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Universidade Federal do Acre

Floristics and Economic Botany of Acre, Brazil
Florística e Botânica Econômica do Acre, Brasil



Seleção de Espécies Vegetais com Potencial de Uso, Para Estudos Ecológicos e Manejo, em Florestas no Oeste da Amazônia


Rocío Chacchi Ruíz

Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre - PESACRE, Rua Iracema Q-11 C-08, Conjunto Village, Vila Ivonete, 69908-970, Rio Branco, Acre, Brasil. e-mail: pesacre@mdnet.com.br

Lara Souza Costa

Conjunto Universitário Q-35 C-28, Distrito Industrial, 69915-300, Rio Branco, Acre, Brasil.

Marcos Silveira

Universidade Federal do Acre/Depto de Ciências da Natureza/Parque Zoobotânico, BR 364, km 05 - 69915-900, Rio Branco, Acre, Brasil. e-mail: msilv@unb.br

e

Irving Foster Brown

Woods Hole Research Center/Universidade Federal Fluminense/ Parque Zoobotânico, BR 364, km 05 - 69915-900, Rio Branco, Acre, Brasil. e-mail: fbrown@mdnet.com.br

 

RESUMO: O extrativismo é a principal atividade econômica dos povos tradicionais, mas a economia extrativista tem se mostrado instável por estar apoiada em um número restrito de espécies vegetais, apesar da alta diversidade florística regional e de suas potencialidades. A seleção e estudos ecológicos de espécies vegetais com reconhecido potencial de uso pelas comunidades, visando a diversificação dos sistemas de produção regional e o manejo das espécies é fundamental para a estabilidade dessa economia. Entrevistas com moradores das Reservas Extrativistas Chico Mendes e Alto Juruá indicam 158 espécies utilizadas pelos seringueiros, sendo 20 citadas por mais de 40% dos entrevistados e comparações de listas

de espécies oriundas de pesquisas etnobotânicas no Acre, revelam o uso comum de 67 espécies. Com base nas entrevistas e nos trabalhos etnobotânicos, selecionamos e indicamos para estudos ecológicos, 12 espécies, principalmente não madeireiras: açaí, Euterpe precatoria Mart, Arecaceae; patoá, Oenocarpus bataua Burret, Areacaceae; bacaba, Oenocarpus mapora, Mart., Arecaceae; cedro, Cedrela odorata L. Meliaceae; copaíba, Copaifera sp., Caesalpiniaceae; jatobá, Hymenaea courbaril, L. Caesalpiniaceae; mogno, Swietenia macrophylla King., Caesalpiniaseae; jarina, Phytelephas macrocarpa Ruiz & Pavón, Arecaceae; cajá, Spondias mombin L., Anacardiaceae; buriti, Mauritia flexuosa L.f., Arecaceae; mutamba, Guazuma ulmifolia Lamb., Sterculaceae; genipapo, Genipa americana L., Rubiaceae.

Palavras-chave: Biodiversidade; Recursos vegetais; Extrativismo; Botânica econômica; Etnobotânica; Manejo de recursos vegetais.

 

Introdução

 

A diversidade biológica como fonte permanente de recursos constitui um imenso potencial para o desenvolvimento sustentável da região Amazônica, quando comparada a utilização altamente destrutiva das florestas tropicais. O uso inadequado dos recursos, deve-se em parte ao conhecimento embrionário das potencialidades da flora regional e da insipiência ou quase ausência de estratégias econômicas relacionadas a esse uso.

Assegurar a produção sustentável da floresta mediante a aplicação de técnicas de manejo florestal, é uma das principais alavancas para a conservação da diversidade biológica regional, e para o desenvolvimento econômico. Essa prática difere daquelas implementadas no sudoeste asiático, e mais recentemente no Brasil, cuja principal revés é o descompromisso social em relação aos moradores da floresta.

Na região Amazônica as populações locais, tem participado de propostas alternativas de desenvolvimento, como o caso das reservas extrativistas, que surgiram após as mudanças históricas ocorridas, a partir da década de 70, como a implantação do sistema latifundiário e os grandes desmatamentos ocorrido para o assentamento de colonos, decorrentes da política de especulação da terra (Fearnside, 1992; Homma, 1993; Schmink, 1995).

