de "Burití" são os produtos mais comercializados. Estas, entretanto, os adquirem dos produtores nas cercanias da cidade e elaboram o produto na medida de suas necessidades. Em janeiro de 1992 (no ápice da safra) um saco de 60kg de frutos maduros, adquirido dentro do mercado e suficiente para fazer 30 litros, custava US$ 1.50; o "vinho" alcançava o preço de US$ 0.10 o litro.

Em menor escala é possível se encontrar doces, cremes e geléias sendo vendidos no comércio, embora exista a tradição entre a população de elaborar, a nível doméstico, estes produtos.

Em Rio Branco, embora o consumo existisse e fosse tradicional, somente após o advento da mecanização na elaboração do "vinho" com equipamento originalmente desenvolvido para processar o "Açaí" (Euterpe oleracea), e que confere mais higiene e rapidez ao processo é que o consumo está se popularizando e na época da safra-entre janeiro e março-é muito fácil encontrar o produto nas feiras e com vendedores ambulantes nas ruas da cidade. Nas sorveterias e bares , entretanto, o Burití é superado na preferência popular por outras frutas tropicais de acordo com a seguinte ordem: Cupuaçú (Theobroma grandiflorum), Graviola (Annona muricata) e Açaí (Euterpe precatória). (Montezuma et al, 1993).

De cada 100g de polpa fresca é possível se obter 30-300mg de caroteno, o que equivale a 50.000-500.000 Unidades Internacionais-I. U. de provitamina A (Altmam, 1964). Isto equivale a 3 ou 30 vezes mais que quantidade equivalente de "Cenoura" (Daucus carota), reconhecida e preferencialmente consumida pela população como fonte de provitamina A. A ironia da situação se torna mais evidente pelo fato de que praticamente 100% da "Cenoura" vendida no mercado de Rio Branco é importada de São Paulo (4.000km de distância) por grandes atacadistas monopolistas.

b) Folhas:

As nervuras das folhas mais velhas, ou "talas", são utilizadas na confecção de brinquedos conhecido localmente como "papagaios" ("pipas"), vendidos em alguns poucos pontos comerciais ou por ambulantes, com maior demanda no perído do verão.

c) Fibras:

Retiradas das folhas mais novas, após um processo de separação e secagem da epiderme dos segmentos, estas podem ser tecidas em diversas formas, incluindo cordão, corda e até redes. As fibras verdadeiras, que estão em volta das folhas mais novas, são utilizadas como elementos acessórios na confecção de cestos, sacolas e adornos.

(*completar: Em CZS derrubam plantas femininas p/ coletar frutos?)

Outras Regiões

a) Folhas, Frutos, Fibras e Estipe:

Nos outros Estados do Brasil e em todos os outros países onde ocorre, os usos que se dão aos diversos produtos e sub-produtos são praticamente similares. As diferenças existentes entre o maior ou menor aproveitamento da planta podem ser creditados a fatores culturais, no caso dos Indígenas, e secundariamente ao estágio de desenvolvimento sócio-econômico das comunidades "civilizadas" que tradicionalmente dependeram, mesmo que parcialmente, da mesma.

Usos como os de folhas para cobertura de habitações rústicas; frutos para elaboração de bebidas, fermentadas ou não, doces, sorvetes, sucos e geléias; fibras da epiderme das folhas novas para confecção de tecidos, cordas, redes, chapeus e bolsas, são, literalmente, dominados por todos que têm acesso às plantas (Pittier, 1926; Braga, 1960; Dugand, 1961; Moses, 1962; Braun, 1968; Jordan, 1970; Schultes, 1977; Duarte, 1979; Hoyos & Braun, 1984; Padoch et alli, 1985; Braun & Chitty, 1987; Padoch, 1988; Brucher, 1989; Cavalcante, 1991; Henderson, Beck & Scariot, 1991; Galeano, 1991; Mejia, 1992).

Mejia (1988), afirma que dois tipos de "Burití" são conhecidos na região de Ucayali (Amazônia Peruana): um com mesocarpo de coloração laranjada e outro, mais oleoso e preferido para a elaboração de "vinho", com polpa de cor avermelhada.

Cavalcante (1991), citando Pesce (1941), afirma que é possível obter açúcar (97% sacarose) da seiva do tronco, depois de submetê-la ao mesmo processo adotado na extração de açúcar de cana. Aproveitamentos mais "exóticos" estão relacionados com a cultura indígena Sul-Americana. Galenano (1991) e Hoyos & Braun (1984) citam o uso de estipes de plantas mortas como criatórios de larvas de coleopteros da família dos Curculionidae, ricos em gordura e como complemento da dieta protéica de indígenas na Venezuela e Colombia. Devez (1932), em estudo realizado na Guiana Francesa, identificou o uso do endocarpo para confecção de botões, em processo similar ao realizado com o de "Jarina" (Phytelephas macrocarpa). Finalmente, a extração de um tipo de "amido" da medula do estipe para fabricação de pão por tribos indígenas na Venezuela é citada em Hoyos & Braun (1984).

b) Extração de óleo:

Altman (1958, 1964) já discutia a possibilidade de instalar pequenas unidades de processamento de óleo apartir de frutos maduros e demonstrou que de cada 1.000kg de frutos frescos era possível se extrair: 340 kg de seiva aquosa, 45 kg de óleo similar ao óleo de Dendê, 146 kg de press cake, 92 kg de carvão vegetal, 74 kg de ácido pyrolgheous e 12 kg de tar (alcatrão).

b) Medicinal:

Plotkin & Balick (1984), em revisão bibliográfica sobre o uso medicinal das palmeiras da América do Sul, citam Fanshawe (1950), Pittier (1926) e Perez-Arbelaez (1956), na descrição do uso medicinal de M. flexuosa (M. minor=M. flexuosa), na Guiana, Venezuela e Colombia, respectivamente. Um tipo de papa preparada apartir do estame é excelente para diarréia e desinteria; o mesocarpo preservado em folhas de Asclepias curassavica é usado para fazer uma bebida digestiva e laxativa. Pierpont (1971), cita o uso de amêndoas como abortivo na América do Sul e Antilhas. No Brasil, Braga (1960), afirma que as folhas são usadas durante o banho como excelente emoliente (M. vinifera=M. flexuosa).

ASPECTOS AGRONôMICOS

Apesar de todo o conhecimento que se tem sobre sua sistemática, ecologia, usos e potencial econômico, pouco se investiu em trabalhos que abordassem as características agronômicas de M. flexuosa, como, por exemplo, o estudo de sua variabilidade genética, métodos de propagação, definição de espaçamento e adaptação a diferentes tipos de solos, início da produção, principais pragas e doenças, produtividade, tecnologias de armazenamento e processamento. Uma análise mais cuidadosa certamente irá demonstrar que a maioria dos pesquisadores que trabalharam ou citaram M. flexuosa não tinham maior interesse em incentivar ou abordar o assunto, principalmente pelo fato de terem formação profissional distinta, como antropologia, botânica, ecologia e sociologia. FAO (1983), além de fazer um balaço sobre a situação da espécie em relação à pesquisa e desenvolvimento, propôs linhas de ações a serem implementadas com o objetivo de superar estas deficiências, garantindo um futuro promissor para a espécie tanto no aspecto da sua conservação, quanto econômico.

a) Propagação:

O método conhecido até o momento é o uso de sementes. O primeiro passo é a eliminação do epicarpo e mesocarpo carnoso com uso de canivete, depois de deixar os frutos mergulhados 24h em água corrente para um amolecimento prévio dos mesmos; depois de lavadas, deve-se deixa-las secar à sombra por aproximadamente 6h; as sementes podem ser colocadas para germinar, diretamente em sacolas plásticas de 28 x 32cm, com uma mistura de terra vegetal ou esterco bovino na proporção de 3:1. é importante deixar as sacolas com sementes em viveiros onde se possa controlar a luminosidade e o excesso de água. O iníco da germinação se dá entre 60 e 90 dias depois.

b) Plantio:

Deverá ser feito 4-5 meses depois da germinação em covas de 40 x 40cm, preferencialmente no início da manhã ou final da tarde, quando a temperatura é mais amena. Para as condições do Acre acreditamos que o ideal é fazê-lo no início da estação chuvosa (outubro, novembro). Dessa forma as mudas poderão ter 6-7 meses de chuvas regulares para se adaptarem ao campo e enfrentarem com mais facilidade o forte período seco que se verifica entre maio-setembro.

Em razão do seu porte o espaçamento a ser adotado deverá ser entre 8m X 8m a 10m X 10m, plantando-se 2 mudas, 1m uma da outra, em cada ponto de plantio. Isto é importante em razão da necessidade de se eliminar o excesso de plantas macho pois acredita-se que no campo não é necessário mais que 3% de plantas masculinas (Benza, 1980).

c) Desenvolvimento e início da produção:

é importante observar que a espécie costuma crescer naturalmente em solos ácidos, inférteis e de drenagem insuficiente. Talvez por este motivo o desenvolvimento da planta seja aparentemente muito lento. No Campus da Universidade Federal do Acre, plantas introduzidas há mais de 10 anos em locais secos e com solos de boa fertilidade ainda não floraram, sequer tem estipe bem desenvolvido. Oenocarpus mapora, introduzido na mesma época e local, já produziu frutos e, aparentemente atingiu seu máximo estágio de desenvolvimento (Deus et alli, in press)

d) Rendimento:

Não existem dados de áreas plantadas racionalemente. Em populações nativas da Amazonia Peruana, é estimado em 20 toneladas métricas de frutos/ano.

e) Colheita:

O ponto ideal de colheita dos frutos ocorre quando apresentam uma coloração marrom mais intensa e começam a cair expontaneamente do cacho. Embora no Peru seja comum derrubar as plantas para colher os frutos, pondo em risco a sustentabilidade da produção e a sobrevivência da espécie, o mais aconselhável é o uso de escadas rústicas, "peconhas" ou mesmo "podão".

f) Transporte:

Tradicionalmente é feito em sacos de 60kg, latas de 20 litros, cestos ou outros depósitos rústicos pois os frutos apresentam uma casca e polpa bem firmes, raramente danificando-se durante a colheita e o transporte. Recomenda-se evitar a exposição prolongada ao sol dos frutos maduros coletados para evitar o ressecamento e aceleração do processo de maturação, conhecido pelos habitantes locais como "azedamento".

g) Armazenamento:

De acordo com as informações dos donos de máquinas de elaboração de "vinho", não deve exceder 1-2 dias para os frutos muito maduros e 3-4 para os demais, sempre em locais secos e sombreados.

h) Processamento:

Para a extração da polpa é muito simples, análogo ao usado para Euterpe precatória, utilizando o mesmo equipamento. Inicialmente lavam-se os frutos em água corrente, coloca-se em água aquecida (60° C) por 1 hora para facilitar a retirada da casca, podendo-se separar a polpa do endocarpo mecanicamente ou manualmente.

i) Comercialização:

Na região de Cruzeiro do Sul os coletores de fruto costumam vender no "atacado" em sacos de 60kg, enquanto que em Rio Branco é mais comum a venda em latas de 20 litros. Depois de processado, pode ser vendido tanto na forma de "vinho" (em sacos plástico de

1kg-equivalente a 1 litro), como polpa congelada.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina", 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992, A. Henderson et al 1713 (NY); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Já Começa, 10° 38'S; 68° 15'W, 08.11.91 (fr), E. Ferreira et al 88 (UFAC); Xapuri, Ser. Cachoeira, Col. Altamira, 7 nov 1989 (fr), M. Pinard & M.C. Silva 855 (NY, UFAC).

Exemplar adicional examinado: Bolívia, Dto. de Santa Cruz, Nuflo Chavez, 12km ao N de Concepción, 16° S; 62° W, 6 nov 1985 (fl), T. Kileen 1409 (NY).

 

MAURITIELLA Burret

PORTE: palmeira dióica de médio a grande porte. ESTIPE: cespitoso ou menos frequentemente solitário, às vezes inclinados, nós e entre-nós com numerosos e fortes espinhos enraizados, com uma visível e densa massa de raízes na base formando um cone. FOLHA: costapalmadas, reduplicadas; bainhas parcialmente abertas e não formando um crownshaft; pecíolo muito longo, tubular; bainha e pecíolo de coloração branco-pálido; raque muito curta; lâmina dividida praticamente desde a base em numerosos segmentos, com cera de cor branco-pálido impregnada na face abaxial, às vezes com espinhos na margem. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, mesmo após a formação dos frutos; duplamente ramificada; brácteas pedunculares numerosas, embainhando o pedúnculo; raque originando numerosas ramificações primárias, alternas e disticamente arranjadas;raquilas numerosas e muito curtas, também alternas e disticamente arranjadas. FLORES: densamente arranjadas nas raquilas; flores estaminadas com cálice cupular, 3 pétalas, 6 estames, pistilódios diminutos ou ausentes; flores pistiladas com cálice cupular, 3 pétalas e 6 estaminódios com forma de estames, ovário trilocular, triovulado. FRUTOS: numerosos; forma-elipsóide ou elipsóide-oblongo e menos frequentemente globoso; resíduo estigmático apical; epicarpo recoberto por pequenas escamas sobrepostas e imbricadas, de cor marrom claro quando o fruto está maduro; mesocarpo carnoso; endocarpo fino. SEMENTE: normalmente 1 por fruto; forma oblonga a subglobosa; endosperma homogêneo; posição do embrião basal; tipo de germinação adjacente ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: O. Beccari (1918); Uhl & Dransfield (1987)

Mauritiella é um gênero com duas espécies, M. aculeata (Kunth) Burret e M. martiana Spruce, distribuídas no norte da América do Sul, incluindo a Bolívia, Colombia, Equador, Guianas, Peru, Venezuela e Brasil. Somente M. martiana é encontrada no Acre.

Como o próprio nome indica este gênero é muito similar a Mauritia, pertencendo à mesma tribo Lepidocaryeae, na classificação de Uhl & Dransfield (1987). Embora ecologicamente possam compartir o mesmo ambiente (áreas pantanosas), vegetativemente podem ser distinguidos pelo porte massivo, estipe liso e hábito usualmente solitário em Mauritia e porte mediano, estipe com armaduras similares a espinhos e hábito usualmente cespitoso em Mauritiella.

1. Mauritiella martiana (Spruce) Burret

Sinonímias: [Mauritia aculeata C. Martius; Mauritiella armata (Mart.) Burret; Mauritia armata Mart.]. [Mauritiella martiana (Spruce) Burret; Lepidococcus martianus (Spruce) H. A. Wendl. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritia pumila Wallace; Mauritiella pumila (Walace) Burret; Lepidococcus pumilus (Wallace) H. A. Wendl. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritia subinermis Spruce; Orophoma subinermis (Spruce) Drude; Lepidococcus subinermes (Spruce) A. Hawkes]. [Mauritia peruviana Becc.; Mauritiella peruviana (Becc.) Burret; Lepidococcus peruvianus (Becc.) H. A. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritia huebneri Burret; Mauritiella huebneri (Burret) Burret; Lepidococcus huebneri (Burret) H. A. Wendl. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritia intermedia Burret; Muritiella intermedia (Burret) Burret; Lepidococcus intermedius (Burret) H. A. Wendl. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritiella duckei Burret; Lepidococcus duckei (Burret) H. A. Wendl. & Drude ex A. Hawkes]. [Mauritiella nannostachys Burret]. [Mauritiella campylostachys Burret].

Nome vulgar: "Buritirana"

ESTIPE: cespitoso (8), às vezes solitário, normalmente inclinado, casca de coloração quase branca, 6-13m de comprimento e 12-14cm de diâmetro e basal ou totalmente coberto por espinhos enraizados de 1-2cm de comprimento. FOLHAS: 7-10; bainha 40-52cm de comprimento com proeminente lígula no ápice; pecíolo 1.2m de comprimento, 3cm de diâmetro, tubular na porção mediana e canaliculado próximo à lâmina; raque muito curta; lâmina dividida em 54-62 segmentos, os medianos com 1-1.29m de comprimento e 1.5-3cm de largura, com poucos ou nenhum espinho nas margens e escamas marrons na nervura da superfície abaxial. INFLORESCêNCIA: pedúnculo de secção semi-achatada, com várias brácteas enbainhando-o, com 34cm de comprimento; prophyll não visto; raque 75cm de comprimento; 33 ramos primários com 28-50cm de comprimento, pêndulos, cada um surgindo de uma bráctea na raque; raquilas numerosas, com 1.5cm de comprimento. FLORES: densamente concentradas nas raquilas, envolvidas por brácteas; flores estaminadas 3-4mm de comprimento, sépalas unidas, tubulares, pépalas livres, 6 estames e pistilóides diminutos ou ausentes; flores pistiladas com até 9mm de comprimento, sépalas unidas, tubulares, pétalas livres nos 2/3 finais, 6 estaminódios com forma de estames, ovário recoberto por escamas. FRUTOS: com 3cm de comprimento e 2cm de diâmetro; forma globoso, ovóide ou elipsóide oblongo.

Amplamente distribuída na América do Sul, incluindo Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru (Loreto, San Martin) e Bolívia (Santa Cruz). No Brasil pode ser encontrada nos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Goiás, Mato Grosso, Piauí, Tocantins, Minas Gerais, Pernanbuco e Bahia. No Acre ocorre nas cercanias das cidades de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. Provavelmente deve ocorrer ao longo da BR-364, na região de Extrema-Vila California, próximo à fronteira com o vizinho Estado de Rondônia.

HABITAT E ECOLOGIA

M. martiana, refletindo a sua ampla distribuição geográfica, é uma espécie que ocorre em diferentes ambientes como matas de galerias, savanas, bordos de savanas e florestas típicas da planície Amazônica. Embora possa ser encontrada em de até 1.400m (Henderson, in press), é mais comum em baixas altitudes. No Acre habita ambientes parcial ou permanentemente inundados, típicos de M. flexuosa. Nas proximidades de Mâncio Lima também pode ocorrer nos bordos de uma vegetação localmente conhecida como "campina", cujos solos são muito arenosos.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre

a) Frutos:

Na região de Cruzeiro do Sul não é muito apreciada, embora os frutos possam ser usados de maneira semelhante aos de M. flexuosa para elaborar bebidas. Talvez a exepcional abundância deste releguem o aproveitamento da espécie a uma posição secundária; outra razão deve ser o fato de que a sua produção individual é, aparentemente, bem inferior, o que não compensaria o esforço de coleta dos frutos.

Outras regiões

a) Frutos, folhas e estipe:

Assim como M. flexuosa, M. martiana pode ser usada para elaboração de bebidas apartir da polpa dos frutos, o estipe pode fornecer material para a confecção de arcos e as folhas podem ser usadas para fazer cestos (Cavalcante, 1991, 986; Mejia, 1988, 1992; Balick et. alli 913). Os frutos, entretanto, não são tão apreciados como os de "Burití" (Galeano, 1991). Corrêa (1984), cita o uso das

folhas na cobertura de habitações e extração de fibras téxteis; os espinhos são usados como agulha pelos indígenas.

ASPECTOS AGRONôMICOS

As sementes de M. subinermis (=M. martiana), levaram dois meses para germinar. As plantas requerem lugar pantanoso, pleno sol ou sombra parcial (Braun & Chitty, 1987).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, estrada Cruzeiro do Sul-Mâncio Lima, 19 out 1989, A. Henderson et al 1146 (NY); Mâncio Lima, ramal do Goiaba, Igarapé Preto, 26.03.92 (fr), E. Ferreira 190 (UFAC).

Exemplar adicional examinado: Estado do Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, Lago Amaro, 8 nov 1987 (fl), C. Farney et al 1904 (NY).

 

OENOCARPUS Martius

PORTE: palmeira monóica de médio a grande porte, sem espinhos. ESTIPE: solitário ou cespitoso, ereto ou inclinado, liso ou irregularmente anelado por cicatrizes foliares, ou com bainhas de folhas persistentes. FOLHAS: pinadas ou inteiras e pinatinerveas; bainha fechada formando um crownshaft parcial com proeminente lígula fibrosa no ápice; pecíolo curto ou mediano; raque longa; pinas regular ou irregularmente arranjadas e dispostas em um ou vários planos, raramente folha inteira, raramente verde abaxialmene. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, hipuriforme, raramente espigada ou bifurcada, às vezes persistentes depois da frutificação; pedúnculo curto, grosso, originando um profilo e uma bráctea peduncular lignificados; raque curta, originando numerosas raquilas simples que se desenvolvem nas superfícies laterais e abaxial. FLORES: nascendo em tríades basalmente nas raquilas, apicalmente somente flores estaminadas; flores estaminadas com 3 sépalas unidas abaixo, livres acima; 3 pétalas livres e valvadas; 6-19 estames; pistilódio presente; flores pistiladas com 3 sépalas e 3 pétalas imbricadas; estaminódios ausentes; ginecêu sincárpico, unilocular, uniovulado, estigma trífido. FRUTOS: forma elipsóide, oblonga, obovóide ou globosa; resíduo estigmático apical. SEMENTE: 1, raramente 2; endosperma ruminado ou homogêneo; embrião grande, basal; germinação tipo adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: bífida ou inteira.

Referências: Balick (1986), Bernal et al (1991).

Balick (1986) e Bernal et al (1991), nos mais recentes estudos do gênero, embora com algumas divergências, afirmam que o gênero está composto por 9 espécies, distribuídas por todo o norte da América do Sul, até a Costa Rica.

No Acre três espécies foram coletadas: O. balickii, O. bataua e O. mapora. Um possível híbrido de O. bataua X O. mapora (vulgarmente conhecido como "Bacabão"), foi coletado na área de estudo da FUNTAC, no km 62 da BR-364.