As Reservas Extrativistas destacam-se como a principal proposta de desenvolvimento sustentável da Amazônia. Nas RESEX a conservação dos recursos naturais coexiste com os propósitos de desenvolvimento de comunidades que exploram a floresta por meio de um sistema de organização extrativista. Sua relevância está em considerar as questões produtiva, social e ambiental sob um enfoque integrado (BRASIL/BIRD/CUE, 1994), e a utilização renovável de produtos economicamente úteis dos ecossistemas naturais (Duke, 1991).

No entanto, as reservas enfrentam um aumento populacional que implica tanto na intensificação do uso de recursos naturais nas próximas décadas, como no aumento nas taxas de desmatamento anuais, visando a implantação de pequenos roçados e áreas de pastagens. Kageyama (1996), afirma que "o extrativismo tradicional está fadado ao extermínio, desde que não haja uma melhoria desse extrativismo". Outros autores demonstram pessimismo em relação ao potencial econômico da extração de produtos florestais não medeireiros (PFNM) na Amazônia (Homma, 1993; Phillips 1993).

Embora o Estado do Acre seja uma região privilegiada pela diversidade florística e o berço dessa unidade de conservação, as atividades extrativistas intensivas com a castanheira - Bertholletia excelsa Humb & Bonpl - e na seringueira - Hevea brasiliensis Kunth Mull, são a base de sua economia (Kainer 1992; Nelson, 1991XX). As atividades extrativistas envolvendo estes dois produtos abrangem mais de 60% do tempo diário do trabalho de um extrativista, e não rendem mais do que US$ 100,00 (cem dólares) por mês para a família.

Conforme Wallace et al. (1999) as comunidades da floresta estão pagando o preço pelo alto risco financeiro da baixa diversidade de produtos, ironicamente em uma região reconhecida pela diversidade da flora, incluindo recursos vegetais úteis. Ainda conforme os autores, o mercado e os preços da borracha e da castanha do Brasil não são nem mesmo estáveis nem suficientes para suportar famílias em condições adequadas.

Anderson (1989) afirma que uma estratégia de desenvolvimento cujo principal objetivo é o bem-estar econômico das populações extrativistas, possui um alicerce precário e instável e uma inviabilidade econômica, se estiver baseado na exploração de um número restrito de produtos potenciais.

Pesquisadores tem demonstrado como a população tradicional que detém um amplo conhecimento sobre os recursos naturais, pode indicar os usos de espécies vegetais potenciais e ensinar novos modelos para uso e manejo dos mesmos (Posey, 1992).

Considerando o amplo conhecimento e a experiência no uso dos recursos vegetais pelos extrativistas, este trabalho apresenta uma lista de espécies vegetais com uso potencial reconhecido pelos seringueiros, prioritárias para o desenvolvimento de pesquisas ecológicas, visando o manejo e a sustentabilidade da produção.

 

Entrevistas com seringueiros e comparação de dados etnobotânicos

Uma das bases para o trabalho foram entrevistas realizadas em maio de 1994, durante a Feira de Produtos da Floresta (FLORA), um evento de cunho regional que ocorre em Rio Branco anualmente, e no período de maio a junho de mesmo ano, na RESEX do Alto Juruá, município de Marechal Taumaturgo, região noroeste (figura 1), aplicamos entrevistas junto a extrativistas. Na FLORA entrevistamos seringueiros da RESEX Chico Mendes, região leste (figura 1). Nas entrevistas utilizou-se a combinação de listagem livre (Free-listing) que consiste na elaboração de uma lista de espécies a partir de perguntas feitas a membros da comunidade sobre as plantas que usam e perguntas abertas sobre o uso para cada planta (Cotton, 1996) ordenadas de acordo com o valor de importância das espécies quanto ao potencial de uso. A disponibilidade da Universidade Federal do Acre em contribuir na obtenção de informações ecológicas, fisiológicas e sobre manejo das espécies, estimulou a indicação de espécies prioritárias pelos entrevistados.

Posteriormente, para verificação da similaridade entre as listas de espécies vegetais produzidas pelos trabalhos etnobotânicos, comparamos as relações de Emperaire & Delavaux (1992) e Kainer & Dureya (1992). Além disso elaboramos uma lista geral de espécies utilizadas nas duas áreas.