Com relação à espécie Jessenia bataua ("Patoá"), agora se sabe que Martius (1823), descreveu as flores masculinas desta espécie com 6 estames (deveria ter 7-20), em razão de uma (provável) mistura com material floral de uma outra espécie de Oenocarpus (Burret, 1928 in Wessels Boer, 1988). Karsten (1857), baseando-se neste erro criou o Gênero Jessenia para acomodar a espécie Tipo J. polycarpa, que ele erroneamente acreditava ser distinta de O. bataua. Burret (1928), embora consciente destes problemas, resolveu incrementar a confusão separando Jessenia de Oenocarpus baseando-se principalmente no caráter ruminado (Jessenia) ou homogêneo (Oenocarpus) do endosperma e outros de menor importância que parecem estar associados ao mesmo, no que foi seguido por outros autores durante muitos anos (Dugand, 1940; Moore, 1963, 1973; Balick, 1986).

Recentemente Bernal et al (1991), descreveram duas espécies, O. makeru e O. simplex, com endosperma ruminado, comprovando, como alias já havia sugerido Wessels Boer (1965, 1971, 1972, 1978), que as diferenças entre os mesmos são pouco significativas para justificar um tratamento em separado. Por este motivo em nosso estudo optamos por tratar Jessenia batua (Martius) Burret como Oenocarpus bataua Martius.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE OENOCARPUS

1. Estipe robusto e ereto, com diâmetro de 20.5-26.4cm; raque da folha muito comprida com 5.52-7.20m de comprimento; pinas dispostas em um plano, as medianas com 1.65-1.95m de

comprimento e 11.5cm de largura, com cor cinza-amarelada abaxialmente; margem da bainha com numerosas fibras finas entremeadas com outras mais grossas e fortes; frutos com 3.5- 4cm de comprimento; primeira folha bífida ............................................................. 2. O. bataua

1. Estipe delgado, às vezes inclinando, com diâmetro de 8-10.7cm; raque da folha com 2.37-3.7m de comprimento; pinas dispostas em mais de um plano, as medianas com 64-87cm de comprimento e 1.2-4cm de largura, cor cinza-branco abaxialmente; margem da bainha com fibras menos abundantes, as mais grossas largas e achatadas; frutos com 1.2-2.5cm de comprimento; primeira folha pinada.

2. Estipe cespitoso, até 6 por touceira; bráctea peduncular escassamente marrom-tomentosa ou lisa; folhas com 50-78 pinas por lado ..................................................................... 3. O. mapora

2. Estipe solitário; bráctea peduncular densamente marron- tomentosa; folhas com 97-117 pinas por lado ......................................................................................................... 1. O. balickii

1. Oenocarpus balickii Kahn.

Sinonímias: [Oenocarpus bacaba var. parvus Wessels Boer].

Nome vulgar: "Bacaba", "Bacaba de caranaí".

ESTIPE: solitário, 6-8m de comprimento, 8.8-9cm de diâmetro. FOLHAS: 8-11; bainha 60-65cm de comprimento, fechada em 2/3 de seu comprimento, de cor verde-violácea, com lígula fibrosa no ápice; pecíolo 10-40cm de comprimento; raque 3.1-3.7m de comprimento; pecíolo e raque marrom-tomentosos ou escamosos; 96-117 pinas por lado, irregularmente arranjadas em grupos de 2-5 e irradiadas em ca. de 3 planos bem evidentes, as medianas com 64-74.5cm de comprimento, 3.5-4cm de largura, lineares a linear-lanceoladas, verde brilhante adaxialmente e cinza abaxialmente. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, às vezes mais de uma, em diferentes estágios de desenvolvimento; pedúnculo 4.5cm de comprimento; profilo 33cm de comprimento; bráctea peduncular densamente marrom-tomentosa na superfície adaxial, 70-71cm de comprimento, 13cm da largura, com ápice acuminado de 10-19cm de comprimento; raque 4cm de comprimento; 46-103 raquilas com 28-33cm de comprimento, densamente cobertas por tomentos de cor vermelho quase marrom. FLORES: nascendo em tríades na parte basal das raquilas, flores masculinas em pares ou isoladas no ápice; flores estaminadas com 4mm de comprimento; 3 sépalas e 3 pétalas estreitamente obovadas; 6 estames; pistilódio curto, trífido; flores pistiladas 6mm de comprimento, ca. duas vezes o diâmetro das masculinas; 3 sépalas e 3 pétalas ovadas, muito largas na base. FRUTOS: 1.2cm de comprimento, 1cm de diâmetro; forma elipsóide a obovados; receptáculo cobrindo ca. 1/4 do comprimento do fruto; epicarpo de cor avermelhada antes e purpúrea na madurez; resíduo estigmático apical; SEMENTE: 1; endosperma homogêneo. PRIMEIRA FOLHA: pinada.

Distribuída na Colombia, Venezuela, Suriname, Peru (Loreto) e Brasil (Acre, Amazonas e Rondônia). Em nosso Estado só tem sido encontrada na região de Cruzeiro do Sul-Mâncio Lima.

HABITA E ECOLOGIA

O ambiente típico da espécie parece ser as planícies onde crescem florestas de terra firme, de porte mediano, sobre solos bem drenados.

No Acre foi encontrada habitando lugares secos, desde ca. de 120m (próximidades da cidade de Mâncio Lima) até 350m (Serra do Môa). Embora seja mais frequente sob floresta virgem, encontramos um indivíduo crescendo em área de "capoeira", sob solo arenoso.

Pode ser distinguida de O. bataua por seu porte visivelmente menor, as suas folhas com pinas fortemente radiadas, de coloração cinza-branco abaxialmente. Difere de O. mapora pelo seu hábito solitário, estipe mais grosso e frutos menores.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Serra do Môa, margem do rio Môa, 350m, 12.10.89 (fl), A. Henderson et al 1118 (NY); Mâncio Lima, estrada de Cruzeiro do Sul -Mâncio Lima, 19.10.89 (fr), A. Henderson et al 1148 (NY); Mâncio Lima, ca. km 10 do ramal do Goiaba, 160m, 26.03.92, (fl, fr), E. Ferreira 191 (UFAC).

2. Oenocarpus bataua Mart.

Sinonímias: [Jessenia bataua (Mart.) Burret]. [Jessenia polycarpa Karsten]. [Jessenia repanda Engel]. [Jessenia weberbaueri Burret].

Nome vulgar: "Patoá", "Patauá"

ESTIPE: solitário, ereto, colunar, cicatrizes foliares evidentes, 9.24-12m de comprimento, 20.5-26.4cm de diâmetro. FOLHAS: 9-13, ascendentes; bainha aberta, 0.65-1.22m de comprimento, de cor quase negra, às vezes persistentes em plantas jóvens; densamente fibrosa nas margens, as fibras mais finas, negras, numerosas estão entremeadas com outras mais grossas, resistentes, em menor número, em forma de agulha; lígula evidente; pecíolo 0.64-1.60m de comprimento; raque 5.52-7.20m de comprimento; 81-104 pinas por lado, lineares ou lineares-lanceoladas, as medianas com 1.65-1.95m de comprimento e 11.5cm de largura, regularmente arranjadas e dispostas em um plano, face abaxial de coloração cinza , quase amarelo, aspecto cerífero conferido por numerosos tricomas. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, às vezes múltiplas, frequentemente persistindo no estipe depois da frutificação; pedúnculo 5-12cm de comprimento; profilo não visto; bráctea peduncular 1.3m de comprimento, decídua, inserida acima da raque; raque larga, grossa, 32-97cm de comprimento; ca. 100 ou mais raquilas com 0.97-1.37m de comprimento de cor amarelada. FLORES: nascendo em tríades basalmente nas raquilas, flores estaminadas solitárias ou emparelhadas no ápice; flores estaminadas com ca. de 8mm de comprimento; pétalas triangulares, sépalas ovadas; 12-15 estames; pistilódio trífido; flores pistiladas ca. 7mm de comprimento; sépalas e pétalas ovadas. FRUTOS: 3.5-4cm de comprimento e 1.9-2.2cm de diâmetro; forma predominantemente elipsóide; epicarpo de cor purpúrea na madurez; mesocarpo carnoso, purpúreo ou quase branco. SEMENTE: 1, raramente 2; endosperma ruminado; embrião central, grande; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira, bífida.

Encontrada no Panamá, Colombia, Venezuela, Guianas, Equador, Trinidade, Peru (Junin, Loreto, Huanuco, Madre de Dios, Pasco, San Martin), Bolívia (Beni, Pando, Santa Cruz) e Brasil (Acre, Amazonas, Pará e Rondônia). Pode ser encontrada em todos os Municípios do Estado do Acre.

HABITAT E ECOLOGIA

No Acre pode ser encontrada tanto em floresta de "terra firme" como em lugares baixos permanente ou periodicamente inundados. Também pode ser observada, embora menos frequentemente, em áreas de pastagens cultivadas.

De acordo com as informações de Seringueiros da região de Xapurí dois "tipos" de frutos podem ser encontrados: um produz vinho de cor quase branca, por isto chamado de "Patoá branco" e outro que produz vinho de cor mais escura, meio avermelhado, chamado de "Patoá roxo".

Em outras regiões da América do Sul pode formar grandes concentrações em lugares pantanosos ao longo de margens de rios ou sítios periodicamente inundados (Balick, 1988).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA (ver Balick, 1986).

Outras regiões:

a) Estipe e folhas:

Acero-Duarte (1979), afirma que a mesma tem madeira pesada (0.90g/cmn peso seco ao ar), sendo ideal para uso em construções pesadas.

Na Amazônia Peruana, Mejia (1988), observou que o uso das folhas desta espécie em coberturas está mais restrita a construções secundárias ou temporárias; são ainda empregadas para confecção de cestos temporários usados para transportar produtos da floresta. Os Shipibos usam as pinas para fazer vassouras (Bodley & Benson, 1979).

Na Venezuela, além do uso do estipe como pilar na construção de habitações (Hoyos & Braun, 1984), usam-se as folhas em coberturas e as fibras extraídas da raque e do pecíolo podem ser usadas para confeccionar cordas, esteiras, cestas e abanos (Braun & Chitty, 1987). Os indígenas retiram a epiderme da base do pecíolo para envolver cigarros (Pittier, 1926).

Balick (1980), reporta que os índios Bora (Peru), criam larvas de Rhynchophorus palmarum nos estipes caidos.

b) Frutos:

Comestíveis, usados para fazer bebida, fermentada ou não, usualmente consumida com a adição de açucar (Jordan, 1970; Acero-Duarte, 1979, 1982; Boom, 1987; Piņedo-Vasquez et al, 1990), ou mistura-se ao café da mesma forma que o leite (Pittier, 1926, observar que J. polycarpa=O. bataua).

Uma forma de comercialização observada por Mejia (1992), em Iquitos, Peru, é a venda da "massa de Patauá", usada para preparo de bebidas. Embora não entre em detalhes, parece que esta é uma alternativa interessante de venda pois deve permitir o congelamento e estocagem por tempo mais longo do produto.