Emperaire & Delavaux (1992) apresentaram uma relação de 300 espécies de plantas cultivadas e silvestres, utilizadas pelos seringueiros da RESEX do Alto Juruá, noroeste do estado (figura 1), Kainer & Dureya (1992), na região leste do Acre, mostram uma lista de 145 espécies selvagens e domesticadas, usadas pelas mulheres extrativistas da RESEX Cachoeira, 120 km sul da capital Rio Branco (figura 1).

Resultados e discussão

Entrevistas com extrativistas

Os resultados das entrevistas envolvendo 14 pessoas (homens e mulheres), 7 da RESEX Chico Mendes e 7 da RESEX do Alto Juruá, indicam o uso de 158 espécies vegetais (arbóreas, arbustivas, herbáceas e lianas), nas reservas. Destas, 20 espécies (12%) foram citados por as mais de 40% dos entrevistados, 28 espécies (18%) foram citados por 21 a 36% dos entrevistados e a grande maioria, 110 espécies (70%) foram citadas por apenas 7 a 14% dos entrevistados (tabela I). Aproximadamente metade delas são usadas como alimento, bebida e remédio, e 35% são reconhecidas como tendo elevado potencial madeireiro.

Percebemos que, apesar da ampla utilização dos recursos florestais pela população extrativista a economia extrativista necessita do desenvolvimento de estratégias econômicas alternativas que evitem danos sociais às comunidades e ao ambiente.

O tempo utilizado no manejo dessas duas espécies é bastante alto quando comparado com o tempo destinado às atividades visando a produção para consumo. As comunidades extrativistas precisam então, selecionar cuidadosamente espécies que resultem em adição de valor às atividades e que forneçam novos produtos e novos mercados (Wallace et al. 1999). Assim, comparando-se as 67 espécies comuns aos estudos etnobotânicos com as 20 mais importantes citadas nas entrevistas com os extrativistas, 12 espécies despontam como tendo elevado potencial de uso, tanto doméstico como comercial (tabela II).

Das 12 indicadas, 8 apresentam potencial para alimentação e, principalmente bebidas, consistindo-se em um grupo importante para os extrativistas e com potencial para mercado. Vazques & Gentry (1989) relatam o consumo de 139 espécies vegetais nativas e que, aproximadamente 1/3 da média da dieta dos campesinos dessa região, é constituída de frutos da floresta.

As palmeiras somam 6 espécies, permanecendo como um grupo de destaque. Das 11 espécies estudadas por Peters et al (1989) no mercado de Iquitos, 4 são palmeiras. Ainda segundo eles, estas 4 espécies representam 60% dos indivíduos em 1 ha de floresta no Perú, sendo responsáveis por 56% do valor econômico total de produtos florestais não madeireiros, conforme avaliação realizada nessa amostra de 1 ha.

Também permanecem na lista as espécies madeireiras Cedrela odorata (cedro) e Swietenia macrophylla (aguano ou mógno), que, devido a sua importância no mercado e a ausência de bases ecológicas para sua exploração, devem ser minuciosamente estudadas, principalmente quanto a densidade e regeneração.

A seleção de espécies vegetais para diversificação dos sistemas de produção utilizam critérios sociais, ecológicos e econômicos, sendo atualmente, os parâmetros econômicos os mais utilizados. Peters (1994) afirma que os parâmetros ecológicos são um componente importante na decisão de selecionar qualquer recurso vegetal para exploração e que esse fato não deve ser negligenciado. O resgate do conhecimento dos povos tradicionais, como forma eficaz de direcionar as atividades de exploração de modo sustentável (Higushi, 1994; Posey, 1989), também deve ser priorizado.

Assim, ao selecionar espécies a partir do conhecimento dos povos tradicionais consideramos aspectos sociais somados aos ecológicos e econômicos, pois a prática do uso dos recursos naturais baseada no acúmulo de conhecimentos adquiridos através de observações ao longo de suas vidas, leva os extrativistas a terem preferências de exploração por recursos potenciais.

Dessa maneira, para um trabalho seguro com espécies potenciais, é necessário apenas uma checagem do etnoconhecimento com informações científicas, tendo como ferramenta auxiliar um banco de dados sobre a flora regional.