O óleo obtido do pericarpo possui sabor igual ao do óleo de oliva e é excelente para cozinhar e temperar saladas (Balick, 1980). Mejia (1992), afirma que apenas ocasionalmente se pode encontrá-lo à venda em Iquitos.

c) Medicinal:

De acordo com Braun & Chitty (1987), o óleo extraído dos frutos tem alto valor medicinal contra a asma. Perez-Arbelaez (1978), afirma que o mesmo pode ser usado com grande êxito na cura da tuberculose (J. polycarpa=J. bataua). Plotkin & Balick (1984), afirmam que no Peru o óleo é misturado com "óleo de amêndoa doce" e usado com purgativo, para tratar tosse crônica e broquite; quando misturado com "linimento" local é passado sobre inflamações artríticas; os índios Bora (Peru), tomam infusão da semente como antídoto contra picada de cobras.

Spruce (1869), afirma que o "vinho de seje" (nome vulgar no vale do Orinoco, Amazonia Venezuelana), é diurético e levemente laxativo.

ASPECTOS AGRONôMICOS

ver Balick, INPA, EMBRAPA...

Exemplares Representativos: Acre: Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Morada Nova, 10° 38'S; 68° 15'W, 06.11.91 (fr), E. Ferreira et al 73; Thaumaturgo, R. E. Alto Juruá, Tapaúna, m. direita do rio Juruá, 9° 12'S; 72° 14'W, 19.03.93 (fr), E. Ferreira 168; Sena Madureira, próximo à boca do rio Macauã, 9° 20'S; 69° 00'W, 03.07.33 (fl), B.A. Krukoff 5758 (NY); Xapurí, Seringal Cachoeira, Retiro, 04.11.89 (fr), Pinard 852, 853.

3. Oenocarpus mapora H. Karsten

Sinonímias: [Oenocarpus mapora subesp. mapora Balick]. [Oenocarpus multicaulis Spruce]. [Oenocarpus macrocalyx Burret].

Nome vulgar: "Bacaba", "Bacabinha"

ESTIPE: cespitoso (3-6), inclinado, visíveis cicatrizes foliares, 5.01-10.97(15)m de comprimento e 8-10.7cm de diâmetro. FOLHAS: 7-9; bainha aberta, cor verde-escuro, 44-80cm de comprimento, fibrosa nas margens; pecíolo 19-40(142)cm de comprimento; raque 2.37-4.50m de comprimento; 50-78 pinas por lado, lineares ou lineares-lanceoladas, as medianas com 87cm de comprimento e 1.2cm de largura, dispostas em mais de 1 planos. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, às vezes 2, usualmente decídua depois da frutificação; pedúnculo 2.5-6cm de comprimento; profilo 40cm de comprimento; bráctea peduncular 54cm de comprimento; raque 40cm de comprimento; rquilas de cor avermelhadas na frutificação. FLORES: nascendo em tríades basalmente nas raquilas, flores estaminadas solitárias ou emparelhadas no ápice; flores estaminadas com ca. de 5mm de comprimento; sépalas unidas na base, triangulares; pétalas ovadas; 6 estames; pistilódio trífido; flores pistiladas ca. 5mm de comprimento; sépalas e pétalas triangulares. FRUTOS: 2.5cm de comprimento e 1cm de diâmetro; forma globosa; epicarpo de cor negro-purpúrea na madurez; mesocarpo carnoso. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo. PRIMEIRA FOLHA: pinada.

Com distribuição muito ampla, podendo ser encontrada na Costa Rica, Colombia, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios, San Martin e Ucayali), Bolívia (Beni, Pando) e Brasil (Acre e Amazonas). Embora não seja tão abundante quanto O. bataua, esta espécie pode ser encontrada em todos os Municípios do Estado.

HABITAT E ECOLOGIA

Temos encontrado esta espécie habitando florestas de terra firme ou lugares úmidos, próximos a cursos de água. Eventualmente poderá ser encontrada em áreas de transição entre floresta virgem e pertubada.

Balick et al (1988), observou a espécie com estipe solitário e cespitoso em uma mesma população (Colombia). Henderson (in press), acredita que é possível os indivíduos que habitam lugares alagados serem cespitosos e os de terra firme cespitosos ou solitários. No Acre todos as plantas coletadas e observadas sempre se apresentavam com múltiplos estipes.

Na Amazônia Peruana, nas proximidades de Iquitos, esta espécie pode ser encontrada habitando o mesmo ambiente ocupado por Mauritia flexuosa, ou seja, áreas pantanosas permanentemente inundadas.

Embora quase todas as espécies desse gênero sejam relativamente comuns e com importância econômica considerável, pouco se conhece sobre sua biologia reprodutiva. Sabe-se apenas que em Oenocarpus a inflorescência é protándrica. Durante a ântese apresenta-se com coloração creme, tornando-se avermelhada imediatamente após o encerramento da mesma. A polinização é predominantemente entomófila, desconhecendo-se o polinizador e como a mesma se processa (Henderson, 1986; Balick et al., 1988).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Outras regiões:

a) Frutos, folhas e estipe:

Frutos comestíveis podendo fornecer bebida similar ao "vinho" elaborado com frutos de outras espécies do gênero e as folhas são usadas para cobrir habitações ( Boom, 1987; Cavalcante, 1991; Mejia, 1988).

O estipe, embora não seja comum, também é aproveitado como tábua em paredes e pisos (Jordan, 1971), ou como "pilar" (Mejia, 1988, 1992; Bodley & Benson, 1979). Na Colômbia, segundo Galeano & Bernal (1987), os estipes usados como pilotes, desde que mantidos em boas condições, podem durar mais de 7 anos.

Larvas comestíveis de Curculionideos (Coleoptero: Rhina palmarum), podem ser encontradas no interior do estipe (Pittier, 1926).

b) Medicinal:

Os índios Chácobos, na Bolívia, extraem seiva do tronco e misturam com água, bebendo depois para aliviar febre alta (Boom, 1987).

ASPECTOS AGRONôMICOS

Sementes de O. multicaulis (=O. mapora), germinaram com 40-50 dias.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, Rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 16.10.89 (fr), A. Henderson et al 1141 (NY); Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, 10° 38'S; 68° 15'W, 06.11.91 (fr), E. Ferreira et al 76 (UFAC); Thaumaturgo, R. E. Alto Juruá, m. esq. rio Bagé, 8° 55'S; 72° 31'W (fr), 11.03.92 (fr), E. Ferreira 127 (UFAC); Thaumaturgo, R. E. Alto Juruá, m. dir. rio Tejo, Col. Lago do Forno, 12.03.92 (fr), E. Ferreira 132 (UFAC); Thaumaturgo, R. E. Alto Juruá, Col. Tapaúna, m. dir. do rio Juruá, 9° 12'S; 72° 14'W, 19.03.92 (fr), E. Ferreira 160 (UFAC); Sena Madureira, próximo à boca do rio Macauã, 9° 20'S; 69° 00'W, 03.07.33 (fl), B.A. Krukoff 5803 (NY); Xapurí, Seringal Cachoeira, Col. Caco de Cuia, 20.07.89 (fr), Pinard & Moreira 838 (UFAC, NY);.

 

PHYTELEPHAS Ruiz & Pav.

PORTE: palmeiras dióicas de médio a grande porte. ESTIPE: solitário ou cespitoso, curto e subterrâneo ou aéreo, neste caso procumbente ou ereto. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando crownshaft; pecíolo e raque longa; pinas lineares, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano. INFLORESCêNCIA: fortemente dimôrfa; inflorescência estaminada intrafoliar; pedúnculo originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque alongada com numerosas, curtas ou muito reduzidas, raquilas; flores estaminadas sésseis a pediceladas, com perianto muito reduzido e 150-700 estames; inflorescência pistilada intrafoliar com raque contraída, 4-10 flores pistiladas por inflorescência; 5 tépalas; numerosos estaminóides; gineceu sincárpico, multiloculado, multiovulado, o estilo e estigma alongados. FRUTOS: numerosos, estreitamente unidos e nascendo no ápice de uma axe curta, em forma de clava; resíduo estigmático obscuro: epicarpo lenhoso com o ápice recoberto por projeções de forma piramidal; mesocarpo fiboroso; endocarpo envolvendo cada uma das sementes. SEMENTES: várias; forma semelhante a um feijão; endosperma homogêneo; posição do embrião sub-basal; germinação remota-ligular. PRIMEIRA FOLHA: pinanda.

Referência: A. Barfod (1991), Uhl & Dransfield (1987).

Gênero de cinco espécies (Henderson, in press), assim distribuídas: P. macrocarpa (na Amazônia Brasileira, Boliviana e Peruana), P. tenuicaulis (na Amazônia Equatoriana e Colombiana), P. schotii (no vale de Magdalena, Colombia), P. seemanii (América Central e lado Colombiano do Pacífico), P. aequatoriales e P. tumacana (na região pacífica do Equador e Colombia).

1. Phytelephas macrocarpa Ruiz & Pav.

Sinonímias: [Elephantusia macrocarpa (Ruiz & Pav.) Willd.]. [Phytelephas microcarpa Ruiz & Pav.; Elephantusia microcarpa

Ruiz & Pav.) Willd.; Yarina microcarpa (Ruiz & Pav.) O. F. Cook].

Nome vulgar: "Jarina", "Marfim vegetal"

ESTIPE: solitário ou raramente cespitoso; subterrâneo ou aéreo com até 1.5m de comprimento, levemente inclinado, com cicatrizes foliares salientes, coberto com bainhas de folhas persistentes no ápice, às vezes envolvidas por fibras finas.

FOLHAS: 14-17; pecíolo e bainha com 1.4m de comprimento, a bainha fibrosa no ápice; raque 4.19-4.2m de comprimento; 57-88 pinas lineares em cada lado da folha, mais ou menos regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano; as medianas com 42-87cm de comprimento, 4-6.5cm de largura.

INFLORESCêNCIA: fortemente dimôrfa; inflorescência estaminada e pistilada intrafoliar. FLORES: estaminadas sésseis, densamente arranjadas na raque; sépalas e pétalas reduzidas em obscuras bractéolas; 150-300 estames, pistilódio ausente; flores pistiladas não vistas. FRUTOS: com até 9cm de comprimento; normalmente os frutos desenvolvem-se adensadamente, formando uma massa mais ou menos globosa no ápice da raque; forma em razão da pressão mútua apresentam-se 4-6 vezes angulosos-obdeltóide, com a superfície apical lenhosa coberta por curtas projeções de forma piramidal. SEMENTES: várias por frutos.

Encontra-se distribuída na Bolívia (Beni, La Paz, Pando), Peru (Cusco, Junin, Pasco, Loreto, Madre de Dios, Ucayali) e Brasil (Acre e Amazonas).

HABITAT E ECOLOGIA

Apresentando altura inferior a 10m (incluindo as folhas, de acordo com Kahn & Mejia, 1991), é uma espécie que costuma crescer no sub-bosque de florestas de terra firme,ou ocasionalmente áreas inundadas próximas a cursos de água, em altitudes inferiores a 1.000m.

No Acre temos observado que P. macrocarpa pode crescer, em grandes populações, próximas a lugares úmidos ou sujeitos a inundações temporárias, embora seja possível encontra-las em lugares mais secos, típicos de terra firme como na área experimental da Fundação de Tecnologia do Acre-FUNTAC, no km 65 da rodovia BR-317.