Exemplificando esse fato, considerando apenas algumas espécies aqui priorizadas, dados preliminares revelam que a copaíba (Copaifera sp), produtora de um óleo usado extensa e tradicionalmente como remédio, apresenta uma baixa densidade de adultos na floresta, reflexo da alta taxa de mortalidade de plântulas, o que representaria uma limitação a exploração intensiva do recurso (óleo) tornando-se necessário desenvolver além de uma técnica de extração eficaz, sem comprometimento da espécie como comumente ocorre, um mecanismo de enriquecimento de clareiras naturais.

As folhas da jarina (Phytelephas macrocarpa) são amplamente utilizadas em algumas regiões para confecção da cobertura das casas, mas não se conhece o estresse e o comprometimento da sobrevivência da planta em função desse uso, e nem tampouco o tempo e eficácia na recuperação das folhas.

No mercado de Rio Branco, centenas de milhares de sementes de açaí, uma das espécies mais utilizadas na região, são desprezadas diariamente após extração do "vinho", e praticamente nada se sabe sobre o impacto que a retirada total dos cachos com frutos gera sobre a regeneração da espécie nas áreas de extrativismo, o mesmo ocorrendo com o buriti e a bacaba.

Análise dos dados etnobotânicos

Do cruzamento entre as listas apresentadas nos trabalhos etnobotânicos de Emperaire & Delavaux e Kainer & Dureya, 67 espécies destacam-se com reconhecido potencial de uso em ambas as reservas. O número total de espécies usadas pelas comunidades extrativistas das duas áreas é significativo: 378 espécies.

Definimos oito categorias de uso (tabela III) independentemente do método de organização das espécies em categorias, pelos autores acima. As palmeiras representam cerca de 13% do número total de espécies e foram incluídas principalmente nas categorias alimentação, bebidas e construção. Como indica Bernal (1992), esse grupo taxonômico deve ser considerado prioritário em qualquer avaliação envolvendo produtos florestais não madeireiros, na região amazônica, em função dos múltiplos usos de seus taxa.

Mais de 50% do total de espécies apresentam uso medicinal e esse número aumenta para 60% se comparado as 134 espécies selecionados por Ming (1996) na RESEX Chico Mendes.

Quase 50% apresenta potencial alimentar, principalmente frutífero, e 30% são utilizadas como base para o preparo de bebidas (tabela III). Das espécies indicadas para construção (19%), 4 apresentam reconhecido potencial madeireiro. O uso restrito de espécies madeireiras nas RESEX ocorre em detrimento do uso das palmeiras como base para as construções.

Pouco mais de 60 % são nativas da região amazônica, a maioria árvores, e aproximadamente 30% são espécies herbáceas ou arbóreas exóticas e/ou domesticadas. Esses dados seguem padrão encontrado por Ming (1996), na RESEX Chico Mendes, em trabalhos com plantas medicinais. As duas áreas de estudo estão distantes pouco mais de 500 km e apresentam peculiaridades ambientais e florísticas. Apesar disto, a região é considerada como o centro de diversificação de várias espécies com potencial econômico como o amendoim e a pupunha. A similaridade entre as áreas em termos de ocorrência de espécies e uso potencial, indicam , que as espécies são amplamente utilizadas.

 

 

 

Conclusão

Para que as espécies priorizadas neste trabalho sejam utilizadas de maneira mais intensa pelas comunidades extrativistas faz-se necessário estudos ecológicos relacionados principalmente a estrutura e dinâmica de populações, além dos inventários florestais tradicionalmente utilizados quando se trata de manejo e sustentabilidade.

Os projetos ecológicos envolvendo as espécies priorizadas devem envolver as comunidades extrativistas, para que seus componentes entendam os processos biológicos do ponto de vista científico e os pesquisadores usem as experiências e o etnoconhecimento das comunidades tradicionais que vivem na floresta por gerações, para estudar os ciclos de vida das espécies.

Certamente o aumento no interesse pelo mercado de produtos florestais, principalmente dos não madeireiros deverá refletir no incremento das pesquisas sobre o conhecimento tradicional, aliadas às pesquisas envolvendo aspectos ecológicos de espécies com potencial de uso.