Com relação ao hábito de crescimento, a maioria das plantas que coletamos são acaules, mas às vezes é possível observar indivíduos com um caule curtamente desenvolvido e aéreo, especialmente em terrenos acidentados.

Barford et al (1987), acreditam que o mais provável polinizador desta espécie sejam Coleópteros (Phyllotrox spp.). A dispersão das sementes é feita por Agouti (Zona & Henderson, 1989).

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Amêndoas:

Muitos Seringueiros afirmam que é possível fazer botões e outros pequenos objetos, como anéis e brincos, apartir das amêndoas de P. macrocarpa; tivemos a oportunidade de ver alguns deles confeccionando-os manualmente com muita dificuldade em razão da dureza natural das mesmas. Atualmente é um produto que não é comercializado.

Os áureos tempos do "Marfim Vegetal" na Amazônia brasileira passaram e agora é apenas uma vaga lembrança na memória dos mais idosos. O que não deixa de ser lamentável pois, de acordo com Barfod et al (1990), no Equador existem 3 fábricas, uma das quais com produção automatizada, exportando 2.265-2.710kg mensais de botões para a Itália, Japão e Alemanha, onde existe uma demanda crescente, e cada unidade pode ser vendida por aproximadamente US$ 3.00 (Itália).

b) Folhas:

é uma das preferidas para a confecção de cobertura de habitações rústicas do interior do Acre. Sua durabilidade, embora não tenhamos podido medir com exatidão, parece ser razoável, resistindo cerca de 5 anos; vale ressaltar que essa questão da durabilidade de folhas de palmeiras quando usadas em cobertura de habitações só poderá ser esclarecida definitivamente quando forem realizados ensaios controlados, pois cada habitante tem um ponto de vista diferente a respeito, e neste caso a durabilidade variava entre 3 e 10 anos. No Peru é considerada a mais durável, podendo passar dos 30 anos!

De acordo com a opinião de alguns Seringueiros, coberturas feitas com folhas de P. macrocarpa, "atraem ratos" mais facilmente do que as confeccionadas de outras espécies de palmeiras. Para eles, a distância entre uma pina e outra pode ser muito grande e, mesmo usando-se uma quantidade maior do que a usual, é impossível impedir a livre movimentação dos roedores.

Embora tenha essa aparente desvantagem, seus atributos são um forte argumento para a sua escolha:

i) Sendo uma espécie acaule o trabalho de corte das folhas é feito rapidamente, sem maiores riscos para o coletor, e ao contrário de Attalea, costuma ocorrer em grandes concentrações no sub-bosque da floresta, os "Jarinais", facilitando o trabalho de seleção das melhores folhas, uma rápida coleta da quantidade necessária e um só ponto de transporte para o local definitivo;

ii) As folhas, depois de cortadas, têm um comprimento útil muito bom. As pinas, sendo regulares e dispostas em um só plano, com comprimento e forma uniformes, facilitam o trabalho da "dobra" e "tecelagem" e são mais leves porque a raque não é tão grossa como em algumas espécies de Attalea.

c) Frutos:

Embora não seja uma prática usual, o endosperma líquido e imediatamente antes de se tornar espesso é comestível, tendo um sabor adocicado e agradável.

Outras regiões:

a) Folhas, estipe, frutos:

As folhas são usadas para cobertura de habitações rústicas, e o estipe é ocasionalmente utilizado como esteio (López Parodi, 1988; Bodley & Benson, 1979*; Barfod, 1991). Quando frescas, as sementes não são duras e, da mesma forma que o Côco-da-Bahia, contém um líquido translúcido em seu interior; aos poucos ele vai endurecendo até ficar como marfim, com a vantagem de não ser tão quebradiço e mais doce ao trabalho, podendo-se confeccionar botões, bibelôs, pequenas estatuetas (Pio Corrêa, 1984; Mejia, 1992).

b) Amêndoas:

O ápice da exploração de "Marfim vegetal" (Phytelephas spp.) na América do Sul se deu entre a métade do século XIX (provavelemente apartir de 1865) e o final da II Guerra Mundial. Durante esse período grandes quantidades de amêndoas foram exportadas, inicialmente para a Alemanha, depois E.U.A., onde tinham seus preços cotados na Bolsa de Nova Yorque (US$ 1.75-2.5 por 50.7kg, em 1931). Mais de 25 indústrias dedicadas à transformação do "marfim vegetal" estavam estabelecidas neste país em 1947 (Acosta-Solis, 1948).

Poucos anos após o fim da Guerra produtos artificiais passaram a substituir com vantagem o produto natural na confecção de botões, provocando a derrocada de um sistema que envolvia milhares de pessoas no Equador, Colombia, Brasil, Peru, Panamá (coleta e exportação de amêndoas) e E.U.A. (transformação em botões e outros pequenos objetos como estátuas e brinquedos).

c) Medicinal:

Mejia (1988), afirma que populações de comunidades mestiças do Baixo Ucayali, na Amazônia Peruana, acreditam que os frutos desta espécie são ativos no contrôle da diabetes.

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*(P. microcarpa=P. macrocarpa)

ASPECTOS AGRONôMICOS

Não dispomos de informações de plantios experimentais de P. macrocarpa no Acre. As poucas plantas cultivadas podem ser encontradas em jardins públicos e particulares com função meramente ornamental.

As pesquisas mais recentes relacionadas com Phytelephas (Barfod, 1989; Barfod et al, 1990 & Barfod, 1991), parecem indicar que não existem plantios da espécie capazes de orientar a formação de cultivos em escala comercial.

Por outro lado a "febre" mundial por produtos naturais recicláveis, especialmente no 1o. mundo, combinada com as severas restrições impostas ao comércio internacional do Marfim de orígem animal, nos levam a crer que as possibilidades para o aproveitamento de P. macrocarpa são agora novamente promissoras, embora deva-se reconhecer que o seu uso se limita à confecção de botões e pequenos objetos (o limite é o tamanho da amêndoa).

Assim sendo, baseando-nos na sua ecologia e no fato de ser planta dióica podemos fazer as seguintes considerações teóricas sobre sua possível introdução em sistemas agroflorestais ou plantios mono-específicos:

i) Sendo dióica e não dispondo-se de informações sobre o tempo necessário para o início da sua floração, bem como a quantidade mínima de plantas masculinas necessárias para garantir uma producão de frutos economicamente aceitável pelas plantas femininas, o mais adequado é iniciar um plantio com alta densidade para, após o início da floração, ir eliminando as plantas masculinas em excesso, ano após ano, até se descobrir a relação ideal. A desvantagem é que o adensamento excessivo das plantas poderá causar o retardamento da floração; neste caso recomendamos o estabelecimento de uma pequena parcela, com espaçamento mais aberto (cerca de 10m), exclusivamente para observar esse aspecto.

ii) Ocorrendo naturalmente no sub-bosque, deve necessitar de sombreamento, que poderá ser proporcionado por outras plantas especificamente usadas para este objetivo (plantios monoespecíficos) ou ser colocada em extratos inferiores quando do estabelecimento de sistemas agroflorestais;

iii) A exploração de populações naturais deve ser bem estudada, especialmente a sua estrutura (no. de regeneraçoes, jovens e adultos), pois não se sabe até que ponto a coleta excessiva de amêndoas poderá influenciar na sua sustentabilidade a longo prazo.

iv) A coleta ou estudo intensivo de germoplasma em populações naturais deve ser iniciada imediatamente, priorizando-se os caracteres tamanho, forma e solidez da amêndoa e a quantidade de frutos que cada planta pode produzir por ano.

v) Ainda não sabemos se é possível a hibridizacão entre espécies de Pytelephas, como ocorre em Attalea e Oenocarpus, e esse é um aspecto a ser verificado, especialmente pelo fato de que uma espécie que ocorrem exclusivamente no Equador e Colombia (P. aequatoriales) produz amêndoas de qualidade e tamanho superiores, podendo ser usada em hipotético programa de melhoramento da espécie que ocorre no Brasil.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 16 0ut 1989 (_ fr), A. Henderson et al 1140 (NY);

Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, floresta de terra firme, 10° 38'S; 68° 15'W, 08.11.91 (_ fr), E. Ferreira et al 70 (UFAC); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Tejo, Ser. Fortaleza, Col. Terra Firme, floresta de terra firme, 8° 58'S; 72° 43'W, 13 mar 1992 (_ fr), E. Ferreira 140 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. São Luiz, floresta primária de terra firme, 21 set 1989 (_ fr), M. Pinard et al 839 (UFAC, NY).

Exemplar adicional examinado: Peru, Huanuco, Pucallpa, rio Yuyapichis entre "Don Vitor" e "Campamento Oro", floresta primária temporariamente inundada, 9° 34'S; 74° 53'W, 19 set 1988 (fl _),

H. Rainer P14-19988 (NY).

 

 

SOCRATEA H. Karst.

PORTE: palmeira monóica de médio a grande porte.

ESTIPE: solitário, raramente cespitoso, forte, ereto, cilíndrico, com raízes adventícias proeminentes bem espaçadas. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha formando crownshaft; pecíolo curto; raque longa; numerosas pinas regularmente arranjadas, premorsa, inteiras ou divididas em segmentos. INFLORESCêNCIA: singularmente ramificada, intrafoliar em botão, infrafoliar e pêndula quando com frutos; pedúnculo originando 1 profilo e poucas brácteas pedunculares. FLORES: arranjadas em tríades; flores estaminadas assimétricas, com 3 sépalas, 3 pétalas e 17-145 estames; flores pistiladas simétricas, com 3 sépalas, 3 pétalas, estaminódios ausentes; gineceu sincárpico, tricarpelado, triovulado. FRUTOS: forma ovóide-elíptica, rostrado ou não; resíduo estigmático apical. SEMENTE: normalmente 1 por fruto; endosperma homogêneo; embrião apical ou levemente sub-apical; germinação adjacente-ligular.

PROFILO: bífido.

Referência: A. Henderson (1990).

Gênero com cinco espécies distribuídas da Nicarágua ao sul da Bolívia, Guianas, Venezuela e Brasil. Henderson (1990), admite que o mesmo ainda está imperfeitamente conhecido, porém pode ser dividido em três grupos bem distintos: (i) S. salazarii, caracterizada por seu porte geralmente pequeno, folhas com pinas inteiras e por isso considerado o menos evoluído; (ii) S. exorrhiza (a mais amplamente distribuída), caracterizada pelas suas pinas segmentadas e frutos não rostrados; (iii) S. montana, S. rostrata, S. hecatonandra, que parece ser o mais especializado por apresentar frutos rostrados, grande número de estames e ocupar um habitat, aparentemente, mais recente (Andes Colombiano e Equatoriano).

S. exorrhiza e S. salazarii ocorrem no Acre.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE SOCRáTEA

1. Folhas com pinas divididas em segmentos e de aspecto irregular; raízes na base do estipe formando um cone aberto, até 2m de altura, cobertas com espinhos de até 2cm de comprimento ........................................................................................................ 1. S. exorrhiza

1. Folhas com pinas inteiras e aspecto regular; raízes na base do estipe formando um cone compacto, até 1m de altura, cobertas com espinhos de até 3mm de comprimento ........................ ............................................................................................................................... 2. S. salazarii

1. Socratea exorrhiza (Martius) H. Wendl.

Sinonímias: [Iriartea exorrhiza Martius]. [Iriartea orbigniana Mart.; Socratea orbigniana (Martius) H. Karsten; Iriartea exorrhiza var. orbigniana Drude]. [Iriartea philonotia Barb. Rodr.; Socratea philotonia (Barb. Rodr.) Hook]. [Socratea microchlamys Burret]. [Socratea gracilis Burret]. [Socratea albolineata Steyerm].

Nome vulgar: "Paxiubinha", "Paxiúba"

ESTIPE: solitário, até 20m de comprimento, 10-18cm de diâmetro, liso, de cor cinza; 25 raízes adventícias de cor marrom, tubulares, formando um cone aberto, até 2.75m de altura, recobertas por espinhos de até 2cm de comprimento.

FOLHAS: cerca de 7; bainhas formando um crownshaft compacto com 90-150cm de comprimento; pecíolo tubular recoberto por tomentos brancos, 15-40cm de comprimento; raque com tomentos de cor marrom na face adaxial e brancos na abaxial, 1.4-2.8m de comprimento; 15-25 pinas por lado, assimetricamente cuneadas, margens inteiras e ápice truncado irregularmente; as pinas medianas, com até 90cm de comprimento, estão divididas em segmentos desde a base; os segmentos proximais mais estreitos, longos, eretos, arqueando-se no ápice. INFLORESCêNCIA: intrafoliar e ereta em botão, infrafoliar e pêndula na antese; pedúnculo até 50cm de comprimento; profilo 11cm de comprimento; 3-5 brácteas pedunculares de até 61cm de comprimento; usualmente poucas raquilas, podendo apresentar até 17, com 30-40cm de comprimento. FLORES: nascendo em tríades, densamente arranjadas nas raquilas; flores estaminadas 9-12mm de comprimento; sépalas triangulares brevemente unidas na base, pétalas ovadas, ciliadas, valvadas; 17-65 estames, pistilódio curto; flores pistiladas 4-8mm de comprimento; sépalas e pétalas ovadas, imbricadas, ciliadas. FRUTOS: 2.5-3.5cm de comprimento, 1.5-2cm de diâmetro; forma ovóide-cilíndrica; resíduo estigmático apical e obscuro; epicarpo de cor amarelada ou laranjada quando maduro, fendilhando-se irregularmente desde o ápice. SEMENTE: forma obovóide e embrião com posição apical.

Está distribuída na Costa Rica, Nicaragua, Panamá, Venezuela, Guianas, Colombia, Equador, Bolívia (Beni, Pando), Peru (Loreto) e Brasil (Acre, Amazonas, Pará), sendo uma das espécies de palmeiras com a maior amplitude de distribuição no Novo Mundo.

HABITAT E ECOLOGIA

Usualmente crescendo em florestas de altitudes inferiores a 1.000m, S. exorrhiza é típica de áreas inundadas ou pantanosas, podendo ocorrer em terra firme.

A inflorescência é protogênica, isto é, a antese feminina ocorre antes da masculina. Curculionidae, Nitidulidae, Staphylinidae foram os insetos mais ativos visitando a inflorescência no período noturno (Henderson, 1990).

Macacos (Ateles geoffroyi, Ateles sp., Cebus capucinus, Cebus apella), peixes (Crax sp.), pássaros (Steatornis caripensis, Rhamphastos sulfuratus, Pteroglossus torquatus), roedores (Agouti paca), são alguns dos animais listados em Henderson (1990) que, direta ou indiretamente, usam os frutos ou sementes na sua alimentação, com provável influencia na dispersão da espécie.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Estipe:

Juntamente com I. deltoidea, é a espécie preferida para uso em pisos, paredes e cercas de habitações no interior do Estado, com processos de extração e confecção bastante similares. O porte menor, que obriga à extração de um número maior de plantas, é compensado pela maior rapidez e facilidade com que se executa o trabalho. Em muitos casos os Seringueiros preferem "tirar tábuas de paxiubinha" (20cm ou menos de largura), com uma boa espessura (fibras na parte interna), conferindo firmeza, segurança e durabilidade ao piso ou parede dificilmente igualadas por qualquer outro material extraído da floresta.

Outras regiões:

a) Estipe, raízes, palmito:

O estipe, inteiro como esteio ou cortado, aberto e dividido longitudinalmente em forma de tábua ou pranchas mais largas, é usado na construção de casas (pisos e paredes), cercas, pisos de canoas, prateleiras, bancos, camas e plataformas. As raízes adventícias, recobertas por espinhos fortes e curtos, podem ser usadas como ralador de "mandioca" por indígenas. O palmito, embora comestível, não é muito apreciado. Estes usos são repetidamente citados em vários trabalhos levados a cabo em diferentes partes da Amazônia, dos quais destacamos os seguintes: Wallace (1853), Braun (1968), Bodley & Benson (1979), Acero-Duarte (1979, 1982), Pio corrêa (1984), Balslev & Barfod (1987), Boom (1987, 1988), López-Parodi (1988), Mejia (1988), Balslev & Moraes (1989), Pinedo-Vasquez et al (1992).

De acordo com Philips (1993) e Piņedo -Vasquez et al (1990) os frutos são comestíveis, porém não muito apreciados.

b) Medicinal:

O líquido exudado por ocasião do corte das raízes adventícias, que pode causar irritação à pele, é usado para curar "mayongong (mariquitare)" por índios Auaris no Brasil (Balick, 1984). O cozimento dos frutos ou casca é usada contra altas febres (Balslev & Moraes, 1989; Boom, 1987, 1988). Brotos tenros da raíz se "frontam" nos pés para acalmar o ardor produzido pela picada de formiga "Conga" (Paraponera spp., Euponera spp. e Grandiponera spp.) na região de Araracuara, Colombia (Galeano, 1991).

Exemplares representativos: Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina" com solo branco-arenoso e úmido, 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992, A. Henderson et al 1714 (NY); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, floresta primária sujeita a inundação sobre solo muito arenoso, 10° 38'S; 68° 15'W, 08 nov 1991, E. Ferreira et al 74 (UFAC); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, floresta primária de terra firme, 9° 12'S; 72° 14'W, 14 mar 1992, E. Ferreira 151 (UFAC); Thauamturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.d. do rio Juruá, Ser. São Jõão, Col. Tapaúna, floresta primária de terra firme, 9° 12'S; 72° 14'W, 16 mar 1992, E. Ferreira 158 (UFAC); Xapuri, Ser. Dois Irmãos, Col. Morada Nova, floresta sujeita a inundação, solo arenoso, 10° 38'S; 68° 15'W, 17 mar 1993, J. Bandeira e P. Mitoso 6 (UFAC); Xapurí, Ser. Cachoeira, Col. São Luiz, floresta pertubada próxima a igarapé, 19 set 1989 (fl), M. Pinard & K. Kainer 842 (UFAC, NY).

2. Socratea salazarii H. Moore

Nome vulgar: "Paxiubinha"

ESTIPE: Solitário ou ocasionalmente cespitoso, 5-7m de comprimento, 7.5-8cm de diâmetro, liso; raízes adventícias formando um cone com 26 raízes com 0.78-1m de altura, 1cm de diâmetro, cobertas por espinhos de 0.3-0.5mm de comprimento. FOLHAS: 6-9; bainha formando um pseudo-caule de 93-111cm de comprimento, de cor verde-azulado; pecíolo 30-61cm de comprimento; raque 1.86-2.2m de comprimento; 12-15 pinas por lado, cuneadas-trapezoidal, margem basal inteira e apical premorsa; as medianas com 75.5cm de comprimento e 15cm de largura no ponto médio. INFLORESCêNCIA: ereta e intrafoliar em botão, tornando-se pêndula e infrafoliar na antese; pedúnculo 11.5-16cm de comprimento; profilo 5cm de comprimento; 3 brácteas pedunculares caducas, com 11.5-24.5cm de comprimento; raque 4.5-6.5cm de comprimento; 4-6 raquilas com 13-23cm de comprimento. FLORES: densamente arranjadas nas raquilas, nascendo em tríades basalmente; flores estaminadas com cerca de 5mm de comprimento; 3 sépalas livres, valvadas, forma triangular; 3 pétalas livres, formato irregular; 38-39 estames; pistilódio obscuro ou ausente; flores pistiladas com cerca de 4mm de comprimento; 3 sépalas imbricadas, ciliadas, triangulares, curtamente unidades embaixo. FRUTOS: 4cm de comprimento, 3cm de diâmetro; forma elipsóide-ovoide; resíduo estigmático proeminente e excentricalmente apical; epicarpo amarelo e fendilhando-se irregularmente quando maduro.

Com uma distribuição bam mais restrita que S. exorrhiza, até o presente só foi encontrada na Amazônia Peruana (Amazonas, Loreto, Madre de Dios, Pasco, San Martin e Ucayali), Bolívia (La Paz) e na Amazônia Brasileira, exclusivamente no extremo oeste do Acre.

HABITAT E ECOLOGIA

Cresce em florestas de terra firme, entre 300 e 700m de altitude em relação ao nível do mar no Peru e Bolívia. No Acre foi coletada próxima à Serra do Môa e nos bordos de uma "campina", com solo arenoso e periodicamente alagado, nas proximidades de Porto Valter.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fl), A. Henderson et al 1139 (NY); Porto Valter, rio Juruá, igarapé Humaitá, 2 1/2 horas da cidade, floresta primária sujeita a inundação temporária, bordos de uma "Campina" de solo branco-arenoso, 8° 16'S; 72° 47'W, 22 mar 1992 (fr), E. Ferreira 179 (UFAC).

 

SYAGRUS C. Martius

PORTE: palmeira monóica de pequeno a grande porte. ESTIPE: solitário ou raramente cespitoso, ereto, curto e subterrâneo ou longo e aéreo. FOLHAS: pinadas, reduplicadas; bainha aberta e não formando crownshaft; pecíolo mediano; raque mediana a longa; pinas regularmente ou irregularmente arranjadas, dispostas em um ou vários planos, ou ocasionalmente folha inteira. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque originando poucas ou numerosas raquilas simples, ocasionalmente inflorescência espigada. FLORES: nascendo em tríades ou com derivação paterna; flores estaminadas com 3 sépalas e 3 pétalas, estas livres, valvadas; 6 estames; pistilódio pequeno; flores pistiladas com 3 sépalas livres, imbricadas; 3 pétalas livres, imbricadas ou valvadas; anel estaminoidal presente; gineceu sincárpico, trilocular, triovulado. FRUTOS: forma globosa, ovóide, piriforme ou elipsóide; resíduo estigmático apical; endocarpo fino e duro, com 3 poros basais, com cavidade interna de forma arredondada ou triangular. SEMENTES: 1; endosperma homogêneo ou ruminado; posição do embrião basal; tipo de germinação adjacente-ligular ou remota-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira.