Esta priorização, seguindo princípios relacionados aos interesses das comunidades tradicionais, são úteis na defesa tanto de florestas tropicais, figurando como uma alternativa ao desmatamento, como dos povos que vivem nessas florestas tropicais e na promoção do uso dos recursos.

 

Agradecimentos

A Karen Kainer, Douglas Daly, Richard Hood Wallace, e Christiane Ehninghaus pelos comentários e sugestões. Aos extrativistas das RESEX Chico Mendes e Alto Juruá, pela participação efetiva durante a fase de aplicação dos questionários. Ao Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre (PESACRE), pelo apoio e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo suporte financeiro que possibilitou a realização desta pesquisa.

 

Bibliografia citada

Anderson,A.1989.Estratégias de Uso da Terra para Reservas Extrativistas da Amazônia. Pará Desenvolvimento 25:30-37.

Balick,M.,and Gershoff,S.N.1981.Nutritional evaluation of the Jessenia bataua Palm: source of high quality protein and oil from tropical america. Economic botany 35:261-270.

Bernal,R.G.1992.Colombian palm products. In: M. Plotkin & L. Famolare (eds). Sustainable harvest and marketing of rain florest products. Washington, Island Press/Conservation International. 325p.

BIRD/PNUD/TCA.1992.Amazonia Sin Mitos. Banco Interamericano de Dessarollo, Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo. Tratado de Cooperación Amazonica. Washington. 99p.

Cotton,C.M.1996.Ethnobotany: principles and applications. New York: John Whiley and Sons.

Duke,J.A.1991.Tropical botanical extractives. In: M. Plotkin & L. Famolare (eds). Sustainable harvest and marketing of rain florest products. Washington, Island Press/Conservation International. 325p.

Emperayre,L.,and Delavaux,J.J.1992.Projeto Enciclopédia do Seringueiro, Reserva Extrativista do Alto Juruá (Acre). Relatório de Campo.

Kageyama,P.Y.1996.Reserva Extrativista: um modelo sustentável para quem ? Anais da 48a Reunião Anual da SBPC, São Paulo.

Kainer,K.A.,Dureya,M.L.1992.Aproveitando a Sabedoria das Mulheres: O Uso de Recursos Florísticos em Reservas Extrativistas. Economic Botany 46 (4): 408-25.

Henderson,A.1995.The palms of the Amazon. New York, Oxford Universty Press. 362p.

Homma,A.K.O.1993.Extrativismo vegetal na Amazônia: Limites e oportunidades. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria (EMPRAPA-SPI), Brasília.

Ming,L.C.1997.Plantas medicinais: uso popular na reserva extrativista "Chico Mendes", Acre. Botucatu: CEPLAM; UNESP.127p.

Nelson,B.1991.Inventário Florístico na Amazônia e a Escolha de Áreas para Conservação. In: Bases Cientificas para Estratégias de Preservação e Desenvolvimento da Amazônia: Fatos e Perspectivas. Manaus.

Peters,C.M.; Gentry,A.H.,and Mendelsohn,R.O.1989.Valuation of an Amazonian rainforest. Nature 339:655-656

Peters,C.M.1994.Sustainable Harvest of Non-Timber Plant Resources in Tropical Moist Florest: an Ecological Primer. Washington, Corporate Press. Phillips, O. 1993. The potential for harvesting fruits in tropical rainforests: new data from Amazonian Peru. Biodiversity and Conservation 2: 18-38.

Posey,D.A.1992.Traditional knowledge, conservation, and the rain forest harvest. In: M. Plotkin & L. Famolare (eds). Sustainable harvest and marketing of rain florest products. Washington, Island Press/Conservation International. 325p.

Schimink,M.1995.O desafio do desenvolvimento sustentável e as comunidades locais da Amazônia brasileira. 79-88. In: G.A.B. da Fonseca, M.Schimink, L.P. de S.Pinto, F.Brito, eds., Abordagens interdisciplinares para a conservação da biodiversidade e dinâmica do uso da terra do novo mundo: anais da conferência internacional. Belo Horizonte: Conservation International do Brasil.

Vazques,R.,and Gentry,A.H.1989.Use and misuse of forest-harvested fruit in the Iquitos area. Conservation Biology 3:1-12.