Referência: Glassman (1987), Henderson (in press).

Gênero com 29 (Glassman, 1987) a 33 espécies, distribuídas desde a Venezuela, em direção à Argentina, porém com maior concentração de espécies no Nordeste do Brasil. Uma espécie é encontrada nas Antilhas (Uhl & Dransfield, 1987). Henderson (in press), reconhece 34 espécies e acredita que o gênero está super descrito.

Duas espécies, S. sancona e S. smithii, crescem no Acre.

CHAVE PARA AS ESPéCIES DE SYAGRUS

1. Frutos com até 3.2cm de comprimento; estipe com 19-30cm de diâmetro, até 20m de altura; folhas com 122-170 pinas por lado; inflorescência com 100-200 raquilas ................ 1. S. sancona 1. Frutos com 6-8cm de comprimento; estipe com 5-8cm de diâmetro, até 8m de comprimento; folhas com 91-94 pinas por lado; inflorescência com 31 raquilas ............................... 2. S. smithii

1. Syagrus sancona H. Karsten

Sinonímias: [Cocos sancona (H. Karsten) Hook; Cocos purusana Huber; Syagrus purusana (Huber) Frambach ex Dahlgren]. [Syagrus tessmannii Burret].

Nome vulgar: "Açairana", "Jaciarana", "Pfaia"

ESTIPE: solitário ou cespitoso (2), ereto, 7-20m de comprimento, 19-30cm de diâmetro, às vezes com uma massa de raízes na base. FOLHAS: 8-16; bainha com fibras abundantes nas margens; bainha e pecíolo com 75-190cm de comprimento; raque 2.1-3m de comprimento; 122-170 pinas por lado, lineares, com ápice agudo, irregularmente arranjadas em grupos de 2-7, dispostas em vários planos, as medianas com 60-85cm de comprimento e 1.5-4.5cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 25-45cm de comprimento; profilo com 50-70cm de comprimento; bráctea peduncular lenhosa, larga, sulcada, 1-1.5m de comprimento; raque com 46-80cm de comprimento; 100-200 raquilas simples, 15-62cm de comprimento. FLORES: nascendo em tríades basalmente, apicalmente somente flores estaminadas, ocasionalmente toda a inflorescência estaminada; flores estaminadas piramidais, com 10mm de comprimento; sépalas unidas em um cálice tri-lobado; pétalas oblonga-lanceoladas, 3-4 vezes o comprimento das sépalas; 6 estames; pistilódio evidente, trífido; flores pistiladas com 7mm de comprimento, arredondadas; cálice envolvendo a corola; sépalas deltadas, imbricadas; pétalas deltadas, imbricadas; anel estaminoidal curto; estilos glabros. FRUTOS: 2.8-3.2cm de comprimento e 1.5-2.3cm de diâmetro; forma elipsóide; epicarpo de cor amarela quando maduro; mesocarpo branco, pastoso, oleoso?; endocarpo com cavidade triangular. SEMENTE: 1; endosperma homogêneo.

Distribuída nos Andes e regiões adjacentes da Colombia, Venezuela, Equador, Peru (Loreto, Madre de Dios, San Martin e Ucayali), Bolívia (Beni, La Paz, Santa Cruz) e Brasil (Amazonas e Acre).

HABITAT E ECOLOGIA

Pode ser encontrada em florestas de 100 a 1.200m, às vezes em áreas pertubadas como capoeiras, campos agrícolas ou cultivada como ornamental.

No Acre está distribuída desde o alto juruá (n.v. "Pifaia"), até o médio rio Acre (n.v. "Açairana"). Costuma ser cultivada como ornamental, sendo possível observá-la também em pastagens. Em floresta de terra firme é uma planta mais rara. Nas proximidades de Xapurí, em um trecho de floresta nas margens do rio Acre, ocorre com uma densidade anormal para o seu padrão de distribuição, caracterizado pela baixa densidade (A. Henderson, com. pessoal).

No campo pode ser distinguida pelas suas folhas arqueadas, com pecíolo alongado, pinas dispostas em diferentes planos (radiadas), lembrando um pouco (apenas na forma), as de B. gasipaes, de quem se distingue pela ausência de espinhos, inflorescência intrafoliar, bráctea peduncular larga e alongada e frutos elipsoidais.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Estipe:

Seringueiros da região de Xapurí afirmam que eventualmente usam os estipes na construção de suas habitações.

b) Ornamental:

Anualmente o Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre-UFAc tem coletado sementes e produzido mudas, vendidas para fins ornamentais.

Outras regiões:

a) Estipe:

Na Colombia o estipe é cortado longitudinalmente e usado como calha (Bernal & Galeano 1.359). Na Bolívia é usado em construções rústicas (D.N.Smith et al 13.565).

b) Ornamental:

Hoyos & Braun (1984), afirmam que esta é uma espécie que pode ser usada como ornamental, porém é escassamente cultivada nas zonas urbanas da Venezuela.

ASPECTOS AGRONôMICOS

No Campus da Universidade Federal do Acre-UFAC, duas parcelas de 16 plantas estão sendo cultivadas (espaçamento de 5m X 5m), há 10 anos e seu comportamento (crescimento, fenologia, dados de germinação), vêm sendo observado, devendo ser publicados brevemente (Deus, in press). Cerca de 60% dos indivíduos se apresentam cespitosos (2).

 

Exemplares representativos: Xapurí, Ser. Dois Irmãos, Col. Já Começa, floresta de terra firme, solo arenoso (10° 38'S; 68° 15'W), 15 mar 1993, J. Bandeira & P. Mitoso 02 (UFAC).

2. Syagrus smithii (H. E. Moore) Glassman

Sinonímia: [Chrysalidosperma smithii H. E. Moore].

Nome vulgar: "catolé"

ESTIPE: solitário, 7.5-8m de comprimento, 5-8cm de diâmetro, às vezes inclinando. FOLHAS: 8-12; bainha 35cm de comprimento, fibrosa nas margens; pecíolo 44cm de comprimento; raque 1.9-2.3m de comprimento; 91-94 pinas por lado, mais ou menos arranjadas em grupos de 3, dispostas em diferentes planos, as medianas com cerca de 80cm de comprimento e 2cm de largura. INFLORESCêNCIA: intrafoliar; pedúnculo 63cm de comprimento; profilo 30cm de comprimento; bráctea peduncular 1.2m de comprimento, externamente sulcadas; raque 35cm de comprimento; 31 raquilas com até 27cm de comprimento. FLORES: em tríades basalmente, apicalmente somente flores estaminadas; flores estaminadas com 10m de comprimento, basalmente com pedicelo alongado, apicalmente sésseis ou com pedicelo muito curto; sépalas basalmente imbricadas, livres, estreitamente triangulares acima; pétalas 3-4 vezes mais longas que as sépalas; imbricadas basalmente, valvadas acima, lanceoladas, pistilódio trífido; flores pistiladas com 13mm de comprimento, com cálice envolvendo a corola; sépalas deltadas, imbricadas; pétalas enlarguecidas e imbricadas basalmente, livres e agudas acima; gineceu cônico, 10mm de comprimento, apicalmente trífido; anel estaminoidal evidente. FRUTOS: 6-8cm de comprimento; forma eslipsóide; epicarpo marrom, liso, fibroso; resíduo estigmático apical; mesocarpo abundante; endocarpo com cavidade interna de secção triangular; endosperma homogêneo.

Encontrada na Colombia, Peru (Amazonas, Loreto, Ucayali) e Brasil (Acre, Amazonas).

HABITAT E ECOLOGIA

Inicialmente se acreditava que esta espécie tivesse sua distribuição restrita à localidade tipo, na Amazônia Peruana (Moore, 1977 in Glassman 1987). O aumento das coletas no oeste da região Amazônica tem demonstrado uma distribuição mais ampla e morfologia foliar variável, tendo sido coletados indivíduos com folhas inteiras na Colombia (G. Galeano & A. Miraņa 1669) e no Brasil (E. Lleras et al P16953). Esta característica é peculiar pois nas populações conhecidas do Peru persiste apenas na fase inicial de desenvolvimento das plantas (Galeano, 1992).

No Acre esta espécie foi encontrada em florestas colinosas na Serra do Môa e florestas de terra firme ao longo do rio Môa, próximo à desembocadura do rio Azul, sempre com folhas pinadas. Moore (1963), estabeleceu o gênero Crysallidosperma especialmente para acomodar esta espécie, descrita apartir de material coletado nas proximidades de Yurimáguas na Amazônia Peruana. Glassman (1970), corretamente a transferiu para Syagrus, porém voltou atrás em 1987, alegando que a espécie tinha endosperma ruminado e flores masculinas e frutos de maior tamanho. Admitiu que o carater ruminado do endosperma foi o mais importante para a manutenção da mesma como Chrysallidosperma. Uhl & Dransfield (1987), finalmente consideraram que estas características não eram suficientes para mantê-la à parte de Syagrus, decisão que parece a mais sensata pois no campo a mesma apresenta, com execção daquelas com folhas inteiras, todas as características comuns ao gênero: pinas dispostas fortemente em diferentes planos, estipe liso e inflorescência intrafoliar com bráctea peduncular sulcada externamente.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

Não encontramos informações que indiquem qualquer uso desta espécie. Isto parece estar relacionado com sua distribuição restrita ao alto rio Môa, tradicionalmente um região pouco habitada, e sua aparente escassez na composição florística daquela região.

Outras regiões:

Galeano (1991), reporta o uso do estipe na construção de habitações provisórias e das amêndoas na alimentação.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Serra do Môa, ca. 350m, 12 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1117 (NY); Mâncio Lima, próximo à boca do rio Azul, Igarapé São Pedro, 3― h de caminhada ao N do rio Môa, 7° 18'S; 73° 10'W, 15 fev 1992 (fr, fl), A. Henderson et al 1694 (NY).

Exemplares adicionais examinados: BRASIL, Estado do Amazonas, rio Javarí, atrás do Posto do Exército, floresta de terra firme, 5° 8'S; 72° 49'W, 31 jul 1973 (fl, fr), E. Lleras et al P16953 (NY). COLOMBIA, Amazonas, rio Cahuinaraí, entre o lago Carijona e o lago Pescado, 300m, 9 set 1988 (fr), G. Galeano & A. Miraņa 1669 (NY).

WENDLANDIELLA Dammer

PORTE: palmeira dióica de pequeno porte. ESTIPE: cespitoso, fino, muitas vezes inclinando-se. FOLHAS: poucas, reduplicadas, lisas, pinadas ou inteiras; bainha fechada e formando um alongado crownshaft; pecíolo curto; raque muito curta ou mediana; pinas lanceoladas, linear-laceoladas ou ovada-lanceoladas. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, singular ou duplamente ramifacada; recurvada ou reta na ântese; pedúnculo originando um profilo e uma bráctea peduncular; raque originando poucas ou muitas raquilas. FLORES: nascendo singularmente, em pares ou fileiras; 2-5 flores estaminadas nascendo em filas curtas, verticais, bi-seriadas, 3 sépalas e 3 pétalas, 6 estames e um pistilóide; flores pistiladas solitárias ou raramente em pares, 3 sépalas, 3 pétalas e 3 estaminódios; gineceu trilocular, triovulado. FRUTOS: poucos; forma globosa a elipsóide; resíduo estigmático basal.