Wallace,R.C.; Daly,D.C.,and Silveira,M.Developing regional markets for forest products in southwestern Amazonia. Economic Botany (no prelo)

 

 

Tabela I

Lista de 20 espécies citadas por mais de 40% dos extrativistas da RESEX Chico Mendes, entrevistados na FLORA, e da RESEX do Alto Juruá.

Nome vulgar

Frequência %

# Usos

Parte da planta utilizada

Açaí

100

A, B, D, G

Fruto

Patoá

.

A, B, E, G, H

Fruto, palha

Bacuri

72

A, B, F

Fruto

Cedro

.

G

Tronco,

Mulateiro

.

F, G

Tronco, galhos secos

Aguano (mogno)

64

G

Tronco

Bacaba

.

B, G

Fruto

Copaíba

.

D, G

Óleo, casca, fruto, tronco

Quari-Quara

57

D,G

Tronco

Buriti

.

A, B, H

Fruto, palha

Cajuí

.

A, E, G

Fruto

Cumaru

.

D, G

Tronco, casca

Jatobá

 

A, B, D

Fruto, casca

Maçaranduba

.

G

Tronco

Cajá

42

A, B, D

Fruto, folha

Cocão

.

A, B, D, F

Fruto

Genipapo

.

A, B

Fruto

Ingá

.

A, F

Fruto, tronco

Jarina

.

A, D, H

amêndoa, palha

Mutamba

.

A, B, F, H

Fruto, tronco

Código do uso: A- alimentos; B- bebidas; C- temperos; D- remédios; E- alimentos para animais; F- madeira para lenha; G- material de construção; H- usos diversos.

Tabela II

Lista de 12 espécies prioritárias, comuns às 67 filtradas das relações etnobotânicas e às 20 citadas por mais de 40% dos extrativistas entrevistados.

Nome vulgar

Ranking de preferência por uso

Usos

Açaí

1

A, B, D. G

Patoá

2

B, D, H

Bacaba

3

B, H

Cedro

4

G

Copaíba

5

D, G

Jatobá

5

B, D

Aguano (mogno)

6

G

Cajá

7

A, D, G

Jarina

7

H

Buriti

7

A, B, H

Mutamba

8

A, B, F, H

Genipapo

9

B, D

Código do uso: A- alimentos; B- bebidas; C- temperos; D- remédios; E- alimentos para animais; F- madeira para lenha; G- material de construção; H- usos diversos.

Tabela III

Lista de espécies comuns entre as relações apresentadas por Emperaire & Delavaux para a RESEX do alto Juruá e de Kainer & Dureya, para a RESEX Cachoeira com respectivas categorias de uso.

Nome vulgar

Nome científico

Família

Usos

1. Abacate

Persea americana Mill

Lauraceaea

A, B, D, E

2. Abacaxi

Ananas comosus Merr

Bromeliaceae

A, B

3. Abiu

Pouteria caimito (Ruiz & Pavón) Radlk

Sapotaceae

A, F, H

4. Açaí

Euterpe precatoria Mart.

Arecaceae

A, B, D, G

5. Aguano (mogno)

Swietenia macrophylla King

Meliaceae

G

6. Algodão

Gossypium barbadense L.

Malvaceae

D

7. Arroz

Oryza sativa L.

Poaceae

A, E

8. Arruda

Ruta graveolens L.

Rutaceae

D

9. Arumã

Ischinosiphon casiocoleus K. Schum ex. Loes.

Marantaceae

H

10. Ata

Annona scandens

Annonaceae

A

11. Bacaba

Oenocarpus mapora Mart.

Arecaceae

B, G

12. Banana

Musa sp.

Musaceae

A, E

13. Biribá

Rollinia mucosa Baill

Annonaceae

A

14. Buriti

Mauritia flexuosa L.f.

arecaceae

A, B, H

15. Café

Coffea sp

Rubiaceae

C, D

16. Cajá

Spondias mombin L.

Anacardiaceae

A, B, D

17. Capim santo

Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf

Poaceae

B, D

18. Carmelitana

Lippia alba (Mill.) N.E.Br.

Verbenaceae

D

19. Cedro

Cedrela odorata L.