SEMENTES: 1 semente por fruto; endosperma homogêneo.

PRIMEIRA FOLHA: bífida.

Referência: J. F. Macbride (1960).

Pouquíssimo estudado e coletado (Uhl & Dransfield, 1987; Henderson, in press). Macbride (1960), considera o gênero com três espécies. Henderson (in press), levando em conta a distribuição geográfica coesiva das espécies, os poucos espécimens coletados e a sobreposição de alguns caracteres foliares da chave utilizada por Macbride, admite, até a realização de estudo mais detalhado, que existe uma espécie W. gracilis e três variedades: W. gracilis var. gracilis, W. gracilis var. polyclada e W. gracilis var. simplicifrons, distribuídas na Amazônia Peruana, noroeste da Bolívia e extremo-oeste do Brasil. Somente W. gracilis var. gracilis foi encontrada no Acre até o momento.

1. Wendlandiella gracilis Dammer

Nome vulgar: não conhecido

ESTIPE: cespitoso (4), ocasionalmente solitário, 0.94-1.25m de comprimento, 0.6-0.7cm de diâmetro, de coloração verde, mais ou menos procumbente. FOLHAS: 3-5, glabras; bainhas fechada e formando um alongado crownshaft de 10-12cm de comprimento; pecíolo 9.5-19cm de comprimento; raque 10.5-16.5cm de comprimento; 5-6 pinas por lado, lanceoladas, linear-lanceoladas ou ovada-lanceoladas, regularmente ou quase irregularmente arranjadas, levemente dispostas em mais de um plano, as medianas com 13.5cm de comprimento, 1cm de largura, com uma nervura central e 2 marginais bem visíveis. INFLORESCêNCIA: intrafoliar, singular ou duplamente ramificada, ocasionalmente espigada; pedúnculo 10-11cm de comprimento; profilo 7cm de comprimento, inserido bem acima do pedúnculo; 1 bráctea peduncular 2-13cm de comprimento, inserida próxima ao profilo; raque 2.5-4.5cm de comprimento; 1-35 raquilas de 2-12cm de comprimento. FLORES: estaminadas com 1mm de comprimento, nascendo em fileiras curtas ao longo da raquila, sépalas livres acima, pétalas ovadas, livres, valvadas e recurvadas na antese, 6 estames, pistilódio colunar trífido; flores pistiladas com 1.5-2mm de comprimento, quando o ovário está desenvolvido as sépalas apresentam-se unidas com ápice tri-lobado , as pétalas são ovadas e imbricadas basalmente, 3 estaminódios pequenos.

FRUTOS: 1cm de comprimento e 0.15cm de diâmetro; forma globososa a elipisóide; epicarpo de cor laranja ou laranja- avermelhado quando maduro.

Wendlandiella gracilis var. gracillis

FOLHAS: pinadas, com 4-6 pinas linear-lanceoladas por lado; as medianas com 13-18cm de comprimento, 1-2.7cm de largura. INFLORESCêNCIA: singularmente ramificada, com raque de 3cm de comprimento e 5-13 raquilas.

Pode ser encontrada no Peru (Huanuco) e no Brasil (Acre). Foi coletada dentro da Reserva Extrativista do Alto Juruá, às margens do rio Bagé e no alto rio Môa. Pessoalmente tivemos a impressão de que esta é uma planta muito rara pois em mais de 30 dias de trabalho nas referidas regiões só foi possível vê-la uma única vez.

HABITAT E ECOLOGIA

W. gracilis pode crescer em floresta primária de terra firme.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, alto rio Môa, próximo ao igarapé Vitor, 7° 35'S; 73° 45'W, 14 out 1989 (fl), A. Henderson et al 1134 (NY); Thaumaturgo, Res. Ext. Alto Juruá, m.e. do rio Bagé, floresta de terra firme, 8° 55'S; 72° 31'W, 11 mar 1992, (fr), E. Ferreira 120 (UFAC).

 

WETTINIA Poepp.

PORTE: palmeira monóica de médio a grande porte.

ESTIPE: solitário ou frequentemente cespitoso, inerme, ereto, apoiado por raízes adventícias. FOLHAS: pinadas, reduplicadas, ocasionalmente dísticas; bainha fechada e formando um crownshaft; pecíolo curto; raque longa; pinas com ápice truncado e irregular, inteiras e regularmente arranjadas em um plano, ou divididas em segmentos dispostos em vários planos.

INFLORESCêNCIA: infrafoliar, espigada ou singularmente ramificada, usualmente unisexual, 3-15 por nó; pedúnculo originando um profilo e 3-5 brácteas pedunculares; raque originando raquilas simples ou inflorescência espigada.

FLORES: solitárias ou em pares; flores estaminadas com 3-4 sépalas, 3-4 pétalas, 6-20 estames; pistilódio muito pequeno ou ausente; flores pistiladas com 3-4 sépalas e pétalas, estaminódio pequeno ou ausente; gineceu sincárpico, uniloculado ou triloculado, uniovulado (originalmente tri-ovulado mas ocorre o aborto de 2 deles). FRUTOS: densamente ou esparsamente arranjados; forma irregularmente prismática, globosa, ovóide ou elipsóide; resíduo estigmático basal; epicarpo glabro, peludo ou verrugoso. SEMENTES: normalmente 2 por fruto; endosperma homogêneo ou ruminado; posição do embrião basal; germinação adjacente-ligular. PRIMEIRA FOLHA: inteira.

Referência: Moore & Dransfield (1978)

Gênero com cerca de 20 espécies (Moore & Dransfield, 1978), distribuídas do centro do Panamá, Venezuela até a Bolívia, normalmente em áreas montanhosas. Apenas W. augusta Poepp. & Endl. ocorre no Acre.

1. Wettinia augusta Poepp. & Endl.

Sinonímia: [Wettinia poeppiigii Kunth]. [Wettinia illaqueans Spruce]. [Wettinia mayensis Spruce; Catoblastus mayensis (Spruce) Drude; Wettinella mayensis (Spruce) Cook & Doyle].

Nome vulgar: "Paxiúba de macaco"

ESTIPE: solitário ou cespitoso, 5-12m de comprimento, 6-10cm de diâmetro, cone de raízes adventícias na base com 0.9-50cm de comprimento. FOLHAS: 6-7; bainha fechada e formando um pseudo-caule de 0.5-1.3m de comprimento; pecíolo 12-40cm de comprimento; raque 1.6-3m de comprimento; 20-26 pinas por lado, estreitamente rómbica, inteiras, regularmente arranjadas e dispostas em um mesmo plano, quase pêndulas; as medianas com 76cm de comprimento e 10cm de largura, truncadas e irregulares no ápice, glabras ou escassamente pilosas abaxialmente. INFLORESCêNCIA: infrafoliar, unisexual, espigada, solitária ou em grupo de 2-8 por nó; pedúnculo 14cm de comprimento; profilo 3cm de comprimento; 3-5 brácteas pedunculares; raque ausente; raquila 1, raramente 2, 11cm de comprimento;

FLORES: flores estaminadas com 10mm de comprimento, densamente arranjadas na raquila, aberta no botão antes da antese; 3 sépalas quase triangulares; 3 pétalas livres, lanceoladas, cerca de 10 estames; flores pistiladas não vistas.

FRUTOS: densamente arrnajados na raquila, até 3cm de comprimento; forma prismática; epicarpo densamente coberto por pelo curtos, retos. SEMENTES: endosperma homogêneo.

Distribuída na Colombia, Peru (Cusco, Huanuco, Loreto, Madre de Dios, San Martin) e Brasil (Acre).

HABITAT E ECOLOGIA

Em florestas de terra firme entre 200 e 800m. Em alguns lugares pode ocorrer em áreas inundadas, apresentando estipe cespitoso. No Acre é comum nas proximidades de Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul.

USOS E IMPORTâNCIA ECONôMICA

Estado do Acre:

a) Frutos:

Os frutos, com um aspecto estranho conferido por uma densa camada pilosa de cor marrom clara, são comestíveis; porém não é muito fácil ver a mudança na cor de sua casca, o que pode dificultar um pouco a determinação do seu ponto ideal de maturação. A parte comestível é o mesocarpo translúcido, meio pastoso, que se extrai com uma leve pressão no ápice do fruto ou chupando-se as sementes, que podem se apresentar com um pouco de polpa aderida na sua superfície.

b) Folhas e estipe:

No alto rio Môa, embora alguns Seringueiros garantissem que os estipes e folhas pudessem ser, eventualmente, usados na construção de habitações, não foi possível observar isto pessoalmente. Na verdade ficamos com a impressão de que o porte das plantas era pequeno demais para justificar tal uso.

O nome "Paxiúba de macaco" deriva do fato de que a planta de uma maneira geral (excluindo-se a inflorescência) se parece com "paxiubinha", especialmente Socratea salazarii. De fato, na primeira vez que a observamos desde longa distância nos confundimos completamente. Finalmente, os frutos maduros são muito apreciados por macacos durante a época da maturação, que se dá no inverno (janeiro a março).

Outras regiões:

a) Estipe:

No Equador (Balslev & Barfod, 1987), o estipe é usado na construçao de casas. Na região de Iquitos-Peru, os habitantes costumam cortar o estipe de W. augusta para tirar "ripas" finas, usadas como eixo, onde folhas de Lepidocaryum tenue são tecidas para formar secções de cobertura ("crisnejas"), que são comercialazadas entre a população mais pobre da cidade (Mejia, 1988). Na Colombia (Galeano, 1991), os índios usam as folhas para espantar piolhos?.

Exemplares representativos: Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, 7° 25'S; 73° 38'W, 11 out 1989 (fr), A. Henderson et al 1104 (NY); Mâncio Lima, ca. 5km W da cidade, "Campina" com solo branco-arenoso e úmido, 7° 40'S; 72° 55'W, 17 fev 1992, A. Henderson et al 1701 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, ca. de 5km da Serra do Môa, Col. Blumenau, floresta de terra firme, , 28 jan 1992, E. Ferreira & J. Bosco 93 (UFAC); Mâncio Lima, estrada do Izaque, ca. 7km da cidade, 25 mar 1992, E. Ferreira 187 (UFAC); Cruzeiro do Sul, Projeto de Col. Santa Luzia, km 45 da BR-364 em direção a Rio Branco, mata de terra firme, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14 set 1985, J. Jangoux et al 85-019 (NY); Cruzeiro do Sul, Projeto de Col. Santa Luzia, km 45 da BR-364 em direção a Rio Branco, mata de terra firme, 7° 45'S; 72° 15'W, 10-14 set 1985, J. Jangoux et al 85-021 (NY); Mâncio Lima, rio Môa, Faz. Arizona, mata de terra firme, 7° 30'S; 73° 40'W, 05-07 out 1985, J. Jangoux et al 85-110 (NY).

 

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