Meliaceae

G

20. Chicória

Eryngium foetindum L.

Apiaceae

C, D

21. Cidreira

Lippia sp

Verbenaceae

D

22. Cipó ambé

Plilodendron sp

Araceae

D

23. Confrei

Symphytum officinale L.

Boraginaceae

D

24. Copaíba

Copaifera sp

Caesapiniaceae

D

25. Envira ferro

Ephedranthus amazonicus R. E. Fries

Annonaceae

G

26. Farinha seca

Celtis schippi Standl.

Ulmaceae

F, E

27. Fruta pão

Artocarpus altilis

Moraceae

A, D

28. Gengibre

Zingiber officinale Roscoe

Zingiberaceae

B, C, D

29. Genipapo

Genipa americana L.

Rubiaceae

A, B

30. Goiaba

Psidium guajava L.

Myrtaceae

A, D

31. Graviola

Annona muricata L.

Annonaceae

A, B, D

32. Guariúba

Sorocea muriculata Miq.

Moraceae

A, G

33. Hortelã

Mentha citrata L.

Lamiaceae

B

34. Itaúba

Mezilaurus parazuensis Kretze ex Taubert

Lauraceae

G

35. Jambo

Eugenia malaccensis

Myrtaceae

A

36. Jarina

Phytelephas macrocarpa Ruiz & Pavón

Arecaceae

A, D, G, H

37. Jatobá

Hymenea sp

Caesalpiniaceae

A, B, D

38. Jirimum

Cucurbita pepo L.

Curcubitaceae

A

39. Laranja

Citrus sinensis (L.) Osbeck

Rutaceae

A, B, D

40. Lima

Citrus sp

Rutaceae

A, D

41. Limão

Citrus limon (L.) Burm.

Rutaceae

A, B, D

42. Macaxeira

Manihot esculenta Crantz

Euphorbiaceae

A, C, D, E, H

43. Macela

Epaltes brasiliensis D. C.

Asteraceae

D

44. Mamão

Carica papaya L.

Caricaceae

A, E, D

45. Manga

Mangifera indica L.

Anacardiaceae

A

46. Manjirioba

Senna ocidentalis (L.) Link.

Caesalpiniaceae

B,D

47. Maracujá

Passiflora sp

Passifloraceae

A, B, D

48.Maracujá do mato

Passiflora sp

Passifloraceae

A, B

49. Maria preta

Siparuna sp

Monimiaceae

G, E

50. Mastruz

Chenopodium ambrosioides L.

Chenopodiaceae

D

51. Melão

Cocurbita melo L.

Cucurbitaceae

A

52. Milho

Zea mays L.

Poaceae

A, B, E, H

53. Mutamba

Guazuma ulmifolia Lamb.

Sterculiaceae

A, B, F, H

54. Pama

Clarisia ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossb.

Moraceae

A, F

55. Patoá

Oenocarpus bataua Burret

Arecaceae

A, B, E, G, H

56. Pruma

Tanacetum vulgare L.

Asteraceae

D

57. Quebra pedra

Phillanthus niruri L.

Euphorbiaceae

D

58. Quina-quina

Geissospermum cf sericeum (Sagot) Benth

Apocynaceae

D

59. Sabugueiro

Sambucus cf mexicanus Presl var. bipinnata (S. & C.) Schwerin

Caprifoliaceae

D

60. Seringueira

Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. Juss) M. Arg.

Euphorbiaceae

H, E

61. Paxiubinha

Socratea exorrhiza Wendl.

Arecaceae

G

62. Paxiubão

Iriartea deltoidea Ruiz & Pavón

Arecaceae

G

63. Pião branco

Jatropha curcas L.

Euphorbiaceae

D

64. Pião roxo

Jatropha gossypifolia L.

Euphorbiaceae

D

65. Urucu

Bixa orellana L.

Bixaceae

C

66. Vassourinha

Scoparia dulcis L.

Scrophulariaceae

D

67. Uricuri

Scheelia phacera (Mart.)

Arecaceae

A, G, H

Código de uso: A- alimentos; B- bebidas; C- temperos; D- remédios; E- alimentos para animais; F- madeira para lenha; G- material de construção; H- usos diversos.


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